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sábado, 26 de abril de 2014

Lampião família - Entrevista de Vera Ferreira neta de Lampião e Maria Bonita


Entrevista de Vera Ferreira à revista Isto É, em 5 de agosto de 1998, intitulada LAMPIÃO FAMÍLIA.

Entre outros assuntos, Vera aborda o quanto foi complicado crescer sob o preconceito de ser neta do mais famoso casal de cangaceiros, Lampião e Maria Bonita, e as injustiças sofridas até hoje, em especial, no que tange ao uso indevido das imagens de seus avós.


Página 1 da matéria Lampião Família. Revista Isto É, 5 de agosto de 1998.


Final da matéria, Isto É, 5 de agosto de 1998.

Fonte: facebook
Página: Raimundo Gomes

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SANTO SOUZA, A POESIA ABENÇOADA

Por Rangel Alves da Costa*

Nesta sexta-feira, 18 de abril, a literatura sergipana e a poesia brasileira perderam um dos maiores expoentes da arte do verso esculpido com a maestria dos grandes artistas da palavra. José Santos Souza, ou simplesmente Santo Souza, faleceu aos 95 anos, em sua própria residência, talvez enquanto sonhava ornando uma estrofe que não seria escrita.

Natural de Riachuelo, Santo Souza viveu em sua cidade natal até os 17 anos. Estudou somente até o 3º ano primário, e daí em diante se fez reconhecido na condição de autodidata. Já em Aracaju, trabalhou como manipulador em farmácia durante mais de 25 anos. Manipulando fórmulas e medicamentos, talvez o fizesse com o mesmo esmero com que trabalhava a palavra.

Sua preocupação maior em escrever a ter seus versos publicados, fez com que muitos achassem que havia abdicado de sua arte maior, eis que permanecia durante muito tempo sem publicar qualquer obra. Ainda assim foi grande sua produção literária: Cidade Subterrânea (1953), Caderno de Elegias (1954), Relíquias (1955), Ode Órfica (1956), Pássaro de Pedra e Sono (1964), Concerto e Arquitetura (1974), Pentáculo do Medo (1980), A Ode e o Medo (1988), Obra Escolhida (1989), Âncoras de Arco (1994), A Construção do Espanto (1998), e Rosa de Fogo e Lágrima (2004), Réquiem para Orfeu (2005), Deus Ensanguentado (2008) e Crepúsculo de Esplendores (2010).


Foi um dos escritores sergipanos mais premiados em concursos literários, sendo também constantemente laureado pelo conjunto de sua obra, como ocorreu com o Grande Prêmio de Crítica 1995, concedido pela associação de Críticos de Arte de São Paulo. Sempre recluso, vivendo das e para as letras, carregava na feição e no acolhimento a singeleza dos grandes homens. Era o maior poeta vivo de Sergipe e um dos maiores do Brasil, mas se sentia melhor sendo reconhecido apenas como Santo Souza.  Foi membro da Academia Sergipana de Letras, ocupando a cadeira nº 03; membro efetivo da Associação Sergipana de Imprensa; além de Membro Correspondente da Academia Paulista de Letras. Também era integrante da Loja Maçônica Cotinguiba.

A poesia de Santo Souza possuía no orfismo sua vertente primordial. Poeta órfico porque abordando temas sacros, investigando os mistérios da alma, trabalhando conceitos ritualísticos e colocando o ser humano como dependente de forças superiores. O ensaísta e crítico de arte Sérgio Milliet, ao referir-se ao livro Ode Órfica, de 1956, o considerou como uma meditação sobre os mistérios da vida, bem como a desilusão dos homens. Eis a presença do orfeísmo em sua obra, nas estrofes iniciais de Ode Órfica I, do livro homônimo de 1956:

Era tão clara a tua voz, e tão
limpo o teu canto inaugural, ó noite,
que o tempo adormecia em tuas mãos!
De início, rejeitamos teus conselhos
dissimulados. Nautas fugitivos,
eis que a nave de Orfeu, que pilotávamos,
não nos pertence mais, pois a ofertamos
àqueles que hão de vir colher conosco
a treva e o medo, embora eles, no lago,
com a vida e as águas entre os braços, nos
surpreendam no triângulo da morte,
os olhos florescendo como peixes
que o teu milagre, ó noite, fecundou!

Transportamos pirâmides nos ombros,
para, sobre elas, construir o mundo
que nós, por sermos livres, sugerimos.
De música fizemos nossos mares,
para conter o céu que nos persegue.
Mas somos frágeis para suportar
a cabeça do Eterno, que se inclina
sonhando sobre nós, enquanto vamos,
ladrões famintos, carregando sombras.
Morrer? Não era a morte o que sonhávamos.
Somos pobres demais para morrer
com tanto ouro nas mãos, tanto arco-íris
nos olhos desta aurora que engendramos.

