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quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Cangaço entalhado - Gravura de Inverno na Rota do Cangaço


Com mais um projeto contemplado, desta vez pelo Prêmio Mais Cultura de Literatura de Cordel - Edição Patativa do Assaré foi dado início no último dia 25 de novembro a ação "GRAVURA DE INVERNO NA ROTA DO CANGAÇO". Que percorrerá as cidades de Dores, Aquidabã e Poço Redondo, alguns dos locais por onde o bando de Lampião passou em Sergipe.
A iniciativa se configura como uma homenagem ao centenário de nascimento de Maria Bonita, a companheira do Rei do Cangaço.
Os jovens dessas comunidades participarão de oficinas de xilogravura ministrada por Elias Santos e farão sua própria imagem, uma interpretação da história do Cangaço que serão reveladas nas matrizes.
Todo o projeto será ofertado gratuitamente e se estenderá até Março de 2012 onde culminará com uma grande exposição e lançamento do catálogo como resultado das oficinas e de todo o projeto.
É Sergipe na memória do cangaço!
Sebrae/SE patrocina catalogo de xilogravura de Elias Santos 
O Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequena Empresa - SEBRAE- patrocinou o catálogo "Ensaio sobre o cangaço: xilogravuras Elias Santos" com um tiragem de 800 exemplares. Elias é o idealizador e coordenador do projeto Gravura de Inverno com o qual promove a difusão da arte da xilogravura pelo Estado de Sergipe.
A proposta deste trabalho foi homenagear o centenário de Maria Bonita, a cangaceira e companheira de Virgulino Ferreira, o Lampião. São 34 xilogravuras que abordam o cangaço relevando a presença de Maria.

O artista recebeu o convite para expor no XXXVII Encontro Cultural de Laranjeiras, em janeiro de 2012, onde acontecerá o lançamento oficial do referido catálogo com distribuição gratuita.

As duas imagens que ilustram este post são da coleção "Ensaio sobre o Cangaço: de Elias Santos.
Contatos
Elias Santos
(79) 9941-5194
eliascontemporaneo@yahoo.com.br

