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quinta-feira, 6 de abril de 2017

LIVRO "LAMPIÃO A RAPOSA DAS CAATINGAS"


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Pedidos via internet:
Mastrângelo (Mazinho), baseado em Aracaju:
Tel.:  (79)9878-5445 - (79)8814-8345
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HOJE NA HISTÓRIA DE MOSSORÓ

Por Geraldo Maia do Nascimento

Em 04 de abril de 1945 dava-se a posse do Deputado Vicente da Mota Neto, nomeado Prefeito de Mossoró por ato do Interventor do Rio Grande do Norte. 


O seu governo foi de curta duração. Extinguiu-se em 19 de novembro do mesmo ano.  

Geraldo Maia do Nascimento

Todos os direitos reservados

É permitida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, desde que citada a fonte e o autor.

Fonte:
http://www.blogdogemaia.com

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CANGAÇO NO PIAUÍ


 Mais um livro do escritor e fundador da SBEC -  (Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço) Paulo Gastão.


Entre em contato com o autor através deste e-mail: paulomgastao@hotmail.com

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(POESIA LAUREADA COM MENÇÃO HONROSA NO RESULTADO FINAL DO 3O CONCURSO DE CRÔNICAS, CONTOS E POESIAS "JOÃO BATISTA CASCUDO RODRIGUES" - 2016 - PROMOÇÃO: ACADEMIA MOSSOROENSE DE LETRAS - AMOL) VOLÚPIA ( BEL – AMI / SOUSA NETO )

Poeta Sousa Neto

Volúpia
( Bel – Ami / Sousa Neto )

Tremem-se os pilares do ser
Das narinas foge o ar
Faz  desorientar, perder a bússola
Essa  sensação a inflamar

Das gargantas batem as asas
Juras de amor, incontidos gritos...
Quando os toques sobre a carne
Como brasas flamejantes
Queimam a epiderme

O corpo em labaredas
Todo se ardendo queima-se
Nesse sentimento pleno
Da voluptuosidade
E entra em carbonização


 Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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A FLOR DA VIDA E SUA DURAÇÃO

*Rangel Alves da Costa

Flores existem que duram muito tempo após o nascer, já outras duram apenas alguns dias e ainda outras que vão embora pouco tempo depois de desabrochar. Enquanto os gerânios e as begônias possuem longa existência, a flor do mandacaru dura apenas uma noite. Neste sentido, o tempo de existência das flores em muito assemelha à vida e sua duração. Flores e vidas que nascem e se vão segundo as dádivas das estações.

O girassol procura o sol após o amanhecer e dele se alimenta para continuar existindo. Já outras flores se alimentam da noite e perdem todo o seu viço após o amanhecer. Com a flor do mandacaru é assim. Bem que poderia ser flor de orvalho, flor de brisa, flor de sopro, flor de ventania, mas é flor de mandacaru. A roseira continua bela nas manhãs seguintes, e belamente vai até sua flor lentamente murchar. O mesmo com outras flores.

Que coisa mais estranha na natureza. Durar tanto para brotar e se formar, e depois florescer e durar apenas uma noite. Mas assim é a vida tão efêmera da flor do mandacaru. Não há exemplo maior de transitoriedade, de fragilidade, de existência tão curta quanto bela. Assim também com tantas vidas humanas.

As flores do mandacaru esperam o luar sertanejo para se abrirem. Nos noturnos sertanejos, lentamente vão irrompendo de seu casulo esverdeado para desabrocharem em beleza sem igual. Abrolham ao clarão da lua e recolhem suas pétalas ao primeiro sol. Já não possuem vida em flor.

Recolhem e recurvam suas pétalas para não mais se abrirem. Muitas flores existem que se repetem nas manhãs seguintes, que novamente se abrem com a mesma beleza, mas não com a flor de mandacaru. É de vingar único e por poucos instantes da vida. Pessoas também possuem ciclos assim, de quase inexistências.

Ao nascerem, logo as pétalas se abrem em majestade. E certamente o olho dirá que ainda assim estarão no dia seguinte e no outro dia. No primeiro raio de sol, contudo, as pétalas já estarão definhando e assim continuarão até novamente se recolherem, murchas, ao casulo.


