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sábado, 28 de março de 2015

CITAÇÕES SOBRE JOÃO BEZERRA ( PARTES I E II)

Por Paulo Britto

Nota: o http://blogdomendesemendes.blogspot.com postou este artigo do Nobre Paulo Britto falando sobre o artigo da pesquisadora Juliana Pereira, mas não foi postado no intuito de alimentar probleminhas com nenhum pesquisador, e como ele já foi postado no http://cariricangaco,blogspot.com, resolvi postá-lo também no nosso blog. Eu sei que todos os pesquisadores assumem o que escrevem, mas não estou querendo fazer briguinhas entre eles, apenas para manter o leitor do nosso blog informado sobre tudo que é escrito por estes profissionais pesquisadores e escritores.

Diz o Nobre Paulo Britto:

Li o Artigo da Srª Juliana Ischiara “O Polêmico Episódio de Angico – Parte I e II” publicado, neste mesmo blog “Cariri Cangaço”, do nosso amigo Severo; principalmente os pontos onde ela reúne comentários carregados de acusações caluniosas ao Coronel João Bezerra, que até hoje não foram comprovadas por falta de total embasamento. Em atenção a Srª Juliana e a todos os leitores desse respeitado blog, resolvi compilar algumas referências/citações ao Coronel João Bezerra da Silva, feitas por pessoas de realce dentro do contexto do tema Cangaço, as mais diversas possíveis: coiteiros, soldados, oficiais, escritores, pesquisadores, autoridades militares, chefes de volantes renomados de outros Estados, etc.

Meu intuito é único e exclusivo, levar ao público informações para que diante delas, tirem suas próprias conclusões...

Boletim Regimental número 179, de 12/08/1938

Não se enganou, portanto, o Exmº. Sr. Interventor Osman Loureiro, nem tampouco este comando. A perseguição se iniciou de forma tenaz e vigorosa, e não tardou a raiar da manhã de 28 de julho, onde um punhado de 45 bravos comandados pelo Capitão João Bezerra da Silva, 1º Tenente Francisco Ferreira de Melo e Aspirante a oficial Aniceto Rodrigues dos Santos numa arrancada de heróis, atacaram de surpresa, na Fazenda “Angicos” município de Porto da Folha, no Estado de Sergipe, o grupo de famigerado “Lampeão” composto de nada menos de 58 bandidos e com eles numa luta tremenda conseguiram abater 11 sicários, inclusive o Rei do cangaço, pondo os demais em debandada, sem que tivesse tempo, os restantes, de conduzir do campo da luta os seus apetrechos e material de guerra que abandonaram.

... O Exmº Sr. Interventor Federal Dr. Osman Loureiro, vendo realçada, com o mais significativo êxito, a missão de que fora e ainda se acha encarregado o II Batalhão, houve por bem premiar os que tomaram parte na refrega, e assim sendo, graduou no posto de Coronel, o Tenente Cel José Lucena de Albuquerque Maranhão e promoveu por ato de bravura, a Capitão, o 1º Tenente João Bezerra da Silva, a 1º Tenente, o aspirante a oficial Francisco Ferreira de Melo, a aspirante, o 3º sargento Aniceto Rodrigues dos Santos...

Elogio do Coronel Lucena

- Louvor do Coronel Lucena comandante do II Batalhão, transcrito no III item do Boletim nº 285, do II Btl, de 17 de dezembro de 1938.

“Tendo o Sr. Capitão João Bezerra da Silva, sido desligado deste Batalhão, a fim de assumir a função na sede do Regimento. Louvo-o pelo modo brilhante com que soube espontaneamente cumprir as árduas missões de que foi incumbido, quando neste batalhão, mormente na campanha contra o orda de facínoras, perturbadores da paz sertaneja que há tanto tempo vinha sofrendo as agruras conseqüentes da ação do banditismo. Este oficial, demonstrou os nobres predicados de que é possuidor; trabalhador incansável que nunca ousou dar tréguas a tal corja, combatendo-a bravamente até o momento máximo em que assediou com a sua fôrça o conjunto chefiado pelo célebre “Lampeão” que não podendo vazar tal assédio, caiu sem vida, quando para os supersticiosos já era tido como imortal.

