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terça-feira, 18 de outubro de 2011

Quem são esses cangaceiros?

Cangaço

Eu, porém  diria que o primeiro da direita para esquerda é o cangaceiro Mané Moreno. Os outros dois eu não tenho competência em afirmar quem são.

Cangaço

Corisco está à esquerda. O que está à direita, alguns estudiosos do cangaço dizem que  é o cangaceiro chumbinho. Mas o poeta e pesquisador do cangaço, 



Kidelmir Dantas afirma que é o cangaceiro Vinte e Cinco.

Cangaço

Grupo de cangaceiros de Lampião.


E estes, você sabe os nomes deles ou não?
 
E estes três você sabe quem são?
 

VÍDEOS SOBRE LAMPIÃO - O REI DO CANGAÇO

Lampião - O trem da história


07. "Delmiro Gouveia" - O Trem da História (parte 1)


08. "Delmiro Gouveia" - O Trem da História (parte 2)
 

Paulo Afonso de Infinita Beleza (1080p)


01. "Navio Itapagé" - O Trem da História



1830 – O REGISTRO DE BATISMO DE ANTÔNIO CONSELHEIRO

Por: Rostand Medeiros
Photo

O PRIMEIRO DOCUMENTO OFICIAL DE UM GAROTO CEARENSE QUE MUDOU A HISTÓRIA DO BRASIL

O documento que vou apresentar no nosso Tok de História é como está documentado o batismo de Antônio Vicente Mendes Maciel, que ficaria conhecido na história do Brasil como Antônio Conselheiro.
Esta é a íntegra do texto;
“Aos vinte e dois de maio de mil oitocentos e trinta batizei e pus os Santos Óleos nesta Matriz de Quixeramobim ao párvulo Antônio, pardo, nascido aos treze de março do mesmo ano supra, filho natural de Maria Joaquina. Foram padrinhos, Gonçalo Nunes Leitão e Maria Francisca de Paula. Do que, para constar, fiz este termo, em que me assinei.
O Vigário, Domingos Álvaro Vieira”
- Livro de Assentamentos de Batizados da Paróquia de Quixeramobim, Livro 11, fl. 221 v.

O registro de batismo de Antonio Conselheiro

Este documento já a muito havia sido pesquisado pelo cearense Ismael Pordeus, que inclusive já havia publicado na íntegra, no periódico cearense “O Nordeste”, na edição de quinta feira, 6 de julho de 1949.
Mas lendo com calma o que está escrito no Livro de Assentamentos algumas equenas e interessantes informações surgem.

Visão que a imprensa conservadora do final do séc. XIX tinha de Antônio Conselheiro
Primeiramente temos que registrar que Antônio Vicente Mendes Maciel nasceu em Quixeramobim, Ceará, em 13 de março de 1830, uma quinta feira, em um ano considerado seco.

Casa onde nasceu Antônio Conselheiro, ainda preservada na rua Cônego Aureliano Mota, nº 210, próximo à Praça Dias Ferreira, Quixeramobim, Ceará - Fonte - Magno Lima
Era filho do comerciante Vicente Mendes Maciel e de Maria Joaquina de Jesus. Para outros o nome da sua mãe era Maria Joaquina do Nascimento, tinha o apelido de Maria Chana e ainda Maria Maciel (In Benício, Manuel. O Rei dos Jagunços, Rio de Janeiro, Editora Fundação Getúlio Vargas, 1997, Págs. 8 e 9, 2ª Ed. / Levine, Robert. O sertão prometido-O massacre de canudos, São Paulo, EDUSP, 1995, Págs.181 a 183, 1ª Ed.).
Dois meses depois do nascimento do jovem Antônio Maciel, no dia 22 de maio de 1830, um sábado, ele foi batizado na Matriz de Quixeramobim, uma majestosa igreja construída em 1755, cujo padroeiro é Santo Antônio, sendo considerado o primeiro templo religioso da região do Sertão Central do Ceará.

Matriz de Quixeramobim - Fonte - Walter Leite
 
Coincidentemente, o dia em que o jovem Antônio Maciel foi batizado é dedicado pela Igreja católica a devoção da monja agostiniana batizada como Rita, que morreu na cidade de Cássia, no ano de 1457, na província de Umbria, Itália. Mas não existe nenhuma indicação que a mãe de Antônio Maciel, Dona Maria Joaquina, fosse devota desta santa e decidiu batizar seu filho neste dia.
Certo é que ao lemos o Livro de Assentamentos de Batizados da Paróquia de Quixeramobim, Livro 11, fl. 221 v., atualmente pertencente à Diocese da cidade cearense de Quixadá, vemos que somente o jovem Antônio foi batizado naquele sábado.