E eis outro paradoxo na tão bela flor e seu ventre, entre a flor do mandacaru e o próprio mandacaru. Qual sentimento de um ventre que, em meio a tantos sacrifícios e dificuldades, vai lentamente gestando aquilo que vai morrer poucas horas após nascer?

Que estranha sensação no mandacaru. De seu ventre magro, seco, ossudo, sobre sua pele rija e espinhenta, e de repente o nascer da mais bela flor entre todas as flores. Porém sem tempo sequer de se alimentar de sertão e encontrar no meio a mesma força de sobrevivência.

Mas é mesmo um nascer destinado à morte. O broto vai lentamente surgindo na magreza do mandacaru, formando um fruto ovalado e esverdeado, até que vão sendo divididas as sépalas que recobrem as pétalas, e então a noite chega e logo cuida de desabrochar a flor.

Já nasce bela, grande, majestosa, pois as pétalas rapidamente despontam como encantamento. E num instante, o que era apenas como um fruto ovalado, irrompe de seu ventre uma magia sem igual. A flor que resplandece como lua cheia em meio à escuridão.

Um mistério a ser desvendado pela natureza. Enquanto o mandacaru dura um século inteiro em meio ao calor escaldante, ao sol abrasador, perante as secas mais devastadoras, de seu ventre surge a flor que não dura sequer um segundo da vida inteira do próprio mandacaru.

E também o mistério do florescimento naquilo que já se imagina sem vida. Ora, chega um tempo que o mandacaru está tão magro e tão seco que ninguém imagina existir ali senão espinhos. Mas em meio as espinhos vai brotando a vida tão belamente transformada em flor.

Na flor do mandacaru há, assim, uma desalentadora simbologia: a efemeridade da vida. E, neste sentido, a curta duração das coisas, a fugacidade das situações, a transitoriedade dos fatos e das existências. Tudo nasce para morrer, numa sina, num destino.

A flor do mandacaru como uma lição do Eclesiastes: há um tempo de tudo, tempo de nascer e tempo de morrer, tempo de sorrir e tempo de entristecer. Assim também no tempo de muitos amores: um amor tão amado e na manhã seguinte já simplesmente desamado.

A flor do mandacaru como espelho da própria vida e o permanente desejo humano de se transformar em outra flor logo ao nascer e assim permanecer estações após estações. E reabrir suas pétalas a cada manhã, viver as belezas da existência a cada dia, até a terra novamente chamar para o seu leito.

Não há como fugir dessa realidade. Vidas e flores efêmeras e duradouras, vidas e flores que chegam e desaparecem ou permanecem existindo pelos canteiros dos anos. Cada pessoa como um jardineiro cuidando de si mesmo, regando a cada instante seu desejo de renascer pulsante a cada manhã.
  
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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ADUERN APRESENTA RELATÓRIO CONSOLIDADO DO IX CONGRESSO


Confira o relatório consolidado do IX Congresso dos professores e professoras da UERN, realizado entre os dias 19 e 21 de agosto, no Hotel Villaoeste, em Mossoró-RN. O relatório reúne as principais informações e determinações do encontro, que é maior instância deliberativa da categoria e é realizado a cada dois anos.


Jornalista

Cláudio Palheta Jr. 

Telefones Pessoais :


(84) 88703982 (preferencial) 

Telefones da ADUERN: 


ADUERN
Av. Prof. Antonio Campos, 06 - Costa e Silva
Cep: 59.625-620
Mossoró / RN
Seção Sindical do Andes-SN
Presidente da ADUERN
Lemuel Rodrigues



Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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OS CALDEIRÕES...!

Por Voltaseca Volta

São escavações naturais feitas nas pedras que tem a finalidade acumular a água da chuva. São muitos usados pelos sertanejos no período de seca e, também, foram muitos usados pelos cangaceiros e policiais volantes, que se abasteciam do precioso líquido...