Silvane Azevedo
Visite o Blog do projeto

O acendedor de lampiões - 01 de Abril de 2009

Por: Geraldo Maia do Nascimento

A idéia foi do Intendente Aderaldo Zózimo de Freitas, mas toda a assembléia aprovou: as ruas de Mossoró precisavam ser iluminadas. E em 1896 foram instalados postes nas esquinas da cidade e nos pontos mais centrais, pelas ruas e pelas praças, onde ficavam pendurados os lampiões de querosene. Era o progresso que chegava ao interior, dando mais segurança e ares de modernidade. 
Na realidade, o projeto de iluminação tinha sido apresentado no ano anterior, quando o município era administrado pelo comerciante Romualdo Lopes Galvão, que havia tomado posse a 5 de outubro de 1892. Romualdo Galvão já havia administrado o município no período de 1883 a 86, sendo que no primeiro ano do seu primeiro período administrativo, 1883, ocorreu em Mossoró o movimento pela libertação antecipada dos escravos, movimento esse que é lembrado e comemorado até os dias atuais. E Romualdo Galvão foi uma das figuras de maior destaque na campanha que teve seu início em 6 de janeiro daquele ano com a fundação da Sociedade Libertadora Mossoroense e culminou em 30 de setembro do mesmo ano, quando foi declarado oficialmente que Mossoró estava livre da mancha negra da escravidão. 
Aderaldo Zózimo de Freitas, o autor do projeto, também era comerciante e tinha seu nome ligado ao movimento abolicionista. Tinha, portanto, alguns pontos em comum com o Presidente da Intendência e o respeito da Edilidade, cargos esses que correspondem hoje ao de Prefeito e de Vereadores. 
O ano de 1895 estava sendo um ano de bom inverno, o que na linguagem do sertanejo era uma grande riqueza. O município contava com um rebanho de 15.000 cabeças de gado vacum, 2.000 cavalar, 1.000 muares, 10.000 caprinos, 8.000 lanígeros e 1.000 suínos. 
A cidade vivia um período de desenvolvimento, onde já existiam 5 escolas criadas e mantidas pela Edilidade. Existia também, em 1895, uma preocupação muito grande com a saúde pública, tanto assim que nesse ano começou a funcionar o serviço de remoção do lixo e limpeza das ruas e praças da cidade.
Para isso, contratou-se com Antônio Pompílio de Albuquerque o referido serviço, pela quantia de 2.400$ por ano. A limpeza seria feita quatro vezes por ano, em março, junho, setembro e dezembro, a começar do córrego do Canecão à baixa do Caetaninho, inclusive o caminho do Cemitério. Não só varrimento e remoção do lixo das ruas, praças, becos e travessas, como também a limpeza dos matos, nivelamento dos buracos, deixando apenas capim e relva. Duas vezes por semana as carroças percorriam determinadas ruas, fazendo-se anunciar pelas campainhas, recolhendo o lixo e cisco das casas e edifícios da cidade acomodados em vasilhas próprias. 
Mas as ruas da cidade eram iluminadas apenas pela lua. 
Sendo aprovado por unanimidade o projeto de iluminação pública da cidade, que contava com uma verba de 600$ no orçamento público, foi providenciada a compra dos lampiões ( sessenta e três lampiões ), dos postes de madeira, etc. Na sessão de 14 de fevereiro de 1896 foi criado o cargo Zelador da Iluminação. Ao Zelador da Iluminação, ou Acendedor de lampiões, como ficou conhecido esse funcionário, cabia abastecer de querosene os lampiões, acender e apagar, enfim, manter os mesmos funcionando. 
