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terça-feira, 4 de agosto de 2015

SESSÃO SOLENE EM HOMENAGEM AOS 70 ANOS DO PROF. BENEDITO VASCONCELOS MENDES


A Câmara Municipal de Mossoró aprovou, por unanimidade, a proposição dos Vereadores Francisco Carlos e Vingt-Un Neto para a realização de uma Sessão Solene em homenagem aos 70 anos do Prof. Benedito Vasconcelos Mendes, que será realizada no dia 29 de agosto, às 19 horas, no Plenário da Câmara. Fazendo parte da referida sessão, o ICOP - Instituto Cultural do Oeste Potiguar, o mais antigo ente cultural da região Oeste do Estado, que é presidido pelo Prof. Benedito, irá realizar também uma Sessão Solene em Homenagem aos 70 anos do referido Professor, quando tomarão posse no ICOP destacadas personalidades das letras e das artes do nosso Estado. Depois da solenidade do ICOP, o Presidente da Câmara, Vereador Jório Nogueira, encerrará a solenidade e três outros momentos se sucederão: 

1. Benção oficializada pelo Padre Guimarães e pelo Pastor Evangélico Almir Nogueira; 

2. Lançamento de um livro sobre o Prof. Benedito, escrito por vários intelectuais amigos dele e organizado pelas Professoras Taniamá Vieira Barreto e Susana Goretti Lima Leite; 

3. Coquetel.

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PREFÁCIO DO LIVRO “O TESOURO DE LAMPIÃO”

Do autor: Cabo Francisco Carlos

Nordeste brasileiro Estado de Sergipe, barrancas do  Rio São Francisco Fazenda Angicos 27 de julho de 1938. Depois de uma longa e cansativa jornada, ainda úmidos pelas últimas chuvas de inverno, homens exaustos  chegam até a um coito naquele longínquo sertão, é um bando de cangaceiros composto por mais de trinta asseclas liderados por Lampião o Rei do Cangaço. O lugar é seguro? Talvez sim! Mas logo que o acampamento fora montado, eles se abrigam em suas barracas, alguns cangaceiros foram procurar madeira seca para  acender um pequeno fogo e cozer alguns alimentos, outros para se aquecerem da baixa temperatura enquanto jogavam um carteado tomando muita aguardente genebra, e os que se encontra  bem mais esgotados pela árdua caminhada, deitaram-se  e ferram no sono vencidos pelo cansaço. 

O cangaceiro Borboleta está nesta foto, mas não marcaram cada um com o seu nome - Zé Sereno, Criança, Balão, Jurity, Novo Tempo, Pernambucano, Laranjeira, Candeeiro, Ponto Fino II, Quina-quina, Marinheiro, Cacheado II, Beija-Flor, Devoção, Borboleta, Chá Preto, Penedinho, Cuidado, Azulão.

Já bem na boca da noite, o jovem cangaceiro Borboleta se afasta do acampamento para defecar perto de uma moita de xiquexiques, e de repente Lampião passa por ali junto de Luiz Pedro, e parando acendem um cigarro e começam a prosear, sem perceber que o cangaceiro Borboleta esta próximo ouvindo tudo. 

Lampião

E assim Lampião diz ao seu comparsa: 

- Luiz Pedro amanhã cedo despois du café, vamu só isperá us outrus cabras  chegá pra nóis vê cumu é qui nóis vai fazê cum u nosso distino daqui pra frente, e ocê aspois viaja lá pru Raso da Catarina i leva as jóias, u ouru i u resto daquele dinheiro, i escondi bem lá na “toca du mocó” junto com nossos pertences, leva dois cabras di sua confiança, mais pelo amor Du meu Padrim Ciço, não deixa eles nem sonha im sabe u qui tu vai fazê lá, nem mostri u luga di nossu isconderijo. Certu?

O cangaceiro 

- Deixa cumigo! Respondeu Luiz Pedro. E em silêncio seguiram rumo ao acampamento.
       
