Seguidores

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

O ALVORECER DO COMÉRCIO EM MOSSORÓ

Por Geraldo Maia do Nascimento

Já tratamos, em outros artigos, do desenvolvimento econômico de Mossoró ao longo do tempo. Mas sempre impressiona o crescimento comercial que a cidade alcançou no final do século XIX, quando a região ficou conhecida como “Empório Comercial”, pela quantidade e qualidade das empresas aqui instaladas, com uma clientela que se estendia, além do Oeste potiguar, aos vizinhos Estados da Paraíba e do Ceará. Para mostrar esse desenvolvimento, vamos pegar aqui um instantâneo do ano de 1894, porque esse ano marca o início de uma nova fase na expansão comercial de Mossoró. Graças ao esforço de velhos cronistas, podemos hoje fixar esse ciclo extraordinário, com o nome das empresas, dos seus sócios, locais e respectivos ramos de negócios. Mantivemos, no entanto, o primitivo nome das ruas, tal qual foi registrado. Começamos essa caminhada pela empresa Romualdo Lopes Galvão, que era uma casa de fazendas, exportadora de algodão e de peles. 


Ficava no velho sobrado da Praça 6 de janeiro (atual Praça Rodolfo Fernandes), que a enchente de 1917 ameaçou de cair. No mesmo ponto esteve a antiga casa S. Gurgel & Cia. Borges & Irmãos – da qual eram sócios Antônio Borges e Manuel Ferreira Borges. Trabalhavam com exportação e importação. Ficava na Rua Dr. Almeida Castro, fazendo frente com o Beco do Irineu, depois Travessa da Imprensa. Vizinho a esse mesmo local, instalou-se depois a firma Colombo & Gurjão. Oliveira & Irmãos que era uma casa muito antiga e conhecida no interior. Importava e exportava em grande escala. Possuía instalações para o beneficiamento de algodão. Eram sócios: Francisco Alves de Oliveira e Idalino Alves de Oliveira. Também fazia parte da firma Eufrásio Alves de Oliveira, porém sempre afastado de Mossoró, pois residia em Macau. Funcionava no prédio onde foi depois Vicente da Mota & Cia. Souza Nogueira & Cia. Era importadora e exportadora do ramo de fazendas, molhados e miudezas. Eram sócios: Alexandre de Souza Nogueira e Miguel Faustino do Monte. Ficava num velho sobrado onde, em outros tempos, funcionava a Intendência Municipal. Aderaldo Zózimo & Filhos – De Aderaldo Zózimo & Freitas e outros. Firma exportadora. Ficava na esquina do antigo sobrado de Delmiro Rocha, na Praça do Mercado (Praça da Independência). Viúva Reis & Cia – Casa exportara. Eram sócios: a viúva Reis, Antônio Soares do Couto (Totô Reis) e Bento Antônio de Oliveira (afamado homeopata). Ficava na lateral da Praça da Matriz (Praça Vigário Antônio Joaquim), nas proximidades do sobrado de Delmiro Rocha. Horácio Cunha & Cia – De Horácio Cunha e outros, estabelecidos na antiga Praça da Matriz (Praça Vigário Antônio Joaquim), nas vizinhanças do prédio onde posteriormente veio a funcionar a Rádio Rural de Mossoró. Wanderley & Irmãos – Tinha como sócios Aristóteles Alcebíades Wanderley e João Carlos Wanderley Segundo e atuava no ramo de fazendas e miudezas. Mantinha uma fábrica de cigarros (Nova Esperança). Funcionava no prédio que depois veio a ser a União de Artífices, na Praça Vigário Antônio Joaquim. Francisco Tertuliano & Cia. Firma exportadora. Primeiros sócios: Francisco Tertuliano de Albuquerque e Raimundo Nonato Fernandes. Antigos armazéns na Praça dos Fernandes, por trás do Peso Público. Antônio da Silva Medeiros. Era um português que atuava no ramo de miudezas e ferragens. Ficava na Rua Almeida Castro. Manuel Cirilo dos Santos. Casa de molhados. Funcionava no edifício do Peso Público, no armazém do centro, onde depois funcionou a Tipografia e Papelaria O Nordeste, dos Irmãos Vasconcelos. No mesmo local funcionou Alberto de Souza Melo, loja de retalho de fazendas. Delfino Freire da Silva. Inicialmente era uma pequena loja de fazendas e miudezas. Esse foi o começo da grande firma comercial de Delfino Freire. Ficava numa porta onde foi construído posteriormente o edifício do Banco de Mossoró S/A. Silvio Policiano de Miranda. Era uma casa de ferragens, miudezas e molhados. Funcionava num prédio que serviu por muitos anos ao escritório da firma Cunha da Mota & Filhos. Miguel Faustino do Monte. Firma individual que substituiu Souza Nogueira, que funcionava na Rua do Comércio. Ali começou a grande empresa que seria a M. F. do Monte & Cia., uma das maiores firmas de Mossoró. Foram muitas empresas que estavam instaladas em Mossoró naquele período, cada uma com sua importância. Muitos daqueles comerciantes, pela importância dos seus negócios, tiveram seus nomes emprestados a alguma artéria da cidade. Esses nomes, hoje, relembram uma era desaparecida, mas retratam, fielmente, o trabalho de gerações, a serviço do progresso de Mossoró.

