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domingo, 9 de janeiro de 2022

LIVRO DO DR. ARCHIMEDES MARQUES

 


 São quase 400 páginas, com fatos novos, inclusive uma certidão do casamento da cangaceira Dulce, com o também, cangaceiro, Criança. Uma iconografia muito rica, que vale a pena ter em uma biblioteca. A excelente obra pode ser adquirida diretamente com o autor, através do email: 

archimedes-marques@bol.com.br

Sobre a sua obra, vejamos o que diz o autor, em poucas palavras:

Neste segundo volume passeamos sobre a estada, a passagem, a vida das cangaceiras naqueles inóspitos tempos, suas dores e seus amores nas guerras do cangaço e também após esse tempo para aquelas sobreviventes. 

A história de Carira, seus arruaceiros, seus bandoleiros, seus pistoleiros, os cangaceiros e policiais que por ali atuaram, também é minuciada e melhor estudada com a participação inequívoca de historiadores locais de renome que remontam esse tempo.

Laranjeiras, a histórica e linda Laranjeiras dos amores e horrores, não poderia ficar de fora, pois além de tudo, há a grande possibilidade de Lampião ali ter pisado, até mais de uma vez, para tratamento do seu olho junto ao médico Dr. Antônio Militão de Bragança. Nesse sentido a história, a ficção e as suposições se misturam para melhor compreensão do leitor.

Boas novidades também são apresentadas neste volume, uma com referência ao “desaparecido” Luiz Marinho, cunhado de Lampião, então casado com a sua irmã Virtuosa, outra referente ao casamento de um casal de cangaceiros ainda na constância desse fenômeno ocorrido em Porto da Folha, com a prova documental e, em especial o extraordinário fato novo relacionado a Maria Bonita em Propriá na sua segunda visita àquela cidade para tratamento médico. Fotos inéditas também estão apostas neste volume, que acredito será bem aceito pelos pesquisadores do cangaço.

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=829473713921271&set=gm.805346109674335&type=3&theater&ifg=1

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LIVRO.

   Por Raquel Negreiros

NA SEGUNDA EDIÇÃO DO MEU LIVRO TERÁ MAIS:

1- Fotos.

2- Um capítulo dedicado às Mulheres Ferradas.

3- Um capítulo chamado Zé Baiano Castigado pelo Racismo.

4- Falarei também sobre o preconceito com relação ás Mulheres de Cabelo curto no Brasil e do penteado Chamado Coco a La Garçone ou A Lá Home no qual eu falarei um pouquinho sobre uma das pioneiras do Feminismo no Brasil: Anayde Beriz Paraibana, contemporânea do Cangaço e envolvida na Revolução de 1930.

5- Falarei um pouco sobre o Romance de Afrânio Peixoto chamado também de Maria Bonita.

6- Falarei também sobre o Umbuzeiro da Bandida.

O que vocês acham? Deixem a opinião de vocês.

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LIVRO DO GUILHERME MACHADO.

   Por José Mendes Pereira


Recentemente o escritor e pesquisador do cangaço Guilherme Machado lançou o seu trabalho sobre o mundo dos cangaceiros com o título "LAMPIÃO E SEUS PRINCIPAIS ALIADOS". 

O livro está recheado com mais de 50 biografias de cangaceiros que atuaram juntamente com o capitão Lampião. 

Eu já recebi o meu e não só recebi, como já o li. Além das biografias, tem fotos de cangaceiros que eu nem imaginava que existiam. São 150 páginas. Excelente narração. Conheça a boa narração que fez o autor. 

Pesquisador Geraldo Júnior

Prefaciado pelo pesquisador do cangaço Geraldo Antônio de Souza Júnior. Tem também a participação do pesquisador Robério Santos escritor e jornalista. Duas feras no que diz respeito aos estudos cangaceiros.

Jornalista Robério Santos

Não deixa de adquiri-lo. Faça o seu pedido com urgência, porque, você sabe muito bem, livros escritos sobre cangaços, são arrebatados pelos leitores e pelos colecionadores. Então cuida logo de adquirir o seu! 

Pesquisador Guilherme Machado

Adquira-o através deste e-mail: 

guilhermemachado60@hotmail.com

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MORRO DO CHAPÉU.

