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quinta-feira, 7 de julho de 2011

RELANÇAMENTO DE UM GRANDE LIVRO SOBRE O CANGAÇO

Por: Rostand Medeiros
            Em 2010, na cidade de Juazeiro, Ceará, durante o evento “Cariri Cangaço”, tive oportunidade de conhecer uma figura muito especial. Alcino Alves Costa é um sergipano da cidade de Poço Redondo, que veio para este mundo de meu Deus no dia 17 de junho de 1940 e passou parte da vida ouvindo histórias sobre o cangaço.
 
Alcino Alves da Costa - Fonte - Lampião Aceso

            Segundo o blogueiro e amigo Kiko Monteiro, do maravilhoso “Lampião Aceso” (http://lampiaoaceso.blogspot.com), Alcino ficou anos a fio ouvindo parentes e amigos que conheceram, se envolveram, lutaram, amaram, choraram ou mataram cangaceiros. Ele se tornou amigo de um destes “Guerreiros de couro”. Era o Sr. Zé de Julião, que também foi conhecido como “Cajazeiras” nos tempos de Lampião. Foi também em Poço Redondo que Lampião arregimentou muitos homens e mulheres e na atual área territorial desta cidade se encontra a Grota de Angico, local onde tombou Lampião, sua amada Maria Bonita e outros companheiros.
Vale ressaltar que quando Alcino pegou estas informações destas pessoas, estes contavam os fatos como se eles tivessem ocorrido na semana anterior.
 
Capa da terceira edição- Fonte - Lampião Aceso

               De tanto ouvir, Alcino foi anotando e fez uma coisa maravilhosa. Há alguns anos, em 1996, publicou um livro intitulado “Lampião além da versão – Mentiras e mistérios de Angico”, uma obra que é uma grande memória sobre o cangaço em sua região.
              Logo este fantástico trabalho, com tantas informações inéditas, acabou esgotando nas livrarias. Ele fez uma segunda edição e o resultado foi o mesmo. Estas duas edições de “Lampião além da versão – Mentiras e mistérios de Angico” encontram-se esgotadas até mesmo nos sebos mais especializados sobre o tema.
              Agora, através da ação do amigo Pereira, da cidade de Cajazeiras, Paraíba, está pronta a terceira edição desta obra.
 
Professor Francisco Pereira - Fonte - Lampião Aceso

              Agradeço ao grande Professor Francisco Pereira por esta iniciativa. Este ser humano é um dos mais especializados e competentes sebistas que conheço. Trabalha com livros raros, principalmente com temas ligados  ao Nordeste. Pereira é uma figura de respeito, homem sério, honesto e batalhador pela nossa cultura. Além de tudo isso, ele e sua esposa mantém com muito sacrifício, uma casa de repouso para idosos em Cajazeiras. É emocionante ver o belo tratamento dispensados aos velhinhos que lá vivem.
                Um adendo – Entre aqueles que pesquisam sobre o cangaço, como em muitas áreas ligadas aos meios ditos “intelectuais”, a inveja campeia solta. Bem, isso não é nenhuma novidade, mas percebi que quando um destes “iluminares” falam mal de algum livro é porque a obra deve ter coisas boas.  Certa vez ouvi um grande pesquisador do cangaço comentar, com muita inveja, que “Lampião além da versão – Mentiras e mistérios de Angico” era um bom livro, mas “carecia de uma metodologia histórica”.
               Bem, eu prefiro dez mil vezes o livro de Alcino, que traz muita coisa de quem viveu naquela época e foi escrito com muita sinceridade, a certos trabalhos feitos a base de “Crt V – Crt C”.
Alcino, este sergipano arretado, tem o grande mérito de ter ouvido e guardado estes relatos em anotações e depois ter tido a iniciativa de publicar estas informações para nosso deleite.
             Evidentemente que cabe a mim, quanto leitor, julgar o seu trabalho. Mas não posso negar que “Lampião além da versão – Mentiras e mistérios de Angico”, livro Auditor Fiscal aposentado, que foi eleito em três ocasiões prefeito de Poço Redondo, que também é radialista e compositor, certamente vale a pena estar junto de quem gostar de ler e pesquisar sobre o cangaço.
               Para adquirir este livro, entre em contato com um destes dois amigos. Mas vá logo antes que acabe.