Transportamos pirâmides nos ombros, escreveu o artista. E para, sobre elas, construir o mundo, acrescentou. Em seguida diz que o homem é frágil demais para suportar os grandes sonhos, vez que as esperanças são roubadas por qualquer um. Mas não significava dizer que o homem deve se curvar e esperar a morte. Não, pois a vida possui riquezas demais para lhe oferecer. E Santo Souza compreendia isso em profundidade.

Sua poesia transcende a simples escrita. Seus versos não são casuais ou ocasionais, vez que tomados de ritos, místicas, simbologias religiosas, como luzes surgindo quase mortas em mosteiros medievais tentando avistar os mistérios do mundo. Neste sentido, é também esotérica, permeada de ocultismos e segredos que devem ser revelados pelo próprio leitor. Na vida, enxerga o enigma, transforma em verso e nos brinda com uma profusão de encontros. Tais aspectos podem ser observados nos seguintes versos de Elegia número 16, do livro Caderno de Elegias, de 1954:

Criaram flores de existência efêmera,
criaram noites e auroras nos caminhos,
aquários musicais para a canção
e estátuas para a vida e para a morte.

Criaram o teto do céu que sustentamos
em colunas de estrelas e de mares
e os rios que afagamos, derramando
a poesia da vida em nossas mãos.

E criaram também rios insones
que as nossas mãos jamais hão de acolher:
criaram faces com sulcos para as lágrimas,
pois havia corações para sofrer.

Mas sob o teto do céu que sustentamos
nós somos flores de existência efêmera
e – estátuas para a vida e para a morte –
nos deram olhos humanos para o pranto!

Santo Souza fazia parte do círculo remanescente dos grandes poetas sergipanos. Seu percurso foi longo e com estrada laureada já desde outros tempos, ainda na vivência e convivência de um fazer poético verdadeiramente comprometido com a poesia enquanto arte delineada tanto na forma como no conteúdo. Sua preocupação com a visualização, o brilho e a intensidade dos versos foi uma de suas principais características.


O artista não se contentava com a pedra bruta. Talhava a pedra para oferecer a arte, e tudo num remanso que só mesmo o tempo para compreender o que tanto tecia, forjava e cinzelava aquelas mão negras, sempre cuidadosas com cada verso. Sabia que não tinha a eternidade para preservar sua escrita, e somente o cimento férreo da criatividade poética para eternizar o seu canto. E por isso mesmo forjou a palavra para a imortalidade, pois sabendo que o homem era apenas o seu condutor. Neste sentido, lê-se no seguinte excerto do Canto II, do livro Ode Órfica:

Era vasto o domínio. Nosso olhar
limitava o destino das fronteiras
por onde a morte inútil circulava.
Calculamos o tempo e o esperdiçamos.
Fomos tardos no avanço, e cedo vimos
fugir de nossas mãos o leme, e a rota
se perdeu. Nosso canto, diluído
nas águas, já não rege o itinerário
desta sagrada luta que engendramos:
perdido o jogo, a morte nos suplanta.

Mas o jogo jamais estará perdido, Santo Souza. Mesmo que o canto já não direcione o itinerário da sagrada luta, ainda assim o poeta continuará com sua voz sob os templos onde as musas eternizam a grande arte dos escolhidos.

Poeta e cronista

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Germinia Pinho da Silva


Sabendo dos rumores que Lampião estava nas redondezas, meu pai José Tibúrcio da Silva, ao viajar para Queimadas mandou que minha mãe, Marcionília Pinho da Silva, fosse dormir na casa do cunhado (Martinho Pereira da Silva) que ficava perto. Eu, Germinia Pinho da Silva tinha apenas seis meses de idade. José Tiburcio da Silva como proprietário da Fazenda Paraíba, transportava daqui peles de ovinos, bovinos e caprinos que levava para Queimadas, pois lá havia um curtume que era do Coronel Vicente Ferreira da Silva, que era primo de José Tibúrcio da Silva. Ao chegar lá, ele deixava as peles para serem curtidas, e as que já estavam curtidas, ele pegava para trazer, completando a carga com sacas de café que vinham de Jacobina para Queimadas.

Meu pai era dono de uma tropa de oito burros, sendo seu tropeiro o Senhor Higino morador da Fazenda Roda. Ao chegar aqui na Vila do Raso, como era conhecido na época, meu pai tinha que ir prestar contas ao Coronel Vicente Ferreira da Silva, pois era ele que dava os fretes para meu pai conduzir. 