Jornal de Alagoas:

O Chefe de Polícia de Alagoas relata como se deu o encontro em que morreu o “Rei do Cangaço”. Quem é o Tenente João Bezerra. A Agência Nacional, do Departamento de Propaganda, procurou ouvir pelo telegrapho, o Secretário do Interior e Chefe de Polícia de Alagoas Sr. José Maria das Neves. O Sr. José Maria das Neves informou o seguinte.
- O Sr. João Bezerra da Silva, nasceu em Pernambuco a 4 (*) de junho de 1898, verificando praça em 29 de novembro de 1921. Foi 2º Sargento em 29 de março de 1922... e 1º Tenente por merecimento em 30 de setembro de 1936. Teve vários encontros com bandidos, tendo de uma feita morto três dos comparsas de Lampeão. ... É official valoroso da Polícia Alagoana e de immediata confiança do governo...

...Espada

Entre os prêmios recebidos por João Bezerra, a sua família guarda, zelosa e orgulhosamente, a ESPADA que ele recebeu do povo de Piranhas em 1938, expressão de gratidão pela morte de Lampião, em cuja “Copa” está escrito: “Ao Capitão João Bezerra pela sua bravura e heroísmo. Offerece o povo de Piranhas.”

Durval Rosa

Colocações de Durval Rosa, irmão de Pedro de Cândido, no livro “Assim morreu Lampião” de autoria do pesquisador e escritor Antônio Amaury, página 105.

... Juão Bizerra dissi qui tava certo i dividiu todo mundo.

Avisou:

- Não conversa ninguém. Puxem o ferrolho dos fuzis. Não dá tiro a tôa.
Passou uma órdem severa.

- Vô passá uma órdem prá todo mundo. Num si dá um tiro sem si vê im quem . Só si atira im cangacero. Soldado num briga deitado, u qui eu incontrá deitado, ou outro qualqué incontrá deitado, atiri i maté qui essi é covardi. Quando vocêis me verim deitado atirim im mim também.

Quando eu gritá, avança, aí eu quero Lampião pegado hoji di qualquer maneira. Ou morto ou pegado a mão!

Nisso Antonho Jacó chegou-si perto deli, tirou o chapéu, botou no chão, pisou im cima i dissi assim.

- Mi solti logo “Seu” tenenti, qui eu quero sabe si Lampião é mais homi que eu.

Ficou doido, doido, doido.

O teneti falô:

- Esperi aí, i tenha calma!”...

Afirmativas como esta feita pelo coiteiro que não tinha necessidade alguma para enaltecer a coragem do comandante da tropa e seu subordinado, não são consideradas por certos pesquisadores que se apegam a comentários tendenciosos que não tem relevância.

Ainda em decorrência ao artigo "Polêmica de Angico" publicado neste mesmo blog, gostaria de fazer constar mais algumas citações sobre o Tenente João Bezerra...

Antônio Jacó

Colocações de Antônio Jacó no livro “Assim morreu Lampião” de autoria do escritor e pesquisador Antônio Amaury Correa de Araújo, página 117, Edição 1982.

-João Bezerra armou uma rede, botou os bornaes pendurados num galho e disse assim: 

- Mané Véio, deita aqui dibaxo da minha rede:

Eu respondi:

- Ôce tá pensando qui eu sô muié? Prá seiscentos diabos!

Mas deitei no chão, qui eu obedecia eli. ...

Quando estive com Antônio Jacó na cidade de Pires do Rio em Goiás, ele bastante emocionado, sem acreditar que estaria ao lado do filho de Ten. João Bezerra, em longa entrevista me disse:

- O seu pai, eu considerava como meu pai.

Elias Marques

Em conversa com Elias Marques, soldado da volante do meu pai, que residia em Olho D`Água do Casado, onde lá estive por diversas vezes, perguntei a ele:

– Elias e essas conversas que meu pai se encontrava com Lampião, etc?

Ele respondeu: 

– Paulo você vai acreditar nisso, seu pai não se afastava pra lugar nenhum que não levasse um de nós e nós nunca vimos falar nisso. 

O Tenente não era de brincadeira”. ...

Estas colocações são para demonstrar a confiança e o respeito de Antônio Jacó e demais soldados pelo então Tenente João Bezerra, demonstrando que pessoas como estas jamais se insubordinariam ao seu comando, a consideração e a confiança do comandante por eles.

Ferreira de Melo

O coronel Francisco Ferreira de Melo no livro do Dr. Estácio de Lima “O Mundo Estranho dos Cangaceiros”, páginas 285, 286 e 287:

-Lastimamos a perda de meu excelente soldado ADRIÃO ou ADRIANO PEDRO DE SOUZA. Também foi baleado o nosso digno Comandante e mais um praça que teve o braço partido.