Ah! Borboleta sabia onde se localizava o tal esconderijo, pois conhecia muito bem aquela região como a palma de sua mão, pois era em uma pequena gruta de passagem bem estreita  que ficava entre arbustos espinhosos no alto de uma elevação rochosa de difícil acesso, era em um  velho coito no Raso da Catarina, onde um dia ali bem próximo a um barreiro, 

O cangaceiro Gato

o cangaceiro Gato assassinou seu próprio cunhado Mourão e outro cangaceiro chamado Mormaço, isto após receber uma represaria  do Capitão Virgulino em virtude de os supracitados asseclas terem acabado a tiros com uma festa lá pras bandas do Brejo do Burgo, promovendo grande confusão, tumulto e pânico entre o povo que encontrava-se divertindo naquele evento. 

De pé: Ezequiel, Calais, Fortaleza, Mourão e o menino Volta Seca. Sentados: Lampião, Moderno, Zé Baiano e Arvoredo.*Mariano foi omitido.

Borboleta ficou quietinho, manteve o segredo e não contou nada a ninguém, pois tinha medo que o rei do cangaço descobrisse e mandasse eliminá-lo pra manter o sigilo e a segurança da grande fortuna. Então meio ressabiado, foi também deitar-se como todo o resto do bando.

Lampião e Maria Bonita

O rei do cangaço fez o mesmo, e adentrando em sua barraca, ele tirou seus equipamentos armamentos e aprestos, em seguida deitou-se ao lado de sua rainha e mesmo excitado  não buliu com ela, pois estava fazendo muito frio, e optando pelo descanso ele apenas a beijou e fazendo-lhes umas carícias, aconchegou-se junto a ela; e abraçando o seu corpo cálido adormeceu aquecido sob as cobertas.  E assim a noite em um tom roxo cor de mortalha, cai  lentamente sobre as caatingas cobrindo-as como se fosse o manto negro da morte, que vai se transformando e ficando cada vez mais  retinto. 

A densa neblina cinzenta que margeia as barrancas do Velho Chico, além de agasalhar seu corpo igual a um imenso cobertor, ainda cobre seu leito frio de águas caudalosas e perenes. 

As nuvens escuras como breu obumbram o brilho da lua, deixando o espaço enlutado num céu de constelação de extinta, e no anoitecer lúgubre daquele dia, nem nos sertões se ouvia o cantar soturno do urutau. As aves de hábitos noturnos e crepusculares também emudeceram, assim como os inúmeros batráquios e anuros de várias espécimes, que calados ajudavam a manter o silêncio que ali se tornava sepulcral, e na mesma noite fatídica, paira a morte sobre aquele recanto funesto e sombrio. E assim negreja a Grota de Angicos, como se fosse um grande sarcófago de rochas perpétuas, que naquele lugar escuso e remoto encontrava-se aberto, pronto para receber e abrigar para sempre em seu âmago, seus inquilinos da eternidade.

         
Na gélida madrugada daquela trágica quinta-feira do dia 28 de julho de 1938, o orvalho que caía sereno homogeneizava-se com as águas serenas do majestoso Rio São Francisco, e juntos caminhavam morosamente para se chocarem com as pancadas do mar, levando consigo também, a lembrança das últimas horas de vida de homens que posteriormente despertariam para a morte. E bem antes do alvorecer, que o parélio surgia ainda sonolento e começava a tingir de púrpuro o horizonte, quando os caititus grunhindo despertavam os bandos de arribação que ali repousavam nos galhos das aroeiras, soldados fortemente armados e já bem posicionados, só aguardam a ordem do subalterno oficial volante para dar início ao prélio mortal.
          

Lampião já acordado chama Luiz Pedro, Balão, Quinta Feira e o cangaceiro Elétrico para ajudá-lo na oração corriqueira o “Ofício a Nosso Senhor”, e no momento que Maria Bonita e Enedina estão preparando o café para o desjejum, o cangaceiro Moeda sai de sua tenda e após caminhar algumas braças, começa a urinar; e se assusta ao ver que está mijando em cima de um soldado volante, que no átimo e sem hesitar; dispara um tiro de mosquetão a queima roupa, cujo projétil transfixa seu tórax assassinando ali mesmo o infeliz. Então os volantes abrem fogo contra os cangaceiros sem dar-lhes chance de defesa, os projéteis das metralhadoras hotkiss, parecia exame de vespas vindo de todas as direções, Lampião é alvejado e tomba ferido mortalmente, em seguida sua companheira Maria ao socorrê-lo; é também atingida e cai sobre sua carcaça já sem vida. 