  Do acervo do professor, escritor e pesquisador do cangaço Rubens Antonio.

21 de outubro de 1929, no “Diario de Noticias”:
Lampeão e Corisco continuam a fazer inquietas e sobresaltadas as populações sertanejas da zona centro do Estado.
A POLICIA ADOPTA NOVO PLANO
Consoante o texto do telegramma transmittido ao sr. Chefe de Policia pelo delegado de Morro do Chapéo, Corisco e o grupo sob o seu commando foram batidos no municipio de Morro do Chapéo, tendo a luta se travado ás 11 horas da noite de ante–hontem, sabbado.
– A força policial, composta de quinze praças e auxiliada por civis devidamente armados, sob a direcção do delegado, encaminhou–se corajosamentepara o ponto, onde se suspeitava surgisse o grupo sinistro, entretendo–se ahi o tiroteio, durante tres horas consecutivas, até que os cangaceiros fugiram, batidos, deixando armamentos, munições, cantis etc.
CORISCO BATIDO EM MORRO DO CHAPEO
Convencida, agora, de que os bandidos se acham effectivamente divididos em dois grupos, do que lhe deu certeza terem occorrido, nas mesmas horas, o tiroteio de Morro do Chapéo e a façanha de Quebrado, a Chefia da policia, ao que sabemos, vae mudar de plano, já tendo, nesse sentido, telegraphado aos commandantes das forças volantes, dando as necessarias instrucções, a serem observadas dagora por deante.
Aguardemos, portanto, os resultados da nova estrategia, dentro de oito dias em plena execução.
Correspondência de Lampeão para o coronel Benta, de Morro do Chapéu:
"Ilm. Sr. Cel. Antonio de Benta. 
 Estimo suas Saudações. 
Cel., paçando eu nestas midiações Não fiz prano de paçar por ahi divido a lhi respeitar pois seio que o Sr. É um homem muito de Bem e seio que não mi É contaro apois não pretendo faer mal alguns, a estas ondas por este mutivo espero e confio no S.,. apois tenho muitas Boas informações de si, para commigo portanto não tome por prevenção esta paçage minha por aqui sinto mui não lhi mandar uma lembrança apois V.S. conhece minhas condições. Quero receber uma lembrança de ci espero e confio muito no Sr. dispaxe este logo que vou viajando. Disponha deste menor amigo
Virgulino Ferreira Lampeão.
mande mi alguma noticia si já tem do sertão, mesmo Lampião."

Localização de algumas referências do Cangaço

Mapa da região de Morro do Chapéu, com a localização da Fazenda Cercado, onde os cangaceiros pernoitaram, antes de desistir da incursão à Chapada Diamantina e se retirarem. Foi o ponto mais a sul, na Bahia, a que chegaram.
Somente o subgrupo de Azulão conseguiu ir mais a sul, mais tarde, cerca de 20 quilômetros, em outro sítio.

Coronel Antonio de Souza Benta, pintado pelo artista Prisciliano Silva, por encomenda pelo farmacêutico José Aurelino Brito. Nascido em 1868, preparou Morro do Chapéu para resistir a Lampeão. Esta pintura mostra sua aparência à época do evento. - Imagem gentilmente cedida por Antônio José Dourado Rocha.


Acima, o coronel Antonio de Souza Benta, à época em que bloqueou a passagem de Lampeão. Ao seu lado, o coronel Francisco G. Matos, o Chico Matos, comerciante, comprador e revendedor de diamantes, primo do coronel Horácio de Matos. - Imagem gentilmente cedida por Antônio José Dourado Rocha.