Capa do livro de Assentamentos, onde está o registro de Antônio Conselheiro
 
Primeiramente chama atenção na foto do registro, logo abaixo do nome “Antônio”, a designação de sua cor como sendo “Pardo”, o que aponta o alcance das designações raciais no Nordeste do Brasil daquela época.
Percebemos a ausência do pai no registro e, provavelmente, na própria cerimônia.
Para aqueles que estudam a vida do Conselheiro, a ausência documentada de Vicente Maciel naquele livro de registro e a possível ausência na cerimônia de batismo de seu único filho varão não é nenhuma novidade.
Vicente era tido como um homem direito, trabalhador, mas muito complicado, como se diz atualmente. Estava no segundo casamento, era parcialmente surdo, considerado taciturno, que ocasionalmente realizava péssimos negócios que geravam dívidas e era alcoólatra. Em uma ocasião, quando bêbado, havia espancado a primeira mulher quase até a morte.
Analisando as folhas de batismo dos meses anteriores e posteriores ao batizado de Antônio Maciel, o seu registro é o único que não consta o nome do pai.
Teria havido problemas com o vigário local?
Ou alguma alteração séria teria ocorrido na época, a ponto de indispôr Vicente com o meio social do seu lugar e comprometer sua participação no evento?
Ou estaria vergado de cachaça, sem condições físicas para participar da cerimônia?
A razão não se sabe. Mas seu nome não consta do documento.
Igualmente nada sabemos dos padrinhos Gonçalo Nunes Leitão e Maria Francisca de Paula.
Outra situação interessante diz respeito ao nome do vigário. Para muitos o nome do representante da igreja em Quixeramobim que batizou Antônio Maciel seria Antônio Álvaro Vieira. Mas analisando a sua assinatura, o nome que surge é Antônio Alvares Vieira. Na foto da assinatura do vigário é possível distinguir nitidamente o “S” de Alvares.

Assinatura do vigário Antônio Álvares Vieira
Sendo este o nome correto do vigário, encontramos a figura de Domingos Alvares Vieira, um religioso católico nascido na cidade pernambucana de Goiana e batizado em 22 de outubro de 1795. Era filho de José Alvares Vieira e de Francisca Lourenço. Ordenou-se em Olinda e depois foi vigário no Ceará (Em Quixeramobim?).
Depois tornou-se lente do Liceu da Paraíba. Teve participação política, onde foi Deputado Provincial da Paraíba, na 1.ª Legislatura, cuja sessão de instalação ocorreu no dia 7 de abril de 1835. Foi Deputado à Assembleia Geral, pela Paraíba, na 3.ª Legislatura, de 3 de maio de 1834 a 15 de outubro de 1837.
Após esta experiência política, o sacerdote Vieira voltou a Goiana de onde foi vigário durante muitos anos. Foi Conselheiro do Governo de Manuel de Carvalho e ainda vivia em 1849. (In Pio, Fernando. Apontamentos Biográficos do Clero Pernambucano (1535 – 1935). Recife, Arquivo Público, 1994, 2 volumes).
Seria o religioso Vieira, que foi Deputado Provincial, o mesmo que anos antes batizou uma criança que se tornaria Antônio Conselheiro?

O registro do jovem Antônio Maciel é o primeiro da folha esquerda
 
Infelizmente é outro questionamento sem uma resposta.
Sobre o local de nascimento de Antônio, segundo material contido no site http://meltingpot.fortunecity.com/hornsey/372/evolucao.htm, informa que Quixeramobim primeiramente surgiu a partir de uma propriedade denominada Santo Antônio. Depois o lugarejo foi paulatinamente evoluindo pra a pequena povoação denominada Santo Antônio do Boqueirão, ou Santo Antônio de Quixeramobim.
Consta que oficialmente o lugarejo  pertenceu primeiramente à Vila de São José de Ribamar do Aquiraz até a sua elevação a vila, o que se confirma mais uma vez com asa transcrições que se seguem: Ao ouvidor Manuel de Magalhães Pinto de Avelar de Barbedo “coube-lhe instalar a Vila de Campo Maior de Quixeramobim, até então pertencente a Aquiraz, a 13 de junho de 1789″.
O site ainda aponta que os sertões de Quixeramobim eram constituídos de vastos campos que se estendiam pelas planícies adjacentes. Porém, sobre o nome Campo Maior a verdade histórica aponta que por orientação do marquês de Pombal, primeiro ministro de D. José I, foi expedida uma Carta Régia, datada de 6 de maio de 1758, determinando que toda vila a serem criada no Brasil-Colônia, teriam que receber nomes de localidades existentes em Portugal. Essa medida perdurou até metade do ano de 1803, quando deixou de ser cumprida.

Quixeramobim atualmente - Fonte - Magno Lima
Ao ser elevada a categoria de vila, o lugarejo teve seu nome mudado para Vila de Campo Maior, devido à determinação contida na lei acima. O nome de Vila de Campo Maior não foi bem aceito pela população, que continuou a fazer uso do termo Quixeramobim, isto é, Vila de Quixeramobim e, raramente, Vila de Campo Maior de Quixeramobim.

Outra visão do texto original
Na época do nascimento de Antônio Vicente Mendes Maciel, a comunidade já era conhecida apenas como Quixeramobim e assim está descrito nos autos do batismo.
O resto da história de Antônio Conselheiro é bem conhecido e todos sabem o seu desfecho.
P.S. – Um agradecimento todo especial aos membros da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, sede de Natal,  pelo apoio na realização deste artigo. (http://www.lds.org.br)


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ENTREVISTA COM "MANOEL SEVERO" - CARIRI-CANGAÇO

Daniele, SEVERO e Honório Medeiros

Manoel Severo é um gentil-homem empreendedor de alto nível. Do nada, à custa de disciplina e talento, criou esse evento acerca do Cangaço, Coronelismo e Misticismo, que é referência no Brasil. Este ano, em Setembro, estaremos todos juntos lá, no Cariri, sob sua batuta .

Ao blog
honoriodemedeiros.blogspot.com , gentilmente, Severo concedeu esta entrevista:

Blog: tudo pronto para o Cariri Cangaço deste ano? Quando será, quantos palestrantes, os temas...