Primeiro à esquerda é o soldado Adrião pedro

A cabroeira foge sem ter tempo de reagir, o valente soldado Adrião, num ato de extrema coragem  corre perseguindo os asseclas, manobrando e disparando seu fuzil, mas ao pular um caldeirão é abatido por uma bala perdida que o derruba debruço entre as pedras, deixando os cascalhos tingidos de púrpuro com seu sangue de herói. A refrega dura uns dez minutos, e também se acaba com o fim do Rei do Cangaço.
         
Por alguns instantes dura o silêncio, que é rompido quando se dissipa a fumaça e o cheiro de pólvora queimada que pairava nos ares, então; sorrateiramente os soldados se aproximam cautelosos dos corpos sem vida espalhados pelo solo, e ao constatarem a vitória os volantes eufóricos com atitudes animalescas, começam a desferir golpes violentos e brutais nos cadáveres, ainda mutilando os cangaceiros mortos, decapitando-os com seus facões, e alguns ainda com vida. As armas, o dinheiro, o ouro, e as joias junto a outros objetos de valor, são todos confiscados pelos soldados e levados para o oficial comandante da força volante.
            
No lado Militar só houve uma baixa, já no lado dos cangaceiros foram onze vítimas que tiveram as suas cabeças decepadas, e todas colocadas dentro de recipientes com álcool e transportadas para serem orgulhosamente exibidas como troféus de guerra pelas cidades e em todos os lugares por onde passavam os militares. Os corpos mutilados foram abandonados e deixados expostos ao relento, fazendo dali um panorama macabro e horrendo onde as carcaças ao se decomporem, servirão de alimento aos vermes necrófagos, pássaros, insetos e outros animais que compõe a rica fauna do bioma nordestino. E nos galhos de um velho jacarandá espreita o quadro um triste abutre, enquanto o sol que surge abrasador em suas negras penas lustre. 
          
O cangaceiro Corisco

Depois de algum tempo, quando o alagoano Cristino Gomes da Silva Cleto o “Corisco” ou Diabo Louro, o último remanescente do subgrupo do Rei do Cangaço Lampião, foi morto a tiros de metralhadora, em uma emboscada preparada pelo 

O tenente Zé Rufino

Tenente Zé Rufino e os comandos de sua intrépida volante no dia 25 de maio de 1940, na Barra do Mendes na Bahia. Os outros asseclas vendo o fim do cangaço; resolvem a se entregar. Assim como fizeram  Borboleta 

O cangaceiro Juriti

e Juriti, seguindo o conselho de sua companheira Maria e do seu cunhado Rosalvo de Pedra D’água, que os convence a seguirem  para Geremoabo e se entregar ao Capitão Aníbal Ferreira que já os libera em seguida, deixando-os livres para seguirem seus destinos. 

Foto do capitão Aníbal Ferreira gentilmente cedida para o nosso blog pelo professor e pesquisador do cangaço Rubens Antonio. 

Só que Juriti ficou perambulando pelo nordeste, mas Borboleta como tinha outros planos, se ausentou daquela região por um bom tempo, até que todos esquecessem um pouco dos cangaceiros e do cangaço, depois voltou já com nova identidade e outros documentos, e assim  foi em busca de um objetivo que lhe garantiria um  futuro bem promissor que era, “O Tesouro de Lampião.”  