-De qualquer forma, LAMPIÃO foi liquidado pela tropa sob o comando geral de BEZERRA.

- As precauções e as providências. BEZERRA nunca se mostrava egoísta, ou vaidoso. Gostava de ouvir a opinião dos comandados.

Manoel Neto

Comentário de Manoel Neto em um Jornal do Nordeste:

O capitão Manoel Netto reconstitue, para esta folha, a luta em que se empenhou durante 12 anos.

O capitão Manoel Netto, pertencente à Brigada Militar do Estado, tem a sua carreira ligada ao combate sistemático e constante ao cangaceirismo no nordeste. Por fim, o capitão Manoel Neto allude a antigos companheiros de jornada, destacando os nomes do Tenente Coronel Hygino, do Tenente Arlindo Rocha, Luiz Mariano, Capitão Optato Gueiros, Major José de Alencar, concluindo refere-se ao Tenente João Bezerra dizendo:

- O Tenente João Bezerra a quem conheço pessoalmente, é um official disposto, disciplinado e muito bem quisto no seio da Polícia alagoana e dos Estados vizinhos.

Carta do Cel José Rufino; Jeremoabo, 1 de abril de 1964

Amigo Cel João Bezerra,

... Aqui fica o teu velho amigo que muito te estima.

Olha João, eu ainda hoje sonho com aqueles tempos daqueles em que nós vivíamos naquela mardita campanha.

Manoel Flor

Carta de Coronel Manoel de Souza Ferraz (Manoel Flor)

João Bezerra, Recebi sua carta, ontem, 19 de agosto de 1961, quando me preparava para um ligueiro passeio pela cidade. Seria faltar a primorosa verdade se lhe afirmasse ter sido um momento de alegria ao recebê-la. Foi meu caro amigo muito mais do que uma satisfação passageira. Ela veio me transportar a terreno mais profundo, o qual ficou no passado, mas de meandro crateroso, contemplado por mim com tantas emoções.

Emoção pelo desaparecimento de velhos companheiros, cujas cinzas veneramos com admiração e respeito, pela bravura e respeito; Emoção pelo verdadeiro espírito fraternal que sempre existiu entre as tropas pernambucanas e alagoanas. A confiança fazia com que considerássemos Pernambuco, um pedaço de Alagoas e Alagoas, um pedaço de Pernambuco; Emoção dos dias cruentos que enfrentamos, apesar da dureza da campanha, ocasionada pela fadiga, apreensão e responsabilidade, os nossos encontros efetivados na maior cordialidade, ou melhor festivos. ...

Do amigo e companheiro

Manoel de Souza Ferraz (Manoel Flor)

Floresta, 20/9/1961

Colocações feitas pelo escritor e pesquisador Frederico Pernambucano de Melo, na introdução do Livro “Como Dei Cabo de Lampião” de autoria do Capitão João Bezerra, página 38, 3ª edição.

... as curtas memórias do coronel Bezerra nos revelam um homem eleito pela fatalidade de um destino de aventuras permanente, pondo-lhe a vida a cada passo um obstáculo para saltar e lhe proporcionando a aventura capaz de fazer lamber os beiços a um jovem do Pajeú da época, de poder provar, em pelejas sucessivas, aos seus próprios olhos e aos de terceiros que se tratava de “cabra disposto”. Metido no interminável steeple–chase que culminaria com a destruição do “Rei do Cangaço”, Bezerra há de ter-se considerado um homem de sorte, sob esse aspecto. Pois olhe que até uma onça cruzaria seu caminho para lhe dar oportunidade de tirar uma das mais invejadas cartas de valente: a de matador de onça. ...

Outro comentário do escritor e pesquisador Frederico Pernambucano de Melo, no Livro “Como Dei Cabo de Lampião” de autoria do Capitão João Bezerra, página 55 e 56, 3ª edição:

... Fico à vontade, portanto, para reconhecer em Bezerra o homem que não tremeu no momento em que o destino o aceitou como seu agente e ponta de lança, dando-lhe a chance de virar uma das páginas mais expressivas da história do Nordeste rural. ...

