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segunda-feira, 8 de agosto de 2022

TIRO DE GUERRA DE MOSSORÓ - PARTE I

Por José Mendes Pereira - (Crônica 10)

Fonte da foto: Tiro de Guerra de Mossoró - jotamariatirodeguerra.blogspot.com

Meu amigo e irmão Raimundo Feliciano:

Se a Casa de Menores Mário Negócio foi para nós, um divertimento de bagunças sem prejudicarmos ninguém, igualmente foi o Tiro de Guerra de Mossoró, que nos divertíamos a cada momento, muito embora, lá não só foi flores, passamos por provas difíceis, recebíamos dos sargentos carões fortes, quando errávamos os passos nas marchas, e os treinos de guerra nas imediações do campo de futebol Estádio Manoel Leonardo Nogueira.

No ano de 1970, todas as madrugadas, de segunda à sexta, você e eu, saíamos da Casa de Menores Mário Negócio em direção ao Tiro de Guerra, para cumprirmos aqueles ensaios de guerrilheiros, administrados pelos sargentos: Moura, Everaldo e Gumercindo.

O sargento Moura (1º. sargento), alto, magro, de olhos azuis, de cor galegada, e mantinha a ordem com severidade, mas na verdade, quando estava apaisana, era uma boa pessoa, que nos atendia como se nós fôssemos seus amigos. Era encarregado da 1º. turma de atiradores e residia na sede do TG.

O sargento Everaldo (2º. sargento), era baixo, de corpo largo, moreno, irritado e bastante moralista. Pouco falava com nós, atiradores. Mas em outros momentos, era gente fina. Qualquer erro praticado por um recruta, já estava escalado para fazer faxinas no TG, limpando janelas, varrer a quadra, limpar banheiros etc. E um dos que mais fez aquele trabalho, sem dúvida, foi você. mano, Meia volta, volta e meia, você estava escalado para fazer faxinas. Mas você não deve culpar ninguém, merecia, devido as suas brincadeiras. O sargento Everaldo era encarregado da 2º. Turma.

O sargento Gumercindo (3º. sargento), este estava no começo da vida, com 25 anos de idade, e de estatura média, meio atlético, moreno claro, de voz grossa e lenta, amigo de todos os recrutas, e que algumas vezes, ele escondeu falhas de atiradores. Residia no antigo Grande Hotel em Mossoró. O sargento Gumercindo era encarregado da 3ª. turma de atiradores, sendo nós dois, comandados por ele, e que muitas vezes, se irritou com alguns recrutas, mas logo estava de bem com todos nós.

Certa feita, numa madrugada, já bem próximo ao final da conclusão das nossas prestações militares com o exército, saímos da Casa de Menores já atrasados, que deveríamos chegar ao TG antes das cinco horas da manhã. E de lá, nós sairíamos em caminhadas até o local em que treinávamos tiros ao alvo (Apara Bala), localizado no Abolição I. Quando nós chegamos ao TG todos os atiradores e dois sargentos já haviam seguido viagem, apenas o sargento Moura se encontrava lá. Assim que nos viu, ficou xingando, chamando-nos de dois grandes irresponsáveis, por termos chegado atrasados ao TG.

Como ele iria no jeep, levando os fuzis, balas e outros equipamentos, para os nossos treinos, eu pedi que nos levássemos, já que a pé nós não chegaríamos tão cedo. 

O sargento Moura foi curto e grosso, dizendo que não nos levava, porque os outros atiradores haviam caminhado cedo para o locar de treino, e nós, usando irresponsabilidades, àquelas horas, ainda estávamos no terreiro do Tiro de Guerra. E sem mais dizer nada, ligou o jeep, e deu partida em direção ao ponto de treinamento.

Eu gritei, insistindo, pedindo-lhe que nos levássemos no jeep até ao local de treino. Como ele e os outros sargentos já viviam irritados com você, devido o seu péssimo comportamento, a resposta que ele me deu, que me levava, mas o 138, você, não iria no jeep de jeito nenhum.

Como nós morávamos na mesma casa, e eu, não querendo deixar você para trás, respondi-lhe que, se ele não te levasse, eu não iria com ele. Ciente de que eu não iria, novamente deu partida no jeep. Mas ele se arrependeu. Andou muito pouco, rendendo-se, e em seguida gritou, nos chamando para irmos com ele.

O sargento Moura era professor de Educação Física no Colégio Diocesano, e iria passar lá, para comunicar aos dirigentes que, àquela manhã, não iria dar aulas aos alunos, porque estava indo para os treinos do Tiro de Guerra.