OFERECIMENTO
     
Caro amigo Zé Mendes, hoje dia 28 de julho de 2015, que completa 77 anos da morte do Rei do Cangaço, eu Cabo Francisco Carlos Jorge de Oliveira PMPR-RR, ofereço estas primeiras páginas do livro “O Tesouro de Lampião” que estou terminando de escrever sobre o fantástico mundo do cangaço, e que com sua ajuda será lançado em meados de 2016, exclusivamente a Vossa Senhoria Ilustríssimo Professor José Mendes, como prova de estima, apreço e reconhecimento aos trabalhos de um cidadão que sem medir esforços leva até aos lugares mais longínquos e remotos do planeta e deste país de dimensões continentais, o conhecimento de nossa história. Mostrando o que fomos, o que somos, e o que seremos. Obrigado Grande Mestre.

Cabo Francisco Carlos Jorge  de Oliveira PMPR-RR “Saudações Militares”.

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MARIA NA MODA ‘a lá garçon’(a la garçonne)

Por Sálvio Siqueira

Em uma localidade denominada serrinha do catimbau, município de Garanhuns – PE, Maria Déa é ferida, quando d’um combate do bando de Lampião contra as forças volantes. Dois anos depois, Maria começa a tossir constantemente, seguidamente, tanto que termina por escarrar sangue.

Alguns escritores acreditam que pode ser sequelas do ferimento recebido por ela, outros que seja tuberculose, o que também seria uma causa sequela desde que o projétil tenha atingido seus pulmões. Pois bem, o ‘rei vesgo’, pede ao coronel, sergipano, Hercílio Brito uma ajuda quanto a situação da sua companheira.

O coronel leva-a, toda vestida diferente e tal, à cidade de Propriá – Sergipe, para ser tratada por um médico. Enquanto Maria é tratada, Lampião fica ‘saltando’ de um coito a outro, nas margens do rio São Francisco, nos municípios das cidades de Piranhas- AL, Canindé do São Francisco-SE, e Poço Redondo, também em solo sergipano. Sem poder ficar muito tempo em determinado lugar, pois as forças militares da Bahia, Pernambuco e Alagoas não lhe davam trégua.

Dona Delfina Fernandes, proprietária da fazenda Pedra D’água, localizada no município de Canindé do São Francisco, coiteira de Lampião, pede que o mesmo seja padrinho de uma criança quando o mesmo passa por sua fazenda.

Lampião promete a ela ser padrinho da criança quando do retorno de Maria, lá pelo fim do mês de ‘Santana’, mês de julho.

Maria de Déa, curada, retorna ao bando. Vem com uma novidade que nada agradou ao chefe do bando, seu companheiro, o Lampião. Pegaram uma briga feia... palavras duras pra cá, palavrões pra lá e, durou por várias horas. Isso tudo por Maria ter retornado com um corte de cabelo, que na época estava na moda, denominado ‘a lá garçom’. 

A ex-cangaceira Dulce Menezes

As ex cangaceiras, Dulce e Sila, disseram, em entrevista, que foi um arranca-rabo da gota serena. Esses acontecimentos foram pouco antes do fato final, na Grota do riacho Angicos.


Foto Benjamin Abrahão

Fonte: facebook

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DONA NEUZA VITAL, MATRIARCA DO CLÃ DO VITAL E DOS SERRAS NEGRAS... DONA NEUZA EM TRAJE DE CANGACEIRA EM HOMENAGEM AO SOGRO CANGACEIRO TEMPESTADE.




Dona Neuza Souza dos Santos nora do cangaceiro Tempestade e esposa de Serra Negra. Dona Neuza uma guerreira nos dias de hoje, casada com Serra Negra há 50 anos. É mãe de dez filhos, avó de dezoito netos e três bisnetos.

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Dona Neuza uma figura extremamente honesta, e preservadora das tradições religiosas. Ela realiza todos os anos um novenário em honra e glória a São Pedro festa que já vem a existir à mais de 30 anos.

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CERTIDÃO DE NASCIMENTO DE VIRGULINO FERREIRA DA SILVA O LAMPIÃO


Os comentários ficam à cargo dos amigos (as) membros do grupo.
Geraldo Antônio de Souza Júnior (Administrador)

Fonte: facebook
Página: Geraldo Júnior

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A Justiça Tarda mas não Falta...