Depoimento de senhor que prefere ainda não identificar, de Morro do Chapéu:
"De Lampião tem um caso interessante... quando ele esteve em Morro do Chapéu, e não conseguiu passar... O major Arnóbio Soares Bagano foi personagem de um interessante encontro com o Lampião, na sua fazenda Garapa, bem às margens do rio Jacaré. Em 9 de julho de 1929, quando o bando de Lampião, pernoitou na Fazenda Cercado, que dista vinte e um quilômetros da cidade de Morro do Chapéu... Em seguida, achando que tinha uma armadilha para ele, em Morro do Chapéu, preparada pelo coronel Benta, que tinha mesmo se armado e se preparado para combatê–lo, fugiu, em direção a Sento Sé... Passando pelo Garapa, nas margens do rio Jacaré, pregou um grande susto ao major Arnóbio Soares Bagano, que fazia a sesta dormindo em uma rede de caroá, amarrada em uma árvore... Ele foi despertado com alguém balançando a rede assim, pela corda... O major virou e ficou sentado na rede, olhando... Depois de algum tempo disse:
– Com quem estou falando?
– Tá falando com o capitão Virgulino Ferreira, o Lampião!
O major, fingindo surpresa, perguntou:
– É esse que mata mais que Deus? Me dá então um abraço apertado pra ver se eu morro logo!
Aí, com essa brincadeira, o major Bagano descontraiu o ambiente... Ainda mais que foi logo avisando:
– Não tenha receio! Estão chegando uns rapazes, mas são empregados da fazenda e não há perigo...
O major Bagano ofereceu coco, laranja e comida a Lampião e aos cangaceiros... e ficaram de prosa... Os cangaceiros gostaram de um rifle... pegaram e levaram, mas pagaram.
Em seguida, quando iam embora, pegaram dois animais da fazenda e Lampião disse:
– Esses vão voltar... mas os que os macacos tomarem não voltarão...
E partiram."

Velório de Coronel Antônio de Souza Benta. em 1946. Nascido em 1868, chefiou a preparação, em Morro do Chapéu, para combater Lampeão, que chegou a 21 km da cidade, em 1929. No centro da foto, ao fundo e ao lado direito do caixão, com veste quadriculada, sua esposa Honestina Virgilia Benta.


http://cangaconabahia.blogspot.com/2012/08/morro-do-chapeu.html

A VINGANÇA DE JOÃO DA LAVRA CONTRA LABAREDA CANGACEIRO DE LAMPIÃO

Por Histórias da Vida Real 

https://www.youtube.com/watch?v=AzlrrpNR0RM&ab_channel=Hist%C3%B3riasdaVidaReal

SEJA MEMBRO, AJUDE O CANAL: APENAS 5 REAIS POR MÊS: https://www.youtube.com/channel/UCD8q... #historiasdavidareal #historiasdelampião Contato: artehoraciomoura@gmail.com

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" FIGURAS DO CANGAÇO" - 01 - AÇÚCAR :

 Acervo Helton Araújo.

Seu nome era Triburtino Vieira Feitosa, baiano da região do Brejo do Burgo, foi cabra de Lampião por algum tempo.

Foi morto pela Volante comandada pelo cruel Ladislau Reis, também conhecido como Tenente Santinho. Esse fato se deu em Setembro de 1932 na Fazenda Burdão nas proximidades de Jeremoabo-BA.

Teve sua cabeça decapitada e também fotografada, saindo grotesca foto nos jornais da época.

Obs : O nome segundo o pesquisador Rubens Antônio é " TRiburino " mesmo.

O nome completo vem da pesquisa feita em outra fonte supracitada abaixo.

Edição : @heltonaraujo9

Acervo de Edição : Helton Araújo

Foto : Jornal " A Noite Ilustrada " / Via : Livro Cangaço na Bahia " Cavalos do Cão " de Rúbens Antônio.

Fontes Consultadas : Livro " Lampião em Paulo Afonso " de João de Sousa Lima

Livro : Dicionário Biográfico Cangaceiros e Jagunços de Renato Luis Bandeira

https://www.facebook.com/groups/179428208932798

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PEDRO SANTANA “XEXÉU” A Santificação na Memória

Bruna Martins de Oliveira Ferreira*

https://tsrd.fandom.com/pt-br/wiki/Cangaceiro

Palavras-Chave: Cangaceiro, Santo, Memória, Fonte.