Nós caminhávamos pela rua dos fundos do colégio, e lá, ele desceu, nos dizendo, que iria até a secretaria do colégio, para fazer o comunicado da sua ausência naquele dia, recomendando-nos que logo voltaria da secretaria.

Assim que ele desceu e abriu o portão do colégio, nos recomendou, que uma porção de vacas que ruminava por ali, nós não a deixássemos entrar no quintal do colégio. Mas quando ele desapareceu da nossa vista o gado fez carreira e entrou na garra e na marra, sem que nós pudéssemos evitar aquela invasão do rebanho.

Ao sair do colégio e ao ver o rebanho de gado dentro do cercado, que na época era cerca, o sargento esbravejou, e quase nos engole, exigindo que nós colocássemos todos os animais para fora das dependências do colégio. Sem outra solução, fomos obrigados a correr atrás dos animais, e sem muitos esforços, finalmente, conseguimos expulsá-los de lá. 

Mas o pior, foi o castigo que recebemos lá no treino. Você Raimundo Feliciano, teve que passar várias vezes em uma cerca de arame farpado, rastejando, e do outro lado, um cocô de vaca estava te esperando, deixando-lhe todo sujo e fedorento.

Os sargentos te marcavam, porque você não deixava ninguém quieto. Era um verdadeiro capeta. Foi uma grande sorte ter terminado o serviço militar em Mossoró, porque, você foi condenado várias vezes para ser mandado para a tropa em Natal.

Eram 64 pontos de faltas que nós tínhamos direito, e agradeça de coração, que mesmo você dando trabalho aos patenteados, muitas vezes, consideraram a sua ausência, aliás, quase todas as suas faltas foram causadas pelo seu péssimo comportamento, mas sem prejudicar a ninguém, apenas irritava os sargentos.

Aquela repartição militar nos deixou saudade! 

O Tiro de Guerra de Mossoró já era para possuir uma sede grande. Mossoró não é mais aquela cidade criança. Tomara que isso aconteça. Até imagino um lindo prédio fora do centro da cidade.

Minhas Simples Histórias

Se você não gostou da minha historinha não diga a ninguém, deixa-me pegar outro. Mas se gostou, diga aos seus amigos para que eles a conheçam também.

Se você gosta de ler histórias sobre "Cangaço" clique no link abaixo:

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ALERTA AO LEITOR E LEITORA!

Quando estiver no trânsito, cuidado, não discuta! Se errar, peça desculpas. Se o outro errou, não deixa ele te pedir desculpas, desculpa-o antes, porque faz com que o erro seja compreendido por ambas as partes, e não perca o seu controle emocional, você poderá ser vítima. As pessoas quando estão em automóveis pensam que são as verdadeiras donas do mundo. Cuidado! Lembre-se de pedir desculpas se errar no trânsito, para não deixar que as pessoas coloquem o seu corpo em um caixão. Você pode não conduzir arma, mas o outro, poderá ter uma maldita matadora, e ele poderá não perdoa a sua ignorância. Depois não diga que eu não lhe avisei.

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O CAPITÃO LAMPIÃO VAI CHEGAR!

 Por José Mendes Pereira - (Crônica 06)

O lugarejo todo já tinha sido informado que o sanguinário e perverso Virgolino Ferreira da Silva o capitão Lampião estava para chegar. O cangaceiro não tinha dó de ninguém, e cada indivíduo, tomasse um lugarzinho para se proteger dos absurdos que ele praticava. Intimidava o sujeito só com um grito. Enfiava seu punhal com mais de 80 centímetros pela clavícula do marcado para morrer, rasgando todo o intestino, e atirava sem escolher quem, só para ver a queda do infeliz.

O vigário da pequena capela do vilarejo celebrava a missa, mas não temia a sua chegada, porque Lampião não batia e nem matava padre. O seu medo, era que, além de bater nos fiéis da igrejinha, ele poderia levar todo o dinheiro que arrecadara no momento da missa.

O dono de uma pequeninha lanchonete precisava se ausentar do seu comércio, e ao sair, disse ao seu empregado:

- Eu tenho que resolver algumas coisas na feira, e talvez eu não volte mais hoje. Se você ouvir falar que o capitão Lampião está no lugarejo, dê por encerrado o movimento de fregueses. Cuida logo de baixar as portas, e não se demore, faça fiapo em busca de casa. O capitão Lampião não tem nem um tico de dó de ninguém, e o melhor mesmo é prevenir, para não passar por vexames. O que a gente sabe o que ele faz por aí, não evitará de fazer também aqui no nosso vilarejo.

- Sim senhor! - Respondeu o empregado.