... No cenário de Angico, Bezerra não foi outra coisa. Sujeito e objeto da história, soube fazer-se templo da síntese magnífica. Como um Ahab original, mil vezes afortunado, cuidou em atropelar tudo o que se levantou entre ele e o cangaceiro. E ao lhe tomar no último instante a porta, quem sabe não o terá desenganado de um possível brilho derradeiro das estrelas de seu chapéu, sentenciando como o capitão da perna de marfim:

Louco! Sou o lugar-tenente do destino. Apenas cumpro ordens ...

Billy Jaynes Chandler

Repúdio ao Professor Billy Jaynes Chandler, no Livro da escritora Marilourdes Ferraz “O Canto do Acauã”, 3ª Edição – 2011, página 476:

- Pág. 252: “Estas histórias são repetidas pelos pernambucanos, principalmente por aqueles que, como os da família Flor e outros nazarenos, se sentem ludibriados porque, segundo eles, Lampião foi morto por um oficial de Alagoas, corrupto e covarde, indigno de tal honra. Esta honra, de direito, deveria ter sido deles. Bezerra infame, como era, só pode ter...“ Estas referências aéticas lançadas contra o Coronel João Bezerra não podem ser atribuídas a quem não as deu, no caso os Flor de Nazaré que nem ao menos foram entrevistados pelo professor. E, além de tudo, não concordam com esse tratamento contra o colega de outro Estado.

(Marilourdes Ferraz é filha do Coronel Manoel de Souza Ferraz – Manoel Flor).

Belarmino Neto

Carta do Major da Polícia Pernambucana, Belarmino de Souza Neto, dirigida à escritora Marilourdes Ferraz e publicada em seu livro “O Canto do Acauã” – 3ª Edição – 2011, páginas 486 e 487. Há anos li uma obra de Rodrigues de Carvalho, sobre Lampião tratando do tema, aquele autor não tem dúvida: Afirma que a morte foi mesmo por veneno, obscurecendo o trabalho de João Bezerra a quem não poupa ofensas e cobre de ridículo.

Lendo aquela obra, comentei à margem: “Lampião foi um bandido, sem nobreza, sem ética, sem piedade. Seria um injustificável exagero que se fosse exigir, para a sua destruição, o emprego de princípios, de lealdade cavalheiresca que ele nunca usara para com suas vítimas. Teria sido ele envenenado? Para mim o assunto é irrelevante e não conduz a nada. O Coronel João Bezerra continuará a ser o homem que livrou o nordeste brasileiro daquela praga de vândalos. Que o tenha feito a bala, pelo arsênico, pela surpresa ou através de qualquer artifício, isso não vem ao caso, negar seu mérito pelo extermínio de Lampião, é como negar a Colombo o mérito pelo descobrimento da América. E no entanto, depois de vinte anos de escaramuças através do nordeste, entre o bandido e as forças policiais de 7 Estados, foi o Coronel João Bezerra o único que conseguiu quebrar a calota do ovo e colocá-lo de pé sobre a mesa. ...

Antonio Amaury Correa de Araujo

Correspondência enviada a mim em 06.07.2002 pelo escritor e pesquisador Antônio Amaury Correa de Araújo:... Não é novidade para os pesquisadores que seu pai foi amplamente injuriado, invejado e que teve sua imagem denegrida por comentários oriundos de mentes tacanhas pelo fato de haver sido o comandante que eliminou Lampião e parte do seu bando cangaceiro, ... Isso causou-lhes profundo ressentimento e usaram então dos mais baixos argumentos para achincalhar o episódio da Fazenda Angico.

... Pelo que pude observar nesses 53 anos de pesquisas e com seis mil entrevistas realizadas qualquer pessoa, em qualquer época usando de qualquer método para eliminar Lampião, ... ... seria questionado e destratado e sua atuação estaria sempre em dúvida na visão daqueles que não conseguiram o mesmo desideratum. A imaginação humana não tem limites e até mesmo episódios claros como cristal são colocados sob suspeita.... Para terminar, a polêmica não tem fim. É traição, veneno, tiro e Lampião ainda vivo até a década de 1990. Viva a fantasia, a ficção, a criatividade de alguns pesquisadores menos cuidadosos e pouco honestos para com a história...

PS. Faça o uso que quiser destas, pois é a expressão do meu pensamento e da verdade que obtive de cangaceiros, soldados, coiteiros e outras pessoas envolvidas no episódio de Angico.

Gazeta de Alagoas

06.12.1970 – 1º Caderno, página 3.