 Resumo

O objetivo deste trabalho é investigar sobre o cangaceiro Pedro Santana, vulgo “Xexéu”, e as memórias em torno de sua vida e morte; analisar a importância das diversas fontes para construção desta memória e assim confrontando as diversas informações, coletadas até esta fase da pesquisa. A questão central é em torno da data de sua morte, que teria sido em 19 de março de 1924, dia de São José, na Vila de Santa Catarina – como fonte sobre a vida e morte de Xexéu, utilizo o Cordel escrito há cerca de 14 anos, por Diomar Araújo e Rozelio Souza (disponível apenas pela internet: Youtube). Os autores do Cordel tiveram como inspiração para a construção do cordel, a coletânea História & Estórias de Catarina, 2003, onde professor Iran Paes de Andrade utilizando de relatos e memórias, escreveu o conto: Pedro Xexéu – o Cangaceiro Santificado, livro que também utilizo como fonte… ou se de acordo com pesquisas realizadas, sua morte estaria ligada a passagem do grupo de Lampião pela cidade de Aurora, na data de 7 de julho de 1927 (relatado no Blog Cariri Cangaço).

Tanto o Conto quanto o Cordel contam a saga do cangaceiro, se baseando em memórias construídas ao longo dos anos. Ambos são registros de memórias. Memórias que ao meu ver estão sendo esquecidas ou deixadas de lado, muitas vezes pela rápida absorção e explosão das redes sociais. Poucos são aqueles que ainda se sentam as calçadas em rodas de conversas, para compartilhar de suas memórias e trocar experiências vividas principalmente com os jovens…valorizar estas duas fontes é valorizar a memória e identidade daquele município (grupo social). Segundo MENESES:

O modo como uma sociedade assegura continuidade cultural, ao preservar, com o auxílio de uma “mnemônica cultural”, seu conhecimento coletivo, de uma geração à seguinte, tornando possível que gerações vindouras possam reconstruir sua identidade cultural. Não se trata de buscar testemunhos do passado, nem mesmo de continuidade cultural, mas de identificar material capaz de assegurar a inteligibilidade do passado, num determinado contexto cultural do presente. O passado, portanto, é ativamente construído. (MENESES, 2009:447)

A variedade de informação adquirida durante a pesquisa em sites, blogs sobre o assunto; relatos diretos e indiretos; análises de artigos e reportagens, foi relativamente extensa, porém ainda não conclusiva, já que encontrei vários relatos e/ou informações sobre a pessoa “Xexéu”, em diferentes locais e datas, gerando assim um conflito com minhas fontes primarias. A escolha pelo Cordel como fonte principal (a priora) é justamente pela pluralidade (inclusive de temas) e a vasta fonte de informação social, econômica e cultural que ele nos proporciona, pois, a utilização do Cordel também tem uma história, os interesses dos historiadores variaram no tempo e no espaço, em relação direta com as circunstancias de suas trajetórias pessoais e com suas identidades culturais (LUCENA,2015). Ser historiador do passado ou do presente, além de outras qualidades, sempre exigiu conhecimento e sensibilidade no tratamento de fontes, pois delas depende a construção convincente de seu discurso (JANOTTI in PINSKY,2008:10).

Sendo assim, diálogo com autores teóricos como POLLAK (1992) – Memória e Identidade Social, sobre memória e a importância da construção da mesma; CERTEAU (2008) – A Escrita da História, com lugar social, inclusive sobre e como o Conto foi escrito; a utilização de fontes como parte importante da pesquisa com PINSKY (2011) – Fontes Históricas, entre outros autores e estudiosos: ANDRADE (2003); BARBOSA; CARVALHO; DANTAS&MUNIZ (2012); FACÓ (1980); LEAL (2012); LUCENA (2015); MATOS (2012); MENESES (2009) se fez necessário para o desenvolvimento da pesquisa.

Utilizando Michel de Certeau, com uma questão do lugar social, onde acontece a produção historiográfica; toda pesquisa historiográfica se articula com um lugar de produção socioeconômico, político e cultural, ou seja, que o local onde vive o historiador e o contexto no qual ele está inserido influencia diretamente na produção da história e na forma como ele interpreta os acontecimentos e os reproduz. Tendo como base o lugar social, me atento na questão da santificação: por que Xexéu havia se tornado santo? Quem o santificou? Porque esta memória se perpetua até os dias de hoje? Como isso se torna relevante para um grupo (s) social (s)?