Por Roberto Soares
Coronel Cornélio Soares

A vida é cheia de surpresas e quando menos se espera a verdade aparece repentinamente. No dizer popular, “a mentira tem pernas curtas”. É prazeroso quando o bom imprevisto bate à sua porta de forma súbita! Contudo, para facilitar o entendimento desse caso que passo a narrar, preciso discorrer sobre fatos pretéritos, nascidos a partir de falsas premissas, ou melhor, de uma “estória mal contada”.
Devo esclarecer que vários autores, transcreveram trechos do equivocado livro de Rodrigues de Carvalho, “que alguns escritores consideram um clássico” (?), assinalando na parte que cita o Cel. GN/PE Cornélio Soares e o Cel. PM/PE Teofhanes Ferraz, verdadeiros exemplos no Sertão de outrora, como prováveis responsáveis pelo envio de armas para cangaceiros num certo dia de 1925. 

Aliás, é bom registrar que falar mal de policiais causa exultação, e afrontar os falecidos coronéis de uma época em que as únicas referências sertanejas eram a seca e o cangaço, afigura-se como provocação extasiante, quiçá sensação de turgescência. Escritores por vezes omitem fatos positivos e exteriorizam vastamente os negativos, ocultando ou distorcendo a verdade, almejando não se sabe bem o que.
Pois bem, depois que “Serrote Preto” apresentou essa versão esdrúxula, um dos que transcreveram resolveu insinuar que esses dois coronéis eram “BANDIDOS” numa entrevista ao repórter Francisco José na Rede Globo de Televisão, emissora de larga divulgação, o que torna desmesurado o prejuízo à imagem desses íntegros homens públicos.

Tem-se que a palavra “BANDIDO” significa bandoleiro, quadrilheiro, salteador, ladrão, criminoso, assassino, delinquente, homicida, pistoleiro, trapaceiro, facínora, salafrário, malfeitor, mau-caráter, etc. Porquanto, advirta-se que o sujeito para ser de fato assim considerado, precisa de culpa ou dolo formal, além de uma condenação protocolar. Sem condenação na verdade não pode ser chamado de “bandido”, mesmo que contra si tramite uma situação “sub judice”.

Interpelado, o equivocado narrador fincou premissa em outros livros que incidiram na mesma versão (de “Serrote Preto”), e proferiu que “não era crime naquela época vender armas”, todavia, não sucumbiu qualquer condenação, mesmo administrativa, imposta aos ilustres Cornélio e Teophanes sobre o aludido caso de 1925, embora tenha sido instado. E, não apresentou alguma prova material do imaginável “delito” que pudesse corroborar a escrita ou declaração à imprensa, já que teceu acusação tão séria. Ora, seria adequado que tivesse anexado a cópia de um inquérito, intimação, citação, recibo, nota fiscal, carta, bilhete, documento, etc., porém, nada disso veio à tona, salvo cópias dos tais livros que na verdade se constituíram em réplicas do saltério “Serrote Preto” de Rodrigues de Carvalho.
Rodrigues de Carvalho
Não bastasse, a insensata e exasperada escrita de Rodrigues de Carvalho em Serrote Preto (pág. 293), que demonstra simples e claramente “uma presunção”, porque na verdade ele não prova o que diz com algum documento. Tão-somente, cinge-se a repassar, de forma irresponsável, uma variante fantasiosa criada pelo cangaceiro conhecido por “Cancão”, que o fez obviamente de forma maldosa para se vingar de Teophanes, o qual, heroicamente jamais deu trégua a bandoleiros. Por que Rodrigues não pesquisou um pouco mais antes de escrever?

É cediço que com base no direito, quando se tem a presunção de um fato, aplica-se o consagrado princípio jurídico “in dubio pro reo.  Na dúvida, o juiz é compelido a absolver o réu.  Mas, alguns escritores tendem a agir, desfigurando princípios éticos e de Direito, talvez por não aceitarem os fatos optam em repassar situações advindas da paixão, divorciadas da realidade histórica. Só tendem a preocupar-se mesmo quando um caluniado, difamado ou injuriado resolve ingressar com um processo criminal para saldar a inverdade, ou uma ação cível para reparar os danos morais causados ao inocente da vez. Escondem-se na sombra de terceiros. É uma lástima, mas é a mais pura verdade.

