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sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Comunicado!

Blog do Mendes & Mendes

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Lahyre Rosado

Por Lúcia Rocha - Entrevista feita em 2002
Lahyre Rosado

Publicada em 2003, na Gazeta do Oeste

Entrevistar o doutor Lahyre Rosado, sempre foi um desejo, desde os tempos de estudante de jornalismo, em Natal, quando frequentava sua casa, no bairro Petrópolis, acompanhada da colega de turma e sua filha, Ilná, também advogada. Isso há uns quinze anos, quando entrei na UFRN. Homem sábio, que exerceu a medicina numa Mossoró que só tinha um médico, o doutor Almeida Castro.

Algo me marcou nossas conversas. Já que ele praticara a medicina natural, uma vez quis tirar uma dúvida. Queria saber por que minha garganta doía quando comia melão. Do alto de sua sabedoria explicou que ‘quem tem problema de garganta ou osso, não pode comer melão’. Pronto! Resolvi dois problemas de uma vez. Nunca mais tive dor de garganta e curei uma bursite.

Laíre, Ilná, Lairson e Laete com os pais:Lahyre e Francisca

Prometi que um dia o entrevistaria contando essas coisas. Acabei de fazê-lo agora, quando ele está lúcido com noventa e dois anos de idade, mas suas receitas infalíveis ficaram no fundo do baú de memórias.
                
Reencontro doutor Jerônymo Lahyre de Mello Rosado e sua esposa, dona Francisca Gurgel Frota Rosado, de volta a Mossoró, ela enferma, após acidente durante assalto em Natal. Nossa entrevista vira uma conversa, onde ele conta que conheceu alguns Presidentes da República, fala sobre clonagem humana, o desenvolvimento da cidade, conta que pertence a uma geração de quatro médicos: seu pai, ele, três filhos – Laíre, Laete e Lairson – além do neto, David, cirurgião vascular, com residência médica no Rio de Janeiro, exercendo a profissão em Natal. Fala de Mossoró como se ainda estivesse em Natal e, de vez em quando, solta: “Lá em Mossoró”.
               
Define-se como um camarada que não sai de casa, que conversa pouco e não vê televisão: “Nunca mais gostei de rádio. Acho que já passei da conta”, brinca.  Em Natal o neto Dave – lê-se Dêive – filho de Ilná, lia para o avô diariamente as notícias dos jornais e da Internet, além de bulas de remédios. Dave que fazia a ponte com o mundo exterior ficou em Natal. Mas morre de saudades do avô: “Diariamente eu o visitava e bom era ouvir os comentários dele após contar as notícias mais importantes do Brasil e do mundo. Cada vez que eu entrava no seu quarto ele perguntava logo as novidades. Era como numa novela e cada dia eu contava um novo capítulo”, conta Dave.  “Amo meu avô pelo que representa na minha vida. Sempre gostei de conversar com ele, uma pessoa íntegra, inteligente, culta e com uma visão muito ampla da vida. Torce sempre por mim e faz de cada vitória minha uma sua também. Ele mora no meu coração”, emociona-se o neto engenheiro.

Francisca, Lahiry e Ilná
              
Doutor Lahyre nasceu em 18 de setembro de 1910, é único filho homem do médico Jerônimo Rosado Filho e da professora Ilnah Sousa Mello Rosado. Seu pai era o primogênito de Jerônimo Rosado - seu Rosado - por quem foi criado após perder o pai prematuramente. Então, viveu em meio aos tios Dix-sept, Dix-huit, Vingt, Vingt-un, num tempo em que Mossoró era uma cidade pequena, pacata, carente de tudo: “Água, nem se fala, as ancoretas, as pipas... Seus problemas se resumiam a água e energia. Se tivesse isso, tudo estaria resolvido”, resume.  A Mossoró de hoje, ele lembra que desde criança ouve dizer que é a cidade que mais cresce no Nordeste: “Hoje eu digo, só faltavam água e energia, aí disparou. Agora vem Medicina, já tem Agricultura  - Esam -  já tem a universidade – Uern. Pois é, Mossoró vai ser uma cidade grande. E pode ser até uma grande cidade, quem sabe? Depende dessa velocidade que ela vai. Tem também a Petrobrás...”, completa ele que morou uns tempos em Macau e outros em Catolé do Rocha: “Que eu me lembre, só”, ri.  Esqueceu Natal.  
               
