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segunda-feira, 24 de novembro de 2014

ENTREVISTA (INTERROGATÓRIO) COM LUCAS DA FEIRA, EM 1848.


Com grafia da época.

Lucas da Feira Assim era conhecido Lucas Evangelista, por haver nascido em Feira de Santana, Bahia. Lucas da Feira nasceu em 18 de outubro de 1807. Relato sobre Lucas da Feira Para que se lembre da história, eis um relato sobre a série de crimes praticados por Lucas da Feira e seus cúmplices, "esses bandidos que trouxeram, por 20 annos, a população da Feira em constante sobresalto", a partir da transcrição do interrogatório a que foi submetido antes de ser condenado à forca. "Narração dos factos principaes da vida de Lucas e de sua quadrilha: A 18 de Outubro de 1807, nasceu Lucas Evangelista, na fazenda “Sacco do Limão”, do município da Feira de Sant’Anna. Produziram o temível facínora os africanos Ignácio e Maria. Captivo de nascimento, Lucas pertenceu, a princípio, a D. Anna Pereira do Lage, e por fallecimento desta senhora passou ao domínio do Padre José Alves Franco, vindo mais tarde a caber, em nova partilha, ao pae deste sacerdote, Alferos José Alves Franco. Ao tempo em que se deu o traspasse do maldicto escravo ao novo senhorio, elle já havia fugido para as mattas da Feira, mais ou menos em meiados de 1828. 


Uma vez no goso daquella conquista de liberdade, a índole perversa do bandido entrou, desde logo, em cogitações diabólicas de que resultou a organisação da célebre quadrilha de salteadores, da qual faziam parte os escravos também fugidos, de nomes: Flaviano, Nicolau, Bernardino, Januário, José e Joaquim. Inspirada nos sentimentos sanguíneos do bandido que a chefiava, essa malta de terríveis assassinos e ladrões commetteu, livremente, toda sorte de crimes nas estradas do famoso município, até o dia 28 de Janeiro de 1848, data da prisão do célebre salteador chefe da quadrilha. 