INDAGA-SE. Esses caldeirões estão localizados em um local em que houve um combate entre Lampião e as forças volantes. Que local é esse ?

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=654536951414949&set=gm.625770380965243&type=3&theater

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VELÓRIO DO DEPUTADO FLORO BARTOLOMEU

Material do acervo do pesquisador do cangaço Voltaseca Volta

Dr. Floro Bartolomeu, braço armado e político do Padre Cícero em seu esquife no Rio de Janeiro, em 08 de março de 1926. Fonte: "A Noite Ilustrada".

Adendo - http://blogdomendesemendes.blogspot.com

Floro Bartolomeu da Costa (Salvador17 de agosto de 1876 — Rio de Janeiro8 de março de 1926) foi um médico e político brasileiro, filho de Virgílio Bartolomeu da Costa e Carolina Costa.

Formado pela Faculdade de Medicina da Bahia em 1904, chegou ao Ceará em 1908, atraído pela mina de cobre de Coaxá, no município de Aurora, mas acabou fixando moradia em Juazeiro do Norte onde adquiriu uma farmácia e passou a atender a população, como médico e também como rábula.

Tornando-se amigo do padre Cícero Romão Batista, convenceu-o a ingressar na política, visto que o Vaticano suspendera suas ordens religiosas.

Em 1912Marcos Franco Rabelo foi nomeado interventor do Ceará pelo presidente Hermes da Fonseca. Logo que assumiu o governo estadual, Rabelo tratou de minar o poder de Padre Cícero, destituindo-o da prefeitura de Juazeiro do Norte e ordenando sua prisão. Floro Bartolomeu, então, convocou os romeiros a se juntar a seus jagunços com o intuito de defender Padre Cícero. Enquanto isso, Floro foi para o Rio de Janeiro onde conseguiu o apoio do senador Pinheiro Machado.

A tropa juazeirense evitou a entrada das forças policiais de Franco Rabelo em Juazeiro e, em seguida, partiram para Fortaleza, para derrubar o governador. Com o apoio de Pinheiro Machado, Franco Rabelo foi deposto e Floro eleito deputado estadual, ocasião em que exerceu a presidência da Assembleia Legislativa. A revolta ficou conhecida como sedição de Juazeiro.

Em 1921, surgiu um boato de que os habitantes do Sítio Baixa Dantas estavam venerando um boi de Padre Cícero como a um deus. Para contornar a situação, Floro Bartolomeu ordenou que o boi fosse morto e o beato José Lourenço, líder do sítio, fosse preso.

Em 1925, o presidente da República Arthur Bernardes encarregou Floro Bartolomeu, na época deputado federal, de defender o Ceará dos ataques da coluna Prestes. Então, Floro montou o Batalhão Patriótico. Algum tempo depois da formação do batalhão, se espalhou a notícia de que a coluna Prestes tinha entrado em confronto com Lampião, em Pernambuco. Ao tomar conhecimento disso, Floro, usando o nome de Padre Cícero, sem que o sacerdote soubesse, convidou o cangaceiro a se incorporar ao Batalhão Patriótico para combater Prestes.

Lampião, que era devoto de Padre Cícero, aceitou o convite e partiu para Juazeiro, mas não encontrou Floro, que havia viajado para o Rio de Janeiro por motivos de saúde. Padre Cícero ficou perplexo quando soube que Lampião estava em Juazeiro para servi-lo. Ao encontrar Lampião e seu bando, Padre Cícero os aconselhou a abandonar o cangaço e lhes deu rosários de presente, com a condição de que só usassem depois de abandonar o cangaço.

Os cangaceiros deixaram Juazeiro, mas antes Lampião recebeu a patente de capitão do Batalhão Patriótico das mãos de Pedro de Albuquerque Uchoa, funcionário público e integrante do batalhão. Os bandos de Lampião e o de Prestes nunca se encontraram.