Importante destacar que um documento é o fundamento de pensamento histórico que também nos traz que tipo de memórias devem ou não serem preservadas pela história… e mais, a importância desses documentos está ligada com o passado de onde este se originou. Nenhum documento emana uma verdade absoluta, todo documento é uma construção permanente que dialoga questões do presente, e nos estabelece um link com o passado através dela (BACELLAR in PINSKY, 2008:25). Sem deixar de lado a importância da escola dos Annales, que trouxe a diversificação de fontes, e as escolas que surgiram posteriores que estudam o cotidiano, assim como LUCENA (2015) cita a importância da Historia Cultural.

Infelizmente a falta de documentos que auxiliariam na pesquisa e até mesmo depoimentos de populares, seria de suma importância, já que estes testemunhos orais ampliam as possibilidades de interpretação do passado (ALBERTI in PINSKY, 2008:155) porém, como a pesquisa encontra se em fase inicial, continuo buscando informações (fontes orais e documentais) que sejam relevantes e que possam contribuir com o resultado final. A autora MATOS (2012:69) conclui que na “visão de um sociólogo, os devotos são autores da história que fazem essas pessoas serem consideradas santas, até porque são utilizados modelos aceitos pela igreja como, capela própria, ex-votos e pedidos dos fiéis”. Como bom historiador e pesquisador nos encanta ler os testemunhos de pessoas do passado, e nos faz entender como era seu cotidiano e suas lutas diárias (BACELLAR in PINSKY, 2008:24). Relato interessante está disponível no Jornal O Povo feito pelo Jornalista Landry Pedrosa, onde o próprio conta algumas das conversas que ouvira quando criança:

(…) dizia o velho Ferreira que o pistoleiro apareceu nos Inhamuns e pediu para se esconder na fazenda Mucuim, em Arneiroz. Propriedade do coronel Mário Leal, fazendeiro respeitado da região.

Porque foi morto Pedro Xexéu? Para responder, Manoel Ferreira, cauteloso com parentes do coronel ainda vivos, fazia uma pequena pausa e dizia: “o finado Xexéu sabia muito”. Em seguida, seu Manoel encarava a pequena plateia, acomodada no patamar da igreja Matriz, e desfechava: “Agora, matem a charada”. E encerrava a prosa.

O Butim Tibúrcio contava, no café do Antônio Gato, que alcançou uma graça depois de ver a morte de perto. Após se engasgar com uma espinha de peixe numa comilança. ‘’. Na hora me agarrei com a alma do finado Xexéu. Tossi forte e a espinha de curimatã voou longe”. A conversa do Butim se assemelha a tantas outras que ouvi contar em Catarina sobre os milagres do cangaceiro santificado.

O relato acima só confirma o medo que a população ainda tem quando são questionados sobre o assunto… marcas deixadas pelo coronelismo que até hoje pairam sobre a comunidade. Sendo assim, o culto se torna uma eterna construção de memória social, tanto de Xexéu como dos devotos e moradores da época, já que a memória, segundo POLLAK é “um elemento constituinte do sentimento de identidade, tanto individual como coletiva, na medida em que ela é também um fator extremamente importante do sentimento de comunidade e de coerência de uma pessoa ou de um grupo em sua reconstrução de si. ” (1992: 05)

Todo historiador se aproxima de um detetive ou de um Sherlock Holmes, pois através da investigação, de indícios, consegue-se nortear seu trabalho. Nenhum documento considerado falso deve ser descartado, e sim investigado. A partir de aí saber filtrar o que deve ou não ser utilizado em sua pesquisa como fonte. Ter o olhar da época, contextualizar cada situação e se colocar no lugar, dando valor as fontes, e esta valorização é dado pelo meio social que está inserido e o que ele representa dentro daquele meio ou época que foi produzido, e o que torna relevante é a análise que se faz dele. (BACELLAR in PINSKY, 2008:63)

Sabe se que desde o início da era cristã, muitos foram os santos populares que surgiram. Muitos foram canonizados e outros desprezados, de certa forma por conveniência pela Igreja, e aqui no Brasil não foi diferente. E durante o período das revoltas e movimentos populares da Primeira Republica, vários santos populares apareceram. Vale ressaltar “Padre Cícero Romão Baptista, é talvez o santo popular que gera mais comoção de fiéis como um todo. Sobretudo, por que assumia com muita propriedade a função de religioso carismático em Juazeiro do Norte, onde possuía bastante prestigio social e político. ” (MATOS, 2012:60)