Feira de Santana na época de Lucas da Feira

Para que o leitor fique conhecendo a série de crimes praticados por Lucas e seus cúmplices, esses bandidos que trouxeram, por 20 annos, a população da Feira em constante sobresalto, vamos transcrever o interrogatório a que foi submettido no tribunal do jury o chefe desses miseráveis. O Juiz de Direito da Comarca e Presidente do julgamento era o Dr. Innocencio Marques de Araújo Góes que fez do seguinte modo o interrogatório ao réu: Perguntado o seu nome, naturalidade, edade e profissão? - Respondeu chamar-se Lucas, ter sido escravo do fallecido Padre José Alves, nascido na fazenda do “Sacco do Limão”, frequezia de São José maior de 35 annos e que era empregado no serviço da lavoura e carpina. - Perguntou-lhe se sabe o motivo por eu foi preso e o que vem fazer neste tribunal? - Respondeu que tendo fugido da companhia de seu senhor há quase dezoito annos e commettido em todo esse tempo algumas acções más, pelo que tem sido processado pela Justiça, pensa ter sido preso para dar contas do seu procedimento e julgado como merece. - Perguntou em que empregava-se durante tanto tempo que viveu nas mattas, como sustentava-se e obtinha aquillo de que carecia? - Respondeu que até certo tempo matava seus bichinhos para sustentar-se, e pedia algumas coisas que precisava a pessoas de seu conhecimento e amisade, mas que passando a ser perseguido pela Justiça, vendo-se desesperado, como ainda se acha, começou a offender e fazer mal ao povo. - Perguntado quaes os conhecidos e amigos que lhe devam objectos que elle pedia? - Respondeu que não tinha empenho em declarar nomes, que por estar perdido não queria perder outros christãos que lhe haviam feito benefícios. — Perguntado se esses amigos e conhecidos a que se refere lhe forneciam também algumas porções de polvora e de chumbo e algumas armas? - Respondeu que há mais de quatro annos tomara na estrada um barril de pólvora e uma grande porção de chumbo de que usou até agora. - Perguntou-lhe onde e como obtinha os mesmos objetos, antes dessa tomada de que fala? - Respondeu que nas estradas tomava a uns à força e outros voluntariamente lhe davam, e que também algumas vezes comprava, não declarando seus nomes, porque, já disse, não queria perder outros. - Perguntou-lhe mais como offendia geralmente ao povo, segundo disse, quando affirma que só queria offender áquelles que o perseguiam e o insultavam nas estradas? - Respondeu que somente maltratava e offendia aquelles de quem receiava que o atraiçoassem ou perseguissem por qualquer forma. - Perguntado si tem noticia dos tiros dados no guarda policial Joaquim Romão e Manoel Antonio Leite, resultando a morte deste, que também foi roubado? - Respondeu negativamente. - Perguntou-lhe si não tem noticia de Antonio Correia Pessoa, que foi morto e roubado em sua própria casa? - Respondeu saber desse facto, e que foram autores elle respondente e seus companheiros, Nicoláo, Joaquim e Januário e que assim procederam porque esse Pessoa os perseguia e que já lhes havia dado dois tiros. - Perguntado como foi morto esse homem? - Respondeu que fora com pancadas e couces. - Perguntou-lhe si tinha lembrança da morte de Ventura Ferreira de Oliveira, na Lagoa do Peixe? - Respondeu que fora morto por seu camarada Nicolau, estando presente elle interrogado. — Perguntou-lhe si tem noticia das mortes de Alexandre Felippe de Lima e de José Francisco Caboclo e quaes os autores? - Disse, quanto á primeira, nada sabe e quanto á segunda foi elle interrogado quem matou, porque esse José Francisco recusava-se a pagar-lhe um dinheiro e também o queria matar. - Perguntou si tinha noticia da morte do ????? Antonio, escravo de José Antonio da Silva, que teve lugar na fazenda Sobradinho, próximo a esta villa? - Respondeu que passando elle e alguns companheiros pela estrada, o dito Silva e outros lhe dirigiram insultos, pelo que elle respondente para desaffrontar se dera uns tiros contra aquelles, de um dos quaes resultou a morte do crioulinho. - Perguntou mais si tem noticia da morte de Antonio Bonifácio e quem foi o autor? - Respondeu ter sido elle interrogado, porque esse Bonifácio andava o preseguindo,pelo que o matou antes que lhe dizesse o mesmo. - Perguntou si tem noticia da morte de Theotonio, escravo de Victorino Alves e qual o motivo? Respondeu que estando elle e alguns companheiros procurando a vida, o seu camarada de nome Joaquim matara e dito Theotonio. - Perguntado si também tem noticia da morte de Alexandrina de tal, escrava de Manoel Joaquim? - Respondeu ter sido elle quem a matou na occasião da morte do seu companheiro Nicoláo. - Perguntou-lhe mais si tem noticia da morte de Manoel Lima, que também foi roubado, em uma das estradas desta villa? - Respondeu negativamente. - Perguntou-lhe si tem noticia da facada e pancadas que soffreu João Gomes de Oliveira, levando as também duas filhas? - Respondeu que só lhe deu pancadass com o couce da arma porue elle sabia do rancho em que se escondiam, e que as filhas foram somente conduzidas até a beira do rio Jachype onde elle as deixou. - Perguntou mais se tem notícia da morte de João Vicente e qual o motivo? - Respondeu que esse João Vicente também sabia do seu rancho, e tendo dado lá uma tropa, entendeu que foi elle o denunciante, por isso o matou. - Perguntou-lhe mais si também tem noticia da morte de Joaquim Romão? - Respondeu negativamente. - Perguntou-lhe mais si sabe da morte feita em João de tal, morador no lugar denominado Papagaio? - Respondeu ter sido o autor,porque elle sabia, e effectivamente mostrou, o logar em que tinha o seu rancho e de seus companheiros. - Perguntou-lhe também si fora o autor da morte de Alexandre de tal, filho de Antonio Felippe? - Respondeu que elle e seu companheiro Nicoláo fora os autores, porque os ditos Alexandre o seu pai Antonio Felippe constantemente os perseguiam. - Perguntou-lhe si sabe quem deu as cutiladas no crioulo Manoel João? - Respondeu que foram elle e seu companheiro Nicoláo, porque receiavam desse individuo. - Perguntou-lhe sei tem noticia dos tiros dados no capitão Gregório do Nascimento? - Respondeu que fora elle e seus companheiros, porque Gregório também os perseguia. - Perguntou se tem noticia dos tiros dado em Manoel das Chagas e qual o motivo? - Respondeu que foi elle por ver que esse homem merecia e assim quis quebrar-lhe as pernas. - Perguntou-lhe mais, porque? - Respondeu que por ter promettido pical-o em postas, assim elle respondente quis ensinal-o. - Perguntou si tem noticia do roubo feito a José Dionysio, morador nas Campas? - Respondeu que fora feito por seus companheiros Nicolau e Manoel, estando elle também presente. - Perguntou o que roubaram nessa occasião? - Respondeu que três colheres de prata. - Perguntou-lhe si teve noticia do roubo feito a Vicente de tal, das Campas? - Respondeu que fora elle o autor do roubo, tendo somente roubado uma calça e uma jaqueta. - Perguntou mais si tem noticia dos cinco tiros dados em Gregório José de Almeida, no caminho de São José? - Respondeu que foram dados por elle e seus companheiros, por um insulto que o dito lhes fizera. - Perguntou si além dessas mortes e furtos sobre que tem respondido, lembra-se de ter feito mais alguma cousa? - Respondeu que perante o Juiz Municipal já fora também conduzido e interrogado sobre alguns outros factos, como fosse o roubo da egreja das Brotas, e os tiros no Alferes Agostinho, em Joaquim Ferreira da costa e outros feitos a um homem chamado Sampaio Pinheiro e o vaqueiro de Aprigio Pires Gomes. - Perguntou-lhe mais si durante a estada nos matos raptou algumas mulheres e sei tem lembrança do numero? - Respondeu ter com effeito raptado algumas em numero de cinco ou seis, tendo, porém, outras ido voluntariamente para sua companhia. - Perguntou si não matou alguma destas raparigas que levou para a sua companhia? - Respondeu negativamente. - Perguntou se em algum encontro, que elle respondente teve com pessoas que o perseguiam, levou alguns tiros e si tem lembrança do numero? - Respondeu ter contado até cem e que felizmente escapou, tendo levado outros muitos que dahi em diante deixou de contar. - Perguntou se não guardou em alguma parte ou em poder de qualquer pessoa dinheiro e outros objectos que tivesse tomado nas estradas? - Respondeu que tudo quanto tinha era somente alguma roupa e outras miudezas que existiam no rancho em que foi preso, nada tendo guardado em parte alguma. E nada mais respondeu nem lhe foi perguntado. Por esta forma houve o Juiz por findo este interrogatório, mandando lavrar este termo, em que assignou com o curador do réo, depois de lido por mim Manoel José de Araújo Patrício, escrivão que escrivi – Innocencio Marques de Araújo Góes – O curador, Manoel Pereira de Azevedo. Do interrogatório que acabamos de transcrever, vê-se quanto foi flagellada a Feira de Sant’Anna, principalmente depois do anno de 1840, quando o celebre salteador organisou sua quadrilha. A PRISÃO DE LUCAS A prisão de Lucas teve os seus prodromos a 23 de Janeiro de 1848. Narremos o facto que deve ter alguma importância para os nossos leitores. Achando-se foragido o official de justiça do fórum feirense, de nome José Pereira Cazumbá, porque praticara um homicídio, pensou de obter o indulto, offerecendo-se para prender o salteador Lucas. Acceita a proposta pelas autoridades com o accrescimo de que o governo compromettia-se a dar a Cazumbá, além do indulto mais quatro contos em dinheiro, foram affixados editaes neste sentido nos lugares mais públicos da Feira e publicados pela imprensa. Na capella de N. S. dos Humildes, três legoas ao Sul da Feira de Sant’Anna, realisou-se uma festa, e para ella dirigiu se Lucas em procura, talvez, de alguma presa. 


