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terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Filho de Corisco visita a Fazenda Beleza no município de Pão de Açúcar

Por: Clerisvaldo B. Chagas
Sílvio Bulhões e Clerisvaldo Chagas 
 
Matéria postada em Abril de 2012 no portal Maltanet

No sábado passado fomos visitar o nosso amigo Silvio Bulhões, o filho de Corisco e um dos apresentadores do nosso livro “Lampião em Alagoas”. Foi aquele papo gostoso que o Silvio sempre nos proporciona. Conversar com o ex-professor de Matemática, ex-funcionário do antigo DNER e economista Silvio Bulhões, é privilégio de poucos. O homem viera de Maceió para conhecer o lugar onde havia nascido em época chuvosa e de tiroteio entre o bando de Corisco e a polícia. Convidado que fui pelo professor Marcello Fausto e confirmado por Silvio, seguimos com os familiares de Bulhões ao lugar do seu nascimento, no dia seguinte. 

Ontem saímos em caravana até o povoado Piau, onde o deputado Inácio Loiola nos aguardava. Grande pesquisador do cangaço e conhecedor profundo da história do baixo São Francisco seria Inácio quem nos conduziria ao destino procurado pelo Silvio. Fiquei logo impressionado com o povoado Piau, distrito de Piranhas, pelo seu extraordinário crescimento que parece uma cidade, limpa e bonita. Como fazia anos que não viajava para a região fui ficando deslumbrado com a beleza dos lugares, que se implantam num belo raso de caatinga onde estão, além do Piau, os povoados Candunda e Caboclo, tudo palco de andanças e aventuras de Lampião e sua gente.

Inácio, Bulhões e comitiva em Piau, Piranhas-AL

Logo a caravana ganhou mais adeptos e seguimos rumo à “fazenda Beleza”, guiados por Inácio Loiola. Situada num alto com visão panorâmica, a fazenda Beleza está situada em um tipo de terreno semelhante a outros lugares de proximidades do rio São Francisco como Petrolina e Delmiro Gouveia, por exemplo. Vegetação com amplo domínio de catingueiras pequenas em terreno tipo piçarra, semeado de pedregulhos. Foi ali na fazenda Beleza onde Dadá deu à luz ao filho Silvio Bulhões. A fazenda na época pertencia ao senhor João Machado e está situada no município de Pão de Açúcar. A casa do proprietário João Machado não mais existia, mas conservava uma antiga tamarineira e várias árvores frondosas, onde o bando se arranchava e passava semanas descansando, dançando e fazendo farras. A fazenda Beleza fora dividida e os novos donos se emocionaram com a presença do filho de Corisco. Infelizmente o Sol estava muito alto para seguirmos a pé até o lugar exato onde Silvio nascera, apontado pelo senhor Benedito, o novo dono, como a “Pia de Corisco”.

 
Fazenda Beleza

Pia é um lugar onde um lageiro acumula água da chuva ou água de minação no terreno vizinho. Aqui na minha região de Santana do Ipanema, ninguém chama pia, mas sim caldeirão, pedra d’água, caldeirão de pedra. Após muita conversa entre Silvio e o casal proprietário da fazenda Beleza, permeada de histórias de Corisco, Lampião e volantes, despedimo-nos e descemos rumo a Piranhas. Ali perto ficava a célebre “fazenda Emendadas”, ponto de encontro entre Lampião e o tenente Bezerra, mas não houve tempo de visitá-la.

CORISCO, O FILHO E PIRANHAS

Estrada boa, agradável e bem sinalizada, deixava o passeio mais seguro. Logo chegamos ao entroncamento de Olho d’Água do Casado, mas não entramos na cidade. Deixamos à direita, que leva a Delmiro Gouveia, entramos à esquerda em busca de Piranhas. Vi de longe o bairro Xingó, passamos pelo novo bairro de Piranhas, localizado na chã, bonito e cheio de belos prédios e, descemos a escarpa do desfiladeiro avistando a cidade encantada se banhando no azul paradisíaco do Velho Chico.  O nosso anfitrião Inácio Loiola, foi indicando para visitas a casa da cultura e o museu do lugar. De palestra em palestra, de informações a informações, íamos apontando os lugares que faziam parte da história da cidade e dos episódios cangaceiros. Piranhas estava cada vez mais ornada e atraía turistas de vários municípios, como outrora atraiu, cativou e amarrou o célebre Altemar Dutra em suas ruas enluaradas.  Em breve o trenzinho estará matando saudades dos tempos áureos de Piranhas, levando e trazendo turistas numa extensão de 12 quilômetros, margeando o filé da Natureza.