Matador de Lampião sepultado em Maceió com honras militares...O Coronel (de Exército) Carlos Eugênio Pires de Azevedo, comandante da Polícia Militar conheceu pessoalmente o Coronel Bezerra há 02 anos em Garanhuns. Lamentou a sua morte. Como última homenagem a corporação da qual é comandante, satisfazia o pedido de João Bezerra de ser sepultado em solo alagoano.

Pelos bons serviços prestados à Polícia Militar de Alagoas e a todo o nordeste, não há tributo que pague ao Coronel Bezerra, pelo que ele realizou, disse o comandante da Polícia Militar de Alagoas. ... “O Coronel Bezerra era um militar cônscio de suas responsabilidades e tratava a todos os seus comandados com igualdade de condições. Devido esse comportamento, diante das tropas, que comandava no Quartel é que ele grangeou a simpatia de todos e consequentemente foi conquistando as promoções, todas elas por relevantes serviços prestados à nossa Polícia, ao Estado e à Nação”.

Espero que estas citações consigam demonstrar, um pouco, de quem foi o homem, o policial militar, o maçon grau 18 que, em todas as suas ações e missões, só fez enaltecer o nome da instituição a que pertenceu, e que, graças a Deus, teve o privilégio do reconhecimento e do respeito dos familiares, amigos, superiores e subordinados. Sempre estive e continuo disponível aos amigos, para poder contribuir com o modesto conhecimento que tenho.

Paulo Britto

filho do Coronel João Bezerra

(*) A data do nascimento correta do Coronel João Bezerra é 24 de junho de 1898.

Totalmente transcrito

Fonte: facebook

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A JUSTIÇA DE LAMPIÃO E O SUPLÍCIO DE ZÉ CALU


Na fazenda Melancia, margem direita do Rio Pajeú, município de Flores PE, residia seu proprietário José Calu. Em 1925, era um homem de 57 anos, que ainda guardava o vigor da juventude. Em uma época em que o patriarcalismo imperava no Sertão, Zé Calu passou a ser acusado por certas pessoas, de haver cometido incesto com algumas de suas filhas. O boato, logo caiu na boca de seus inimigos, que o denunciaram a Lampião, o qual não deixou por menos e começou a pensar nas providências em defesa das sertanejas ofendidas. No dia 21 de Agosto daquele ano, Lampião amanheceu na Fazenda Melancia, à frente de seu grupo, com o propósito de aplicar um corretivo em Zé Calu. Levava consigo o mais inusitado instrumento de tortura que se pudesse imaginar: era um arreador de bezerro, “aquela forte correia de sola tratada com que se ata o bezerro ao membro dianteiro da vaca, para ordenha-la.” Num interrogatório à sua moda, o algoz tentou arrancar de sua vítima a confissão do terrível crime de incesto. Se o conseguiu ninguém, sabe. Mas naquele momento, a existência ou não de prova, era totalmente irrelevante. Lampião deu uma laçada corrediça numa das extremidades da correia e mandou que o desgraçado tirasse as vestes. O infeliz, pressentido o projeto demoníaco, gritou apavorado, mas inutilmente, porque estava bem seguro nas garras dos cangaceiros. Passaram-lhe a laçada corrediça, envolvendo inteiramente seus órgãos genitais. Puxaram-no para junto de um dos armadores de rede chumbados à parede e fazendo dele uma roldana improvisada, nele foram suspendendo e arreando a vítima que urrava de dor. Mas o sicário negava a Zé Calu até mesmo o direito de gritar. Encostou-lhe a parabélum na cabeça e mandou que se calasse, sob pena de ter os miolos estourados. A vítima se calou e... desmaiou. Sobreviveu Zé Calu pouco mais de um mês. Faleceu durante uma viagem que fez ao Juazeiro do Norte, onde pretendia pedir um milagre ao Padre Cícero.

Do livro: Flores do Pajeú
De: Belarmino de Souza Neto

Fonte: facebook
Página: José João Souza

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CURSO CONTA A HISTÓRIA DO CANGAÇO NA BAHIA


O Instituto Geográfico e Histórico da Bahia promove o mini-curso “O Cangaço na Bahia”, que será realizado de 8 a 10 de abril, das 14h às 17h, sob a coordenação do historiador Rubens Antonio.

Professor, historiador e pesquisador do cangaço Rubens Antonio

O Cangaço foi um movimento que agitou o Nordeste, com reflexos que se estenderam desde então. Muito daquilo que é verdadeiro, que é fato, está, atualmente, deturpado, obscurecido por camadas e camadas de recontares, lendas, especulações, facciosidades.