Cazumbá, acompanhado de Manoel Gomes, montou guarda no lugar chamado Pedra do Descanso, por onde, fatalmente, Lucas teria que passar de volta da festa. Na segunda-feira 24, cerca de 6 horas da manhã, surge o salteador felizmente desacompanhado. Manoel Gomes esmorece e treme, caindo-lhe a arma das mãos; mas na emboscada detona uma outra arma, cujo projectil aloja se certeiro no braço do salteador – foi á arma de Cazumbá, o official de justiça pronunciado que necessitava de liberdade. Passada a primeira impressão, causada pelo susto de que o salteador não fosse altacal-os em seu esconderijo, sahiram elles e foram examinar o lugar onde estava Lucas quando recebeu o tiro. O salteador havia de facto desapparecido, mas ali se achava o clavinote de seu uso e um rasteiro de sangue pela estrada afora. Nessas averiguações estavam os dois, Cazumbá e Gomes, quando por ali passou o dr. Leovegildo de Amorim Filgueiras, juiz municipal e delegado do Termo, acompanhado de outros para effectuarem uma medição de terás. Sciente de tudo, a dita autoridade poz a força publica em movimento para a captura do bandido, cujo paradeiro haviam de descobrir pelos vestígios de sangue, deixados na estrada e no mato. Infelizmente assim não aconteceu porque a força de policia, os Inspectores de Quarteirão e o povo que os acompanhava, andaram todo dia e nos seguintes debalde, porque os vestígios desappareceram. Quando o desanimo já começava a invadir aquelle troço de homens ávidos pela prisão do malvado crioulo, surgiu entre elles uma lembrança providencial. Benedicto da Tapera, suspeitado como um de seus confidentes e intermediários, havia de lhes dizer qualquer cousa. Sem demora seguiram para a casa do mesmo e gratificaram-n’o, ameaçando-o ao mesmo tempo de matal-o se não disesse onde estava Lucas. Nestas condições, Benedicto confessou o paradeiro do salteador. Na manha do dia 28 de Janeiro, o bandido, que tanto aterrorisou as populações daquella zona no período de vinte annos, estava entregue á justiça para responder por tantos crimes que praticara. Condemnado á força pelo tribunal do Jury que se reuniu a 1º de Março do mesmo anno, foi executado a 26 de Setembro de 1849, no Campo do Gado, em presença de uma multidão que exultava pelo goso da tranqüilidade aspirada com o desapparecimento do bandido que a ameaçara por tantos annos. A’s 10 horas da manhã, daquelle dia, foi o salteador retirado da prisão e revestido de uma túnica branca. Posto o baraço ao pescoço, em cuja extremidade segurava o carrasco, começou a percorrer as ruas da Feira, ladeado por dois franciscanos e o vigário da Freguezia padre José Tavares da Silva, e acompanhado das autoridades locaes, força publica e enorme massa popular da villa e de muitos logares que viera para esse fim. De espaço a espaço paravam, os franciscanos resavam, os sinos dobravam e o official de justiça Marcellino Marques da Silva apregoava em altas vozes a morte do condemnado. Ao meio dia chegou o cortejo fúnebre ao Campo do Gado, lugar em que estava armado o instrumento do supplicio. Guindado ao plano superior da força, acompanhado de seu carrasco, Joaquim Correia, rapaz branco de 20 annos de edade, que espontaneamente se offerecera para aquelle reprovável mister, por ter o réprobo assassinado barbaramente seu pai Francisco Correia, elle, Lucas, acenando com a mão que lhe restava, pois a outra tinha sido operada em conseqüência dos tiros recebidos quando foi preso, disse: “Espere!” Divagou o olhar acovardado por aquella multidão, e com voz fraca e arrastada declinou estas ultimas palavras: “Sei que muitos dentre vós estão contentes de me verem assim acabar; eu peço perdão a Deus e a todos que perdoem”. Dito isto o carrasco atira-o ao espaço: desce pela corda; arrima-se aos hombro do condemnado e mantém-lhe a bocca fechada. Os membros do suppliciado controhem-se, seguindo-se a mieção e o exhalar do ultimo suspiro. Morto! Foi o brado uniforme, abafado e fúnebre sahido dos lábios da multidão. Effectivamente o condemnado tornara-se cadáver; a Feira exaltava pela volta de sua tranqüilidade; a justiça desafrontara-se, e a sociedade; quanto a nós que escrevemos estas linhas desapaixonadamente, devia ter se enlutado por esse assassinato cobarde praticado na pessoa de um facínora, é verdade, mas no entanto criminoso porque a sociedade não soube educa-lo.

Fonte principal: - Feira antiga.

Fonte: facebook

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JÁ SAIU A 2ª EDIÇÃO DO LIVRO "LAMPIÃO A RAPOSA DAS CAATINGAS"


O livro "Lampião a Raposa das Caatingas" do escritor José Bezerra Lima Irmão já está na 2ª edição, e veja que a 1ª edição foi impresso uma enorme quantidade de livros. 