http://www.blogdogemaia.com/detalhes.php?not=1057

Não é proibido usar este material em seu trabalho, mas se usá-lo, ponha a fonte e o autor.

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

AUDIÊNCIA COM O GOVERNADOR SEGUNDA-FEIRA (05/02)


Informamos que na próxima segunda-feira (05) às 11h será realizada audiência entre a ADUERN e o Governo do Estado. Diante disso, convocamos toda a categoria a participar deste espaço e fortalecer a pressão contra os atrasos de salário e a falta de um calendário de pagamento.

A ADUERN irá disponibilizar café da manhã, almoço e transporte. A concentração será na sede do sindicado às 4h45 e a saída do ônibus será impreterivelmente às 5h. Por volta das 6h o ônibus fará parada no Campus de Assú, onde se somam à luta os interessados/as que residam na cidade. O café da manhã será na cidade de Lages. O retorno a Mossoró será às 15h.

Os interessados devem enviar o nome e departamento para o whats APP da Aduern (988703983) até hoje (02/02)  às 18h  ou confirmar participação enviando email para aduern@gmail.com.

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzagueano José Romero de Araújo Cardoso


http://blogdomendesemendes.blogspot.com

DOCENTES DA UERN INTENSIFICARÃO MOVIMENTO GREVISTA E GOVERNADOR RECEBERÁ CATEGORIA NA SEGUNDA.

Por Assessoria De Comunicação

Professores e professoras da UERN, reunidos em assembleia na manhã de hoje (02) avaliaram os quase três meses de movimento grevista na instituição e discutiram a necessidade de ampliar e fortalecer as mobilizações unificadas junto a outras categorias.

A Diretoria da ADUERN já apresentou uma agenda de ações para a próxima semana, que começa na segunda-feira (05) às 11h, quando a direção participa de audiência com o Governador Robinson Faria. A reunião, que foi proposta pelo sindicato, buscará solução para os salários atrasados, tendo em vista ser esse o principal ponto de reivindicação da categoria e que tem atingido diretamente a vida dos trabalhadores e trabalhadoras do Rio Grande do Norte.

Na terça-feira (06), a categoria participa de uma nova manifestação unificada na Assembleia Legislativa do RN, em Natal, na luta contra o pacote de maldades de Robinson, que ainda não foi derrotado completamente. A categoria avaliou que é fundamental intensificar a mobilização contra o projeto encaminhado pelo Governo de aumento da alíquota previdenciária de 11% para 14% ainda não foi votado e retornará para as comissões e plenário.

A categoria aprovou que outras entidades sindicais e de representação na sociedade civil participem da audiência com o Governador, fortalecendo assim o apelo em defesa da UERN e dos servidores públicos do RN, que hoje amargam a falta dos salários de Dezembro e Janeiro e também do 13º.

A presidenta da ADUERN, Rivânia Moura fez uma importante fala sobre a importância e as conquistas do atual momento grevista. A docente  lembrou das diversas ações combativas que foram capitaneadas pela direção sindical e destacou que elas foram fundamentais para criar fissuras na intransigência do Governo e conquistar vitórias diante dos desmandos de Robinson Faria.

“No início de nossa greve, fizemos ações bastante combativas, ações que muitos nem acreditavam que faríamos, como a ocupação na SEPLAN ou as batalhas campais em frente à Al/RN. Em algum momento disseram que já tínhamos gastado nosso último cartucho e nós mostramos que estavam enganados. Estamos barrando o pacote de Robinson porque nossos cartuchos ainda não acabaram. Estas vitórias são fruto da nossa organização política, da nossa garra e da nossa unidade com os demais trabalhadores e trabalhadoras deste estado”, destacou a presidenta.