E assim, quando vinha chegando a hora do escurecer, aparecia o Acendedor de lampiões com uma escada nas costas e uma caixa de fósforo nas mãos. De poste em poste escorava sua escada, subia por ela, tirava a manga de vidro do lampião e acendia o pavio.
Ao amanhecer do outro dia, voltava o Acendedor de lampiões com sua escada, fazendo o mesmo giro, de poste em poste, para abastecer e limpar os vidros das mangas dos lampiões com um pano úmido. E a rotina se repetia dia após dia, menos nas noites claras, pois nestas noites, era a lua que cobria de luz as ruas e praças da cidade.
Geraldo Maia do Nascimento
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O Filho Pródigo - Parábola

 SEMPRE SE LEMBRAR DE DEUS É PRECISO


“E disse: Um certo homem tinha dois filhos. E o mais moço deles disse ao pai:
Pai, dá-me a parte da fazenda que me pertence.
E ele repartiu por eles a fazenda.
E, poucos dias depois, o filho mais novo, ajuntando tudo, partiu para uma terra longínqua e ali desperdiçou a sua fazenda, vivendo dissolutamente. E, havendo ele gastado tudo, houve naquela terra uma grande fome, e começou a padecer necessidades. E foi e chegou-se a um dos cidadãos daquela terra, o qual o mandou para os seus campos a apascentar porcos. E desejava encher o seu estômago com as bolotas que os porcos comiam, e ninguém lhe dava nada. E, caindo em si, disse: Quantos trabalhadores de meu pai têm abundância de pão, e eu aqui pereço de fome! Levantar-me-ei, e irei ter com meu pai, e dir-lhe-ei: Pai, pequei contra o céu e perante ti. Já não sou digno de ser chamado teu filho; faze-me como um dos teus trabalhadores. E, levantando-se, foi para seu pai; e, quando ainda estava longe, viu-o seu pai, e se moveu de íntima compaixão, e, correndo, lançou-se-lhe ao pescoço, e o beijou.
E o filho lhe disse:
- Pai, pequei contra o céu e perante ti e já não sou digno de ser chamado teu filho.
Mas o pai disse aos seus servos:
- Trazei depressa a melhor roupa, e vesti-lho, e ponde-lhe um anel na mão e sandálias nos pés, e trazei o bezerro cevado, e matai-o; e comamos e alegremo-nos, porque este meu filho estava morto e reviveu; tinha-se perdido e foi achado. E começaram a alegrar-se.
E o seu filho mais velho estava no campo; e, quando veio e chegou perto de casa, ouviu a música e as danças. E, chamando um dos servos, perguntou-lhe que era aquilo. E ele lhe disse:
- Veio teu irmão; e teu pai matou o bezerro cevado, porque o recebeu são e salvo.
Mas ele se indignou e não queria entrar. E, saindo o pai, instava com ele. Mas, respondendo ele, disse ao pai:
- Eis que te sirvo há tantos anos, sem nunca transgredir o teu mandamento, e nunca me deste um cabrito para alegrar-me com os meus amigos. Vindo, porém, este teu filho, que desperdiçou a tua fazenda com as meretrizes, mataste-lhe o bezerro cevado.
E ele lhe disse:
-  Filho, tu sempre estás comigo, e todas as minhas coisas são tuas. Mas era justo alegrarmo-nos e regozijarmo-nos, porque este teu irmão estava morto e reviveu; tinha-se perdido e foi achado”
(Lucas 15:11-32).