Foi no período desta viagem que Lampião chegou em João Vieira arraial de Araci, no mês de Dezembro de 1928, procurou saber quem era fazendeiro e quem tinha tropas de burros. Alguém que se dizia ser amigo de meu pai, informou a Lampião sobre ele, e Lampião mandou o cangaceiro Corisco ir até a Fazenda Paraíba, guiado por esta pessoa, pois não sabiam onde era a fazenda. Ao chegar, não encontrando ninguém, os cangaceiros colocaram fogo na casa.

O cangaceiro Corisco

Quando foram cinco horas da manhã, pois eu acordava muito cedo para comer, minha mãe chamou as meninas para ir tirar leite das cabras, pois eu só tomava leite de cabra, ela me levava nos braços. Ao chegar na malhada, ela avistou o fogo em cima da casa, e logo viram os cangaceiros com os fuzis, os burros amarrados e etc.

Ela respeitando os cangaceiros não seguiu, pediu que uma das meninas que ela criava que voltasse na casa do meu tio Martinho para chamá-lo para poder encorajá-la, pois ele ia enfrentar eles. Ao chegar trazendo consigo nos braços o garoto José Brígido da Silva (Zeles) que tinha apenas dois anos e dois meses de idade, ele se reuniu com minha mãe que estava comigo nos braços. 



Ao se aproximar da fazenda ela avista a fumaça em cima do telhado, pois eles já tinham arrombado a porta e entrado, pegado dinheiro, peças de tecido de seda, saquearam a casa, e depois pegaram querosene, que na época meu pai comprava querosene em lata, destelharam a cumeeira da casa ensoparam com o querosene e puseram fogo.

Fonte: facebook
Página: Governador do Sertão Virgulino


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José Silva Lima - o verdadeiro Gervásio


José Silva Lima, 96 anos, é o verdadeiro nome de Gervásio, este baiano de Antas além de rastejador era o "degolador" de cangaceiros e participou da morte de diversos deles. Antes de entrar para a policia esteve com Lampião na casa de Antônio Martins, na margem do Rio Vaza Barris e foi convidado pelo rei do cangaço para ser um dos seus... mas não aceitou.

Entrou na volante em 1931 com 15 anos de idade. Foi muito amigo dos soldados Murundú e Marancó. Gervásio confirma como sendo coiteiros de Lampião os dois irmãos João Maria e Liberato de Carvalho.

Fonte: facebook
Página: Governador do Sertão Virgulino

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Lampião em Alagoas

Autores clerisvaldo B. Chagas e Marcello Fausto

Único local de venda em Alagoas: 
"Livraria Toque Mágico", em Santana do Ipanema. 
467 páginas, ricamente ilustradas. 
Prefaciado pelo filho de Corisco. 
A maior obra publicada sobre Lampião no Estado. 
Preço: 45,00.

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Juscelino Kubitschek

Por Luiz Carlos Rubim

Esta foto pertencia aos arquivos do nosso saudoso Raimundo Soares de Brito, o "Raibrito", e foi cedida pelo seu sobrinho, Marcos Oliveira.

Historiador e escritor Raimundo Soares de Brito - Raibrito

Vemos nesta foto Zoívo Barbosa, que foi técnico de futebol em nossa cidade. Juscelino Kubitschek, Vingt Rosado, sargento Edward Medeiros, Genu Rodrigues dos Santos. Além de outros não identificados. 

Essa senhora que o presidente JK está cumprimentando é dona Dita Mota, irmã do nosso amigo Élder Heronildes da Silva.

Hélder Heronildes da Silva

Esta foto se deu na avenida Alberto Maranhão, onde antigamente era a residência de Mota Neto e proximidades da residência de Humberto Mendes, esquina com a avenida Augusto Severo. Foto registrada nos anos 1950.

Casa de Humberto Mendes - Alberto Maranhão com a Augusto Severo - centro

Fonte: facebook
Página: Luiz Carlos Rubim

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A medicina no Cangaço "A arte de curar, segundo Moreno"

Por Leandro Cardoso Fernandes

No primeiro Cariri Cangaço, realizado em setembro de 2009, ante a iniciativa genial de Manoel Severo, tivemos uma oportunidade ímpar de perfilar os maiores pesquisadores e estudiosos do assunto, e pôr em debate ideias, controvérsias e pontos obscuros desse palpitante tema. Reuniram-se, na região metropolitana do Cariri, pessoas de todos os cantos do Brasil, e com as mais diversas afinidades com o assunto: seja através do cordel, da música, do cinema, da pesquisa, da mera curiosidade ou mesmo a partir de ancestrais ligados às lutas sertanejas, como foi o caso de Paulo Britto, filho de João Bezerra, Neli, filha de Moreno e Durvalina, além do neto de Antonio da Piçarra, o excelente historiador Vilsinho.