Em 1926, Floro Bartolomeu faleceu, solteiro e pobre, na capital federal, vítima de angina. Era, na ocasião, general honorário do Exército e deputado federal. Foi enterrado com as honras de seu posto militar.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

SOUZA, Anildomá Willans. Lampião: Nem herói nem bandido... A história. Serra TalhadaGDM Gráfica, 2006.
TAVARES NEVES, Napoleão. Cariri: ninho da história regional, berço de heróis, de mártires e de santos. Crato: Edições IPESC-URCA, 1997
PINHEIRO, Raimundo Teles. O caudilho-deputado Floro Bartolomeu da Costa, in Rev. Inst. do Ceará, Fortaleza, 99: 53-60, jan/dez. 1979.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Floro_Bartolomeu

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=654543558080955&set=gm.1521211524558627&type=3&theater

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21/05 ENCONTRO MARIANO


Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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LUIZ RODRIGUES DE SIQUEIRA, O CANGACEIRO “LUIZ PEDRO”

Por Sálvio Siqueira

Muitos dos nomes das pessoas nesse sertão de meu Deus são apelidados por sua descendência. Por aqui, ainda hoje, se conhece alguém, quando citado após o nome, de quem a pessoa é filho (a)., como por exemplo Rona ou Rosa de Marote, Beto de Pajé, Júnior de Beto... E assim sucessivamente. Naquele tempo, no tempo do cangaço, também era assim.

Havia uma família, tendo seu Patriarca de nome Pedro Alexandrino de Siqueira que morava no sítio Retiro, no município de Triunfo, PE. “Siqueira”, sobrenome de uma família numerosa, que se estendeu por inúmeras regiões e municípios do Estado de Pernambuco, e não só pela região do sertão, como citam alguns autores, tendo, no decorrer dos anos, pessoas nas várias classes sociais da sociedade. De desconhecidos catingueiros aqueles que galgaram as mais altas patentes na hierarquia militar, integrantes da mais alta sociedade pernambucana, exercendo cargos políticos de vereadores a governador do Estado.

Luiz Rodrigues de Siqueira, o cangaceiro “Luiz Pedro” - pelas teclas coloridas do 'mago dos pincéis' Rubens Antonio.

Pois bem, Pedro Vermelho, apelido de Pedro Alexandrino de Siqueira, casa-se duas vezes. No primeiro matrimônio nasceram, José Alexandrino de Siqueira e Júlia Rodrigues de Siqueira. No segundo casamento, tendo como esposa a senhora Rufina Maria de Jesus (ou Conceição), foram pais de dezoito filhos, dentre eles, para ser mais exato, o décimo filho, chamava-se Luiz Rodrigues de Siqueira, futuro cangaceiro “Luiz Pedro”. Alguns autores citam sendo o nome de Luiz Pedro como ‘Luiz Pedro Cordeiro’, o que não é verdade.


“(...) Dona Isaura, sobrinha do cangaceiro Luiz Pedro, me falou que mesmo sua família sendo conhecida como a família Pedro não se assinavam com esse sobrenome (...). Elvira Francisca da Conceição (irmã de Luiz Pedro), era casada com Joaquim Cordeiro da Costa (...)”. (“A MAIOR BATALHA DE LAMPIÃO” – LIMA, Lourinaldo Teles Pereira. Paulo Afonso, 2017).


Luiz Pedro, como todo jovem, gostava de fazer suas brincadeiras da época, ir para as festanças, forrozear, namorar e sonhar em viver com sua amada em um cantinho. O destino fez com que ele se apaixonasse por uma moça bonita, meiga, mas, de uma classe social acima da sua. Ela, jovem e bela, filha de um cidadão rico na cidade de Triunfo, PE, também se apaixona pelo jovem bonito, loiro, alto, de olhos azuis e de muita coragem. O pai da donzela não permite que Luiz namore sua filha por ele ser pobre. Mesmo assim, Luiz Pedro insiste em procura-la e ela o aceita e, de quando em vez, foi não foi, o pai da moça a pega namorando ele.

“(...) O pai não queria o namoro porque dizia que Luiz era pobre. Por mais de uma vez disse o pai a Luiz que não queria que ele namorasse sua filha, mas noutro dia estava Luiz sentado na calçada do homem namorando, como se nada tivesse ouvido (...).” (“A MAIOR BATALHA DE LAMPIÃO” – LIMA, Lourinaldo Teles Pereira. Paulo Afonso, 2017). 