Geraldo Ferraz

Retornando ao ponto essencial, aconteceu um lance espetacular que pode mudar o curso da história, ou da “estória”, como queira designar o leitor. Confesso que devemos isso ao GECC – Grupo de Estudos do Cangaço do Ceará, ao GPEC – Grupo Paraibano de Estudo do Cangaço, ao ditoso “CARIRI CANGAÇO” e, por óbvio, em especial ao escritor que revelou o fato, bem como à investigação realizada por Geraldo Ferraz junto à PMPE.  A pesquisa responsável e imparcial empreendida por esses grupos compostos por homens de bem dedicados e estudiosos, vem produzindo bons frutos e com isso a verdade começa a aparecer de forma cristalina.

O ápice da questão é que um dos bons amigos de Rodrigues de Carvalho (autor de Serrote Preto), o eminente escritor Antônio Amaury Correia de Araújo, de São Paulo/SP, homem isento e de reconhecida responsabilidade, em texto muito claro para o GECC/Cariri Cangaço (set./13), colocou em dúvida a versão de 1925 que eventualmente teria ocorrido na Serra do Saco em Serra Talhada/PE, próximo da divisa com a Paraíba. Disse o estudioso Amaury que o respeitável escritor e pesquisador Geraldo Ferraz, vasculhou os arquivos da Polícia militar de Pernambuco e nada encontrou sobre o sangrento episódio contado por Cancão, o cangaceiro cujo nome era José Firmino e fora a fonte única de Rodrigues de Carvalho nesse episódio, que inclusive acabou por envolver os Cels. Cornélio e Teophanes. Ressalte-se: qualquer cidadão poderá fazer essa pesquisa no Comando da PM/PE. Finalmente, Amaury fechou a questão revelando que a imprensa sempre atenta aos acontecimentos relevantes, na época nada noticiara. Lamentavelmente, somente agora tomei conhecimento desse relevante texto de Amaury.

Romero Cardoso, Thiago Pereira, Manoel Severo, João de Sousa e Roberto Soares
Veja a lógica: “Cancão” disse que fora ferido nessa ocorrência de altíssima magnitude em que morreram vinte e cinco (25) soldados (pasme) nas mãos dos cangaceiros. Como pode isso ter acontecido se não consta qualquer registro nos arquivos da Polícia Militar de Pernambuco que, na época trabalhava em conjunto com a Polícia da Paraíba? Onde estão essas viúvas? Do mesmo modo, a imprensa dos dois Estados sempre alerta quanto aos casos mais relevantes como esse, absolutamente nada noticiou. Na verdade, essa ação nunca existiu nem produziu morto ou ferido.

A Polícia de Pernambuco e da Paraíba faziam ações conjuntas contra o cangaço, especialmente na divisa, mas nesse dia não houve nenhuma movimentação militar naquelas imediações. Ora, se não consta na imprensa nem nos anais da Polícia Militar tal episódio, com obviedade não aconteceu! Assim, não há como incriminar pessoas em evento inexistente. Seria um imaginário transloucado. Além disso, quando aferimos a biografia do Cel. Teophanes amparada em documentos oficiais do Governo de Pernambuco, da própria Polícia e analisando os atos de nomeação e designação, constatamos que nessa época esse ínclito oficial estava prestando serviço muito longe. 

Theophanes Torres

Encontrava-se em Petrolina, onde era delegado de polícia desde novembro de 1924 e de lá informava ao Governador de PE e ao Comando da PM as andanças da Coluna Prestes. Logo, como poderia esse oficial estar em dois lugares ao mesmo tempo, em época tão complexa para deslocamentos? Por sua vez, Cornélio que era genro de um Juiz de Direito da região, representava o Ministério Público Federal uma vez que fora nomeado em 1920 pelo Ministro da Justiça de Epitácio Pessoa para a nobre e honrosa função e agia repetidamente como mediador da luta entre Saturnino e Lampião. Tudo como se comprova no livro de José Alves Sobrinho e Antônio Neto (PEGADAS de um SERTANEJO – Vida e memórias de José Saturnino – Ed. dos Autores, 2015). Amiúde, atuava em conjunto com o Juiz de Serra Talhada, então Vila Bela. 