Severo: Na verdade, o Cariri Cangaço não pára, é encerrando uma edição e já começando a formatar e preparar a próxima; entretanto, para um evento desta natureza e com abrangência e capilaridade que ele acabou assumindo, neste mês, vamos dedicar mais atenção à finalização de sua programação. Este ano o Cariri Cangaço terá como sub tema: “Da Insurreição a Sedição”, trazendo para nossos convidados dois episódios marcantes da história de nosso Cariri: a Insurreição de 1817, onde irão despontar personagens como Bárbara de Alencar, Martiniano de Alencar e Tristão Gonçalves, e a Sedição de Juazeiro, quando Padre Cícero e Floro Bartolomeu se levanta contra o governo de Franco Rabelo, protagonizando um dos épicos da história de nosso Ceará.
Teremos 16 Conferências seguidas de Mesa de Debates, com temáticas versando não apenas acerca do Cangaço, mas temas nordestinos, passando pelo Messianismo, Coronéis, Arte, Música, Fotografia, Cinema, dentre outros.

Blog: Quantos municípios estão envolvidos no evento? O Estado participa?.

Severo : o evento que iniciou com quatro municípios, Crato, Juazeiro do Norte, Barbalha e Missão Velha, agora conta com mais três importantes cidades: Aurora, Barro e Porteiras, cenários também de importância ímpar dentro do contexto do ciclo do cangaço do inicio do século passado. O governo do estado do Ceará ainda não confirmou sua participação, mas não temos dúvidas que teremos o apoio do senhor secretário da cultura, Professor Pinheiro e do senhor governador Cid Gomes.

Blog: Qual a previsão de público?.


Severo: Já temos a confirmação de 118 pesquisadores e escritores de todo o Brasil. Serão representações de 14 estados da federação, além de um público participante nas sete cidades anfitriãs, de cerca de 1.300 pessoas, entre estudantes, professores, curiosos, público em geral.

Blog: abra o jogo e diga quais os maiores problemas que vc enfrenta para montar um evento dessa natureza!

Severo: sem dúvidas, e não é privilégio do Cariri Cangaço, o maior problema é a questão financeira, pois o evento exige uma infra-estrutura muito pesada, em todos os sentidos, só para os amigos terem uma idéia, no ano passado acolheu com hospedagem, alimentação e transporte, 104 personalidades do universo da pesquisa de temas nordestinos; ainda temos toda parte de mídia, de infra-estrutura dos espaços, enfim, o custo é considerável, e este ano já temos confirmados 118 convidados especiais. Considerando essa questão como a primordial, o resto fica por conta do empenho e dedicação de uma equipe formada por mais de 120 profissionais de todos os municípios, universidade, institutos culturais, enfim, que é a alma do Cariri Cangaço.

Blog: ainda há muita coisa a ser conhecida em relação ao Cangaço, em termos de fatos, ou o tema já se esgotou?

Severo: Não vejo o Cangaço como um tema estático ou mesmo esgotado em suas possibilidades de pesquisa, entendimento e ou aprofundamento. A enorme influência que o fenômeno acabou determinando às sociedades rurais em sua área de atuação e hoje difundidas na música, na poesia, na estética, na arte, na culinária, na medicina sertaneja, no entendimento da relação do homem com seu habitat, enfim, nos remetem a um universo inesgotável, inclusive vindo agregar ainda mais valor ao trabalho dedicado desses grandes vaqueiros da história, pesquisadores, memorialistas, escritores... Por isso não vejo o cangaço como algo que já não tenha o que comentar, estudar, discutir.

Blog: em termos de avanço no estudo do Cangaço, o que vc pode apontar de novo?

Severo: Justamente o que nosso amigo Honório de Medeiros provoca, rsrsrsrs: a Nova Onda do Cangaço; com um olhar diferenciado, analítico e sem preconceitos, contando com a participação das academias, dos centros culturais, das sociedades literárias, enfim; o que vejo de novo nesta seara do estudo e pesquisa do tema é justamente esse novo viés, ou seja, a partir das várias áreas do conhecimento humano, se criar um ambiente favorável para se entender melhor esse que foi sem dúvidas um dos mais marcantes episódios de nosso sertão.

Ao final é deixar um grande abraço e convidar a todos para nos dá o prazer de compartilhar conosco momentos inesquecíveis em nosso Cariri Cangaço 2011, entre os dias 20 e 25 de setembro, no Cariri do Brasill.

Fonte:
Manoel Severo, ao blog
OBS: O CARIRI-CANGAÇO é o maior encontro do gênero, no Brasil.

Ocorrerá este ano, no período de 20 a 25 de setembro, nas cidades de:
Crato, Juazeiro do Norte, Barbalha, Missão Velha, Aurora e Barro.

Além das palestras, ocorrerão, também, visitas de campo, feira de livros, etc..
Abraço a todos, e, vamos participar moçada....!!!

IVANILDO ALVES SILVEIRA
Colecionador do cangaço
Natal/RN

COMENTÁRIO

Por: José Mendes Pereira

No dia 19 de  maio de 2011, o Secretário de Cultura de Aurora, no Estado do Ceará,


José Cícero, fez um comentário sobre: "Tenente Pompeu e a Morte de Virgínio", escrito pelo cineasta

Paulo Gastão e Aderbal Nogueira

Aderbal Nogueira e  publicado no blog Cariri Cangaço

MESTRE ADERBAL:

Sempre antológico e afirmativo em tudo que faz o mestre companheiro ADERBAL NOGUEIRA. Seus informes(registros), tanto na escrita, quanto nas objetivas e na película são de uma precisão quase cirúgica. O trabalho desprendido e apaixonado do Aderbal tem sido deveras fundamental como contribuição para o resgate, a preservação e o reconhecimento da história deste verdadeiro fenômeno sociológico que foi o Cangaço.
Parabéns para este 'homem de execeção' ainda é muito pouco. Que Deus o recompense com plenas graças: saúde, vida longa e prosperidades tanto em espírito quanto em matéria. Porque Ele merece e faz jus.