O conhecimento dos principais eventos a ele relacionados, porém, é ainda muito limitado. Daí, este curso buscar não só esclarecer como apontar elementos que referenciem o estado de arte do conhecimento. 

Assim, será trabalhado o sabido e documentado de eventos como combates, abrangências, disposições várias que constituem, muitas vezes, pontos-de-partida para o verdadeiro entendimento enquanto fenômeno histórico.

Acompanhe a Programação:

Dia 8 - 1924 a 1929: Cangaço em ascensão

Alvorada lampiônica
As primeiras notícias
O crescendo do temor
Reações pomposas e inúteis
A chegada efetiva
As primeiras sagas e tragédias
Perplexidades

Dia 9 - 1929 a 1933: Cangaço tonitruante

O apogeu do Cangaço na Bahia
A melhor percepção
Menos perdas
Subgrupos e domínios
Início do contra-ataque
Violência de lado a lado

Dia 10 - 1933 a 1940: Derrocada do Cangaço

Grandes perdas
Marcando passo
Às portas do fim
Lá, apaga-se o Lampeão
Cá, apaga-e o Corisco
Olhando para frente
Mitificação
Olhando para trás


Instituto Geográfico e Histórico da Bahia 
Avenida Joana Angélica, 43 - Piedade
Salvador - BA

71 3329 4463/6336

http://uranohistoria.blogspot.com.br/2015/03/curso-conta-historia-do-cangaco-na-bahia.html

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ATÉ A FOTÓPTICA SE RENDEU A HISTÓRIA DO CANGAÇO. REPORTAGEM COMPLETA, NOS COMENTÁRIOS.





Fonte: facebook
Página: Corisco Dadá

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O nosso blog passou dos 2.000.000 de acessos, e agradecemos a todos os colaboradores, escritores e pesquisadores pelos bons artigos que enviam para serem postados neste blog. Sem os colaboradores e sem os leitores não faremos sucesso. 

Agradecemos aos leitores que por uma razão qualquer, visitam o nosso blog.

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O Cariri Cangaço chega ao Casarão de Patos

Caravana Cariri Cangaço no Casarão de Patos

Após a Conferencia de João Antas na Capela de São Sebastião, manhã de sexta, dia 20 de março de 2015, a Caravana Cariri Cangaço se dirigiu para o famoso Casarão de Patos, a cerca de 1 km do centro do povoado, quando foram recebidos pelos descendentes do Major Floro; pai de Xanduzinha e sogro de Marcolino Diniz; representados pela senhora Maria Lucilene Rodrigues Diniz. "É importante notar que aqui no começo do século vinte tínhamos um forte parque industrial, mostrando a pujança de Patos de Irerê, que além disso ainda tinha e tem um dos melhores solos da região" complementa o pesquisador de Natal, Ivanildo Silveira.

O Casarão de Patos atualmente se encontra em adiantado estado de abandono, o patrimônio histórico representado pelo imóvel corre sérios riscos, inclusive, de não suportar o quadro de chuvas que se avizinha. "Aqui Marcolino botou os olhos em Xanduzinha, filha do Major Floro e deu a ela 15 dias para ela acabar seu noivado com um primo médico de Recife; com dois dias Xanduzinha havia enviado uma carta ao noivo, acabando tudo; daí em pouco meses estavam casados. Foi uma semana de festa neste terreiro aqui do Casarão", revela João Antas.

Neli Conceição, Louro Teles, Jair Tavares e Emmanuel Arruda
Alcides Carneiro e... Afranio Gomes, Tomaz Cisne e Vagner Ramos
Diana Rodrigues, Maria Amélia, Lucilene Diniz e Manoel Serafim
Carlos Alberto

Para o Secretário de Cultura de Aurora, pesquisador e escritor José Cícero Silva: " Um evento como diria o velho sertanejo: Porreta ! Iniciativa da "bexiga lixa" que a propósito podia muito bem ser mais bem vista pelo poder público no sentido de gerar divisas, emprego e renda para a comunidade através do fomento ao turismo, e e´vital a restauração e o tombamento deste patrimônio". Já o pesquisador e profissional da área de turismo, Rostand Medeiros lamenta: " Infelizmente o velho Casarão de Patos está arquejando e prestes a cair o resto que ainda esta de pé, quando eu o conheci, na companhia de meu amigo Sérgio Dantas, ainda tinha muita coisa para se ver, infelizmente hoje a situação é tristemente diferente".