Vendo que não tinha jeito, não havia como separa-los, o pai da moça bola um plano para resolver aquela questão. Inventa uma mentira desgraçada, dizendo que fora roubado e quem era o ladrão era Luiz Pedro. Chega a dar parte do rapaz. O delegado da cidade de Triunfo vai a procura do jovem do sítio Retiro e lhe dar a maior prensa, porém, nada é comprovado, ou provado. Mesmo assim, as pessoas põem em dúvida a honestidade do rapaz e ele fica com muita raiva daquele senhor, a ponto de querer mata-lo, no entanto, é aconselhado por seus familiares para não o fazer.

Desesperado, louco da vida, envergonhado, com raiva saindo por tudo que é canto, o jovem toma uma decisão desastrosa, a de entrar para o cangaço. Entra e começa a fazer parte do bando de Lampião, passando a ter como companheiros os irmãos Ferreira, Sabino Gomes e tantos outros tarimbados cangaceiros.

 
Cabeças dos cangaceiros mortos na Grota do Riacho 'Angico', na Fazenda Forquilha, em Poço Redondo, Se.

Luiz Pedro começa a destacar-se entre os companheiros do bando e ganhar a confiança de todos. A cabroeira gostando dele, insiste em lhes diga o porquê de tanta tristeza. Ele conta sua história. Eles então resolvem ajudar o rapaz a vingar-se daquela mentira que o pai de sua amada inventara.

Sabino Gomes, com parte do bando, entra na cidade de Triunfo, cerca e invade o comércio do senhor Antônio de Campos. Isso chama a atenção da Força Policial que guarnecia a cidade e todos vão dar combate aos cangaceiros, no intuito de proteger o comerciante. Luiz Pedro, estando sem ter quem o impeça, cerca a casa do pai de sua amada, invade a casa e o pega ainda deitado. Meio atarentado, o homem, no começo, não sabe do que se trate direito, porém, de repente, reconhece Luiz Pedro, e então percebe que está nas mãos daquele que ele inventou uma mentira, acusando-o de ser ladrão.

“(...) Enquanto Sabino Gomes chamava a atenção da polícia invadindo a bodega do senhor Antônio de Campos, Luiz Pedro cercava a casa da ex-namorada ; pegou o ex-sogro ainda deitado e quando o velho percebeu estava nas mãos do homem que ele tinha acusado como ladrão (...).” (Ob. Ct.)

Choromingando muito, o velho ver seu destino selado na lâmina de um punhal ou no cano de uma das armas de fogo que aquele rapaz tinha em posse.

Luiz Pedro, pegando-o, diz:

“- Hoje você vai morrer pra nunca mais chamar homem de ladrão!" (Ob. Ct.)

O amor faz coisas que ninguém imagina. A paixão dos dois jovens termina por fazer que ocorra na entrada de um deles nas trilhas do cangaço. No entanto, veja o quanto o amor verdadeiro é forte. E entre aqueles dois sertanejos, o amor existiu simplesmente.

No momento em que Luiz Pedro prepara-se para matar o homem, sua amada aparece. Corre e abraça-se com ele. Sem olhar em seus olhos, pede pela vida do pai. Afastando-se um pouco, encara seu amado e diz amá-lo e que caíra na vida cangaceira junto com ele, basta ele querer.

“ – Luiz, eu lhe amo, vou mais você para onde você quiser, mas vou lhe fazer um pedido: Não mate meu pai não o que vai ser de minha mãe e de mim? Como vou me sentir vendo o homem que eu amo matando meu pai? Poupe a vida dele e vamos embora, vou viver com você!” (Ob. Ct.)

É nessas horas que não tenha valente que não esmoreça. Quando se ama alguém, não se quer que nada de ruim aconteça com aquela pessoa amada, ou que algo a faça sofrer. E naquele momento, mesmo sua honra tendo que ser lavado com sangue, o jovem cangaceiro pára, sentindo o calor do corpo da amada, seu perfume entrando pelas narinas e seu hálito quente a soprar seu rosto, lhe diz:

“ – Não posso levar uma moça como você para uma vida tão difícil, gosto demais de você para desgraçar a sua vida, de desgraçada já basta a minha!” (Ob. Ct.)