Dessa forma, essa variante esquisita sempre foi integralmente incompatível com a verdadeira história de Teophanes e Cornélio. É quase como acusar Duque de Caxias de traidor. Por isso, me senti na obrigação de escrever às pressas um livreto em defesa do meu avô (“Coronel Cornélio Soares – Uma História de Vida em Serra Talhada”), onde por óbvio, acastelei a conduta sempre ilibada dos dois coronéis.


Indagações: é peremptório que Lampião sempre foi heterossexual, pois se relacionou somente com mulheres. Contudo, um Juiz de Direito de Sergipe disse no seu livro que Lampião era homossexual. O citado livro foi suspenso pela Justiça e o autor fora agredido verbalmente por escritores que não aceitaram essa variante. Mas, homossexualidade é opção e não crime. Assim, como o seu livro foi liberado pela Justiça em nome da liberdade de expressão, deduz-se que isso dá o direito a outros escritores transcreverem essa versão absurda, evidentemente citando a fonte. Se hipoteticamente o mesmo juiz tivesse contado essa versão a Rodrigues de Carvalho, ele teria assentado isso no seu parcial livro? Aproveitando o mesmo entendimento, faço a seguinte inquirição: por que Cornélio e Teophanes jamais foram defendidos pelos escritores, salvo pelas suas famílias? Observe que há uma total inversão de valores!

Após essas fortíssimas comprovações e esclarecimentos, amplamente ratificados pelas contestações exibidas pelas famílias dos mortos ofendidos, constata-se que o falacioso episódio de 1925 não passa de uma grande falsidade. Pura fantasia. De tal modo, depois de tantas ilações como reparar a honra desses dois cidadãos injustamente aniquilada, quando certamente o direito de ação já se encontra prescrito?

Roberto Soares
Serra Talhada, Pernambuco

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O MAIS NOVO LIVRO DO POETA E ESCRITOR JOSÉ EDILSON DE A. G. SEGUNDO


O livro "NAS TRILHAS DE MEU AVÔ" pode ser adquirido: Em Mossoró na Livraria Independência. Em Natal na Livraria Nobel, da Avenida Salgado Filho. 
O valor do livro é 30,00 reais.
Um grande abraço,
Edilson Segundo