Quem adquiriu este livro fala o quanto ele é importante para todos que gostam de estudar "Cangaço". As pesquisas que o autor fez duraram 11 anos, provam que foi feito um trabalho de alto nível, e com muita responsabilidade. 

Adquira este livro para você ser uma autoridade sobre "cangaço", quando o assunto for ele em rodas de amigos. 

Algumas pessoas conversam sobre este tema, mas não têm segurança no que diz, porque apenas ouviram falar, e não leram nada sobre o assunto. Eu já fui uma dessas pessoas que não lia nada sobre "cangaço", apenas eu ouvia e me envolvia na conversa, sem saber o que estava dizendo.

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A Prisão de Antônio Silvino

Por Rostand Medeiros

O aprisionamento de Lampião não se me afigura impossível. Nada importa diga ele que prefere a morte. Antônio Silvino também o dizia, mas, apenas se viu baleado, foi o primeiro em fazer questão de mansamente se entregar à justiça. 

Teophanes Torres

Restabelecido ulteriormente, voltaram-lhe no presídio os ímpetos brutais, como na manhã em que, entre descomposturas do calão mais vil, sacudiu um pão na cara de um desembargador.

Antônio Silvino preso

Quando a captura de Lampião parece a tanta gente sonho irrealizável, vem a propósito recordar como se deu a de seu terrível predecessor.

O que desgraçou Antônio Silvino foi a perseguição sem tréguas que lhe moveu uma de suas vítimas mais humildes. Bem diz o povo que “não há inimigo pequeno” e que “mutuca é que tira boi do mato”…

Sargento Alvino, promovido a alferes após a captura de Antonio Silvino

José Alvino Correia de Queiroz era obscuro comerciante no sertão de Pernambuco, quando Antônio Silvino lhe saqueou o pequeno estabelecimento. Reduzido à miséria, jurou vingar-se e entrou a polícia daquele Estado. Acreditaram nos seus propósitos e fizeram-no sargento.

Inteirado de que Silvino transitaria por certa faixa do município de Taquaritinga, o Sargento Alvino buscou informações de João Vicente e Joaquim Pedro, moradores naquelas paragens. Ambos negaram a pés juntos ter qualquer conhecimento a respeito. Mas, tão jeitosamente o miliciano conduziu as investigações, que a esposa de João Vicente o orientou:

- Quando o Sr. chegar à casa de nosso vizinho, o Joaquim Pedro, e encontrar as mulheres torrando galinhas ou fazendo comedoria de sobra, pode apertar o pessoal que o “capitão” Antônio Silvino está escondido perto, no mato…

O oficial Theophanes Ferraz Torres, comandante da volante que capturou Silvino. Valente e destemido, seria um grande perseguidor de Lampião.

No dia esperado, 27 de novembro de 1914, os policiais, sob o comando do Alferes Teófanes Torres e do Sargento José Alvino, estavam no local referido, de nome Lagoa Laje.

Assim que penetrou na residência de Joaquim Pedro, o Sargento Alvino se encaminhou diretamente para a cozinha, atrás de cuja porta se lhe deparou pendurada uma banda de ovelha. E viu chegar desconfiado, pelo quintal, um rapazola com um tabuleiro à cabeça, cheio de tigelas, colheres e pratos. Interrogado, o recém-vindo explicou, titubeante, que havia ido deixar comida a uns “trabalhadores”, num roçado.


Concomitantemente, o Alferes Teófanes submetia Joaquim Pedro a interrogatório, e este negava que soubesse do paradeiro de Silvino. Aparece o sargento e, depois de falar na ovelha morta e de mostrar o tabuleiro com os restos de comida, pede permissão para forçar o velho sertanejo a não continuar mentindo. Ato contínuo, tranca-lhe, numa alcova, a mulher e os filhos e ordena que os soldados desembainhem os sabres.

Nos antigos jornais e revista por mim pesquisados, esta foto consta como sendo a força policial que lutou e capturou Antonio Silvino, mas muitos pesquisadores apontam como sendo o próprio bando de Antonio Silvino.

Nesse momento, mais nervosa, uma filha do ameaçado pede, da alcova:
- Meu pai, por caridade, descubra logo!

Joaquim Pedro roga que não lhe batam e justifica-se, alegando que logo não disse a verdade por temer a vingança de Silvino, no caso de a polícia o não prender ou matar. E confessa que o celerado está escondido não longe dali. Eram cinco horas da tarde e urgia assaltar os cangaceiros, antes que a noite sobreviesse.

Também nos jornais de época esta mulher foi apresentada como Antônia de Arruda, amante de Silvino.

Sob as ameaças de ser liquidado, se desse o menor sinal aos bandidos, Joaquim Pedro vai mostrar o esconderijo deles. Com todas as precauções imagináveis, a tropa se aproxima da malta criminosa.

Antônio Silvino estava deitado numa pedra, sobre a qual se debruçava copada oiticica. Perto, divertiam-se alguns de seus cabras, a jogar um sete-e-meio. Ao ouvir a primeira descarga, Silvino gritou, motejante:

Ferimentos de Antônio Silvino após a sua captura.

- Espera aí, rapaziada! Deixem, ao menos, os menino acabar esta mão!

Mas o fogo irrompeu violento e sem intermitências, dos dois lados. Com o cair da noite, o tiroteio deixou de ser correspondido. O Alferes Teófanes e o Sargento Alvino acreditaram que Silvino tivesse fugido. Suspeitando, todavia, que ele se quisesse vingar de Joaquim Pedro, foram entrincheirar-se na casa deste.

Coisa bem diversa se passava. Silvino fora atingido por uma bala nas espáduas e o seu companheiro Joaquim Moura tivera quebrada uma perna. Os demais cangaceiros se embrenharam, desorientados, na caatinga, favorecidos pelo negrume da noite.