Emmanuel Arruda e Ana Lúcia
Josefa Neta, Carlos Eduardo, Ângelo Osmiro e João Antas
Cristina Amaral Lira e Manoel Severo
Sousa Neto e Professor Pereira
José Tavares Neto
Caçula Aguiar, Manoel Severo e Humberto Paz
Ivanildo Silveira, João de Sousa Lima, José Tavares Neto, Juliana Pereira e a Caravana Cariri Cangaço
 Jose Cicero Silva e Manoel Serafim
Sônia Jaqueline, Ingrid Rebouças, Diana Rodrigues, Reginaldo Rodrigues e Patricia Brasil
Lívio Ferraz e Vagner Ramos

Com o cuidado que a situação do Casarão de Patos inspirava, no que diz respeito a integridade física dos participantes, foi orientado pela organização do Cariri Cangaço que não entrassem no imóvel, resumindo apenas nos registros externos do grande casarão. "E Pensar em tanta história que aconteceu aqui, a invasão a Patos de Irerê, a tomada do Casarão por Clementino Quelé e a grande retomada do mesmo por parte dos homens de Marcolino Diniz, resgatando sua amada Xanduzinha, realmente é algo sensacional. É uma pena que esteja nesse estágio de abandono" comenta a pesquisadora Juliana Pereira de Quixadá.

A secretária de cultura de Lavras da Mangabeira, no Ceará, poetisa e escritora Cristina Couto " nos resta parabenizar ao Cariri Cangaço pelo belo evento, um verdadeiro resgate da historia do nordeste brasileiro, possibilitando a reedição dessa mesma história". Já o representante da Academia de Letras de Crateús, também do Ceará, escritor Humberto Paz, "O Cariri Cangaço foi o evento mais grandioso e espetacular que já participei, fico extremamente agradecido por ter tido a oportunidade de viver este momento tão especial e rico. É fato incontestável que nenhum movimento de cunho cultural, no Brasil, se assemelha à grandiosidade do projeto Cariri Cangaço, parabéns!"

Joao Vanildo, Manoel Severo e Josefa Neta
Roberto Soares e Manoel Severo
João Antas e Miran Basílio
Pedro Bruno e Pedro Barbosa
Raimundo Cândido
Ezequias Aguiar, Sousa Neto e Carlos Eduardo
Oleone Coelho Fontes, Edson Lima e Cristina Couto
Bacamarteiros do Pajeú
 Ezequias Aguiar, Ângelo Osmiro, José Cícero, Sousa Neto, Professor Pereira
Pedro Bruno e Ingrid Rebouças
Casal Lamartine Lima

Manoel Severo curador do Cariri Cangaço fala do significativo momento em Patos de Irerê: "São dois sentimentos; primeiro de imensa gratidão a João Antas, a Rúbia Matuto, a Neta, a Elizabeth, a Lucilene, enfim a todos que nos proporcionaram momentos tão importantes e emocionantes. Sem dúvidas testemunhamos nesta manha de sexta-feira, dia de 20 de março, uma grande festa, e que tomou o coração e a alma de todos. Foi sensacional. O segundo sentimento é de preocupação. Desde a primeira vez que estivemos visitando o Casarão de Patos que entendemos ser urgente uma ação decisiva na direção da restauração de tão precioso patrimônio, com humildade entendemos a longa caminhada a ser percorrida para que possamos ter esse intuito. Hoje tivemos a grata satisfação de sermos recebidos por uma das descendentes; herdeiras do imóvel, a senhora Lucilene Diniz; como também testemunhamos a boa vontade e a disposição do poder público municipal em assumir ao lado de todos, esse desafio. Dessa forma esperamos que possa haver um diálogo franco, sincero, profícuo, entre todos os interessados; herdeiros, poder público, ministério público, grupos de pesquisa, universidades, para concretizarmos esse sonho. O Casarão de Patos, não pertence só a Patos de Irerê, não pertence só a Paraíba, pela sua grandeza e a magnitude de sua história, na verdade, pertence ao Brasil."

Cariri Cangaço Princesa
Dia 20 de Março de 2015
Casarão de Patos
Patos de Irerê, São José de Princesa, Paraíba

http://cariricangaco.blogspot.com.br/2015/03/o-cariri-cangaco-chega-ao-casarao-de.html

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