Participaram da assembleia representantes da direção do Sindicato Dos Servidores Em Saúde do Estado do Rio Grande do Norte (Sindsaude) e do Sindicato dos Petroleiros do RN (Sindpetro). Também estiveram presentes membros do Diretório Central dos/as Estudantes da UERN (DCE/UERN), que fizeram falas de apoio a greve e a luta dos servidores públicos do RN.


Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzagueano José Romero de Araújo Cardoso

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

AO "PAI HERÓI".

Júlia e Fernando Carlos, irmã e filho de Arsenio Alves de Souza.

Material do acervo do professor e pesquisador do cangaço Rubens Antonio

http://cangaconabahia.blogspot.com.br

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

DE LUZ, O MATADOR DE JURITY


Por Alcino Alves Costa

Em nossos livros “Lampião além da versão” e “O Sertão de Lampião”, existe em cada um deles um capítulo discorrendo sobre a vida e morte de Deluz e de Juriti, este assassinado cruelmente pelo famoso e temido sargento, então delegado de Canindé de São Francisco. No “O Sertão de Lampião”, a página 269, está o capítulo “A morte do sargento Deluz” e no “Lampião além da versão, a página 345, está o capítulo “Juriti: perverso na vida, valente na morte”.

Amâncio Ferreira da Silva era o verdadeiro nome do sargento Deluz. Nascido no dia 11 de agosto de 1905, este pernambucano ainda muito jovem arribou para o Estado de Sergipe, indo prestar os seus serviços na polícia militar sergipana. Os tempos tenebrosos do banditismo levaram Deluz para o último porto navegável do Velho Chico, o arruado do Canindé Velho de Baixo. Por ser um militar extremamente genioso, violento e perverso, ganha notoriedade em toda linha do São Francisco e pelas bibocas das caatingas do sertão. Dos tempos do cangaço ficou na história, e está registrada no livro “Lampião em Sergipe”, o espancamento injusto que ele deu no pai de Adília e Delicado, o velho João Mulatinho, deixando-o para sempre aleijado.

No pós-cangaço, sem jamais sair de Canindé, também ficaram na história aquelas versões de que os assaltantes de Propriá quando presos eram entregues a Deluz e ele ao transportá-los em canoas que faziam o trajeto Propriá/Canindé, prendia as mãos dos prisioneiros e amarrava uma pedra nos pés dos mesmos jogando-os dentro do rio. 

Um de seus maiores prazeres era caçar ex-cangaceiro para matá-los sem perdão e sem piedade. Foi o que fez com Juriti, prendendo-o na fazenda Pedra Dágua e o assassinando de maneira vil e abjeta jogando-o em uma fogueira nas proximidades da fazenda Cuiabá. Foi em virtude de desavenças com o seu sogro, o pai de Dalva, sua esposa, que naquele dia 30 de setembro de 1952, quando viajava de sua fazenda Araticum para o Canindé Velho de Baixo, se viu tocaiado e morto com vários tiros. Morte atribuída ao velho pai de Dalva, o senhor João Marinho, proprietário da famosa fazenda Brejo, no hoje município de Canindé de São Francisco.

Segundo o pesquisador Voltaseca Volta na foto, acima, Barra Nova, Nenê de Luiz Pedro, Jurity e Gorgulho...Foto de Benjamin Abrahão, ano 1936/37

Diz à história que João Marinho foi o mandante, chegando até ser preso; e seu genro João Maria Valadão, casado com Mariinha, irmã de Dalva, portanto concunhado de Deluz, ainda vivo até a feitura desse artigo, com seus 96 anos de idade, completados no mês de dezembro de 2011, foi quem tocaiou e matou o célebre militar e delegado que aterrorizou Canindé e o Sertão do São Francisco.

Foi o sargento Deluz o matador de Manoel Pereira de Azevedo, o perverso e famoso Juriti. Manoel Pereira de Azevedo era um baiano lá das bandas do Salgado do Melão. Um dia arribou de seu inóspito sertão e viajou para as terras do Sertão do São Francisco, indo ser cangaceiro de Lampião, recebendo o nome de guerra de Juriti.

Juriti

Este cangaceiro possuía uma aparência física impressionante. O seu porte atlético abismava as mocinhas sertanejas que se derramavam em desejos para receber os seus carinhos e o seu amor. Contrapondo a toda essa atração que despertava nas jovens, Juriti carregava em seu sentimento e em sua alma um extremado pendor para brutais violências; cangaceiro de atitudes monstruosas sentia especial prazer em torturar e assassinar com requintes animalescos as infelizes vítimas que caiam em suas mãos, como aconteceu com José Machado Feitosa, o rapaz de Poço Redondo que ele após torturá-lo medonhamente, o assassinou com uma punhalada em seu pescoço.