Numa das vezes que privei da companhia de Moreno, em sua casa em Belo Horizonte, tive a oportunidade ímpar de uma verdadeira “aula particular” sobre cangaço. Gostaria de compartilhar, nesta oportunidade, uma dessas lições que tive desse homem, que, bem longe de ser um coadjuvante, teve participação importante em vários episódios da historiografia do cangaço, como, por exemplo, a invasão de Piranhas.

Dona Durvinha havia me dito que fora picada por uma Jararaca, e que Seu Moreno é quem a havia curado, através de cuidados improvisados no meio do mato. Eu, como médico, fique muito curioso para saber o que o cangaceiro havia feito, naqueles ermos, para impedir que o veneno letal ceifasse a vida da companheira. Então perguntei:

- Seu Moreno, é verdade que Dona Durvinha foi mordida por uma Jararaca?

- É sim, senhor! – Ele respondeu – Ela andou perto de morrer!

- Mas será se era mesmo uma Jararaca, seu Moreno, prá ela ter escapado? – Perguntei, provocando o velho cangaceiro.

Ele me olhou bem nos olhos e falou numa seriedade que me deixou desconcertado.

- Doutor Leandro, o senhor acha que eu não conheço uma Jararaca?
Apressei-me em desfazer a situação:

- Que é isso, seu Moreno? Eu sei que o senhor conhece muito bem. Mas diga-me: o que foi que ela sentiu?

- Ficou desmaiando, botou sangue pela venta, pelos ouvidos pelo local da mordida... – Ele disse.

Nesse momento, tive certeza tratar-se de mordida de Jararaca. Uma das propriedades do veneno botrópico é provocar distúrbios da coagulação sanguínea.
- E o que foi que o senhor fez? – Perguntei entusiasmado.

- Tinha chovido. A terra tava fria. Cavei um buraco no chão e enfiei a perna dela dentro e deixei lá.

- Mas para quê isso, Seu Moreno?

- Meu filho, a terra chupa o veneno. Você não sabia? Ela foi melhorando, melhorando e acabou ficando boa. Depois, na Bahia, paguei uma promessa em Bom Jesus da Lapa, que tinha feito, se ela escapasse.

Fiquei pensando naquela explicação, até perceber nitidamente o bom senso e a sabedoria de Moreno. Mesmo considerando a enorme probabilidade de a cobra ter mordido algum bicho ou um sapo antes de ter atacado Durvinha (e, dessa forma, ter-lhe inoculado pouco veneno), a terra molhada e fria faz com que haja constricção dos vasos no local da picada, diminuindo a absorção da peçonha. E quanto mais se cava, mais fria é a terra, diminuindo a circulação sanguínea e absorção. Isso dá a impressão ao cangaceiro de que é a terra que “chupa” o veneno.

Há – é bom que se diga - controvérsias em relação a esse procedimento de restringir a circulação local após picada de animal peçonhento, sob pena da piora local, como necrose e graves sangramentos de extremidades. Mas o importante é que a aguçada inteligência do homem de cangaço funcionou, e somente com base do que tinha a sua disposição, salvou a vida da companheira. Esse rompante intuitivo acertado é o que muitas vezes fazia a diferença entre a vida e a morte na guerra da caatinga. O cangaceiro utilizava tudo aquilo que dispunha a seu redor com bastante perspicácia, para a resolução dos mais variados problemas. Seja ou não levado por superstições, o importante é que o resultado final obtido por Seu Moreno foi satisfatório...

Graças ao Cariri-Cangaço pudemos compartilhar estas e outras histórias, com o enorme prazer da companhia de descendentes dos personagens que participaram destes fatos intrigantes. Eles fizeram do Sertão nordestino o palco de nossa história de lutas, que hoje é imensa riqueza artística e nossa verdadeira identidade cultural.

Leandro Cardoso Fernandes - Médico pesquisador e escritor do Cangaço Teresina / PI

Fonte:
Facebook
Página:
Lampiã, Cangaço e Nordeste

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Sérgia Ribeiro da Silva - a suçuarana

Dadá na Fazenda Beleza, município de Pão de Açucar-AL, ano de 1936.