Lampião além da versão – Mentiras e mistérios de Angico. 
Alcino Alves Costa.
Edição do autor. Nº de páginas -410,
valor: R$ 50,00 (Com frete incluso).  
Contatos para aquisição: Francisco Pereira –
franpelima@bol.com.br,
tel. (83) 9911 – 8286 / 8706 2819 (Cajazeiras – PB).

Ou com próprio Alcino Costa
alcino.alvess@gmail.com
tel. (79) 8852 – 7661 (Sergipe).

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 Blog: "Tok de História"

João de Sousa Lima participa em São Paulo do 6º Salão de Turismo



               Durante os dias 13 a 16 de julho de 2011 acontecerá em São Paulo o 6º. Salão de Turismo, evento Internacional.
o Governo da Bahia participará lançando a Revista Roteiros da Bahia e a cidade de PAULO AFONSO
                Será contemplada com o roteiro Cânions e Cangaço.


               A secretaria de Turismo e Cultura de Paulo Afonso participará de todo o evento com a participação de:


João de Sousa Lima, Galdino, o secretário Jânio Soares e o prefeito Anílton Bastos.
               O SEBRAE terá Nadja por representante.


JESUÍNO BRILHANTE E A FURNA DOS PORCOS – OUTRO ESCONDERIJO DESTE CANGACEIRO NA SERRA DE PATU?

Por: Rostand Medeiros


             É fato conhecido, inclusive comentado neste blog, que as pesquisas anteriormente realizadas na cidade de Patu pela SEPARN – Sociedade para Pesquisa e Desenvolvimento Ambiental do Rio Grande do Norte, na gruta que serviu de esconderijo ao famoso cangaceiro Jesuíno Brilhante, trouxeram ao conhecimento geral vários aspectos representativos sobre a utilização desta cavidade localizada na Fazenda Cajueiro.
            Os resultados deste trabalho foram apresentados no 27º Congresso Brasileiro de Espeleologia, ocorrido na cidade mineira de Januária e promovido pela SBE – Sociedade Brasileira de Espeleologia.

         (Ver
http://tokdehistoria.wordpress.com/2011/05/19/a-gruta-do-cangaceiro-jesuino-brilhante-patu-rn/ e http://www.sbe.com.br/anais27cbe/J1-03.pdf).
  

A Igreja Matriz de Nossa Senhora das Dores e a bela Serra de Patu

            Este projeto, que contou com o apoio da SBEC – Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço, sob a presidência de Kidelmyr Dantas, da Prefeitura Municipal de Patu, nas pessoas dos Senhores Ricardo Veriano (Secretário de Cultura de Patu) e Fanny Carlos (Secretário de Turismo de Patu) e teve como coordenador o pesquisador Epitácio Andrade Filho.
 

Localização da cidade de Patu no mapa potiguar

            Entre as novas atribuições da SEPARN na época estavam a pesquisa sobre a área de atuação deste cangaceiro na região específica do grande maciço da Serra de Patu e região, a demarcação de trilhas históricas percorridas pelos cangaceiros, a análise da existência de novas grutas que eventualmente serviram para abrigo deste bando e apoiar outros pesquisadores. A equipe da SEPARN era composta pelo autor deste artigo (Espeleólogo inscrito na SBE Nº. 1528), por Natalia Edith Petersen (Biomédica e Espeleóloga inscrita na SBE sob o Nº. 1374) e o Jeová Costa França (Espeleólogo da SEPARN).
          Contando com um perfeito apoio da comunidade local, foram mapeadas quatro trilhas no alto da serra e foi possível fazer o reconhecimento preliminar de uma cavidade conhecida como Furna dos Porcos, que a tradição oral aponta como outro refúgio do cangaceiro Jesuíno Brilhante.

O Caminho até o Mirante 47

             Acompanhados dos guias locais Manoel, Zé Pequeno e o famoso “Zé Doido”, a equipe da SEPARN seguiu para a região da Serra de Patu, passando pela área do Santuário do Lima e seguindo para o Sítio Canto. Nesta localidade foram demarcadas as trilhas para o conhecido Mirante 47 e a Furna dos Porcos.
             Estas duas trilhas podem ser utilizadas de forma conjunta ou percorridas separadamente. A trilha do Mirante 47 tem início na estrada carroçável diante da residência principal do Sítio Canto e prolonga-se até este mirante. A trilha da Furna dos Porcos tem início a partir de uma bifurcação da primeira trilha.
 