Toma uma decisão correta. E mais uma vez, resolve diferente daquilo que tinha planejado. Encara o pai da moça de frente, com dureza em sua voz, lhe diz:

“ – Agradeça todo dia a sua filha, hoje você ia morrer e ia ser sofrendo, mas por ela vou lhe dispensar!” (Ob. Ct.)

Vira-se para a jovem que treme feito vara verde, abraça-a, dar-lhe um beijo e se despede dela:

“- Vá viver sua vida, por que eu sou cangaceiro e não posso mais mudar isso!” (ob. Ct.)

O destino aproximou os jovens, mas, a ganância, o preconceito e o despreparo dos homens, impediram a realização de uma bela união. Como essa outras adesões foram feitas ao cangaço por jovens inexperientes, sofridos e vítimas de acusações falsas, além daquelas que a única saída como sobrevivência, infelizmente, era a trilha sangrenta do cangaço. Antes de julgarmos os cangaceiros, devemos analisar as causas que o fizerem em tal bandido, analisando-as primeiramente, julgando-as em primeiro plano, pois ninguém nasce bandido, torna-se, ou fazem com que se torne.

O futuro de Luiz Rodrigues de Siqueira, o cangaceiro “Luiz Pedro”, todos sabemos. A jovem jamais namorou outro, morrendo solteira, submersa em suas lembranças, com seu sofrimento e ilusões... Na solidão das noites frias da serra de onde fica a bela cidade de Triunfo.

Fonte “A MAIOR BATALHA DE LAMPIÃO” – LIMA, Lourinaldo Teles Pereira (Louro Teles). Paulo Afonso, 2017

Foto Ob. Ct.
Benjamin Abrahão

PS// FOTOGRAFIA DO CANGACEIRO LUIZ PEDRO COLORIZADA, DIGITALMENTE, PELO AMIGO Rubens Antonio

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UM MUNDO NOVO EM GESTAÇÃO

Por Ignácio Tavares de Araújo
Ignácio Tavares de Araújo ao lado da filha, bióloga Msc. Ana Paloma Tavares de Araújo
  
O sociólogo Zigmunt Bauman, - de origem polonesa - o pensador mais influente da atualidade e o jornalista Ezio Mauro, jornalista que atua na área econômica há mais de quarenta anos, juntos publicaram um livro bastante sugestivo para o momento denominado "Babel". Trata de vários temas entre os quais a questão do Capitalismo Globalizado e suas consequências de orem econômica e social. Isso mesmo, além dos temas referidos trata também de reflexões nas quais são questionadas a carência de ideias, fatos novos, que ocasionaram relevantes mudanças no mundo atual. Afirmam..."não surgiu nenhuma ideologia ou visão consistente que prometa dar forma às novas instituições para este mundo novo". Isto mesmo, o mundo novo que desponta a inda é enxergado à luz das velhas ideias que pouca ou nenhuma serventia tem para explicar as mudanças que estão por vir. Fato idêntico aconteceu há mais de dois mil anos quando um jovem pregador - que se dizia enviado de Deus - anunciava o despontar de um mundo novo diante de uma plateia constituída de judeus renitentes que não admitiam quaisquer propostas de mudanças nas leis anunciadas por Moses. De maneira didática o jovem pregador, segundo Lucas (5. 33-39) falava: "como pode pano novo ser usado para remendar pano velho?. Ainda...Como pode colocar vinho novo em odre velho? Foi a forma que o jovem pregador usou para anunciar o nascimento de um mundo novo diante de uma plateia incrédula, portanto resistente à quaisquer mudanças contrarias ao seu modo de pensar. Hoje anuncia-se o despontar de um novo mundo assim como foi anunciado ha mais de dois mil anos, mas, a resistência fundamentada em escritos os quais não são apropriados para explicar o que está por vir segundo, Zigmmunt e Eizio. Da mesma forma Jesus, na sua época, deixou bem claro que o mundo do "dente por dente e olho por olho" estava para ceder lugar ao mundo do "perdoar setenta vezes sete"........E hoje,o mundo da dominação do grande capital marcha celeremente para ceder lugar a um novo mundo de "capital democratizado" em razão do avanço dos saberes que serão a base para a geração de eficientes fontes de emprego renda, por conseguinte de bem-estar coletivo. Este é o mundo que se desenha e será construído até o final do presente século.