Valeu amigão!
José Cícero
Aurora-CE.


jccariry@gmail.com
www.prosaeversojc.blogspot.com
www.jcaurora.blogspot.com
www.blogdaaurorajc.blogspot.com
http://www.aurora.ce.gov.br/

www.seculteaurora.blogspot.com/


Extraído do blog "Cariri Cangaço"

Falando nisso...

Alagadiço - Frei Paulo é Rota do Cangaço em Sergipe


O messianismo que surgiu no Nordeste, e principalmente o banditismo que se tornaram comuns, especialmente durante a República Velha esboça o abandono pelas autoridades entremeado de período de desmedida repressão contra os mais humildes dos sertões. Eis porque Lampião ainda é visto como um mal menor por muita gente, diante da selvageria dos senhores fazendeiros.


Todavia, os horrores que os cangaceiros praticavam, muitas vezes levavam a reações como a que houve no Alagadiço contra Zé Baiano que acabou morto, dando início ao declínio do banditismo nos sertões. Alagadiço, pois, marca o primeiro grande revés no cangaço já que não se tratou apenas de expulsar os cangaceiros: eles foram desmoralizados com a morte de um dos mais temidos.


Atualmente, fruto do trabalho incansável do exército de um homem só, de Antônio Porfírio de Matos Neto, foi montado e é mantido por este um museu com várias e valiosas peças no mesmo povoado, daquele período negro da história nordestina, próximo do local do assassinato do terrível Zé Baiano, em 07 de junho de 1936 que, entre outras manias, tinha a de ferrar suas vítimas mulheres depois de as estuprar.

Curiosamente, a instalação do dito museu está às margens daquela que foi canal para o primeiro grande choque entre o branco dominador e o índio e o negro: a gênese do povão brasileiro.

Chega-se ao povoado tomando-se a BR-235 até Frei Paulo, e daí até o trevo para o mesmo povoado por mais três quilômetros; e do trevo até lá por estrada asfaltada, mais sete quilômetros. O museu está localizado numa casa modesta, às margens da estrada real dos quilombos, na saída no sentido da cidade de Carira. Está sempre aberto à visitação nos ho
rários convencionais.
 

Créditos: Andarilho 59, YouTube

Mossoró se despede de Irmã Aparecida - A fundadora do Movimento de Mãe Rainha na Cidade e Região Oeste do Estado do Rio Grande do Norte.


No dia 24 deste mês, fará um ano que a IRMÃ APARECIDA partiu para junto de Deus.


O corpo da Irmã Aparecida chegou em Mossoró-RN às 02h20min, e foi velado no Colégio Sagrado Coração de Maria local em que residia desde 1967.


A missa de corpo presente foi presidida pelo Bispo Diocesano, Dom Mariano Manzana, e concelebrada pelos padres Severino e Sátiro Cavalcanti, ambos da cidade de Mossoró.


Uma grande multidão acompanhou o cortejo fúnebre até o Cemitério São Sebastião para se despedir da Irmã Aparecida.


BIOGRAFIA 

Letícia Rodrigues Duarte a jovem de ontem, a Irmã Aparecida a religiosa de hoje é filha de Francisco Ferreira Duarte e Francisca Rodrigues Duarte. Nasceu no Sítio Vársea da Pasta, região pertencente à paróquia do Alto da Conceição Mossoró-RN. Residiu durante toda a infância e adolescência na fazenda Barrinha dos Duartes, BR-304, a 12km da cidade de Mossoró.
Pertencendo a uma família católica foi conduzida à Pia Batismal na Catedral de Santa Luzia, recebendo por padrinhos o Sr. José da Costa Fernandes e Sra. Vérsia Fernandes. O sacramento da Eucaristia foi concretizado na própria Fazenda onde residia, por Monsenhor Medeiros Leite.


A formação educacional foi iniciada no próprio lar, pois sua mãe desempenhava a função de educadora, alfabetizando a família e toda vizinhança em sua própria casa, algo que a tornou muito respeitada e amada por toda a comunidade, recebendo o carinhoso nome de Dona Chiquinha.
Letícia Rodrigues Duarte tendo domínio da leitura e da escrita, prosseguiu sua escolaridade no Grupo Escolar 30 de Setembro em Mossoró, onde concluiu o curso primário. Transferiu-se para o Colégio Sagrado Coração de Maria com o objetivo de cursar o ginásio, conseguindo concluí-lo com méritos em 1942. Foi neste colégio que despertou sua vocação para vida religiosa.