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LAMPIÃO VIVE

Por Júnior Almeida

Mesmo depois de 77 anos de sua morte, completados no último dia 28 de julho, ainda é muito forte a presença do Capitão Virgulino e seus sicários na vida de várias cidades do Nordeste. Diferente do passado, de quando todos temiam Lampião, agora sua presença é bem-vinda, pois gera renda aos lugares onde cangaceiros passaram, muitas vezes cometendo atrocidades. Cidades como Serra Talhada em Pernambuco, Paulo Afonso na Bahia, Mossoró no Rio Grande do Norte e Piranhas em Alagoas são exemplos de como a memória de tempos sombrios para o povo do Sertão pode ser explorado para receber turistas ávidos por informações daqueles homens rudes, que levavam medo aos nossos avós. E essas pessoas que querem saber de tudo isso, e muitos que até se vestem de cangaceiros, estão incentivando a violência e o banditismo? NÃO! Assim como na Europa se preserva a memória das guerras através de antigos campos de concentração, armas, fornos crematórios e câmaras de gás nada mais natural que conheçamos a nossa História. Em Serra Talhada além de lugares como o museu na antiga estação ferroviária e a casa onde nasceu Virgulino, no Sítio Passagens das Pedras, eventos tendo o cangaço como tema são realizados o ano inteiro, como encontro de xaxado e o dito maior espetáculo ao ar livre do Sertão, a peça teatral que fala da morte de Lampião em Sergipe. Em Mossoró, no mês de junho de 1927 Lampião e seu bando se deram mal, ao tentar invadir a cidade. Hoje em dia a data é comemorada com festa e o espetáculo "Chuva de Balas" é encenado em via pública atraindo grande público. Mossoró tem também o "Museu da Resistência", que expõe objetos daquele tempo, e em seu cemitério o túmulo do cangaceiro Jararaca atrai romeiros achando que aquele que foi bandido em vida hoje é santo. Acredite se quiser. Aqui pertinho de nós, em Paranatama, aconteceu um episódio parecido com o que aconteceu em terras potiguares. Se o povo da antiga Serrinha do Catimbau se atentar, pode ganhar dinheiro com a História da tentativa de invasão de Lampião, onde ele também não obteve êxito. Em Paulo Afonso além de várias atrações ligadas ao cangaço, existe a casa/museu de Maria Bonita, restaurada pelo pesquisador João de Souza Lima, no Sítio Malhada da Caiçara, onde ela nasceu em 1911. Poço Redondo e Canindé de São Francisco em Sergipe e Piranhas em Alagoas têm em seus territórios lugares que fazem parte da História do Brasil. A Grota do Angico, local onde Lampião, Maria Bonita, nove cangaceiros mais um soldado volante foram mortos hoje em dia é visitada por milhares de turistas todos os anos, apesar do seu difícil acesso. As fazendas Patos, Picos e Maranduba foram palco de muita dor e sofrimento, com mortes em batalha e também de maneira cruel e covarde. Para manter viva toda essa memória e também corrigir erros da História, bem como levar ao conhecimento do público novas descobertas, foi criado em 2009 o grupo "Cariri Cangaço", que reúne os mais renomados escritores, pesquisadores e amantes do tema cangaço. Tendo à frente Manoel Severo Barbosa e membros como Doutor Lamartine Lima, João de Souza Lima, Antônio, José Bezerra Lima Irmão, Luiz Ruben, Renato Luiz Bandeira, Ana Lucia Souza, Narciso Dias, Juliana Pereira, Oleone Coelho Fontes, Antônio Amaury, Archimedes Marques, Aderbal Nogueira, José Romero De Araújo CardosoWescley RodriguesKiko Monteiro, dentre outros. A "família Cariri Cangaço" realiza em seus encontros uma verdadeira aula de "nordestinidade", mostrando como foi árduo e muitas vezes sangrento o nosso passado, nos mostrando erros que não devemos mais cometer, para que seja que no futuro não se criem novos cangaceiros. No final de semana passado estivemos em Piranhas, onde conhecemos vários pontos da História do cangaço. Vimos de perto lugares onde Gato e Corisco cometeram barbáries, participamos da missa no exato local da morte de Lampião e seu bando, assistimos palestras, soubemos de fatos novos, enfim: Voltamos com um pouco mais de conhecimento desse assunto tão apaixonante, que quanto mais estuda, mais dá vontade de saber. Gostaria de registrar e agradecer a maravilhosa acolhida das pessoas de Piranhas e Poço Redondo que se desdobraram para que os participantes do evento se sentissem em casa. Em terras alagoanas nas pessoas de Celsinho Rodrigues, Patrícia Brasil, Sonia Jacqueline, secretária estadual de cultura, Melina Freitas, prefeito de Piranhas Manoel Brasiliano e o deputado Inácio Loiola. Em Sergipe agradecemos ao prefeito de Poço Redondo, Roberto Araújo e aos familiares do escritor Alcindo Costa. Aos novos amigos que eu, minha esposa Ranaise Almeida e minha filha Giovanna Yasmim fizemos, com destaque para Neto, Sousa Neto e Romero De Araújo, obrigado pela honra de os conhecer. Ao curador do Cariri Cangaço, Manoel Severo (Cangaceiros), obrigado pela oportunidade de conhecer um pouco mais da nossa História. Até o próximo Cariri Cangaço, se Deus assim nos permitir.

Júnior Almeida. Escritor. Natural de Garanhuns-Pernambuco.

Enviado pelo professor, escritor e pesquisador do cangaço José Romero Araújo Cardoso

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