Sérgia Ribeiro da Silva era a cangaceira Dadá, esposa do cangaceiro Corisco; Ela nasceu em Belém do São Francisco, no Estado de – Pernambuco, no dia  25 de Abril de 1915, onde viveu seus primeiros anos de vida e teve algum contato com índios. Foi a única mulher a pegar em armas no bando de Lampião. Nasceu em Belém do São Francisco, A família muda-se para a Bahia onde, aos treze anos, é raptada por Corisco (Cristino Gomes da Silva Cleto) - o "Diabo Loiro", de quem seria prima. Cabocla bonita, esbelta, conheceu o homem da sua vida de forma violenta, em meio à caatinga árida por onde vivia errante o bando de cangaceiros. 


Consta que seu defloramento provocara-lhe tanta hemorragia que por pouco não faleceu. A relação, que começara instintiva, transforma-se com o tempo. 

A vida nômade, seguindo o companheiro, que era o segundo homem, na hierarquia do bando, a chegada dos filhos, fez com que mais que uma amante. Dadá se tornou a companheira de Corisco, com quem, ainda no meio das lutas veio a se casar. Tiveram sete filhos, que eram ocultamente deixados em casas de parentes para serem criados. Destes, apenas três sobreviveram. 

Sílvio Bulhões - um dos filhos

O bando de Lampíão dividia-se, como forma de defesa, em partes menores, a mais importante delas era justamente a chefiada por Corisco. A esposa tinha uma pistola, que ele dera, para sua defesa pessoal, e também lhe ensinou a ler, escrever e contar. 

Bando de cangaceiros de Corisco - ele é o primeiro à esquerda e ao seu lado Dadá

Tendo Lampião sido executado em 1938, Corisco, que estava em Alagoas com parte do bando, empreendeu feroz vingança. Como seus companheiros tiveram as cabeças decepadas, e expostas no Museu Nina Rodrigues de criminologia, na capital baiana, Corisco também cortou a cabeça de muitas vítimas, então. O cangaço definhava, sobretudo pela disparidade de armamentos: os volantes tinham uma arma que os cangaceiros nunca conseguiram obter: a metralhadora. A própria Justiça passa a oferecer vantagens para os bandoleiros que se rendessem.

Grupo do cangaceiro Corisco

Dissolvera o bando, e abandonara as vestes típicas, procurando passar por simples retirantes. Num dos ataques feitos pelas volantes (em Outubro de 1939, na fazenda Lagoa da Serra em Sergipe), o Diabo Louro é ferido em ambas as mãos, perdendo a capacidade para atirar. Dadá, então, torna-se a primeira e única mulher a tomar parte ativa - e não meramente defensiva - nas lutas do cangaço. Se o marido era temido como um dos mais violentos bandoleiros, consta que muitas pessoas tiveram sua vida poupada graças à intervenção de sua companheira. Dada também era chamada "Suçuarana do Cangaço". 

Dadá bem jovem no cangaço

Em 25 de maio de 1940 Corisco e seu bando é cercado em Brotas de Macaúbas, pela volante do tenente Zé Rufino. Uma rajada da metralhadora rompe os intestinos de Corisco. Dadá é ferida na perna direita. O último líder do cangaço morre dez horas depois do ataque, sendo enterrado em Jeremoabo e, dez dias após, exumado e a cabeça decepada é enviada ao Museu, junto às demais do bando. Dadá, colocada em condições infectas, tem seu ferimento agravado para uma gangrena, que restou-lhe, na prisão, à amputação quase total da perna. Por essa situação, o célebre rábula baiano Cosme de Farias, representa Dadá na Justiça, pleiteando sua libertação, em 1942. 


Dadá passou a viver em Salvador, lutando para ver a legislação que assegura o respeito aos mortos fosse cumprida - e a tétrica exposição do Museu Nina Rodrigues tivesse fim. Só a 6 de fevereiro de 1969, no governo Luiz Viana Filho, foi que os restos mortais dos cangaceiros puderam ser inumados definitivamente - tendo, porém, o museu feito moldes para expor, em substituição. 


Por sua luta e representatividade feminina, Dadá foi, na década de 80, homenageada pela Câmara Municipal de Salvador. Na Bahia, que tivera Gláuber Rocha e tantos outros a retratar o cangaço nas artes, Dadá era a última prova viva a testemunhar o cotidiano de lutas, dificuldades e, também, de alegrias e divertimentos. Deu muitas entrevistas, demonstrando sua inteligência e desenvoltura. Morreu, na capital baiana, em 1994. faleceu em  Salvador, no Estado da Bahia em Fevereiro de 1994.

Fonte: Wikipedia

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