Sílvio Bulhões

Por fim, foi marcada uma segunda viagem entre Silvio Bulhões e Inácio Loiola, para a cidade de Gararu (Sergipe), onde está localizado importante documento que interessa a Bulhões. Dando a boa nova sobre a recuperação do escritor do cangaço, Alcino, Inácio convida o Silvio para a terceira viagem a serra da Jurema, município de Água Branca (Al) local de nascimento de Corisco. Negócio fechado. Foi, então, que fomos conduzidos para um restaurante no cimo do despenhadeiro, onde a famigerada peixada se fez presente. Dali do alto é que o indivíduo tem melhor ideia do que seja o paraíso.


A comitiva era composta pela estrela Silvio Bulhões, sua esposa dona Lourdes e familiares: Sérgia, Cristino, Karine e Zé Luiz; diretora de Cultura de Santana do Ipanema, Vera Malta; pesquisador e professor Marcello Fausto; escritor Clerisvaldo B. Chagas; deputado e pesquisador Inácio Loiola e seus três amigos também da região. Voltando satisfeito Silvio Bulhões, a comitiva vai pensando nos banhos de Gararu. 

Clerisvaldo B. Chagas 
Santana do Ipanema - AL
Fonte: http://www.maltanet.com.br

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O Brasil se encontra no Cariri Cangaço 2013 !

Pawlo Cidade ao lado de Manoel Severo

Meu amigo Severo, que boas notícias! Gostaria de poder participar este ano. Conte comigo no que for possível para que este evento seja mais uma vez coroado de sucesso.Um abração,

Pawlo Cidade
Feira de Santana - BA

 
Manoel Severo, Paulo Moura, Múcio Procópio, Geraldo Maia e Kydelmir Dantas

Caro companheiro Severo,
Transmitirei as boas novas para os estudiosos do tema em Mossoró. Eu e minha família retribuímos os votos de felicidade, muito sucesso e realizações. Um grande abraço da terra de Santa Luzia do Mossoró

Geraldo Maia
Mossoró - RN

Narciso Dias

Recebido o comunicado amigo Severo e sem dúvida alguma o Cariri Cangaço 2013 será mais um evento esplendoroso o quanto foram as edições anteriores.Grande abraço Presidente!!!

Narciso Dias
Presidente do GPEC - Grupo Paraibano de Estudos do Cangaço
João Pessoa - PB

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GECC Convida !


Nesta terça, logo mais às 19 horas no
Restaurante Chopp Grill, na Rua Nunes Valente com Júlio Siqueira, no bairro Dionísio Torres em Fortaleza, reunião ordinária mensal do GECC - Grupo de Estudos do Cangaço do Ceará.

Na pauta: O Cariri Cangaço 2013
Você é nosso convidado.

Ângelo Osmiro
Presidente

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Aurora: Misto de Tradição e História no Cariri Cangaço 2013.

Por: Redação
Casarão do Coronel Xavier em Aurora

O histórico casarão do Coronel Francisco Xavier de Sousa, dito como o fundador de Aurora;  comunidades remanescentes de quilombolas do sítio Grossos, as tradicionais Botijas dos sítios Alves e Grossos, as Minas do Coxá e a Guerra do Taveira, o Casarão do padre Cícero no sítio Maracajá, o mito da menina Cotinha que  obrava milagres na referida comunidade e ainda a história da mártir Francisca - a santa popular de Aurora; o rio Salgado, a prisão de Frei Caneca no sítio Juiz, a morte do filho de Bárbara de Alencar na serra da Várzea Grande no Cachimbo, além da  relação de amizade de Lampião com o coronel Isaías Arruda ante a trama na fazenda Ipueiras para a invasão de Mossoró em 1927. Sejam bem vindos a Aurora, no Cariri Cearense, anfitriã de luxo do Cariri Cangaço 2013!