Ignácio Tavares de Araújo

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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LÍDIA AMOR E DESDITA

Do acervo da pesquisadora  Franci Mary Carvalho Oliveira

No segundo semestre de 1931, depois de uma viagem por Alagoas e Pernambuco para se reabastecer de munição, Lampião havia escondido a munição excedente na fazenda Maranduba, perto da Serra Negra, indo descansar nas imediações do povoado Poços, na entrada do Raso da Catarina. Ele conseguira também com seus amigos em Pernambuco algumas armas, porém a maior parte apresentava defeitos. Decidiu então levá-las para o seu amigo Venâncio Teixeira, residente em Olhos d’Água do Sousa, nas imediações de Santo Antônio da Glória – Venâncio era muito bom nesse negócio de armas velhas, deixava-as novinhas em folha.

No caminho, Zé Baiano começou a sentir dor de cabeça. Tinha febre. Tremia de frio em pleno meio-dia. Estava saindo um caroço no pescoço. Não suportava nem o chapéu na cabeça.

Lampião conhecia um velho chamado Luís Pereira, que morava no Salgadinho, ao lado da Serra do Padre. A mulher dele, Maria Rosa (dona Baló), era costureira e já havia feito muitas roupas para os cangaceiros. Lampião pediu ao velho que cuidasse do doente, enquanto o resto do bando prosseguia a viagem.

A casa de Luís Pereira tinha uma sala ampla, 3 quartos, cozinha espaçosa, e no fundo ficava o chiqueiro dos bodes, pegado a um tanque. Zé Baiano passou uns 15 dias ali. O tumor era tratado com remédios dos matos – chás e emplastros de ervas. Era bem cuidado por todos, inclusive pela filha caçula de Luís Pereira, chamada Lídia, uma linda garota de 15 anos. Quando ficou bom, o cangaceiro fugiu com a menina.

Lídia não foi propriamente raptada, mas, muito jovem, não sabia o que estava fazendo, e no mesmo dia, ao perceber a vida que teria pela frente, tendo de dormir nos matos e viver se escondendo como bicho, se arrependeu de ter saído de casa. Mas aí já era tarde.

Zé Baiano fazia de tudo para agradá-la. Cobria-a de presentes. Quando iam comer, ele reservava os melhores pedaços de carne para ela, cortava a carne em pedacinhos e punha-os na boca de sua beldade. Só tinha olhos para ela.

Nada, porém, era capaz de tirar da mente da garota a mágoa por ter sido arrancada do convívio de sua família. Não escondia de ninguém a revolta com o seu destino. No fundo, odiava Zé Baiano, o causador de sua desgraça.

Havia no bando um cangaceiro chamado Ademórcio, que Lídia conhecia desde criança, nascido e criado no Arrastapé. No bando, ele recebera o apelido de Bentevi. Aquele era o rapaz com quem ela gostaria de viver, e se ambos não tivessem sido arrastados para o cangaço poderiam, quem sabe, ter casado, pois seus pais eram amigos. Com o tempo, Lídia e Bentevi passaram a corresponder-se. Encontravam-se às escondidas sempre que Zé Baiano estava viajando.

Lídia Pereira de Sousa foi possivelmente a mais bonita das mulheres que participaram do cangaço. Era uma morena cor de canela, de cabelo liso, rosto bem delineado, lábios carnudos, olhos negros, com uma dentadura que parecia um colar de pérolas.