Estando a perder muito sangue, Silvino convidou Joaquim Moura a se entregarem, mas este repelira o convite e, depois de dizer que macaco do Governo não tinha o gosto de botar-lhe as mãos em riba, ele vivo, suicidou-se com um tiro na cabeça. Impressionado ainda mais com o trágico fim do último assecla que lhe restava, Silvino despojou-se das armas e arrastou-se para a casa da mulher que ele ignorava tivesse sido quem o denunciara. O marido dela, João Vicente, a estava censurando por sua leviandade, persuadido de que Silvino, sabedor da denúncia, lhes não perdoaria.

De repente, batem à porta. Quando, de fora, uma voz anuncia que quem bate é Antônio Silvino, João Vicente encomenda a alma a Deus, convicto de que vai morrer. É sua mulher quem se afoita a atender ao chamamento.

Aqui outra imagem do sargento Alvino.

Ao se abrir a porta, aparece, à luz da lamparina, o vulto do grande salteador. Quase desfalecido e com as vestes rubras de sangue, Silvino está escorado no portal.

- Capitão, que horror é este?

- Mataram-me… arqueja aquele que, acovardado, começava a expiar crimes sem conta.

Conduzido a uma rede, ele pede que chamem a polícia. Vai alguém a Taquaritinga, mas não encontra lá os soldados. Na confusão em que todos se viam, ninguém a princípio se apercebeu de que os policiais poderiam estar pernoitando na fazenda de Joaquim Pedro. À mulher de João Vicente ocorre agora essa possibilidade. Despacham para ali o portador. Quando este bate à porta de Joaquim Pedro, os soldados aperram as armas, crentes de que é Silvino quem chega. Aberta a muito custo uma janela, o mensageiro dá contas de sua incumbência: vem avisar que Antônio Silvino, sozinho, desarmado e gravemente ferido, está em casa de João Vicente e quer entregar-se à prisão.

Expectativa para a chegada do famoso bandoleiro nordestino na Casa de Detenção de Recife.

O Alferes Teófanes suspeita que se trate duma cilada e opina que se aguarde o raiar do dia. Tanto insiste, porém, o Sargento Alvino que, afinal, o seu comandante se dispõe a ir ver Silvino. Ainda assim, o recadista vai seguro pelos cós e advertido de que receberá uma punhalada, ao primeiro tiro com que a tropa seja surpreendida.

Cercada com cautelas a morada de João Vicente, houve grande alegria, quando se patenteou aos olhos de seus perseguidores a mísera situação daquele que se gabava de que, embora sem saber ler, governava todo o sertão! O Sargento Alvino parecia o mais contente. Exigiu que se não fizesse o menor mal a Antônio Silvino e saiu, pelos matos, a cortar umas folhas de quixabeira para lhe lavar as feridas.

Fora destronado o Átila bronco que, durante dois decênios, apavorara a gente matuta do meio-norte e assoalhava não ser passarinho que morasse entre grades… Por trinta anos ia se fechar atrás dele o portão da Penitenciária de Recife!

Multidão a frente da Estação Central do Recife na chegada do famoso cangaceiro.

Foi à tenacidade do Sargento Alvino, à sua argúcia e vontade firme de vingança que se deveu a prisão de Antônio Silvino. Forçoso é, porém, reconhecer que colaborou inestimavelmente nisso a indiscrição duma mulher.

Acontecerá o mesmo, algum dia, a Lampião? Até na ruína dos cangaceiros terá aplicabilidade o cherchez la femme.

Texto acima é do Cearense Leonardo Mota, inserido no seu livro “No tempo de Lampião” e publicado pela Of. Industrial Gráfica, do Rio de Janeiro, em 1931. Esta reprodução é da segunda edição, de 1967. Leonado Mota era cearense da cidade de Pedra Branca, nasceu em 1891 e faleceu em 1948. Estudou a fundo o sertão nordestino, onde descreveu vários aspectos da região em obras memoráveis. 

Antes de Lampião, Antônio Silvino era o cangaceiro mais famoso e seu apelido mais conhecido foi “Rifle de Ouro”. Nascido no dia 2 de dezembro de 1875, em Afogados da Ingazeira, Manoel Batista de Morais entrou para a história como Antonio Silvino. Durante 16 anos, driblou a polícia, praticou saques e assassinou inimigos, mas era tratado pelos poetas populares como um “herói” por respeitar as famílias. A invencibilidade de Silvino terminou no dia 27 de novembro de 1914, quando ocorreu o seu último tiroteio com a polícia. Atingido no pulmão direito, conseguiu se refugiar na casa de um amigo e disse que ia se entregar. Da cadeia de Taquaritinga seguiu, dentro de uma rede, até a estação ferroviária de Caruaru, onde um trem especial da Great Western o levou para o Recife. Uma multidão o aguardava na Casa de Detenção, atual Casa da Cultura. Antonio Silvino tornou-se o detento número 1.122, condenado a 239 anos e oito meses de prisão. Em 4 de fevereiro de 1937, depois de vinte e três anos, dois meses e 18 dias de reclusão, foi indultado pelo presidente Getúlio Vargas. O ex-rei do cangaço morreu em 30 de julho de 1944, em Campina Grande, na casa de uma prima.

Rostand Medeiros
Fonte:http://tokdehistoria.com.br/2013/11/13

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Almir de Almeida Castro: profissional humanitário exemplar de Mossoró

Por José Edilson(*)

Mossoró ao longo de sua história contou com valorosos profissionais da saúde que dedicaram grande parte de sua vida, em atender a população indistintamente. Nesse contexto, estão inseridos dois exemplos de cidadãos humanitários que não podem ser esquecidos: Francisco Pinheiro de Almeida Castro e Almir de Almeida Castro.