Show de abertura do Cariri Cangaço 2011 em Aurora

Pesquisador José Cícero e o Cariri Cangaço nas terras da fazenda Ipueira de Isaías Arruda e Zé Cardoso.


Cel. Isaías Arruda

Conheça um pouco mais de um dos episódios mais marcantes da Aurora histórica: O Fogo do Taveira... Por Amarílio Gonçalves Tavares.


Em dezembro de 1908, observou-se movimentação de jagunços na faixa Taveira Coxá, em vista do trabalho de demarcação coordenado por Dr. Floro Bartolomeu. Por esse tempo, correram rumores de que os homens reunidos no Taveira preparavam-se para atacar Aurora. Em represália à ofensa causada a Joaquim dos Santos. Manuel Gonçalves chamou Róseo Torquato e lhe disse: Antes que eles venham almoçar aqui, vamos tomar o café lá. O número de capangas a serviço de Totonho Leite era insignificante. Sem um número de guarda-costas com os quais pudesse enfrentar um inimigo que se sabia ser extraordinariamente forte, Teixeira Netto pediu e conseguiu do presidente Nogueira Acioli a vinda dos destacamentos policias de Iguatu e Lavras, num total de 60 praças sob comando do tenente Florêncio. A pretensão do cel. Totonho era capturar os homens que haviam espancado seu correligionário Gonçalves Pescoço e que se achavam refugiados no Taveira, em casa do Cap. José dos Santos.

D. Marica Macedo – peça chave do episódio – foi avisada pela filha Joaninha de que a sua propriedade Tipi seria atacada. A fim de pedir apoio ao Cel. Antônio de Santana e a João Raimundo de Macedo (Joça do Brejão), seus parentes, D. Marica retirou-se com a família, a cavalo, para Missão Velha, indo pernoitar no Taveira, exatamente de 16 para 17 de dezembro de 1908.

Quando a força policial chegou no Taveira, na madrugada de 17 de dezembro, foi recebida a bala. Houve um tiroteio que durou das três horas da manhã até uma da tarde. Quando começou o tiroteio, todo mudo cuidou de correr para dentro de casa. José Antônio, de 14 anos, filho de d. Marica, lembrou-se do cavalo que estava amarrado num pé de juá, e correu para soltá-lo. Não deu tempo; e o rapaz, estando do lado de fora, foi mortalmente atingido por uma bala. Conquanto o número dos que estavam no Taveira fosse inferior ao dos atacantes, ali havia farta munição. A diligência que saíra de Aurora tinha setenta e dois homens, mas pouca munição, que logo se esgotou. Avisado do conflito, Zé Inácio partiu para o Taveira, conduzindo cerca de 50 cangaceiros. Lá chegando, às duas da tarde, já os atacantes haviam batido em retirada.

A morte do filho, naquelas circunstâncias, desencadeou a fúria de D. Marica Macedo, que, incontinente, foi se valer de Dr. Floro, que se encontrava nas imediações. Dr. Floro foi com D. Marica até a presença de Domingos Furtado, e este, sob as alegações de Floro, redigiu um telegrama, para o presidente Nogueira Acioli, pedindo a retirada da tropa estacionada em Aurora. No referido telegrama, que foi assinado por Domingos Furtado, José Inácio e Antônio Joaquim de Santana, os signatários exigiam, uma vez que o seu propósito era destruir a sede do município. Imediatamente, - na mais evidente demonstração de pusilanimidade, Nogueira Acioli – apelido de Babaquara, ordenou a saída do contingente policial.

Extraído do livro: Aurora – História e Folclore, de autoria do escritor aurorense Amarílio Gonçalves Tavares -Fonte - Site oficial do município de Aurora: www.aurora.ce.gov.br

Tudo isso e muito mais; 
Aurora por inteiro no Cariri Cangaço 2013.

Cariri Cangaço - Redação

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Waldemar Junior, Salgueiro e o Cariri Cangaço 2013 !

Matriz de Salgueiro, terra de Veremundo Soares...