Calmo, culto, inteligente, fino, de educação polida, poliglota, vernáculo e bem humorado, doutor Lahyre Rosado, Doutor Lahyre conta que estudou farmácia “Pelas contingências do tempo”, na Faculdade de Farmácia do Recife, na década de 1930. Formou os três filhos homens médicos longe de Mossoró e, talvez por isso, ao iniciar o nosso papo ele foi logo soltando: “Mossoró vai ter faculdade de Medicina”. Faz uma pausa e depois completa: “Dona Sandra que puxou o cordão”, diz se referindo a nora, deputada estadual, Sandra Rosado, autora do projeto de lei que cria a Faculdade de Medicina de Mossoró, casada com seu filho mais conhecido, o deputado federal, doutor Laíre Rosado Filho.
                
Doutor Lahyre senti-se satisfeito com os netos que terminaram curso superior e dos que estão cursando. O semblante muda. Um riso alegre de quem tem a certeza do dever cumprido. Lembra que formou todos os filhos com a ajuda de dona Francisca: “Se não fosse ela...”, diz pensativo.  “Sozinho eu não podia”, reconhece. “Mas minha filha com muita garra se formou e também os seus três filhos”, gaba-se.

Lahyre já octagenário
                
Ilná garante que o pai sempre esteve presente na educação dos filhos: “Embora mais a cargo de minha mãe, ele aconselhava sobre a vida, mas nunca impunha sua opinião. Durante o ano letivo se interessava pelos assuntos escolares dos filhos e estava sempre pronto a nos ajudar.
Juntava durante o ano inteiro amostras grátis de remédios para distribuir nas férias em Tibau com pessoas carentes que faziam romaria para se receitar com ele”,  lembra a única filha mulher.
               
Depois de trinta e oito anos residindo em Natal, doutor Lahyre  explica o retorno: “Voltei agora por uma emergência. Não tenho mais amigos aqui. Já se foram. A maior parte dos conhecidos e amigos já ‘viajou’. Então, tem a família”, comemora.  Diz que é um homem de poucos amigos: “Não era cheio de muitas amizades, não! Era meio cético, meio esquisito, mas tinha alguns amigos. Agora tem uma coisa na minha vida que acho muito importante. Nunca briguei com ninguém. Nem nunca ninguém se atreveu a brigar comigo. É uma coisa boa, limpa”, se regozija.    
               
Sabe que a rua onde morou durante muito tempo, a Bezerra Mendes, em frente ao      Mercado Municipal, não tem mais casa: “Chamava-se Rua das Flores. Os vizinhos iam para a calçada conversar. Depois tudo virou comércio. Acabou-se”, diz entristecido.
               
Lamenta também as tragédias da família: perdeu o pai aos treze anos de idade; a mãe, aos dezessete; o sobrinho Carlos Augusto, falecido ainda criança, desidratado: “Tão gordinho, apliquei muita injeção na barriguinha dele. Mas não adiantava nada”, recorda. O acidente aéreo que ceifou a vida do tio, o então Governador Dix-sept Rosado foi muito traumático para ele, pois eram bastante unidos. Um acidente automobilístico encerrou a vida do filho caçula Lairson, com quase trinta anos de idade; e mais recentemente o neto, Vingt Neto, com pouco mais de vinte anos.      
              
Quando terminou a faculdade doutor Lahyre veio direto para a farmácia do tio Duodécimo Rosado, localizada à rua coronel Vicente Sabóia, onde atuou por trinta anos e guarda boas recordações desse tempo: “Eu era muito ocupado e nesse tempo a farmácia não tinha feriado. Abria até no dia de Santa Luzia. A procissão passava em frente a farmácia, o comércio todo fechado e a farmácia aberta. Quando a procissão apontava na rua o pessoal dizia: ‘Feche a porta!’. Quando passava diziam: ‘Abra a porta!’.  Ela ficava aberta até às 21 horas. Meu tio queria assim, né?” ,  graceja.         
               