Ao concluir o curso ginasial recebeu o chamado de Deus e' ingressou no convento em Salvador-BA no dia 10 de Janeiro de 1944 para iniciar seu postulantado. Esses estudos se desenvolveram até o mês de agosto do mesmo ano, dando-lhe as condições para ingressar no noviciado em 15 de agosto. Nesse ato recebeu da CONFHIC o seu nome religioso, Irmã Maria da Conceição Aparecida, tornando-se nossa querida Irmã Aparecida. Caminhou convicta de seu desejo de consagrar-se definitivamente ao Senhor, o que foi se consolidando com sua la profissão simples, ocorrida em 11 de fevereiro de 1947 e a profissão perpétua em agosto de 1953.
Com todo caminhar de sua formação religiosa, a Irmã Aparecida não abandonou sua formação profissional e optou pelo magistério como área de trabalho, por isso ingressou no curso pedagógico no Colégio Patrocínio de São José em Aracajú/SE, pertencente a Congregação Franciscana Hospitaleira da Imaculada Conceição ¬CONFHIC.

Foto 02 - Irmã Aparecida em 1972

Concluindo o curso pedagógico obteve aprovação em 10 lugar na seleção para o curso superior de geografia, na Faculdade de Maceió/ AL. Ao concluí-lo, ainda se dispôs a outros cursos superiores como: História, em Salvador-SA, Sociologia, em Itabuna-SA, Secretariado Escolar, em Salvador-SA.
Em sua história de vida a Irmã Aparecida se fez presente em cinco fraternidades da CONFHIC atendendo as convocações superiores. Os colégios onde atuou foram: Colégio Imaculada Conceição, Penedo/ AL onde permaneceu 10 anos; Colégio Patrocínio de São José, Aracajú/SE (2 anos); Colégio Sagrado Coração de Jesus, Estância/SE (2 anos); Colégio Nossa Senhora das Graças, Própria/SE (2 anos), Colégio Sagrado Coração de Maria, Mossoró/RN (37 anos). Em todos estes colégios a Irmã Aparecida desempenhou as funções de professora, educadora e coordenadora de formação humana das alunas internas.


No Colégio Sagrado Coração de Maria, sua residência desde 1967 assumiu várias funções na área educacional: Foi secretária geral, professora de várias gerações e Diretora durante 4 mandatos. Atualmente integra a equipe administrativa na função conselheira geral deste colégio.
Esta é uma história de vida consagrada a Deus e ao trabalho, que já se tornou um exemplo de fé, de luta, de competência, de conquistas, de respeito e de destaque em nossa cidade Mossoró e em toda CONFHIC.
Mossoró-RN, 24 de outubro de 2010.

ADENDO

José Mendes Pereira - proprietário deste blog.

Irmã Aparecida era irmã de Manoel Duarte, o homem que matou o cangaceiro Colchete e baleou Jararaca.

A irmã Aparecida foi para bem perto de Deus,  uma religiosa que muito fez pelos pobres de Mossoró, e principalmente pelos moradores da Barrinha. Fui um dos que muito ela ajudou, quando em tempos remotos, nós morávamos em propriedades da família, Dona Chiquinha, sua mãe, e ela me trouxeram para Mossoró, colocando-me na Casa de Menores Mário Negócio, uma instituição escolar.
Lá fui cuidadosamente assistido pela então diretora do estabelecimento, Ana Salem de Miranda, a dona Caboquinha, ou Cabloquinha como é chamada. E muito agradeço a estas admiráveis mulheres que me conduziram para o estudo. Cheguei a cursar faculdade, isto é, não só cursando, e sim, concluindo um curso que muitos naquela época não tiveram a mesma sorte.
Mesmo eu não tendo condições para manter os meus estudos, elas foram as principais patrocinadoras. Que Deus não deixe de estar sempre presente a elas no seu amado reino. E a Dona Caboquinha, lhe entregue muitos e muitos anos de vida.

http://tercodoshomensmaerainhamossoro.blogspot.com/
2010/10/mossoro-se-despede-de-irma-aparecida.html

"MEU CONSELHO COM RELAÇÃO ÀS DROGAS"

Por: José Romero Cardoso

Perdí meu querido pai quando tinha apenas seis anos de idade, razão pela qual fiquei privado de certos conselhos que só o genitor é capaz de proporcionar, não obstante o vício infeliz do álcool que o acompanhou até o fim da vida.
Seguindo o “exemplo” de conceituados literatos no meu estado, enveredei pelo mundo das drogas, fumando maconha sofregamente. A porta de entrada para drogas mais pesadas é justamente por esse caminho, experimentar a “erva do diabo”.
Ninguém queira saber como é triste a sina dos dependentes químicos. Conviví com pessoas perdidas no mundo das drogas, gente que não sabia o que faziam para saciar o vício. Só fiquei inteirado da situação quando Deus me concedeu a oportunidade sublime de me recuperar na fazenda da esperança santa Rosa.

Lá ouvi depoimentos tenebrosos, fiquei a par do que realmente as drogas proporcionam, do que as pessoas são capazes de fazer, como os pais são infelicitados pelo consumo de substâncias tão nocivas à saúde e ao convívio social.
Não vale a pena querer trilhar novas experiências marcadas pelo consumo de drogas. O perigo que as substâncias entorpecentes proporcionam não credencia ninguém a tentar prová-las.

É um mundo horripilante, marcado pelo inusitado, pois tudo pode acontecer, a qualquer momento, a morte ronda cada passo de um dependente químico, não há nada a mais a dizer a não ser que Anjos da guarda são responsáveis, com a permissão de Deus, por constantes livramentos daqueles que são infelicitados pela doença que é o consumo de drogas.
Houve épocas em que o consumo de drogas era incentivado através de eventos destacados com alarde pela mídia. Esse absurdo ainda está presente, mas com conscientização e apoio notar-se-á que se trata de profundo equívoco a serviço de uma causa desastrada e sem princípios.
Jovens, não queiram adentrar o submundo das drogas, cada milímetro quadrado desse obscuro universo é pautado nas tentações do inimigo.