Hoje no lugar onde Xexéu foi brutalmente assassinado encontra se uma Cruz e uma pequena capela, construída pela população, localizada no Sítio São Bento distante 3 km da sede de Catarina, onde todos os dias 2 de novembro (dia de finados) e nos dias 18 e 19 de março (dia de São José), recebem visitações. Este é o relato do autor do cordel Diomar Araújo que muito contribui para minha pesquisa, inclusive ele mesmo comparece a estas datas acompanhado de sua família. O mesmo me informou que durante estas datas é muito comum a presença de pessoas de outros municípios e Estados irem visitar a capela e fazer suas orações e até mesmo pagando promessas.

A figura de Pedro Santana Xexéu ainda é uma incógnita, mas para muitos devotos é o suficiente. Em meio as dificuldades e mazelas que o sertão proporciona aliado ao descaso dos governantes, ter um refúgio baseado em alguém que mistura o divino com humano é um alento e uma esperança. Essa perspectiva a priora pode ser alterada de acordo com o surgimento de novas fontes ou documentos. Assim como MATOS (2012, pag. 62) cita uma passagem bíblica de Lucas (23:39-43) … ladrões, como aquele que morreu na cruz ao lado do Cristo e se arrependeu, podem sim existir na modernidade, e facilmente se tornarem mártir.

Referências Bibliográficas

ANDRADE, I. Paes. Histórias & Estórias de Catarina. Pedro Xexéu – O Cangaceiro Santificado. Coletânea (Vários autores). Rio-São Paulo-Fortaleza: ABC Editora, 2003, p. 97-126

BARBOSA, Nathan Pereira. Escrita, Legitimação e Construção de Identidades: algumas considerações sobre a historiografia e seus intelectuais. Disponível em: http://uece.br/eventos/semanadehistoriadafeclesc/anais/trabalhos_completos/72-6182-20112013-172539.pdf

CARVALHO, J. Murilo. Os três povos da República. REVISTA USP, São Paulo, n.59, p. 96-115. Disponível em: http://www.journals.usp.br/revusp/article/download/13279/15097

CERTEAU, Michel. A Escrita da História. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2008. Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/3238146/mod_resource/content/1/Michel-de-Certeau-A-Escrita-Da-Historia-rev.pdf

DANTAS, Kyldemir; MUNIZ, C. Cesar. Cangaço – Episódios e Personagens, Edição especial para o acervo virtual Oswaldo Lamartine de Faria. 2012. Disponível em: https://colecaomossoroense.org.br/site/wp-content/uploads/2018/06/Canga%C3%A7o-Epis%C3%B3dios-e-Personagens.pdf

FACÓ, Rui. Cangaceiro e Fanático: gênese e luta. 6 ed. Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira e Edições UFC, 1980.

LEAL, Victor Nunes. Coronelismo, enxada e voto. 7 ed. RJ: Nova Fronteira, 2012, Indicações sobre a estrutura e o processo do “coronelismo”, p. 23-38.

LUCENA, K. G. Melo de. História e Literatura: O Folheto de Cordel em Territórios de Fronteiras. Cadernos do Tempo Presente, n. 22, dez.2015/jan. 2016, p. 57-69. Disponível em: https://seer.ufs.br/index.php/tempo/article/viewFile/5302/4387

MATOS, I. dos Santos. MARIA ALICE: A SANTA SEM IDENTIDADE. Relatório técnico apresentado ao Curso de Jornalismo do Centro Superior do Ceará, mantenedora da Faculdade Cearense – Fac., como exigência parcial para obtenção do grau de Bacharel em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo. Fortaleza, 2012. Disponível em:  http://ww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/JOR/MARIA%20ALICE%20A%20SANTA%20SEM%20IDENTIDADE.pdf

MENESES, Ulpiano T. Bezerra de. Cultura Política e lugares de memória. In: AZEVEDO, Cecília [et al.]. Cultura Política, memória e historiografia. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2009. p. 445- 464.