Francisco Pinheiro de Almeida Castro 

Francisco Pinheiro de Almeida Castro nasceu em Maranguape-CE, no dia 28 de agosto de 1858. Filho do Tenente-Coronel Inácio Pinto de Almeida Castro e de Maria Pinto de Almeida Castro. Formou-se em Medicina pela Faculdade do Rio de Janeiro em 1880. Em 1881, o Dr. Almeida Castro fixa residência em Mossoró, onde casou e viveu e faleceu, numa fidelidade domiciliar de 41 anos.

Foi possivelmente o primeiro médico a instalar seu consultório visando o melhor atendimento possível a quem o procurasse independente da condição social. Almeida Castro participou ativamente da abolição dos escravos em 1883, como Venerável da Loja Maçônica 24 de junho, de 1895 a 1900. Homem culto era Sócio Correspondente do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte. O Dr. Castro foi ainda diretor do jornal O Mossoroense de 1920 a 1922.

O historiador Luis da Câmara Cascudo fez um relato biográfico sobre o Dr. Almeida Castro, destacando as suas inúmeras qualidades: “Profundamente bom, generoso, apiedado de todo sofrimento, pareceu ao povo uma expressão apostólica. Tornou-se a figura central de Mossoró. Meu tio Antônio Pimenta, longos anos morador na cidade, dizia, como axioma: – Muito raro em Mossoró, não dever-se dinheiro aos Fernandes nem favor ao Dr. Castro. Almeida Castro se casou em 1895 com sua prima Francisca Veras Saldanha (1862-1909), sem descendentes. Amava profundamente a cidade, o povo, tradições, todos os elementos emocionais para o complexo da mística regional. Era o primeiro mossoroense na instintiva enunciação dos valores”.

Almeida Castro destacou-se também na política. Foi Presidente da Intendência, no período de 1890 a 1892 e deputado federal, em 1920-1922, falecendo em 22 de junho de 1922, em pleno exercício de seu mandato. Era um dos maiores líderes políticos que a região Oeste potiguar conheceu. Tinha entre seus seguidores, Jerônimo Rosado e Rafael  Fernandes. Por essa razão, foi homenageado de diversas formas. È nome de maternidade, de rua e foi construída uma herma localizada na Praça Rafael Fernandes.

Dr. Almir de Almeida Castro

Almir de Almeida Castro nasceu em Mossoró, no dia 23 de novembro de 1914. Filho de Antonio Florêncio de Almeida, industrial salineiro e de Stella Câmara de Almeida Castro, irmã de Dr. Almeida Castro.

Antonio Florêncio de Almeida nasceu em 1882 na cidade de Campo Grande-RN, radicou-se desde cedo em Mossoró, onde sempre viveu até o seu falecimento em 10 de maio de 1960.

O menino Almir viveu sua infância na Rua Almeida Castro, na Praça da Redenção. Seus estudos foram realizados no Colégio Diocesano Santa Luzia, tendo como contemporâneos: Álvaro Paula, Antônio Francisco de Albuquerque, Aluízio Oliveira, Zacarias Cunha, Milton Albuquerque e José Augusto Rodrigues.

Em 1930 passa a residir na Avenida Alberto Maranhão, em um belo palacete. O prédio foi o primeiro construído em Mossoró, utilizando-se em sua estrutura, vigas de cimento armado.

Sobre essa residência, a professora Ozelita Cascudo Rodrigues, relembrou com saudade: “A casa de Antônio Florêncio, era onde se realizavam bailes carnavalescos, saraus dançantes, bem como banquetes oferecidos a Ministros e outras autoridades. Tia era sua esposa, mulher de fino trato, e os seus filhos, igualmente – Almir, Lenira, Estelita e Gisélia, sempre foram excelentes anfitriões”. Atualmente, o referido prédio é ocupado pela Secretaria Municipal da Fazenda da Prefeitura de Mossoró.

A inclinação genética do tio materno pode ter influenciado o sobrinho, além do famoso sobrenome. Almir de Almeida Castro formou-se em Medicina pela Universidade Federal de Pernambuco, no dia 08 de dezembro de 1941. Em seguida, estabeleceu-se com consultório na cidade. Fez da sua profissão um verdadeiro sacerdócio. Foi diretor do Hospital da Caridade (Hospital Duarte Filho) e integrou a equipe médica da Estrada de Ferro de Mossoró.

Em 22 de junho de 1946, Dr. Almir matrimoniou-se com Maury Galvão de Sabóia, filha do Cel. Vicente Carlos Sabóia Filho e de Brígida Galvão de Sabóia. Desta união teve os filhos: Maria Stella Sabóia de Almeida Castro, médica, Clara Lenira Sabóia de Almeida Castro, formada em História e Almir de Almeida Castro Filho, jornalista.

Almir de Almeida Castro durante todo o período em que exerceu sua profissão em Mossoró atendeu a população com enorme zelo e amor, manifestando solidariedade aos mais humildes, nada cobrando daqueles que não tinham condições de pagar por uma consulta.

O professor e escritor Wilson Bezerra de Moura em umas das suas valorosas obras literárias ressaltou as qualidades deste médico mossoroense, um profissional humanitário de primeira grandeza e relembrou um fato que merece registro: “Particularmente guardo na memória quando a Miss Brasil Adalgisa Colombo esteve em Mossoró, desfilou na cidade na “baratinha” do Dr. Almir. Era um automóvel de luxo de sua propriedade e foi também nesse mesmo carro que ele se dirigiu à praia de Tibau para veraneio, e lá cerrou os olhos para sempre”. O infausto acontecimento ocorreu no dia 06 de janeiro de 1962.