Nesse tempo Mossoró não tinha hospital, ambulatório, nada disso: “Tudo era resolvido na farmácia com medicamentos de manipulação. Só havia um médico em Mossoró, Almeida Castro”, conta. A doença mais comum era desinteria - diarréia - em criança. Depois surgiu a tuberculose, mas logo apareceu a cura: “A tuberculose era uma doença horrorosa. O doente sabia que a    doença era grave, mas enquanto tomava a medicação, tinha uma esperança, pensava que seria curado, ficava mais alegre. Mas não tinha jeito”, lamenta.    
              
Hoje ele ri da Aids. Porque é uma doença que não tem sintoma: “De vez em quando ouço: ‘Fulano é portador do vírus da Aids’. Eu pergunto: quais são os sintomas dessenegócio? Eu não sei. Não sei se os médicos têm uma idéia do que a Aids faz na gente. Porque ninguém sabe o que é. Eu estava conversando com meu filho - Laete - e falei que um dia poderia aparecer um remédio para curar o câncer. Ele disse: ‘Aí aparece outra doença pior’. Essa Aids tem muita propaganda alertando. Tem durado muito. Parece que é um enfraquecimento no organismo. Agora, de onde veio, não sei”, comenta.       
              
Avesso a política conta: “Uma vez me empurraram e fui eleito vereador”, foi na década de 1930, durante um golpe de estado com Getúlio Vargas.  Mas o mandato foi cortado na metade. Não quis retornar depois.  Conheceu Getúlio Vargas quando veio a Mossoró com seu guarda-costas, Gregório. Hospedaram-se na casa onde hoje reside a viúva do seu tio Dix-neuf com a comitiva. Esteve com Juscelino Kubitscheck e João Goulart num banquete oferecido na ACDP: “Depois teve o doido do Jânio Quadros, com aquele olhar vesgo”,  que em campanha eleitoral, participou de um comício numa noite chuvosa na cidade.                       
               
Uma neta, Larissa, filha de Sandra e Laíre, acaba de ser eleita deputada estadual e ele comenta satisfeito: “A mãe dela é deputada agora noutro degrau. Doutor Laíre deixou. Daqui uns dias termina o mandato e estará desligado completamente”, acredita, sem saber dos planos do filho.   
               
Sobre o presidente eleito Lula: “É um sujeito muito voluntarioso, persistente e preparado, também. É um camarada que tentou uma, duas, três e aí me lembro daquele ditado ‘água mole em pedra dura tanto bate até que fura’. Taí, Lula. Tem muita coisa esquisita. Ele não tem faculdade, mas dizem que tem certo preparo. Vai ficar muita gente desempregada... E vai empregar muita gente que está desempregada”, adverte.       
                
Com problemas de osteoporose e na visão, doutor Lahyre não vê mais televisão, diz que enxerga pouco: “Tenho duas cataratas do Niágara”, brinca. “E a vista cada vez vai fechando. Eu peço a Deus que dê para eu enxergar ao menos dentro de casa até morrer. Não meaperreio, não! Se meu destino é esse... Ninguém sabe como vai morrer ou se fica sabendo de antemão”, brinca.  Lembra que viu uma entrevista de um geriatra na televisão dizendo que a média dos antigos romanos era de vinte anos de idade: “Tão pouquinho, não dá nem para tomar gosto. Aí perguntaram: ‘Com que idade o senhor acha que começamos a envelhecer?’ Ele respondeu: ‘Depois dos trinta estamos deixando a vida’. Eu aperreei meus netos dizendo: ‘Vocês já estão descendo’, diz soltando uma boa risada.  “Já estão descendo a escada. Ah! Ah! Ah!”, continua.
               
Ele fala também sobre clonagem humana: “Mas já estão fazendo até gente”, solta uma grande risada e depois fica sério: “Ah! Meu Deus, eu não sei como ficou a história daquele italiano que fez uma ovelha, não sei o quê”, esquece. Informado que nesses dias foi anunciado o nascimento do primeiro bebê clonado: “Mas não come, não bebe. Não vai, não! Isso aí, não dá para fazer, não! Já achei muita coisa quando fizeram nascer de proveta. Junta o germe masculino, o feminino, bota na proveta, quando dá-se fé: a fecundação. Pega o óvulo e implanta de novo na mulher. O útero toma conta. Até aí vai. Tá bom! Está compreensivo. Mas esse negócio aí... Tanta peça que a gente tem, tanta coisa... não dá!”, comenta negando aceitar.
              