Com amor e perdão, com compaixão e dedicação de todos haverá condições de se vencer esse desafio que hoje está representado no avanço avassalador do consumo dessas porcarias que enodoam o físico e o espírito de todos que se deixam levar por esse caminho tortuoso e cheio de espinhos.
Existem pessoas que lutam em favor da vida. Em todos os lugares há a Mão de Deus agindo de forma expressiva.

Basta acessar sites como o da Fazenda da Esperança e o do nobre e honrado bacharel Dr. Archimedes Marques que constataremos a luta de gente boa em prol da vida, a fim de que esses males terribilíssimos sejam banidos da face da terra.
Bebidas alcoólicas também são drogas e como tais devem ser tratadas de forma intransigente e inexorável a fim de que sejam proibidas, sejam banidas, tenham o consumo proibido ou limitado. Álcool é uma droga tão pesada quanto qualquer outra que provoque dependência química. Álcool também é uma desgraça que enodoa os corações e as mentes.
Drogas não levam a nada, a não ser ao fundo do poço, à desmoralização, ás aflições próprias e também das famílias, as quais sofrem demais devido ao consumo adicto e desenfreado de tais mazelas que estão ameaçando toda a construção social.
A vida boa é àquela sem drogas, sem ameaças, sem medo do amanhã, sem a menor tentação do mal nas portas dos sofridos pais de famílias. Vida boa é aquela que se pode viver plenamente, com Deus no coração e com o desfrute de todas as coisas benéficas que Ele nos proporciona cotidianamente.
Venceremos o desafio que as drogas estão fomentando a partir do momento que nos unirmos e através da unidade proporcionada pela palavra do Filho do Homem, contida nos Evangelhos, possamos pregar a paz, a concórdia e a harmonia entre todas as pessoas a fim de que o mundo seja livre de todas as ameaças que no presente infelicitam os nossos lares.
*José Romero Araújo Cardoso, geógrafo, professor-adjunto da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte  
CONTATO: 


Notas históricas sobre o ousado ataque cangaceiro de 27 de julho de 1924 à cidade de Sousa (PB)

Por: José Romero Cardoso

Quando dos festejos do reveillon, em Triunfo (PE), acalorada discussão envolvendo Marcolino Pereira Diniz e o magistrado local, de nome Dr. Ulisses Wanderley, resultou em tragédia, pois o primeiro, filho do poderoso “Coronel” Marçal Florentino Diniz, também sobrinho e cunhado do “Coronel” José Pereira Lima, chefe político de Princesa, alvejou o juiz, seguindo-se ainda disparo efetuado por homem da confiança do caboclo Marcolino, conhecido por Tocha. O magistrado ainda conseguiu reagir, atirando em Marcolino.

Raciocinando sobre a dimensão do fato, não restou outra alternativa ao guarda-costa de Marcolino a não ser escapar da grande enrascada em que se meteram. Marcolino foi preso e constantemente ameaçado pelos familiares e amigos do magistrado assassinado.

Pressentindo o imenso perigo que o filho corria, o “Coronel” Marçal Florentino Diniz recorreu aos préstimos de Virgulino Ferreira Lampião para retirar Marcolino da cadeia em Triunfo. Lampião e seu séqüito composto de oitenta homens cercaram Triunfo e exigiram a imediata libertação do prisioneiro, o que foi prontamente atendido pelas autoridades locais.


Levado a Princesa, Marcolino recuperou-se do tiro que sofreu. Recrudescia a antiga amizade entre Lampião e Marcolino. Fotos históricas retrataram Lampião e seus cabras, no ano de 1922, na Fazenda da Pedra de Laurindo Diniz, irmão do “Coronel” Marçal Florentino Diniz. Portanto, era bem firmada a relação de coiterismo que foi estabelecida na região serrana, fronteira do Estado da Paraíba com o Estado de Pernambuco.

Nos meses seguintes, já no ano de 1924, houve combates intensos entre cangaceiros e volantes pernambucanas. Entre Conceição do Piancó (PB) e São José do Belmonte (PE) Lampião foi ferido no tornozelo, passando péssimos momentos em razão da gravidade do estrago que o projétil provocou.

Dias se passaram até que chegou ao conhecimento de Marcolino a situação que o importante aliado estava passando. Foi enviado grupo de resgate, comandado por Sabino Gório, para resgatar o cangaceiro.

Lampião foi levado para o reduto de Marcolino, o lugarejo de Patos de Irerê, localizado a cerca de 18 km de Princesa, no sopé da serra do Pau Ferrado. Duas propriedades de Marcolino – a Manga e o Saco dos Caçulas – eram antigos valhacoutos de Lampião e seu bando, há tempos imemoriais.

O cangaceiro-mor, substituto de Sinhô Pereira no comando do grupo que liderava antes da retirada para o Estado do Goiás, foi tratado por dois médicos contratados por Marcolino. Chamavam-se Dr. José Cordeiro e Dr. Severiano Diniz, sendo este último parente próximo do homem que foi imortalizado com a esposa por Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira em belíssimo baião por título “Xanduzinha”.

Distante de princesa, a cidade de Sousa vivia clima de ebulição. Disputas políticas resultaram em tragédias, como a que envolveu o embate no barracão do “Coronel” João Pereira, em Nazarezinho, então distrito sousense.