O seu sepultamento, em Mossoró, foi assistido por grande multidão, constituída de parentes, amigos e conhecidos.

Em sua homenagem existe uma avenida situada na zona central, na margem oeste do rio Mossoró que leva o seu nome. Antigamente tinha outras duas denominações: Rua do Rio que já constava dos croquis da cidade desde cedo, mencionada por Câmara Cascudo, (1898-1986) e por Raimundo Nonato da Silva, (1907-1993) e na década de 1950, ela também chamava-se Avenida Mossoró.

Esta artéria tem início na Rua Santos Dumont e término na Av. Jerônimo Dix-neuf Rosado. É na Avenida Almir de Almeida Castro que está localizada a Praça dos Seresteiros que ficou eternizada pelo Trio Mossoró.

Trio Mossoró - www.azougue.org

O Trio Mossoró que fez muito sucesso nas décadas de 60 e 70 era composto pelos irmãos Oseas Almeida Lopes (Carlos André), João Batista Almeida Lopes (João Mossoró) e Hermelinda de Almeida Lopes que viveram grande parte de sua infância na Avenida Almir de Almeida Castro, em uma residência (antigo colégio Geo), vizinha a Praça dos Seresteiros.

Mossoró, 23 de novembro de 2014.

Centenário de nascimento de Almir de Almeida Castro.

(*) José Edilson de Albuquerque Guimarães Segundo é servidor da Prefeitura de Mossoró. Graduado em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN. Mestre em Geociências pela UFRN.


Enviado pelo autor: José Edilson de Albuquerque Guimarães Segundo

Ilustrado por José Mendes Pereira

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ADRIANO MARCENA LANÇA DICIONÁRIO ESCOLAR EM VERSÃO DIGITAL


Com incentivo do Funcultura, Adriano Marcena lançará no Liceu de Artes e Ofício, no Recife, a versão digital do seu Dicionário Escolar da Diversidade Cultural Pernambucana para alunos das escolas públicas.

Quinta-feira, 27/11, os alunos do Liceu de Artes e Ofício, no Recife, participarão do lançamento do Dicionário Escolar da Diversidade Cultural Pernambucana – livro digital, de Adriano Marcena, com incentivo do Funcultura, SECULT e Governo do Estado de Pernambuco.

O livro faz parte da família do Dicionário da Diversidade Cultural Pernambucana, lançado por Marcena em 2010. A obra coleciona reconhecimento da UFPE, UBE e da Comissão de Educação e Cultura da Assembleia Legislativa de Pernambuco. Segundo o parecer assinado pela Deputada Estadual Teresa Leitão, presidente da Comissão de Educação e Cultura da ALEPE, a importância da obra de Marcena se dá como acervo bibliográfico e “justifica-se a partir da Matriz Curricular da disciplina História da Cultura Pernambucana, existente na parte diversificada dos currículos da Rede Estadual de Ensino de Pernambuco e de algumas Redes de Ensino Municipais, que afirma em sua Ementa a necessidade de compreensão do processo de construção da identidade cultural pernambucana”.

Sobre o reconhecimento, Marcena lembra que pareceres institucionais “legitimam o trabalho e permitem que os pernambucanos possam se apossar da obra que eles mesmos ajudaram a construir, pois o que cabe ao escritor, neste caso, é a pesquisa, sistematização e a compilação dos símbolos que as populações manejam em suas vidas diárias”.

Marcena participará de um bate-papo sobre a elaboração do livro com Alberto Amaral, coordenador artístico do projeto, e explanará como utilizá-lo em sala de aula.

Todos os Cd’s do Dicionário Escolar da Diversidade Cultural Pernambucana - livro digital serão doados às escolas públicas, bibliotecas municipais e instituições culturais.   

Serviço:
Lançamento:
Título: Dicionário Escolar da Diversidade Cultural Pernambucana – livro digital, Autor: Adriano Marcena
Local: Liceu de Artes e Ofício - Avenida Oliveira Lima - 824. Bairro: Boa Vista – Recife-PE. 
Horário: 8h. 
Incentivo: Funcultura, SECULT e Governo do Estado de Pernambuco.

Texto enviado pela Informativo da Assessoria de imprensa do projeto. 

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O FOGO DAS GUARIBAS... CHICO CHICOTE...36 HORAS DE TIROTEIO..!!


“O Fogo das Guaribas” refere-se à mais violenta batalha ocorrida no Ceará, no município de Porteiras, tendo como protagonista o considerado mais valente de todos os coronéis do sertão do Cariri, Francisco Lucena, conhecido por “Chico Chicote”, que não era propriamente um cangaceiro, mas um daqueles valentões típicos da sociedade sertaneja de 1920, no sul do Ceará.

Acervo Volta Seca

"Nascido em 7 de janeiro de 1879, filho mais jovem do Capitão Francisco Pereira de Lucena , se destacava dos demais irmãos pela rebeldia e total desapego á autoridade constituída. De cor alva, olhos castanhos claros, cabelos pretos, esbelto, espadaudo, estatura regular, usava bigodes e só falava gritando. Nada o atemorizava. Desafiava oficiais e soldados de "volantes" policiais. Certa vez, em casa de João Anselmo e Silva, investia de chibata em punho contra o Padre Raimundo Nonato Pita, pelo simples fato de o sacerdote haver convidado, em sua presença, o dono da casa para uma conversa em particular. No dia seguinte, porém, mandava pedir desculpas ao Padre Nonato. Algumas vezes, costumava deitar-se numa rede e mandava dois "cabras" cortarem as cordas. Saltava, então, com a agilidade felina e caia em pé".

Acervo Volta Seca

Chicote era, como se vê, um verdadeiro gato, um felino. Implacável para os inimigos, mostrava-se de uma lealdade a toda prova com os amigos.