Longe das notícias no mundo diz que de rádio ele gostava de ouvir música e notícias: “Mas não boto mais, não! Botei muito, li muito. Por toda vida. Ah! Ah! Ah! O rádio não tem imagem, mas tem mais notícia do que a própria televisão, não é? Mas me desinteressei”. Informado que na emissora de rádio de seu filho Laíre, a FM 93, tem um programa político diariamente, que conta  com a participação do filho e do neto, o jornalista Cid Augusto, ele gosta da informação e diz: “Não escutei nenhuma vez. Eu podia me acostumar a ouvir rádio de novo. Tem mais notícia. Não se vê imagem, mas tem muito mais notícias. Cid tem a vocação do bisavô materno dele, Jeremias da Escóssia, fundador de O Mossoroense, juntamente com meu bisavô materno, Alfredo de Sousa Mello, que era português.       
                
Leitor voraz, diz que lia tudo, romance, policial e cita autores franceses: “Gostava demais de ler, viu? Uma leitura variada. Meu pai gostava muito também. Não fui empurrado para gostar, não! O que essa cabeça aqui já leu...”, fica pensativo: “Meus olhos já podem pedir licença”, se entrega.                                  
Além de farmacêutico, doutor Lahyre também trabalhou como inspetor escolar federal durante trinta e cinco anos. Ainda guarda de recordação o título da nomeação. A partir de 1938 trabalhou no Ginásio Sagrado Coração de Maria, o famoso colégio das freiras, quando ali funcionava somente o primário. Desse tempo uma ex-aluna, hoje setentona, tem boas recordações do rapaz educadíssimo, que só andava de paletó, gravata e um sapato que parecia de borracha, pois entrava na sala de aula sem ninguém perceber: “Ele não perturbava ninguém, era o rapaz mais bonito da cidade e as alunas avançadas faziam comentários do tipo: ‘Esse homem é bonito demais. Quem dera poder dar um cheiro nele. Não tem namorada, né? Com quem será que ele vai se casar? Feliz a moça que se casar com um rapaz desses, pois tão fino e bonito...”, recorda.
              
Acha graça porque Tibau se emancipou e hoje é cidade: “Tibau era um morro. Comecei a frequentar desde menino. Tibau eram umas casinhas de palha. E na beira da praia era bem        movimentada, tinha uns trapiches para estender as redes. Eu puxei muita rede...”, lembra.  O velho Rosado uma vez mandou até vaca para lá. Era muito complicado chegar ali, mas hoje tem todo um conforto”, encerrou o papo rindo porque nunca deu uma entrevista, essa foi a primeira da sua vida.
               
Uma vez a filha Ilná, o entrevistou sobre Lampião em Mossoró. A entrevista foi publicada no O Mossoroense e depois na Coleção Mossoroense, em livreto, onde doutor Lahyre relata que cuidou da mãe doente, inclusive ficando com ela no sítio, munido de espingarda, quando o bando de Lampião entrou em Mossoró.   
  
* Lahyre Rosado faleceu em Mossoró no dia 22 de agosto de 2003.

Escrito pela jornalista Lúcia Rocha

http://www.luciarocha.com.br/2013_09_01_archive.html

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Exposição do Crato - CE - Luiz Gonzaga

Contribuição: Cícero Quesado
Luiz Gonzaga e sua família - www.alepe.pe.gov.br

Lua Gonzaga ia dar um show na exposição do Crato - CE. Isso ocorreu na década de 60. Infelizmente, não sei precisar data.

O fato é que Gonzaga estava numa barbearia, fazendo a barba, quando teve inicio um tiroteio entre os falecidos Édson Olegário de Santana e o Zé da Sombra. Era tiro pra todo lado, o povo correndo, se escondendo, mulher desmaiando, menino chorando, velha rezando... E Luiz, tranquilo, fazendo a barba.