Mas assim que o dono da lanchonete saiu, infelizmente, chegou pelas laterais da lanchonete um homenzarrão usando chapéu de couro, um facão, uma espingarda e um enorme bornal. O suposto cangaceiro parecia o "king Kong", barbudo, braços grossos, de voz assustadora. Chegara montando numa égua brava. Mas ela parecia temê-lo, e ficou quietinha em seu lugar. Nem precisou ser amarrada. E foi aquela correria. Mulheres, meninos, e até os homens estavam nervosos.

E alguém que já corria pelas avenidas com medo, desesperadamente, gritava:

- Pelo amor de Deus, gente, corra que o capitão Lampião já está no nosso vilarejo! E traz nas mãos, um facão, uma espingarda e um enorme bornal cheio de balas.

Um velho sapateiro que cochilava em uma espreguiçadeira de frente à rua, ao ver o suposto capitão Lampião, ficou morrendo de medo, e ao se levantar, caiu lá embaixo da calçada. E assim que ficou em pé, tentou correr, mas caiu desmaiado.

Um comerciante ambulante que vendia miudezas em uma bicicleta, ao correr, perdeu todas suas bugigangas, restando-lhe apenas em seu poder, a bicicleta, que logo cuidou de montar, e, rapidamente, mesmo desajeitado, entrou de mata adentro pedalando.

Os homens do vilarejo não esperaram por nada, e não quiseram saber nem um pouco do capitão Lampião, entraram de mata adentro.

O dono de um barzinho de pinga, no alvoroço, querendo se salvar das enormes mãos do cangaceiro, enrolou-se a uma cadeira ginga-ginga, e foi ao chão. E ao levantar a vista, viu o valentão entrando com seus passos longos e desajeitados, e foi logo de encontro a ele, gritando com um assustador vozeirão:

- Me dá uma cachaça aí logo, sua peste!

E lá se veio o homem correndo com a garrafa de cachaça nas mãos. Caso demorasse a servi-lo, poderia pagar caso para ele.

O suposto capitão Lampião não esperou que o empregado abrisse a garrafa. Arrebatou-a das suas mãos, quebrou o gargalho sobre o balcão, e bebeu tudo de uma vez só, nem ligou para pedaços de vidro.

O comerciante já havia dito a Deus que iria devolver o seu espírito, pois diante daquele homenzarrão, já sabia qual seria o seu caminho.

- O senhor quer outra! - perguntou o empregado procurando agradá-lo, já se desmanchando em urina e outras coisas estranhas.

- Não, peste! A que eu tomei já é o suficiente! – Dizia ele com a cara de mal.

O homenzarrão saiu do bar, cuspiu fortemente, pigarreou, pôs uma enorme marca de fumo na boca, sempre observando o espaço prum lado e pro outro, montou-se na sua égua brava, e antes de sair, o comerciante perguntou-lhe:

- O senhor é Virgolino Ferreira da Silva, o capitão Lampião?

- Por que sua peste, me pergunta isto?

- É porque nos jornais de hoje publicaram que o capitão Lampião já entrou no lugarejo, e com certeza, irá decepar muitas cabeças de quem é morador daqui. Ele não deixa um vivo, degola todos! E vem com uma grande quantidade de marginais...

- O que me diz? - perguntou ele com espanto.

- Sim senhor...!

- Eu quero lá saber do capitão Lampião! Deus me livre eu encontrar com aquela peste! Deus me livre! - Dizia ele se benzendo.

E sem mais demora, o suposto capitão Lampião montou na sua égua, esporeou-a, e saiu rapidamente do lugarejo, com medo do capitão Lampião. Mas ao sair do bar, esqueceu de levar o bornal. Verificado o que carregava dentro dele, estava cheio de rolinhas, avoantes, asas-brancas, preás, Inhambus, papagaios,...

O tratamento de peste era com todos, assim falava o homenzarrão. Ele era apenas um veterano caçador, e não fazia mal a ninguém, só tinha tamanho e avantajado corpo. Medroso ao extremo.

Amigo leitor, é apenas uma brincadeirinha com o capitão Lampião. 

Minhas simples histórias.

Se você não gostou da minha historinha não diga a ninguém, deixa-me pegar outro. 

ALERTA AO LEITOR E LEITORA!

Quando estiver no trânsito, cuidado, não discuta! Se errar, peça desculpas. Se o outro errou, não deixa ele te pedir desculpas, desculpa-o antes, porque faz com que o erro seja compreendido por ambas as partes, e não perca o seu controle emocional, você poderá ser vítima. As pessoas quando estão em automóveis pensam que são as verdadeiras donas do mundo. Cuidado! Lembre-se de pedir desculpas se errar no trânsito, para não deixar que as pessoas coloquem o seu corpo em um caixão. Você pode não conduzir arma, mas o outro, poderá ter uma maldita matadora, e ele poderá não perdoar a sua ignorância.