Lembrar sempre em Deus é preciso

Monumento ao Governador Dix-sept Rosado Maia - 02 de julho de 2009

Por: Geraldo Maia do Nascimento

Na Praça Vigário Antônio Joaquim, no centro da cidade, existe um monumento dedicado a Jerônimo Dix-sept Rosado Maia.
Ficheiro:Estátua-Dix-Sept-Rosado-Mossoró.jpg
É o maior e mais importante monumento histórico de Mossoró. Consultando os arquivos do pesquisador Raimundo Soares de Brito, ficamos sabendo que o mesmo foi executado pelo Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo, sob a direção do professor Otoni Zorline e sob a supervisão do professor Pedro Suzana. 
Raimundo Soares de Brito
O referido monumento foi oferecido a Mossoró pelo povo do Rio Grande do Norte, por indicação da Câmara Municipal de Ceará Mirim, em homenagem póstuma ao grande mossoroense desaparecido quando em serviço do Estado, em um desastre de avião, em Aracaju, Sergipe. 
Consta de uma estátua de Dix-Sept, com 3,80m de altura, pesando 1.300 Kg, ladeada por dois grupos, de tamanho natural, de homens, mulheres e crianças. O pedestal onde se apoia o monumento é de granito róseo extraído do município de Angicos. 
A inauguração do monumento se deu no dia 30 de setembro de 1953, com a presença do Governador Sílvio Pizza Pedrosa, na qualidade de chefe do executivo potiguar e orador oficial da cerimônia, em companhia de vários auxiliares de administração e representações do Tribunal de Justiça do Estado, Assembléia Legislativa e Prefeitos de vários municípios do Estado. Proferiram discursos o Dr. José Fernandes Vieira, juiz de Direito da Comarca, que falou em nome da Comissão promotora e do poder público municipal, O vereador Manuel de Aguiar Gusmão, representando o município de Ceará Mirim, sede da idéia do monumento, levantada na Câmara daquela cidade pelo vereador Antônio Eduardo Freire, discursando ainda o Padre Francisco de Sales Cavalcanti, representando o Governo Diocesano de Mossoró. Encerrando a cerimônia falou o então Deputado Federal Jerônimo Dix-Huit Rosado Maia em nome da família do Governador homenageado. 
Na frente do pedestal, numa grande placa de bronze, está escrito: Governador Jerônimo Dix-Sept rosado Maia. Morto na tragédia aviatória de Aracaju, a 12 de julho de 1951, quando, em missão do seu cargo e no benefício de sua gente, viajava à Capital da República, com o objetivo da solução de serviços e problemas do Estado, cujas condições econômicas e sociais o flagelo das secas, mais uma vez agravava, devastando a terra potiguar. Nele se conjugaram idealismo e ação, espírito público e solidariedade humana, capacidade de resistência e destino de comando-transfigurado, pela contagiante irradiação popular e o doloroso sacrifício em plena ascensão, numa legenda e num exemplo que o Rio Grande do Norte sempre recordará com emoção, confiança e orgulho. Homenagem do povo. Do lado direito do pedestal, em outra placa de bronze: Eis porque Mossoró resistiu sempre sustentada em Deus e no estoicismo da sua gente. Gente digna de levar-se a uma cruzada, a uma expedição, a toda empresa que necessite de fé. Edgar Barbosa. 
Na parte posterior do monumento, em placa de bronze: Mário Negócio, Felipe Cortez, José Borges e José Gonçalves, Secretário Geral e Auxiliares Geral do Governo desaparecidos, o primeiro, em Tacima, a 30 de março de 1951 e os demais, juntamente com o Governador Dix-Sept Rosado, no desastre aviatório de Aracaju, a 12 de julho do mesmo ano. A eles que, animados de acendrado amor à terra comum, pela qual sacrificaram a vida, legando aos pósteros um magnífico exemplo de virtudes cívicas, este preito do Rio Grande do Norte. A memória de todos os seus companheiros de infortúnio é também aqui reverenciado. 
Acima dessa placa encontra-se quatro medalhões em alto relevo, representando os homenageados acima. 
Do lado esquerdo do monumento encontra-se outra placa em bronze contendo os dizeres: O povo de Ceará Mirim foi pioneiro desta homenagem. Encarregou-se da realização deste monumento uma comissão central constituída de Dr. José F. Vieira, Manuel L. Nogueira, Raimundo Rebouças filho, Francisco V. de M. Mota, Jorge de A. Pinto, Dr. Vicente da Mota Neto, Lauro da Escóssia, Dr. Vicente de Almeida, Dr. José A. Rodrigues, Jorge F. de Andrade, Capitão Manuel A . Freire, Lauro do Monte rocha, Jaime Hipólito Dantas e Cleide Siqueira. 
Jerônimo Dix-Sept Rosado Maia nasceu em Mossoró em 25 de março de 1911 e morreu no desastre do avião PP-LPG da Linhas Aéreas Paulistas-LAP, no Rio do sal, próximo ao campo de pouso de Aracaju, às 9:00h do dia 12 de julho de 1951. Foi industrial, comerciante, líder político, prefeito de Mossoró empossado a 31 de março de 1948, cargo que renunciou a 6 de junho de 1950 por ter sido eleito Governador do Estado do Rio Grande do Norte.
Geraldo Maia do Nascimento
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O campeão brasileiro de trotes contra a Polícia