Em dado momento, Gonzaga comentou:

- Menino... o São João aqui começa é cedo, né não? Óia só o fuguetório!!!

E o Barbeiro, O Mestre Afonsinho, esclareceu:

- Né fuguête não, Seu Luiz, é tiro mêrmo!... Quaje todo dia é isso...

Contam que Luiz Gonzaga que tinha horror à violência, saiu correndo com a barba feita somente a metade!

Será verdade? Sei não... só sei que foi assim.

Pra terminar: - UM DIA DE CHURRASCO E FORRÓ 

Acredito que isso ocorreu em 1982, na inauguração da Chácara Santa Brígida, residência de propriedade do Dr. Meton de Alencar, em Juazeiro do Norte - CE. 

O Dr. Meton inaugurou a sua chácara em grande estilo! Convidou Luiz Gonzaga, Joquinha Gonzaga, Joãozinho do Exu e vários sanfoneiros da região, para um chamado “Forró – Churrasco”, durante todo dia.

Era um sábado e a entrada dava o direito de assistir o show, que teve inicio as 09:00 horas da manhã e encerrando as 17:00 horas, além de beber cerveja e comer churrasco à vontade. 

Foi muito bom. Tive o prazer a estar presente a este evento, juntamente com a minha esposa Gilvanda e amigos.

Nada ocorreu fora do previsto, nesse dia. Tudo deu absolutamente certo e a inauguração foi um verdadeiro sucesso! E nós ( minha esposa e eu), guardamos mais uma terna lembrança do nosso inesquecível Rei do Baião!

Contribuição: Cícero Quesado

http://www.luizluagonzaga.mus.br/index.php?option=com_content&task=view&id=14&Itemid=119

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Lampião em Jauzeiro do Norte


No dia 6 de Março de 1926 Virgulino Ferreira da Silva, o famoso Lampião visitou Juazeiro do Norte, no Ceará, e foi entrevistado pelo médico Dr. Otacílio Macedo. No momento da entrevista, o cangaceiro Lampião identificou-se dizendo o seguinte:


Chamo-me Virgulino Ferreira da Silva e pertenço à humilde família Ferreira do Riacho de São Domingos, município de Vila Bela. Meu pai (José Ferreira da Silva),  por ser constantemente perseguido pela família Nogueira e em especial por

 Inimigo nº. 1 de Lampião - cariricangaco.blogspot.com

Zé Saturnino, nossos vizinhos, resolveu retirar-se para o município de Águas Brancas, no Estado de Alagoas. Nem por isso cessou a perseguição. Em Águas Brancas, foi meu pai barbaramente assassinado pelos Nogueira e Saturnino, no ano de 1917.

Adendo
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"Aqui Lampião afirma que seu pai foi assassinado no ano de 1917".

Kiko Monteiro, Alcino Alves Costa e Rangel Alves da Costa

Mas o escritor Alcino Alves Costa diz em seu livro: "Lampião Além da Versão - Mentiras e Mistérios de Angico - que José Ferreira da Silva, pai de Lampião foi assassinado no ano de 1920, e não como afirma o facínora.

 

Continua Lampião - Não confiando na ação da justiça pública, porque os assassinos contavam com a escandalosa proteção dos grandes, resolvi fazer justiça por minha conta própria, isto é, vingar a morte do meu progenitor. Não perdi tempo e resolutamente arrumei-me e enfrentei a luta. Não escolhi gente das famílias inimigas para matar, e efetivamente consegui dizimá-las consideravelmente.

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De Virgulino a Lampião - Sama Multimídia - Parte I


“Mas o destino impiedoso/ Foi cruel para comigo/ E a sorte caprichosa/ Me impôs este castigo/ Quando eu não esperava Nem em tal coisa pensava, Tinha terrível inimigo!”
Lampião

Pelo ano de 1894 apareceu na ribeira do Pajeú, em Pernambuco, à procura de trabalho, um rapaz de cor branca e bem apresentável. A sua idade devia orçar pelos 25 ou 26 anos. De estatura pouco acima da mediana, era homem musculoso e possante. Tinha um olhar comunicativo e penetrante qual águia, e vivacidade que denunciava uma indomável energia.  Chamava-se José Ferreira da Silva. Caboclo resoluto estava ali! Ativo e trabalhador de gênio expansivo e folgazão, estava ele sempre disposto, pronto a acorrer solícito em auxílio de quem quer que lhe pedisse os seus préstimos.