Filho do “Coronel” João Pereira, de nome Francisco Pereira Dantas, sentiu o peso da moral sertaneja, desprezando conselhos do pai, o qual faleceu exigindo que não se vingassem. Assassinou o único sobrevivente dos que atacaram o velho patriarca em seu estabelecimento comercial.

Conversas a boca miúda diziam que os mandantes da morte do “Coronel” João Pereira eram pessoas importantes da sociedade sousense, como o destacado e influente cidadão de nome Otávio Mariz.

Em um dia de feira em Sousa, Otávio Mariz notou animada conversa entre um bodegueiro de Nazarezinho, de nome Chico Lopes, e um cabra da inteira confiança de Chico Pereira, de nome Chico Américo. A duração da conversa despertou a desconfiança de Otávio Mariz.

Nas bancas da feira procurou uma chibata para comprar, indo ao encontro dos dois palestrantes. Encontrou apenas Chico Lopes. Aplicou-lhe uma surra magistral e pediu-lhe para ir à fazenda Jacu, reduto dos Pereira Dantas em Nazarezinho, avisar a Chico Pereira que tinha outra prometida para ele.

No Jacu, Chico Lopes detalhou todo acontecido. A família do “Coronel” assassinado perguntou-lhe o que ia fazer, tendo Chico Lopes respondido estar decidido ir até Princesa, conversar com Lampião sobre o melindroso e humilhante assunto. Havia um irmão de Chico Lopes que integrava o bando de Lampião há alguns anos. Isso facilitou a decisão do chefe supremo do cangaço em enviar dezessete homens de sua confiança para Nazarezinho. Antônio e Levino Ferreira, bem como Meia-Noite e Sabino Gório, também integravam o grupo que iria se responsabilizar pela mais aviltante ação cangaceira no Estado da Paraíba.

Notícias corriam céleres, dando conta dda aproximação do grupo cangaceiro. Em Sousa alguns aventavam a hipótese de organizar defesa, mas como não acreditaram na possibilidade de tamanha ousadia, relaxaram completamente.

Ao chegar ao Jacu, os dezessete homens foram recepcionados efusivamente. O número final de bandidos prontos a atacar Sousa, aumentado com muitos da região, somava oitenta e quatro quadrilheiros dispostos.

Antes do amanhecer do dia 27 de julho de 1924, os bandidos cortaram a linha do telégrafo e invadiram Sousa, cuja maioria da população foi pega totalmente desprevenida. Pequena resistência partiu da residência de Otávio Mariz, principal alvo dos atacantes. Experiente e tarimbado sertanejo, Otávio Mariz escapuliu quando viu que não poderia resistir ao implacável ataque.

Tudo em Sousa virou alvo de saque, os cangaceiros roubaram o comércio, residências, tudo, prejuízo incalculável que marcou indelevelmente a história sousense.Feras endiabradas davam vazão a todos os instintos selvagens possíveis e imagináveis. O destacamento local, comandado pelo então Tenente Salgado, não conseguiu realizar qualquer ação de defesa em Sousa, verdadeiro suicídio se tivesse havido consumação.

Grupo composto de quase duas dezenas de bandidos, liderados por cangaceiro conhecido por “Paizinho”, teve como alvo principal a residência do juiz local, de nome Dr. Archimedes Soutto Mayor. “Paizinho” tinha queixas pessoais contra o magistrado, a quem acusava de tê-lo condenando injustamente. Retirado ainda com roupas de dormir, o Juiz foi submetido a todo tipo de suplicia e humilhação, sendo forçado a andar de cangalha e em posição vexatória pelas ruas de Sousa. O ato final seria o assassinato do magistrado, mas Chico Pereira interveio e evitou a consumação do ato extremo.

O magistrado, depois de tudo, no ensejo dos desdobramentos do audacioso ataque cangaceiro à cidade de Sousa, assumiu a responsabilidade de fazer merecida justiça contra àquelas feras que o atacaram.

A rede de informações montada por Lampião era impecável e precisa. Logo ele ficou sabendo dos estragos em Sousa e, principalmente, do que fizeram com o juiz. Rodopiava nos calcanhares, ainda sentindo dores terríveis, empunhando Parabellum e raciocinando sobre o futuro dali para frente. Homem de raciocínio rápido, Lampião sabia que em breve enfrentariam duras batalhas contra as forças volantes paraibanas, extremamente tolerantes devido ao respeito ao “Coronel” José Pereira Lima e a Marcolino Pereira Diniz.

Lampião estava certo. A providência inicial do recém instalado governo de João Suassuna foi a instalação do segundo batalhão da Polícia Militar Paraibana na cidade de Patos das Espinharas, com absoluto aval para dar caça ininterrupta aos cangaceiros. A responsabilidade pela iniciativa maior de efetivar a campanha paraibana contra o cangaço liderado por Lampião coube, naturalmente, ao “Coronel” José Pereira Lima.

Não obstante a proteção que Lampião desfrutou em Princesa, seria inadmissível que o chefe político das terras da lagoa da perdição tolerasse tamanha afronta, principalmente em razão da forma como o magistrado sousense foi humilhado pelos cangaceiros.