Prezado Manoel Severo um Ano novo repleto de realizações para você e toda a equipe que realiza ano a ano com sucesso, o Cariri Cangaço; evento impar no nosso querido Nordeste. Torço que este ano tenhamos um tempo especial para conhecer e participar desse glorioso evento que honra aos historiadores do Brasil.

Saudações.
Waldemar Júnior
Salgueiro-PE

Waldemar Junior é autor de "O Coronelismo em Salgueiro" , fruto de sua tese de Mestrado em História, quando o autor analisa a trajetória política do Cel. Veremundo Soares, da cidade de Salgueiro em Pernambuco.

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Semana dedicada ao escritor Alcino Alves Costa - Tributo a um amigo1

Por Sabino Bassetti.

Hoje acordei pensando no Cariri Cangaço. Lembrei-me de você, Severo; do Ivanildo, João, Bonesi, Carlos, Kiko, Osmiro, Voldi, Juliana, Leandro e tantos outros amigos que com certeza vamos nos encontrar no mês de setembro. 


Aí, me lembrei do nosso inesquecível Alcino, sem querer, comecei a lembrar das andanças que por várias vezes fizemos por toda região de Paulo Afonso, Poço Redondo, Piranhas e redondezas. Quando dei conta que nesse ano não iremos encontrar o velho caboclão, senti um aperto no peito, e uma lágrima teimosa rolou pelo meu rosto. É muito triste  lembrar-se de um amigo tão querido, e saber que não vamos mais encontra-lo. O conforto que nos resta, é saber que quando o Cariri Cangaço estiver acontecendo, certamente o velho Alcino vai estar por ali com aquele seu sorriso franco e sincero. Nessa hora, todos os presentes irão lembrar que por pouco que seja, aprenderam alguma coisa sobre cangaço com o nosso grande Alcino. 

Abraço a todos.

Sabino Bassetti
Pesquisador e Escritor

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“Lampeão, sua história”: Objetivos da primeira biografia erudita do “rei do cangaço”

Por: José Romero Cardoso(*)

Publicado no ano de 1926, pela Imprensa Oficial do Estado da Parahyba, o livro “Lampeão, sua história”, de autoria do jornalista Érico de Almeida, é a primeira biografia erudita do “rei do cangaço”.
          
Almeida militou anos a fio no Jornal paraibano “O Norte”. Quando da ênfase às inovadoras políticas públicas encabeçadas pelo governo Epitácio Pessoa na presidência da República (1919-1921), engajou-se como funcionário do Ministério da Agricultura, lotado no Escritório deste órgão em Princesa (PB), cujo objetivo principal consistia em combater a lagarta rosada, a qual era sério problema para a cultura algodoeira, principal produto da pauta de exportações do Estado da Paraíba na época.
          
Quando do término do triênio Epitacista, houve total desestímulo dos esforços, empreendidos por parte do sucessor, o mineiro Arthur Bernardes, que escandalizado com a onda de corrupção que marcou o período anterior desestruturou as obras de açudagem e outros projetos importantes, incluindo a campanha contra as pragas que atingiam os algodoais.
          
Com o fechamento dos Escritórios do Ministério da Agricultura espalhados pelo Estado da Paraíba, inclusive o posto estabelecido em Princesa, Érico de Almeida ficou desempregado, como muitos outros, tendo gerado a sensibilidade do “Coronel” José Pereira Lima, que resolveu unir o útil ao agradável, talvez levando em conta o consórcio do jornalista com mulher da localidade, da família Duarte, de nome Rosa.
          
Devido ao ataque cangaceiro a Sousa (PB), pois antes Lampião desfrutava de proteção integral na região, graças ao acordo firmado com o “Coronel” Marçal Florentino Diniz e seu filho Marcolino, Zé Pereira se viu na contingência de desviar a atenção dos fatos através da ênfase à literatura voltada para a negação do óbvio.
          
O ofício de jornalista auxiliou bastante Érico de Almeida quando foi contratado para escrever o que seria a primeira biografia erudita de Lampião, pois o costume de anotar tudo quando do exercício de suas funções como funcionário do Ministério da Agricultura foi de fundamental importância para a elaboração de sua obra.
          