Tempos depois José Ferreira constituiria família, contraindo núpcias com uma jovem da localidade, Maria Lopes, tendo-se revelado sempre bom e zeloso chefe da numerosa prole que lhe dera o matrimônio. Teve nove filhos: Antônio, Livino, Virgulino, Virtuosa, João, Angélica, Ezequiel, Maria (conhecida como Mocinha) e Anália. A sua propriedade denominava-se Passagem de Pedras, um pedaço de terra desmembrado da fazenda Ingazeira, pertencente a Manuel Ferreira de Lima, às margens do Riacho São Domingos, situado no município de Vila Bela, Pernambuco.

Homem diligente e trabalhador incansável, em poucos anos conseguiu transformar, com sacrifício, sua sitioca num aprazível logradouro em que botou prosperação: umas trinta reses, alguns animais, roçados de algodão-mocó e de legumes, e, sobretudo uma tropa de doze fortes burros, bem arreados, de almocrevar. Além de bom peão, exímio vaqueiro e agricultor, cumulava também a profissão de almocreve. É a almocrevia mais uma das formas que os desventurados habitantes daquelas plagas longínquas, relegadas por governos e regimes ao mais criminoso olvido e abandono, desenvolveram a fim de garantir a sobrevivência. Essa rude e penosa tarefa era desempenhada por ele e por seus filhos chegando a cobrir distâncias de trezentos a quatrocentos quilômetros por cidades, vilas e povoados para vender as mercadorias que levavam, viagem cuja duração é indefinida podendo ser de quinze dias a um mês, tangendo burros que carregavam fardos de aproximadamente 80 quilos com um ganho miserável! 

Seus vizinhos eram, de um lado, Manuel Ferreira de Lima e, de outro, João Nogueira. O primeiro era completamente diferente do segundo. Este, soberbo e ambicioso, queria ser o maior fazendeiro daquela ribeira e com pretensões à chefança política da mesma. E se mordia de inveja e despeito diante da crescente prosperidade de Manuel Ferreira, incansável empreendedor cuja fazenda crescia nas vistas e se avantajava das mais em toda a ribeira, e com quem jamais pôde brigar, dado o bom senso e tenência do próprio Manuel Ferreira de Lima. 

Pegada com a Ingazeira, pelo lado do norte, estava a fazenda Pedreira, acrescida com a fazenda Maniçoba. Pertencera ao finado Saturnino Alves de Barros, casado com D. Alexandrina, “D. Xanda”. De seus dois filhos, um se tornaria célebre: José Alves de Barros, conhecido por Zé Saturnino. Indubitavelmente, servindo também de instrumento à inveja e ambição daquele que veio a se tornar seu sogro, João Nogueira, foi ele o causador da transformação do vaqueiro-almocreve Virgulino no cangaceiro Lampião.

Alto, magro, “esperto”, mas segundo testemunhos fidedignos de familiares seus e de quem com ele lidaram, era Zé Saturnino “prepotente e arreliado, gostava de provocar e afrontar os mais”, “de pisar no cangote”. “De maus bofes, era odiento e vingativo. Encanecido e pisado pelo tempo e pelas lutas, por remorsos e pavores, se traiu no ódio sopitado e insatisfeito contra os irmãos Ferreiras, depois de mais de quarenta anos já mortos!

A questão, começada e sustentada por Zé Saturnino contra os Ferreiras, não se originou de uma causa única como afirmam alguns historiadores, mas de uma longa série de causas ou co-causas que se encadearam num entrecho crescente até o rompimento definitivo com suas funestas consequências 
para toda a região do Nordeste. Além da já mencionada causa oculta, íntima e estimulante, ou seja, a incontrolável inveja e ambição de João Nogueira, houve uma causa primeira para o início das desavenças entre Zé Saturnino e os Ferreiras.

CONTINUA...

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