Por: Archimedes Marques

A Polícia Militar que trabalha de forma ostensiva e busca a preservação da ordem pública, atua com rondas pelas cidades, abordagens, blitz e ainda com atendimentos de ocorrências via 190. Em média, 70% das ocorrências são via denuncias, mas nem sempre elas são verdadeiras, são os chamados trotes, que além de prover perda de tempo aos policiais e prejuízo ao erário público, pode deixar de salvar vidas ou de se prender perigosos bandidos.

Um trote pode ocupar de 1 a 3 minutos do atendente e se uma viatura for encaminhada a essa ocorrência inexistente, serão perdidos entre 10 e 20 minutos. Esse tempo é precioso para quem realmente está precisando da ajuda policial.

O problema do trote contra a Polícia que também fora tratado no programa televisivo FANTÁSTICO da Rede Globo, em 22//04/2011, mostrou essa situação criminosa em vários estados do nosso país com índices superiores a 30% das ligações ao 190 e destacou o maior passador de trotes do Brasil, o campeão em trotes contra a Polícia, um sergipano.

Tal  caso inusitado refere-se ao cidadão Jose Uilson dos Santos, cujo Inquérito Policial estava sob a minha responsabilidade, mas já fora encaminhado à Justiça. Consta da documentação acostada aos autos que o suspeito teria efetuado 206.449 ligações para o 190 da PM, no período aproximado de um ano. É bem verdade que tal número exorbitante, apesar de ser oficial e fornecido pelo CIOSP não é de todo composto de trote, vez que, em boa percentagem, os atendentes aos reconhecerem a voz do criminoso, desligavam o telefone sem lhes dar atenção, mas, contudo tais ligações eram contabilizadas como sendo trotes. Assim, com certeza, esse número pode ser abatido em  mais de 60% para ser mais exato, o que não deixa de ser um recorde de trotes efetuado por uma só pessoa em citado tempo.
A sua detenção somente ocorreu no dia em que o suspeito deixou de usar o telefone celular para ligar de um aparelho público e, ao efetuar 22 ligações para o 190 fora rastreado, localizado e preso em flagrante delito pela Polícia Militar, em 03 de março de 2011.
Depois da sua prisão e soltura, ocorridos no mesmo dia, em entendimento e decisão do Delegado plantonista, em virtude de ser o crime tipificado como de menor potencial ofensivo, o suspeito ficou alguns dias sem dar um trote sequer. Entretanto, a partir de 25 de março passado, voltou a delinqüir no mesmo crime, desta feita em menor intensidade, ligando de aparelhos de telefonia celular pré-paga ou de telefones públicos diversos.
O delinquente, quando detido, confessou e confirmou a sua autoria delitiva, inclusive na imprensa, discorrendo que começou a passar trotes para a Polícia a partir de março de 2010, a título de brincadeira e que sentia prazer em ouvir os atendentes do CIOSP sempre o alertar para o problema que TROTE ERA CRIME. Alegou que o seu objetivo principal com os milhares de trotes efetuados era fazer o maior número de ligações possíveis para mostrar aos seus colegas que poderia atingir o recorde de 80.000 telefonemas falsos, recorde esse, que certamente fora atingido e até ultrapassado, levando-se em conta os 40% das 206.449 ligações como sendo efetivamente consideradas trotes, conforme expliquei anteriormente.
Assim, o citado cidadão responde pelo crime capitulado no artigo 340 do Código Penal que trata, especificamente, da comunicação que é falsamente levada ao conhecimento da autoridade que seria competente para apurar o delito ou a contravenção penal se fossem verdadeiros, cuja pena ao seu transgressor é de detenção de 1 a 6 meses, ou multa.
Objetiva o tipo penal, manter o bom andamento da administração da justiça, no sentido de garantir-lhe seja suas diligências desenvolvidas somente no que realmente for necessário, asseverando a eficiência dos trabalhos e mantendo o prestígio relativo aos serviços prestados, não perdendo tempo com investigações ou diligencias inúteis em função de fatos irreais. 
É de fácil entendimento que o passador de trotes também praticou o crime continuado capitulado no artigo 71 do Código Penal o que lhe dá um aumento de pena de um sexto a dois terços, vez que, configura-se tal conduta, quando o agente pratica dois ou mais crimes da mesma espécie, mediante ação ou omissão, animado pelas condições de tempo, espaço, circunstâncias, modos de execução, que o estimulam a reiterar a mesma ilicitude, de maneira a constituir todas elas um só conjunto delitivo. No caso em tela o suspeito praticou milhares de crimes da mesma espécie comprovando o entendimento do legislador.
Da lição do esdrúxulo sergipano campeão de trotes que trás, acima de tudo, grave prejuízo para a própria sociedade, resta comprovada, que campanhas educativas e preventivas no sentido de evitar esse crime contra a administração da Justiça, devem ser constantes em todo o Brasil, pois além de tudo, demonstrou o delinquente com sua reprovável ação, não ter consideração alguma com a força pública ou leis do nosso país, mas total desprezo.
Autor:
Archimedes Marques (Delegado de Polícia Civil no Estado de Sergipe. Pós-Graduado em Gestão Estratégica de Segurança Pública pela UFS) - archimedes-marques@bol.com.br

Enviado pelo autor: Dr. Archimedes Marques

UM SERTÃO QUE ERA (Crônica)