Na sede do Sítio Canto, com Dona Maria Zuíla na foto
             
             Na propriedade rural denominada Sítio Canto, encontramos a Sra. Maria Zuíla, que além de nos receber da melhor maneira, ainda comentou que entre seus antepassados havia a referência que a Furna dos Porcos há muito tempo é conhecida dos moradores do alto da serra, que os “antigos” informaram ter sido este local um ponto de abrigo dos cangaceiros do bando de Jesuíno Brilhante e, mais recentemente, de caçadores da região que em algumas ocasiões capturavam Porcos do Mato, ou Caititu (Tayassu tajacu), na atualidade praticamente extintos na região.
 

Aspecto da cobertura vegetal existente nas trilhas

             Da casa do Sítio Canto iniciamos nossa marcha em direção a cavidade natural, sempre acompanhados por uma bela paisagem serrana da região e passando por pequeno trecho de mata. Nesta área de mata, onde o altímetro do GPS apontava a altitude de 691 metros, encontra-se uma rocha próxima a um umbuzeiro, logo depois, a direita existe uma bifurcação, que será o início da Trilha da Furna dos Porcos. A partir deste último, tem-se uma caminhada em descendente para o chamado Mirante 47.

No Mirante 47

             Com altitude de 670 metros, este belo mirante é um ponto da Serra de Patu sem vegetação, com mais de 100 m² de área, com vista panorâmica da região do Médio Oeste Potiguar. Possui uma fantástica beleza, de fácil acesso, onde na trilha podem-se visualizar os dois lados da serra. Sempre com clima agradável. A questão do nome Mirante 47 não ficou esclarecida, sendo desconhecida dos nossos guias.
 

Mirante 47 - Local de rara beleza
Trilha em Meio a Mata
              
              Passamos a seguir em descendente, por trilha pouco utilizada, em mata fechada, com vegetação bem conservada, possuindo um grau de dificuldade quanto ao deslocamento considerado difícil pela equipe.
 

De volta a trilha no meio da mata, a caminho da Furna dos Porcos
             
              Em um determinado ponto existe um pequeno lajedo com blocos de granito, onde foram vistos restos da alimentação de Macacos Prego (Cebus apela). Aqui foi possível escutar sons característicos de bandos de primatas, contudo, não foi possível visualizá-los.
              Deste ponto voltamos à mata por trilha muito mais fechada, com muito mais dificuldades, avançando lentamente em meio à cerrada vegetação. Em compensação a beleza da região é estonteante, com mirantes de fantástica visualização.
 

O visual estonteante é uma constante no trajeto

              Depois de quatro horas de caminhada no alto da serra, onde foram percorridos poucos quilômetros, estávamos próximos a Furna dos Porcos.
Na Furna dos Porcos

               Até a visita da SEPARN a região, esta cavidade natural não havia sido incluída no Cadastro Nacional de Cavernas (CNC), da Sociedade Brasileira de Espeleologia (SBE), talvez por suas dimensões limitadas e a sua gênese ser extremamente simples no contexto espeleológico.
 

A Furna dos Porcos

              Independente desta questão a cavidade é basicamente uma grande laje de granito que devido ao provável deslocamento natural provocado pelo intemperismo, ocasionou o depósito desta laje sobre outros blocos menores, formando o abrigo. Suas dimensões são 22,75 metros de área frontal e uma profundidade que varia de 3 a 8,20 metros. Possui um desnível de 45° (estimado visualmente). Sua área interna é pequena, passível de utilização como abrigo de forma limitada. Não encontramos nenhum registro rupestre que pudesse apontar uma utilização muito mais antiga.
 

Área da entrada

               Percebemos que entre os atributos mais importantes da Furna dos Porcos para um grupo de cangaceiros que desejasse utilizá-la, estavam a sua dificuldade de acesso, localização privilegiada com ampla visão da região e poderia ser uma alternativa de abrigo por tempo limitado.
 