Um cangaceiro chamado Coqueiro apaixonou-se por ela. Vivia seguindo-lhe os passos. Certo dia, viu-a mantendo relações sexuais com Bentevi. Coqueiro deixou que os dois terminassem o ato. Bentevi vestiu-se, foi embora. Lídia ficou só. Então, Coqueiro apresentou-se, dizendo:

– Eu vi tudo, do cumeço até o fim. E eu quero tamém...

Lídia refugou:

– Vai-te pros inferno, cabra nojento! Nun tá veno qui eu nun me passo pra um canaia da tua marca? Nun seja besta!

– Ou resorve ou vou contá tudo a Zé Baiano... E tem qui sê agora...

– Pode ir contá até pro diabo! Eu já diche qui não, e pronto!

Isto foi na segunda semana de julho de 1934. O bando estava acoitado perto de Poço Redondo, nas Pias das Panelas, junto ao Riacho do Quatarvo, em terras da fazenda Paus Pretos do coronel Antônio Caixeiro. 

Lampião tinha chegado de Alagadiço, onde havia matado um filho de Cazuza Paulo. Zé Baiano havia ficado por lá para fazer umas “cobranças” junto a fazendeiros daquela região. Quando ele chegou às Pias das Panelas, Coqueiro decidiu contar o que tinha visto. 

À noite, os cangaceiros estavam sentados no chão, uns vinte ou trinta, inclusive as mulheres, em volta do fogo onde assavam carne de bode. O delator expôs o que viu, omitindo, porém, a parte que o comprometia. 

Zé Baiano franziu a testa, os olhos arregalados, como se não estivesse escutado direito, e rosnou para a companheira:

– O qui esse sujeito tá dizeno é verdade, Lida?

– É verdade, Zé – sustentou Lídia, com voz firme. – Só qui esse canaia nun diche a histora toda... Ele dexou de dizê o preço qui izigiu pelo segredo. Ele quiria qui eu desse a ele tamém, pra nun lhe contá. Se eu tenho qui morrê, qui morra, mais um cabra safado desse nun me come!

Um silêncio de chumbo caiu sobre o acampamento. Zé Baiano ficou olhando para Lampião, aguardando ordens.

Lampião levantou-se, andou de um lado para outro, remoendo o terrível problema. Depois, sentenciou:

– O causo dela aí o cumpade Zé Baiano é qui resorve. Ela é dele, faça o qui achá qui deve fazê.

Fez uma pausa, ajeitou os óculos, e continuou:

– Agora, Coquero e Bentevi é cum a gente mermo. Gato, mate esses cabra!

Gato puxou o parabelo, aproximou-se de Coqueiro e deu-lhe um tiro na cabeça. Coqueiro, colhido de surpresa, não esboçou nenhuma reação. Não teve tempo sequer de pedir clemência.

Chegada a vez de Bentevi, percebeu-se que ele havia fugido. Os cabras queriam ir procurá-lo, mas Lampião mandou que tivessem calma:

– Deixem ele. Bentevi é subordinado a cumpade Virgínio, qui nun tá presente. Vou dexá qui ele dicida a sorte desse fio dũa égua.

Zé Baiano mandou que Demudado amarrasse Lídia num pé de imburana. Ele, que já supliciara tantos homens e mulheres com a sua palmatória de baraúna, de repente estava sem saber o que fazer. Lídia era tudo para ele. Passou o resto da noite acordado, sem falar com ninguém. Quando o dia amanheceu, pegou um cacete, foi até o pé de imburana, desamarrou a mulher e matou-a a pauladas, quebrando-lhe vários ossos. Lídia não emitiu uma palavra sequer, não gritou, nem ao menos gemeu. Como arremate, Zé Baiano esmagou a sua cabeça, como se faz com uma cobra. Sangue e massa cefálica esguicharam pela boca, narinas, olhos e ouvidos.

Depois, sem pedir ajuda a ninguém, o cangaceiro cavou uma cova rasa, enterrou-a e, não suportando mais, chorou.

Junto ao pé de imburana, no sangue coagulado, começou a juntar formigas.

Fonte: Lampião, a Raposa das Caatingas /José Bezerra Lima Irmão.Pág 493. 


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