BACELLAR, Carlos. Fontes documentais: Uso e mau uso dos arquivos. In: PINSKY, Carla Bassanezi (Org.). Fontes Históricas. 3. ed. São Paulo: Contexto, 2008. p. 23-79. Disponível em: http://gephisnop.weebly.com/uploads/2/3/9/6/23969914/fontes_historicas_carla_bassanezi_pinsky.pdf

JANOTTI, Maria de Lourdes. O livro Fontes históricas como fonte. In: PINSKY, Carla Bassanezi (Org.). Fontes Históricas. 3. ed. São Paulo: Contexto, 2008. p. 09-22. Disponível em: http://gephisnop.weebly.com/uploads/2/3/9/6/23969914/fontes_historicas_carla_bassanezi_pinsky.pdf

POLLAK, Michael. Memória e Identidade Social. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, vol. 5, n.10, 1992, p. 200-212.

Sites consultados

Blog Cariri Cangaço, 2010. A Traição de Izaias Arruda, escrito por José Cícero. Acesso 08/08/2018. http://cariricangaco.blogspot.com/2011/03/traicao-de-izaias-arruda-porjose-cicero.html

Blog Cariri Cangaço, 2013. O Ataque de Lampião a Sousa. José Romero Araújo Cardoso. Acesso 08/08/2018. http://cariricangaco.blogspot.com/2013/12/o-ataque-de-lampiao-sousa-porromero.html

Jornal O Povo, 2011. O Reverso do Cangaceiro (Santificados III). Acesso 08/08/2018. https://www20.opovo.com.br/app/opovo/cadernosespeciais/santificadosiii/2011/06/04/noticiasjornalsantificados3,2251045/o-reverso-do-cangaceiro.shtml

Jornal O Povo – Sertão das memórias, 2011. Landry Pedrosa, repórter do Núcleo de Cotidiano. Acesso 08/08/2018. https://www20.opovo.com.br/app/opovo/cadernosespeciais/santificadosiii/2011/06/04/noticiasjornalsantificados3,2251046/sertao-das-memorias.shtml

Blog Vermelho, 2010. A Saga de Lampião por Aurora: Trama e fuga da invasão à Mossoró. José Cícero – Poema conta os 80 anos de Lampião em Aurora. Acesso: 26/09/2018. http://www.vermelho.org.br/noticia/129821-1

Blog Lampião Acesso, 2009. Auto de perguntas feito ao cangaceiro. Dado à autoridade policial da cidade do Crato/CE, em 9/8/1927 – Francisco Ramos de Almeida, vulgo Mormaço em interrogatório. Autor Kiko Monteiro. Acesso 26/09/2018. http://lampiaoaceso.blogspot.com/2009/09/francisco-ramos-de-almeida-vulgo.html

Diário do Sertão, 2009. Aurora e Lampião. José Cícero. Acesso 28/09/2018. https://www.diariodosertao.com.br/coluna/aurora-e-lampiao-2

Blog Tok de História, 2017. LAMPIÃO NO CEARÁ – A VOLTA, NA VOLTA, DO “REI DO CANGAÇO”: A DURA SITUAÇÃO DO BANDO DE LAMPIÃO EM TERRAS CEARENSES, APÓS O FRACASSADO ATAQUE A MOSSORÓ. Autor – Sálvio Siqueira. Acesso: 26/09/2018. https://tokdehistoria.com.br/2017/11/19/lampiao-no-ceara-a-volta-na-volta-do-rei-do-cangaco/

Cordel

ARAUJO, Diomar e SOUZA, Rozelio – CANÇÃO DE PEDRO XEXÉU – CATARINA – CEARÁ.  Disponível em https://youtu.be/uNCyMomxwpI

Agradecimento a:

José Cicero da Silva, (reposta em 05/09/2018) pela indicação ao prof. Pereira. E-mail jccariry@gmail.com

Professor Francisco Pereira Lima (Professor Pereira), de Cajazeiras, Paraíba. (Resposta em 16/09/2018) pela informação do Livro Cangaceiros de Lampião de A a Z de Bismarck Martins de Oliveira, P.280, Impressos Edilson, Campina Grande – PB, 2012. E-mail franpelima@bol.com.br

Kiko Monteiro (resposta em14/09/2018) pela informação do Livro Cangaceiro e Jagunços, Dicionário Bibliográfico, de Renato Luís Bandeira, p. 353, Editora Sollar. E-mail lampiaoaceso@hotmail.com

Diomar Araújo, jornalista e autor do Cordel, que entre os dias 01,03 e 04 de outubro de 2018, através de relato pessoal e com informações sobre o tema, contribui para a construção do meu trabalho.