Tirando as medidas da cavidade

             Sobre sua fauna podemos comentar que não foram vistos quirópteros, existindo uma quantidade considerável de vespas e marimbondos e foi visualizada uma cobra Jibóia (Boa constrictor), uma espécie essencialmente arborícola que se alimenta de pequenos vertebrados e ovos, mede cerca de 2,5 metros de comprimento, é grande predadora de ninhos e roedores, não é venenosa e mata suas presas por constrição. Este abrigo está localizado diante de um belo mirante (que praticamente se sucedem em toda a extensão da trilha), criando um interessante cenário paisagístico.
 

Exatamente de frente a Furna dos Porcos temos este visual. Um ótimo ponto de visualização da região

              Apesar dos poucos atributos espeleológicos, a decisão da equipe da SEPARN de cadastrar esta cavidade no CNC, deveu-se ao fato da mesma estar inserida dentro de uma trilha com perfeitas condições de utilização dentro do conceito de turismo ecológico (ao qual a municipalidade na época pleiteava seu desenvolvimento).
 

Aqui realizando uma planta baixa da cavidade

               Outra característica especial da Furna dos Porcos foi apontado pelo altímetro do GPS. O local está a 637 metros de altitude, possuindo assim a maior altitude aferida para cavidades naturais no Rio Grande do Norte, cadastradas no CNC da SBE. As outras cavidades potiguares localizadas em altitude são a Furna das Andorinhas (Cadastrada no CNC com a numeração RN-131, localizada na serra do Bico da Arara, na cidade de Acari, com 632 metros de altitude) e a Gruta das Pinturas Rupestres (RN 136, localizada na Serra Verde, cidade de Cerro Corá, com 608 metros de altitude).


A altitude torna a visitação a este local uma situação especial

Fundamentos para Acreditar que a Furna dos Porcos foi Esconderijo do Cangaceiro Jesuíno Brilhante

              Visitar a Furna dos Porcos foi uma experiência fantástica, mas existia a dúvida se o local havia sido realmente utilizado pelo cangaceiro Jesuíno Brilhante e seu bando. Não poderíamos apenas creditar a oralidade popular que esta informação era correta e dar a situação como encerrada. Teríamos que percorrer de GPS na mão as trilhas existentes na região, para encontrar o fundamento desta afirmação.
 

Percorrendo as trilhas históricas no alto da serra

              Soubemos que no alto da serra, desde os primeiros tempos que os brancos vieram para a região, trilhas foram abertas nas altitudes mais elevadas da Serra de Patu. A razão está na possibilidade de encontrar um micro clima mais ameno, bastante diferenciado em relação às altitudes mais baixas, onde a lavoura poderia ser melhor trabalhada, principalmente nos períodos de longa estiagem.
              Percorremos então quatro trilhas que são relatadas pelas pessoas mais idosas e que vivem no alto da Serra de Patu como as mais antigas, as quais foram denominadas de “Trilhas Históricas”.
             Foi neste dia que nos deparamos com um pequeno grupo de primatas, identificados por um membro da equipe como sendo da espécie Macaco Prego. São necessários maiores estudos por especialistas para identificação correta desta espécie e sua importância para o ecossistema da região.
 

Junto ao antigo cacimbão abandonado, que serviu para dar água aos animais utilizados pelas tropas de burros, que percorriam as antigas trilhas no alto da Serra de Patu

              Estas trilhas ainda são esparsamente utilizadas pela população local, sem maiores obstáculos, onde se caminha de forma fácil e ordenada, sempre com uma temperatura extremamente agradável (vale ressaltar que no dito dia, estava um clima aberto e com muito sol). Em uma delas existe a margem do caminho um antigo e desativado cacimbão de água, feito de tijolos grandes, mas sem nenhuma casa, ou restos de moradias nas proximidades. Segundo nossos guias, esse cacimbão era utilizado para dar águas aos animais das tropas de burros que percorriam a região em demanda da Paraíba.
 

Restos do maquinário de um antigo engenho

            Especificamente uma destas trilhas alcança, com bastante dificuldade, a Caverna de Jesuíno Brilhante e a Fazenda Cajueiro. A trilha possui bifurcações que alcançam as antigas fazendas Fortuna, Escondido, Corredor e Trapiá, sendo estas três últimas propriedades localizadas próximas à fronteira com a Paraíba, ou já inseridas no vizinho território estadual. Se levarmos em consideração que o período do cangaço de Jesuíno Brilhante ocorreu a mais de 140 anos, é provável que a utilização continuada desta trilha pelos moradores da região possa superar os 200 anos.
Conclusão

            Evidente que diante da falta de documentação comprobatória, gerada pela autoridade policial da época, não se terá uma confirmação total em relação a esta questão.
 