Os objetivos do livro são claros, pois negar a melindrosa relação de coiterismo que existia há tempos imemoriais na região de Princesa não era tarefa fácil. Lampião, sentindo-se traído, passou a berrar aos quatro cantos as facilidades e as serventias de sua “profissão” aos que estavam lhe perseguindo tenazmente devido à forma como se efetivou o ataque cangaceiro à cidade de Sousa.
          
No livro “Lampeão, sua história” há a defesa que as perseguições aos cangaceiros datavam de antes do “rei do cangaço” decidir enviar seus homens para levar avante a vingança pretendida por humilde bodegueiro da localidade de Nazarezinho (PB), então distrito de Sousa, contra importante oligarca local de nome Otávio Mariz.
          
Episódios conhecidos da história do cangaço, como a morte de Meia-Noite nos grotões ermos do saco dos Caçulas, foram deturpados propositalmente a fim de eximir de culpas importantes personagens que fizeram a história do movimento, como Manuel Lopes Diniz, conhecido por Ronco grosso, homem da inteira confiança dos “Coronéis” José Pereira Lima, Marçal Florentino Diniz e de Marcolino.
          
O livro de Érico de Almeida não cita que Lampião passou meses sendo cuidado nos Patos de Irerê por dois médicos, depois que foi ferido gravemente no tornozelo pelos disparos feitos pelos volantes comandados pelo Major Teófanes Ferraz Torres, da força pública pernambucana.
          
João Suassuna, presidente paraibano na época, é elevado à categoria de verdadeiro santo protetor, exponencializando consideravelmente a campanha deflagrada pelo gestor paraibano contra os cangaceiros.  A forma como Érico de Almeida trata Suassuna em seu livro levou literatos de peso a afirmarem categoricamente que se tratava de um pseudônimo utilizado pelo presidente paraibano para se autopromover.
          
Elpídio de Almeida afirmou que era Suassuna o real autor do livro, enquanto Mário de Andrade, sutilmente, em “O Baile das Quatro Artes”, enfatizou que havia comentários de que realmente era Suassuna o autor da primeira biografia erudita de Lampião.
          
Em contato com pessoas que conheceram o jornalista, quando de sua estadia em Princesa, a exemplo dos senhores Zacarias Sitônio, sua esposa Hermosa Goes Sitônio e Belarmino Medeiros, todos residentes em João Pessoa (PB) na época do resgate do livro de Érico de Almeida, encontramos provas suficientes sobre a real existência do autor, como a certidão de casamento e fotografia em que aparece discretamente o jornalista.
          
Entrevistado em Limoeiro do Norte (CE), quando da fuga alucinada depois da tentativa de ataque a Mossoró (RN), no ano seguinte à publicação do livro de Érico de Almeida, Lampião destilou ódio contra o “Coronel “José Pereira Lima, chamando-o de falso e mentiroso, pois havia se beneficiado com todos os favores de sua “profissão” e depois o havia traído.
          
Após a revolução de trinta, o livro de Érico de Almeida foi sendo gradativamente esquecido, colocado entre os malditos, fruto de uma estrutura carcomida que precisava ser apagada em prol da edificação de uma nova ordem econômica, política e social.
          
Com o apoio indispensável do senhor Zacarias Sitônio,que apresentou-nos o livro raro escrito pelo jornalista Érico de Almeida,  conseguimos resgatá-lo, no ano de 1996, após matéria publicada no jornal paraibano “Correio da Paraíba”, datado do dia 12 de agosto de 1995, sendo reeditado, setenta anos depois, pela editora universitária da UFPB, que se responsabilizou pela terceira edição em 1998.
          
Não obstante os profundos vínculos com as estruturas de poder dominantes na República Velha, era imprescindível que o livro “Lampeão, sua história” saísse do ostracismo ao qual foi relegado pelos novos mandatários que assumiram o poder com a vitória dos revolucionários em outubro de 1930, pois cessando os exageros existem informações preciosas sobre o ciclo épico do cangaço e sua época que não podem ficar ocultas dos historiadores e dos que apreciam as velhas coisas sobre o semiárido do nordeste brasileiro.

(*) José Romero Araújo Cardoso. Geógrafo (UFPB). Professor-adjunto do Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, Campus Central, Mossoró/RN. Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente (PRODEMA/UERN).

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