* Graduando de Licenciatura Plena em História a Distância (FAFIDAM – UECE). martins.ferreira@aluno.uece.br

https://simehisce.wordpress.com/simposios-tematicos/2-memoria-e-oralidade/pedro-santana-xexeu-a-santificacao-na-memoria/

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1928 - CANGACEIROS PRESOS EM RECIFE

 Do acervo do professor, escritor e pesquisador do cangaço Rubens Antonio.

Em 1928, a repressão aos atacantes de 1927, a Mossoró, no Rio Grande do Norte, havia já acumulado algumas prisões.

Nesta imagem, alguns cangaceiros que participaram do evento e já se encontravam presos e concentrados em Recife, em outubro de 1828.

ADENDO: 

Se você quiser conhecer estes cangaceiros, clique neste link abaixo, do blog Tok de História, do historiógrafo e pesquisador do cangaço Rostand Medeiros. Nele, você verá quem é quem na foto acima. 

José Mendes Pereira.

http://cangaconabahia.blogspot.com/2012/08/1928-cangaceiros-presos-em-recife.html

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BILHETE DO CANGACEIRO VIRGÍNIO AO SENHOR CHIQUINHO DE BOM CONSELHO.

 Por Reinaldo Antiquário

Bilhete "cordial" de extorsão enviado pelo ex-cunhado de Lampião Virgínio Fortunato da Silva, o Moderno (1903-1936) ao Sr. Chiquinho, de Bom Conselho (Pernambuco), solicitando certa quantia em dinheiro. A matéria foi publicada no jornal pernambucano "Diário da Manhã", edição de 24 de janeiro de 1932. Porém a notícia foi publicada anteriormente em jornal da capital baiana, sem explicar as circunstâncias de sua apreensão noutro Estado. Eis o conteúdo, com a ortografia da época e seus erros gramaticais:

"Ilm° sr. Chiquinho Vieira - Bom Conselho. Desejo-lhe bôa prosperidade junto com sua família. Amigo o fim deste é somente para vosmicê mi arrumar um cobrinho que é quantia (3:000$000) contos de réis sobre pena senão quizer ficar sem suas fazendas si vosmicê trastejar eu lhe queimo suas Fazendas. O Sr. mandando o dinheiro nós ficamos amigos. O sr. tenha fineza entregar encommenda ao mesmo portador. Espero como sem falta. Nada mais. - Vergino, conhado de "Lampião"."

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25 DE SETEMBRO DE 1926, NO “DIARIO DE NOTÍCIAS”:

 Do acervo do professor, escritor e pesquisador do cangaço Rubens Antonio.

Antonio Ferreira era o irmão mais velho de Lampião.

Os terriveis auxiliares do facinora Lampeão

Antonio Ferreira, irmão do bandido, é considerado mais perverso do que elle!

Os leitores já conhecem, de sobra, a carranca enfezada do famoso Lampeão, e, modéstia á parte, se a conhecem, devem–no á incansavel reportagem do Diario de Noticias, que a publicou, de primeira–mão, depois de consegui–la por intermedio de um representante nosso, nos sertões de Pernambuco.

Irão conhecer, hoje, porém, a mascara tigrina de um irmão do bandido, e de um irmão que é considerado por todas as victimas do misero bandido, como mais perverso, mais hediondo e ainda mais requintadamente brutal do que Virgolino.

Trata–se de Antonio Ferreira, que, ainda ha pouco, em terras do Ceará, rechou ao meio uma criancinha de 1 anno, a machado, porque o pai da mesma, o dr. Virgilio Castro Moreira, feito prisioneiro, se recusou a entregar ao scelerado uma carta para a agencia da Companhia Standart Oil, em Fortaleza.

Os leitores ahi têm a fera no alto destas columnas.

Mirem a sua physionomia, e tremam de saber que similhante monstro pisou terras bahianas no mês passado.

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