O autor deste artigo e Jeová Costa, tendo no meio o guia local conhecido como "Zé Doido". Ele possui um GPS na cabeça e conhece tudo na região

             De concreto podemos afirmar que é totalmente possível que durante a atuação do grupo de cangaceiros chefiados por Jesuíno Brilhante na região, eles tenham feito uso de outras cavidades naturais localizadas na área de altitude do grande maciço granítico que forma a Serra de Patu. Isso fica patente diante da acessibilidade comprovadamente existente entre a Gruta de Jesuíno Brilhante (na Fazenda Cajueiro) e a Furna dos Porcos (no Sítio Canto). Aliado a isso temos a tradição oral dos moradores do alto da serra.
 

Aclives acentuados na rocha bruta

             E parece que a utilização de grutas e cavidades na região por cangaceiros era ainda mais ampla.
            Após mapearmos estas trilhas, em contato com moradores da região (alguns de idade avançada) ficamos sabendo que na parte da Serra do Cajueiro, com a face voltada para o Sítio Escondido, há ainda mais três a quatro abrigos sobre rocha. Em um deles, segundo os moradores, ainda existem estacas de árvores da região, que poderiam apontar a sua utilização para armar redes de dormir, e fuligem no teto destes abrigos.
           Este dado poderia indicar um novo abrigo do antigo grupo de cangaceiros de Jesuíno Brilhante. Esta informação é muito importante para os que estudam o fenômeno de banditismo social do cangaço e a atuação deste grupo de cangaceiros, além da existência de novas cavidades na região.
 

No mapa topográfico da SUDENE, escala 1:100.000,o ponto mais acima é onde está a Furna dos Porcos, o mais abaixo fica a Gruta de Jesuíno Brilhante, mostrando que a distância entre os dois locais é pequena

              Devido ao encerramento do projeto, em razão da falta de apoio material a este trabalho, estas outras cavidades não puderam ser visitadas.

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Extraído do blog: "Tok de História", do próprio autor deste artigo,
Rostand Medeiros

Um bando de delinquentes

Um dos grupos dos Cangaceiros
Da esquerda para a direita:

Cobra verde,
Vinte e Cinco,
Peitica,
Maria Jovina,
Pancada,
 Vila nova,
Santa cruz,
 Barreira, e
 possivelmente um oficial.  

          Após a morte de Lampião e sua rainha, na madrugada de 28 de julho de 1938, na Grota de Angico, no Estado de Sergipe, os cangaceiros que se livraram da chacina, a maior parte se entregou à polícia, ficando à disposição da justiça. Mas muitos deles foram liberados pelo capitão Aníbal Ferreira, que usou o coração, enviando-os para a sociedade.


          Segundo o escritor João de Sousa Lima, José Alves de Matos, o cangaceiro Vinte e Cinco, reside em Maceió, Alagoas.
          Funcionário público aposentado é dono de uma mente brilhante, relembrando seu passado com detalhes vividos nas caatingas.


Um pouco mais da noite Cariri Cangaço na Saraiva

           Tive a ótima oportunidade de participar da última reunião do Grupo de Estudos do Cangaço do Ceará - GECC. Sou graduando em história pela Universidade Federal do Ceará e há pouco tempo comecei a pesquisar sobre a temática do cangaço. Sempre foi um tema que admirei e que causava bastante curiosidade. Através das leituras que tive acesso pude perceber o fenômeno do cangaceirismo além do "romantismo"  que é tão utilizado e amplamente divulgado na mídia em torno da imagem do cangaceiro.

Vagner Ramos, acadêmico de História da UFC

            Primeiras impressões, e muito boas por sinal. O GECC abordou muito bem todas essas problemáticas que envolvem o cangaço. A discussão proposta foi a do papel das volantes, com base principalmente na entrevista de José Rufino, um dos maiores matadores de cangaceiros.
 