Depois não diga que eu não te avisei.

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FOTOS - CABRAS DO RIFLE DE OURO

 Reuni algumas fotos de cangaceiros que pertenceram ao bando de Antônio Silvino ou o acompanharam em alguns momentos. 

Importante ressaltar que Antão Godê chefiava um bando independente mas que se juntava com Antônio Silvino quando necessário. 

 

Os cangaceiros Luiz e os outros dois desconhecidos acompanhavam Godê e aparecem em fotos ao lado dele.

 Créditos para Guilherme Velame Wenzinger

http://lampiaoaceso.blogspot.com/2022/08/fotos.html

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JOSÉ ONIAS DE CARVALHO - AS IMPRESSÕES DE UM REPÓRTER QUE ESTEVE NO ANGICO APÓS O MASSACRE

 Por Valdir José Nogueira de Moura

Como repórter, o belmontense José Onias de Carvalho, também fez a cobertura do Combate de Angico, em que morreram Lampião e mais dez cangaceiros. Sobre o ocorrido, ele narrou os fatos nas páginas 10, 11 e 12 do livro de sua autoria “Memórias de um Matuto Sertanejo”.
 

José Onias era primo legítimo de Antônio Alves de Carvalho Barros, o famoso Antônio da Umburana, membro dos "futuqués", assassinado em outubro de 1918 na Vila de São João de Campos, hoje Mirandiba, que naquela época era distrito de Belmonte.

José Onias no Porto da cidade de Piranhas, AL, quando embarcava para a Grota de Angico, para fazer a cobertura da morte de Lampião.

José Onias de Carvalho nasceu em Belmonte/PE no dia 16 de março de 1901, filho de Antônio Onias de Carvalho e Maria da Luz Onias de Carvalho. Foi prefeito de Propriá no Sergipe, deputado estadual por aquele estado e também por Alagoas, e 6 vezes deputado federal. 

 

Confira neste trecho do livro Memórias de um matuto sertanejo, a descrição da expedição.



http://lampiaoaceso.blogspot.com/2022/08/jose-onias-de-carvalho.html

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ALAGOAS

 Clerisvaldo B. Chagas, 8 de agosto de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.747

 PRAIA ALAGOANA (FOTO: ASSESSORITO VIAGENS)

“O vento, a chuva, as águas correntes e as ondas do mar promovem a desagregação das rochas pelo atrito ou pelos embates dessas forças em movimento. Além de contribuir para uma lenta destruição do relevo, como um abrandamento nas formas eriçadas, tais agentes mecânicos realizam transporte dos detritos para depositá-los adiante, em distâncias variáveis.

Chama-se Corrosão ou erosão eólica, aquelas realizadas pelos ventos.  Abrasão ou erosão marinha é produzida pelo mar. A erosão pluvial, é a das chuvas, fluvial a dos rios e glacial a dos gelos em movimento”. Inúmeras dessas ações naturais desenham os bastidores do litoral alagoano.  Seja no litoral norte ou no litoral sul do estado, a beleza está presente e classifica nossas praias entre as mais magníficas do mundo.

Os variados tipos de formações do litoral alagoano entram numa disputa típica dos humanos em que se pergunta: “qual a praia mais bonita de Alagoas?” Você sabe responder? Quem responde àquela indagação por certo tem a sua preferência baseada nas erosões, na sedimentação ou outros fenômenos que moldam a paisagem justamente como o usuário deseja. Praias com falésias, praias com arrecifes, praias com lagoas, com formações de dunas, com atóis, com restingas, com ilhas grandes ou pequenas... Onde está a formação almejada, encontra-se a praia mais bonita do estado. São justamente essas variadíssimas formações que se apresentam em nossa costa (menos a erosão glacial) que transportam Alagoas para o topo da beleza litorânea quase surrealista.

Uma praia rebaixada e arenosa sem nenhum outro acidente físico à vista, apenas areia e água, pode também ter seus encantos pelas águas límpidas, pelo fraco movimento das ondas, assim como as praias de Paripueira. Mas, visitar apenas uma praia de Alagoas é até um privilégio frustrante se pensarmos que falta conhecer 250 Km de outras praias do estado. Os diversos desenhos naturais do litoral alagoano são tão incríveis que muitos consideram um ESPANTO de tanta beleza. Estamos mostrando um roteiro a um amigo que almeja se aventurar por esse litoral no início da primavera. Boa viagem companheiro, pelo “Paraíso das Águas”.

Alagoas, estrela radiosa.