Confundiam-se, é claro, pela insolência e coragem com os bandoleiros encouraçados que infestavam o vale do Cariri e o alto sertão de Pernambuco e Paraíba, que faz fronteira com o Ceará. Pertencia Chico Chicote a uma das mais antigas e tradicionais famílias de Brejo dos Santos, terra do grande historiador cearense Padre Antônio Gomes de Araújo.

Mais detalhes do local

Mas, acabou enfrentando uma das paradas mais duras da história sangrenta do Nordeste. O Coronel José Amaro, um potentado local, deu prazo a um inimigo para sair de Brejo dos Santos. Tomando as dores do escorraçado, foi o próprio Chicote quem acabou intimidando o coronel a abandonar o município. O coronel foi para o sertão de Pernambuco, lá morreu sem pôr mais os pés em Brejo dos Santos. A família de Amaro não perdoou essa de Chicote e começou a luta entre Amaros e Lucenas.

O irmão de Chico Chicote era o prefeito de Brejo Santo, Quinco Chicote, e por muitas vezes precisou usar toda a força política e ainda amargar alguns dissabores em função da ação truculenta do irmão rebelde. Em determinado momento lideranças de Brejo Santo enviaram telegrama ao Presidente do Ceará; Moreira da Rocha; com queixas contra Chico Chicote, e pediam providências às forças do estado. Ato contínuo o mandatário maior do estado designou a volante do tenente José Bezerra, estacionada em Jardim, para atender ao pleito lhe enviado. O Tenente José Bezerra havia partido de Brejo Santo dizendo aos quatro ventos que iria em perseguição a Lampião, que de fato se encontrava ali perto, também na Serra do Araripe; Entretanto naquela madrugada do dia 1 de fevereiro de 1927, a volante seguiu direto para o sítio Salva terra, com o intuito de efetivar o primeiro "acerto" daquela empreitada: Matar Antônio Gomes Granjeiro; crime encomendado pela família Salviano, inimiga de Chico Chicote e que se encontrava sob a proteção do poderoso Zé Pereira de Princesa.

Depois seguiram para a casa de Chicote, que trabalhava no campo, quando sua casa foi cercada pela "volante" do tenente José Gonçalves Bezerra. Um amigo de Chicote, de nome Joaquim Morais, o primeiro a tentar resistir, foi logo morto. Duas outras "volantes", uma pernambucana e outra paraibana, que se achavam próximas, inclusive reforçadas por cangaceiros da família Salviano, inimiga de Chicote, vieram reforçar o cerco. Foi uma das brigas mais "feias" daqueles tempos do cangaço. Mais de quatrocentos soldados e cangaceiros investiam furiosamente contra a residência de Chico. Combate furioso. Lampião, que se achava nas imediações com seu bando, num lugar chamado Malhada Funda, no cinto do Chapadão Araripano, assistiu e se deliciou com a resistência oposta por Chico e seus poucos "cabras" aos soldados e cangaceiros de três estados. E comentou: "Se Chicote fosse meu amigo eu estava lá..."

Quando a polícia penetrou na casa de Chicote, que já brigava sozinho, pois tinha perdido seus "cabras", encontrou o valente de joelho em terra, amparado à parede, na posição de atirar, com o derradeiro cartucho na culatra do rifle. A pele do seu corpo inteiramente negra e o rosto, as mãos e os braços ainda sujos da fumaça da pólvora, constituiam a prova das 36 horas de fogo intenso.

O cerco da casa de Chico Chicote, um dos episódios mais famosos da crônica cangaceira do Nordeste, deu-se no sítio Guaribas, propriedade do atacado. No auge do combate, um "cabra" de Chicote, de nome Caipora, a quem o valente aconselhara a abandonar a refrega e salvar-se, mostrou-lhe sua lealdade com essas palavras:

- Eu sempre lhe disse que no lugar onde lhe matassem o meu cadáver seria encontrado a duas braças do seu. Agora, chegou a hora de cumprir a minha palavra.

"E continuou ao lado do amigo, a mandar bala contra os quatrocentos homens das "volantes", de 3 Estados até serem mortos naquele dia.

Fontes principal: Portal da história do Ceará e Blog Cariri Cangaço

Fonte: facebook
Página: Voltaseca Volta

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ANTONIO DE CHIQUINHO O MATADOR DE ZÉ BAIANO


Mais um mistério fotográfico desvendado. Esta foto foi muito difundida em sites e livros sobre o cangaço. Este é Antônio de Chiquinho, vulgo matador de Zé Baiano. 

Analisando a imagem acima dá para perceber que há uma leve diferença de luminosidade no rosto. Portanto leva a crer que seja uma montagem.


Só para acrescentar uma foto inédita aqui no grupo... Alguém ainda tem alguma dúvida?


Voltaseca Volta - Robério Santos trouxe o tema á discussão... Muito bom...! Comparando as FOTOS, logo abaixo, procuraremos saber, ONDE ESTÁ A VERDADE? As duas fotos são do mesmo personagem, tendo, apenas, como diferença o CHAPÉU? Ou foi inserida na FOTO 01, a cabeça verdadeira de Antonio de CHIQUINHO, num corpo, que não era o seu...? Quais, os DETALHES que levam a conclusão de que houve montagem ?...?...?...? etc ; Woton Honório C Azevedo


Voltaseca Volta - BELEZA, AMIGO Robério Santos...! Esclareça, vez, mais esse mistério para a gente, que somos meros curiosos no estudo do cangaço. A discussão está ótima... 


Uma busca constante da verdade, e, derrubada dos FALSOS MITOS, que ao longo do tempo, se perpetuaram no estudo do cangaço... Quem mentiu; quem criou, que aguente as consequências...!

Fonte: facebook
Página: Voltaseca Volta

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