 
            O que mais me impressionou foi a variedade de abordagens que se seguiram no decorrer do debate. o que mostra o quanto o estudo sobre o cangaço é dinâmico e atual. Educação, litígios jurídicos, violência na atualidade e conceito de autoridade foram alguns dos assuntos tratados. A essa pluralidade se deve em grande parte aos debatedores que estavam presentes, estudiosos e pesquisadores que atuam em diversas áreas, e que encontram no cangaço um elemento que propicia discussões e momentos muito satisfatórios para aqueles que compartilham desse mesmo prazer de se estudar o movimento cangaceiro.
           Por fim, gostaria de parabenizar os idealizadores e todos os participantes que estiveram na reunião e agradecer a hospitalidade que me foi concedida. Espero participar dos próximos encontros e contribuir para esse campo temático tão fundamental para a compreensão do nosso imenso Nordeste.
 
 
Vagner Ramos
 
 
Extraído do blog: "Cariri Cangaço"
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Legendas vivas da memória do Cariri

Por: Manoel Severo


             Sempre afirmei que o Cariri Cangaço é o resultado de uma grande construção coletiva. Sem dúvidas, é necessário a figura de um timoneiro, um animador, um articulador para ordenar as idéias e as ações; entretanto o conteúdo principal, que são o conjunto de abordagens, as possibilidades de aprofundamento, a adesão e a qualidade dos colaboradores, dentre tantos outros aspectos, são resultado do esforço de muitos.

Bosco André ao lado de Napoleão Tavares Neves

            Hoje presto uma homenagem a quatro destes grandes homens que ao nosso lado estão reescrevendo a história de nosso Cariri. Homens determinados, zelosos e acima de tudo apaixonados por essa terra maravilhosa, tão cheia de tradição, cultura e história.

Bosco André ao lado de Sousa Neto

            Napoleão Tavares Neves, uma verdadeira legenda, o mais festejado memorialista de nosso Cariri. Homem simples, humilde e de uma bondade sem igual. Médico humanitário e um pai de família exemplar. Napoleão Tavares Neves é uma das mais privilegiadas inteligencias de nossa região, escritor talentoso e um espetacular contador de histórias, com H maiúsculo, ao amigo Napoleão a nossa gratidão.
             João Bosco André é uma dessas personalidades que nos encanta "logo de saída"; de jeitão manso e matreiro, vai falando, falando e contando tudo sobre tudo de nosso Cariri, nada lhe foge a memória, um memorialista ímpar, conhecedor profundo da história de nossa região, principalmente de suas origens e toda a capilaridade que lhe é peculiar. Ao padre Bosco, a nossa homenagem.

Bosco André ao lado de José  Cícero

             O grande secretário José Cícero é daqueles que não mede esforços para chegar a seus objetivos; sua dedicação às pesquisas de nosso chão quente do sertão, chegam a espantar, diante da qualidade e da minúcia; a história de nosso Cariri passa também pelas linhas de José Cícero, a você amigo, o nosso abraço.
              Sousa Neto, de fala macia e serena, escondem a determinação dos abnegados pela busca das verdades históricas. A partir de Barro, a entrada de nosso Cariri, Sousa Neto nos traz uma das maiores sagas da região, é esperar para conferir.
              Aos amigos Napoleão, Bosco André, Zé Cícero e Sousa Neto; o nosso abraço fraterno e de gratidão. E que venha o Cariri Cangaço 2011, quando setembro chegar.
 

Manoel Severo
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A Fazenda Pedra Pintada e os cabras de Lampião

Seu João Amorim criando gado na Fazenda Pedra Pintada.
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           O fazendeiro João Amorim tem 84 anos de idade e vive nas cercanias de Caraúbas desde 1946, “sem nunca ter arredado o pé das terras para lugar nenhum” como ele mesmo diz ao visitante que chega a Fazenda Pedra Pintada e se senta no alpendre da casa grande para beber um café passado na hora. Nessas ocasiões, João Amorim aproveita para contar histórias sem fim sobre como sobreviver de agricultura na seca e a passagem de Lampião pelo município, quando o cangaceiro marchava em direção à Mossoró.

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            Seu João Amorim conta que quando Lampião se direcionava à Mossoró não quis passar pelas terras do coronel Quincas Saldanha, conhecido na região como “Gato Vermelho”, velho inimigo de cangaceiros, muito temido pela sua valentia e crueldade.

Casa do coronel Quincas Saldanha
          
           O capitão Lampião foi avisado por Marcilon Leite que o bando cruzaria as terras de Quincas Saldanha e o Rei do Cangaço resolveu alterar a rota por temor e respeito ao coronel.