Por: Rangel Alves da Costa
Rangel Alves da Costa

UM SERTÃO QUE ERA
Lá pelos idos de 1972, sob os auspícios da Superintendência do Vale do São Francisco, órgão ligado ao Ministério do Interior, o sociólogo norte-americano Donald Pierson publicou, em três tomos, uma obra magistralmente abrangente, denominada de “O Homem no Vale do São Francisco”.
Talvez com as exceções de Euclides da Cunha e seu estudo-reportagem sobre Canudos, Gilberto Freyre e sua análise sobre o ciclo do engenho e as relações sociais dele emergentes, e ainda Darcy Ribeiro e sua sociologia indigenista, coincidentemente são nomes norte-americanos aqueles que melhor trabalharam aspectos primordiais da história cultural e antropo-sociológica do Brasil, tais como o próprio Donald Pierson e o seu estudo sobre o homem e a vida ribeirinha, e Billy Jaynes Chandler, com a sua fundamental obra sobre Lampião e o cangaço. 
Ao iniciar o estudo sobre a gente do vale, sertaneja na sua grande maioria, Pierson diz que o sertanejo é tenaz, sóbrio, resistente, acostumado a lutar contra a natureza, enfrentar a seca e as inundações e vencer caatingas ressequidas para salvar os animais. E citando Geraldo Rocha (“O Rio São Francisco”), afirma ainda que o sertanejo faz parte de uma raça forte, uma perfeita encarnação do rijo tipo bandeirante que devassou os ínvios sertões, repeliu os elementos alienígenas e fundou neste hemisfério uma grande nação.
Pois bem. As características citadas acima condizem muito bem com o autêntico sertanejo. São verdadeiras e resumem muito bem o que Euclides da Cunha também não deixaria de observar: o sertanejo é antes de tudo um forte. Contudo, essa espécie de homem valente e destemido, apto a lutar e vencer os desafios da natureza e do próprio meio pela sobrevivência, infelizmente é um tipo praticamente em extinção. Não que a valentia e força do sertanejo não perdurem, mas o progresso o fez mais arredio e até preguiçoso.
É de triste percepção, mas a verdade é que o sertanejo acostumou demais a não mais ter que ir à luta para garantir o sustento próprio e dos seus. Antigamente, os livros comprovam e os relatos também, o homem saía de casa ainda com manhã escurecida, de enxada na mão ou espingarda no ombro, bornal, cantil, um pequeno saco com farinha e rapadura ou um taco de carne seca, e percorria as vastidões infindas para caçar um tatu, um peba, um teiú, matar um veado ou uma codorna, de modo a aplacar a fome dos pequeninos.
Quando saía com enxada nas costas não levava consigo espaço algum para vaidades. Ora, sabia que era com aquele instrumento de trabalho que seu pai e toda uma geração familiar trabalharam de sol a sol, roçando, remexendo terra, coivarando para ter o de comer em casa. E por não ter vaidade se submetia a ficar o dia inteirinho por cima da terra esturricada ou da mataria perigosa para depois se orgulhar do vintém.
Não somente de enxada no ombro, mas também com machado, enxadeco, facão, estrovenga e todo tipo de instrumento para trabalhar a terra. Infelizmente quase sempre terra dos outros, dos mais aquinhoados naquela imensidão de pobreza e aflição. Os ricos, os latifundiários, os coronéis, estes dificilmente apareciam, apenas mandando seus capatazes contratarem os valentes para gerar riqueza no lastro da mais revoltante pobreza. Se não gostasse de trabalhar na terra tinha ainda a opção de colocar a arma na cintura e viver de mando do ricaço da cidade grande. Mas isso era para outro tipo de gente.
Nos tempos idos, como bem assegura Pierson, o sertanejo tinha ainda a opção de plantar dentro dos latifúndios, sob arrendamento de uma pequena área ou repassando para o proprietário parte da produção. Quando possuíam pequenos trechos de terras, ou terrenos como costumam denominar, era praticamente para a lavoura de subsistência. Dela é que se retirava, ainda que coisa pouca, o milho, o feijão de corda, a melancia, a abóbora. Nela pastava ainda a cabeça de gado acaso existente, o cavalo, o jegue, o cabrito.