No ensejo da caçada movida contra os bandoleiros, há fato digno de registro, referente à resistência efetivada pelo cangaceiro Meia-Noite em uma casa de farinha no sítio Tataíra, fronteira entre os estados da Paraíba e de Pernambuco. Na companhia da esposa, Meia-Noite, embora a mulher não tenha participado do combate, enfrentou combinado de volantes, comandados pelo então Tenente Manuel Benício, e tropa de cachimbos (civis em armas) contratada pelo “Coronel” José Pereira. Meia-Noite lutou contra oitenta e dois homens, ferindo dezoito. Escapuliu do tiroteio, mas a esposa ficou no local em que se entrincheirara, sendo depois conduzida à cadeia de Princesa. No local, conforme Érico de Almeida, primeiro biógrafo de Lampião, autor do livro “Lampeão, sua história” (1926(1ª ed.), 1996( 2ª ed.), 1998(3ª ed) ), foram encontradas quatrocentas e noventa e duas balas de fuzil mauser DWN, modelo 1912.

Em seguida, devido às volantes paraibanas estarem assanhadas com a ordem capital de darem combates violentos aos cangaceiros, inúmeros enfrentamentos foram registrados, como a batalha do Tenório, no ano de 1925, quando Levino Ferreira foi assassinado pelo volante Belarmino Morais, comandado pelo então cabo José Guedes. Como forma de se vingar do “Coronel” José Pereira, a quem culpava pela morte do irmão, Lampião e seu bando invadiram humildes propriedades em princesa, como a do Caboré, assassinando diversas pessoas, incluindo entre essas um ancião de provecta idade de noventa e dois anos e um garoto de apenas doze anos.

O governo paraibano invocou o convênio anti-banditismo, firmado no ano de 1922 em Recife (PE), obtendo permissão para que suas forças de segurança pública em perseguição aos bandoleiros adentrassem os territórios de outros estados nordestinos.

O grupo cangaceiro, em certa ocasião no ano de 1925, foi localizado na região de Serrote Preto. Desprezando as mais elementares táticas militares, os volantes paraibanos atacaram irresponsavelmente o valhacouto de Lampião. As estratégias guerrilheiras foram implementadas impecavelmente pelos cangaceiros, resultando em horrível carnificina, na qual pereceram os comandantes Tenentes Joaquim Adauto e Francisco de Oliveira, além de mais de uma dezena de soldados.

Abalado com a perseguição tenaz que as volantes paraibanas realizavam, Lampião evitou a Paraíba, pois seus antigos protetores não estavam mais propensos a desafiar as ordens do governo paraibano, bem como a decisão irredutível do “Coronel” José Pereira Lima em buscar erradicar o cangaço liderado por Lampião, pelo menos em terras paraibanas.

Para Chico Pereira não houve outra saída, em razão da gravidade dos fatos ocorridos em Sousa, a não ser acompanhar o grupo de Lampião pelas adustas plagas sertanejas. Travou combate em Areias do Pelo Sinal, entre Princesa e o distrito de Alagoa Nova (Hoje Manaíra), depois, vítima de picada de cascavel, em território pernambucano, amargou provações inenarráveis.

O extenso processo elaborado pelo Dr. Archimedes Soutto Mayor mostrou-se simpático a Chico Pereira, eximindo-o de algumas culpas e louvando diversas interferências realizadas quando do ataque cangaceiro do dia 27 de julho de 1924 à cidade de Sousa.

Perseguido, embora tolerado discretamente, Chico Pereira era, no entanto, alvo de olhares vingativos, sobretudo em razão de suas práticas donjuanescas. Sedutor, Chico Pereira desafiava importante elemento da moral sertaneja. Ao que tudo indica, houve a sedução de uma sobrinha do governador norte-riograndense Juvenal Lamartine, em Serra Negra (RN).

Provavelmente houve um conluio entre Juvenal Lamartine e seu colega João Suassuna para eliminar Chico Pereira. João Suassuna, através de irmão de nome Antônio, empenhou a palavra sobre a total liberdade do homem que foi obrigado a se tornar cangaceiro devido à morte do pai, motivada pela política acirrada dos turbulentos anos da década de vinte do século passado.

Na festa da padroeira de Cajazeiras, no ano de 1928, Chico Pereira foi detido por oficiais da polícia militar paraibana. Manuel Arruda de Assis foi o responsável pela prisão. Conduzido a Pombal, onde tinha praticado crime, quando do cerco ao velho casarão de Antônio Mamede no sítio Pau Ferrado, Chico Pereira ia ser transferido para Princesa, onde havia assassinado soldado de nome Pierre.

A escolta que o conduzia rumou em direção a Santa Luzia. Havia um crime atribuído a ele em Acari (RN), referente a um roubo praticado contra o velho “Coronel” Quincó da Ramada.

Era parte do esquema estruturado por Juvenal Lamartine para liquidá-lo. Joaquim de Moura, famanaz executor de bandoleiros, foi o responsável pela morte de Chico Pereira.

O ataque do bando de Lampião à cidade de Sousa foi um dos mais ousado ato praticado pelos bandoleiros das caatingas, cuja marca indelével permaneceu por tempos e ainda resiste na memória de poucos que tiveram a infelicidade de presenciar a verdadeira baderna que os cangaceiros fizeram na simpática cidade sorriso no longínquo dia 27 de julho de 1924.
José Romero Araújo Cardoso
(*) José Romero Araújo Cardoso. Geógrafo. Professor Adjunto do Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. Especialista em Geografia e Gestão Territorial (UFPB) e em Organização de Arquivos (UFPB). Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente (PRODEMA – UERN). Contato: romerocardoso@uol.com.br.
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Blog: "Cá entre nós"