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              A mudança de direção fez com que a tropa de cangaceiros fizesse uma marcha demorada, chegando a Dix-sept Rosado através da cidade de Felipe Guerra. Por causa da longa caminhada, o trem já havia partido em direção à Mossoró. “O desvio das terras do Gato Vermelho deu tempo suficiente para os passageiros avisarem aos mossoroenses da chegada de Lampião. Com isso, foi possível armar várias trincheiras na cidade, levando o bando à derrota histórica”, revelou João Amorim, com toda segurança naquilo que dizia.
            João Amorim não gosta da lembrança de longos períodos de seca quando a terra esturricada pela estiagem não serve para o plantio. “Eu tenho dois açudes e dezenas de barreiros na fazenda. Um açude e todos os barreiros já secaram. Só sobrou o açude grande com água e mesmo assim é uma água barrenta que só serve para o gado”, disse o velho agricultor, ressaltando que já se passou o segundo ano (2006-2007) de inverno ruim.
            Conforme João Amorim, os sinais da natureza indicam que esse ano o sertão terá um bom inverno. Em noites sem lua, os relâmpagos e trovões nas cabeceiras das serras anunciam a temporada de chuva chegando ao longe. “Os tejuaçus já estão saindo da toca e já estou vendo as abelhas procurando flor. Acho que até o final de fevereiro o inverno chega”, explica.
            Na época da seca, mesmo com todas as dificuldades, João Amorim cria gado e bode em suas terras, de onde tira o leite e a carne para o sustento da fazenda. Quando estiver em pleno inverno, o fazendeiro afirma que será possível plantar batata doce, feijão, mandioca, milho, capim para o gado, entre outras culturas de subsistência. João Amorim criou 14 filhos na Fazenda Pedra Pintada e não pretende sair de lá para lugar nenhum. “Só saio daqui quando estiver morto”, anunciou.



Este artigo foi publicado no blog: "Território Potiguar", do
Jornalista Alexandre Gurgel, em 09 de setembro de 2009

Perversidades praticadas por cangaceiros


           Dona Maria Marques, foi covardemente marcada com um ferro quente, com as letras "JB", José Baiano, membro do grupo de cangaceiros, no dia  06 de janeiro de 1932, só porque ela contrariou o rei Lampião.

Mané Moreno, à esquerda, Zé Baiano, ao centro,
e Zé Sereno, à direita. Eram primos

            Zé Baiano depois que a linda Lídia o traiu com o cangaceiro Bem-Te-Vi, executando-a à pauladas, no meio da caatinga, ficou revoltado e passou a andar com um ferro para ferrar mulheres que as encontrassem em sua frente.


            Pedro José dos Santos, o batatinha,  foi castrado pelo grupo de Lampião, no dia  17 de Dezembro de 1930, no município de Nossa Senhora das Dores, no Estado de Sergipe.


             Esta é a foto mostrando  Pedro José dos  Santos, com apenas 22 anos de idade,  totalmente castrado, isto, é sem  os testículos, perversidade praticada por dois irmãos cangaceiros, o Fortaleza e Cajueiro, no Estado de Sergipe, no ano de 1930.


          José Custódio Oliveira, o Zé do Papel, teve a sua orelha esquerda cortada por um cangaceiro, em Outubro de 1930, em Aquidabã, no Estado de Sergipe.

             Sawanna, uma das apresentadoras do Cariri Cangaço, está apenas mostrando como o cangaceiro Zé Baiano ferrava as mulheres no  rosto  quando  as pegavam. 


Este artigo tem uma participação do pesquisador e
colecionador do cangaço, Doutor Ivanildo Alves da Silveira.

Dadá - esposa do cangaceiro Corisco



Dadá, em 1936.

           
            Aqui está ela em  setembro de 1972, quando acompanhava a exumação dos ossos de seu companheiro Corisco. Observe os ossos de Corisco ao lado esquerdo da ex-cangaceira.


           Ela perdeu a perna esquerda em virtude de ferimentos no pé, no derradeiro encontro com a Volante do tenente José Rufino.

           
            Dadá faleceu no Estado da Bahia, no ano de 1994.  Mesmo ela já sendo casada com um pintor, continuava apaixonada pelo famoso e valente cangaceiro Corisco.