Numa época distante, muitos eram os vaqueiros que tangiam bois pelas estradas cheias de tocaias e de perigos dos sertões. Gado dos outros, rebanho entregue à sua valentia para tanger muitas vezes durante dias, seguia firme amando aquilo que não lhe pertencia, num tipo de alienação que o fazia tão próximo ao seu mundo – mundo de terra, de bicho e de mato -, mas sem que nada daquela riqueza pudesse usufruir.
Aqueles sertanejos autênticos, arredios às sedes municipais, Pierson denomina de veredeiros. Estes eram os moradores das veredas das caatingas, geralmente analfabetos e extremamente pobres, vivendo da lavoura de subsistência ou como vaqueiros empregados pelos grandes senhores de terra. Cita ainda os geralistas, que eram os sertanejos que se deslocavam para determinadas localidades no intuito de caçar ou trabalhar durante muitos dias e que, por isso mesmo, construíam pequenos barracos nos descampados.
Entretanto, como se sabe, hoje a situação do sertão e do sertanejo mudou como do vinho para a água. O sertão praticamente só existe como localização geográfica, como idealismo romântico e saudosista ou como objeto de estudo, e o sertanejo apenas como uma figura em extinção. Dificilmente ainda se encontra um sertanejo que não tenha sido envolvido pelos modismos do progresso, não tenha aderido às mudanças tão desconcertantes e não tenha deixado de lado seus hábitos, costumes e tradições.
O sertão foi tomado pelas bandeiras vermelhas dos imprestáveis, dos preguiçosos, dos perigosos chamados sem-terra. Uma corja, matula, verdadeira súcia, chegou se assentando pelas rodagens e depois começou a invadir fazendas, destruir tudo, tornando o sertão num verdadeiro caos, numa terra sem dono e sem lei. Hoje o que mais se vê são traficantes, ladrões e preguiçosos se arvorando de que fazem parte dos sem-terra. E fazem mesmo, pois este maldito movimento é um verdadeiro celeiro de tudo que é mais abominável na vida do sertão.
Por outro lado, os programas de assistência-eleitoreira que chegaram naquelas distâncias de pessoas que ainda trabalhavam para alimentar os seus, tornaram os sertanejos nuns preguiçosos contumazes, numa raça que não dá nem mais um prego em estopa. Vivendo à moda do Jeca Tatu, ficam pelas esquinas falando da vida alheia e dali só saem para ir buscar a cesta básica de alimento, o leite já ensacado, o dinheiro no banco. E toda essa infame preguiça fomentada pelo governo.
É lamentável, é triste, mas assim é que é. E ouso dizer que atualmente o sertanejo é antes de tudo um homem que encontrou na preguiça o conforto para viver bem.
Rangel Alves da Costa
Poeta e cronista
e-mail: rangel_adv1@hotmail.com

Seu olhar não conta mais histórias...Sila

 Por: Aderbal Nogueira


Severo, segue um clip que fiz para Sila no lançamento de seu último livro, feito pelo Prof. Daniel Lins. Uma homenagem singela a quem tanto, na minha modesta opinião, fez pela história, muito embora o que ela disse não represente nada para muitos, pois afinal de contas "ela só mentiu". A música colocada no vídeo é uma versão de Renato Russo que ela, Sila, passava horas ouvindo durante sua última estada em Fortaleza. Espero que não digam que é mentira, pois uma ex-cangaceira ouvindo Legião Urbana? Cangaceira escuta é Xaxado, Forró, Sertaneja. Música Pop não é musica de cangaceiro.


Aderbal Nogueira

NOTA CARIRI CANGAÇO: Sila será a personagem principal do próximo encontro Cariri Cangaço - GECC, no dia 06 de dezembro de 2011, no espaço Raquel de Queiroz, da Livraria Saraiva do Shopping Iguatemi em Fortaleza, a partir das 19 horas, você é nosso convidado.