Em pouco tempo Juriti angariou extraordinária fama. A fama de ser um cangaceiro que deixava as mocinhas sertanejas loucas de paixão e a fama de ser um assecla perverso ao extremo. Uma menina-moça, chamada Maria, filha de Manoel Jerônimo e Áurea, irmã de Delfina da Pedra D`água, deixou-o alucinado. Aquela ardente paixão foi recíproca. E o jamais imaginado pelos seus pais aconteceu. A menina de Mané de Aura deixou seu lar, seus pais e se jogou no mundo. Os seus sonhos e a sua ilusão era passar a viver nos braços do tão falado e comentado cabra de Lampião.

Na Grota de Angico vamos encontrar Juriti e Maria vivendo aquele instante de suprema agonia. Lampião, Maria Bonita e seus companheiros foram abraçados pela morte. Sem o grande chefe o viver cangaceiro não era possível. Os bandos espalhados pelas caatingas foram se desfazendo. Alguns fugiram e outros se entregaram as autoridades de Alagoas e Bahia.

Cangaceiros após se entregarem a polícia depois da morte de Lampião
Jurity é um deles.

Juriti seguiu o mesmo caminho de muitos. Após enviar a sua Maria para a proteção do pai e a ajuda do amigo Rosalvo Marinho que a levaram para Jeremoabo, onde ela foi recebida e bem tratada pelo capitão Aníbal Ferreira que deixando o papai surpreso e feliz liberou a sua filha para que com ele retornasse para sua casa e para o aconchego de sua família. Ainda mais. Solicitou a ajuda de Maria, do pai e de Rosalvo Marinho para que ambos fizessem com que Juriti e seus companheiros também viessem se entregar.

Juriti e Borboleta são convencidos pelo amigo da Pedra D`água e também seguem para Jeremoabo onde se entregam ao capitão Aníbal. Recebem o mesmo presente que Maria recebeu. São liberados. Borboleta joga-se na “lapa do mundo” e nunca mais se soube notícias dele. Talvez não esquecendo a sua Maria, Juriti se demora alguns dias no Canindé Velho de Baixo, porém no início de 1939 viaja para Salvador a capital baiana.

Em Salvador consegue trabalhar como vigia de um fábrica. Em 1941 é despedido do trabalho e retorna para o sertão de Sergipe. É seu desejo visitar os amigos da Pedra D`água, obter notícias de sua antiga companheira e seguir viagem para o Salgado do Melão, a sua terra de nascimento. Chegou ao último porto do Baixo São Francisco em uma quarta-feira e seguiu para a fazenda de Rosalvo Marinho, onde se “arranchou” e dormiu.

O sargento Deluz foi avisado da inesperada presença de Juriti na casa de seu cunhado Rosalvo Marinho. O sentimento impiedoso do militar não perdoava ex-cangaceiro. Juriti teria que pagar todos os crimes praticados durante sua vida no cangaço, e ele seria o juiz que iria condená-lo a morte.

Assim foi feito. A quinta-feira amanheceu e ainda muito cedo o café foi servido. Juriti conversa animado com seu amigo Rosalvo. Deluz e seus “rapazes” haviam cercado a casa. Surpreso, Juriti se vê na mira das armas dos atacantes e é imediatamente preso. Sorrindo, Deluz diz: “Mais qui surpresa! Nunca pensei qui Juriti fosse um pásso tom manso, tom faci de ser agarrado. Teje preso cabra. Eu num quero cangaceiro perto de mim não”.

Juriti se recompõe da surpresa e desafia Deluz, dizendo: “Deluz, você é covardi. Eu sei quem você é. Um covardi. Mostri qui é homi e mi sorte. Só assim você vai ficar sabeno quem sou eu. Vamu, mi sorti, covardi. Você é um covardi”. Amarrado a uma corda, Deluz transporta Juriti na direção de Canindé. Ao chegar a uma localidade chamada Roça da Velhinha, nas proximidades da fazenda Cuiabá, o sargento, friamente, ordena que se faça uma fogueira e quando as labaredas começam a lamber a caatinga e torrar a mataria e o chão daquele triste cenário da vida sertaneja, Juriti é jogado, sem dó e sem piedade no meio do fogaréu. Em poucos minutos o corpo do antigo cangaceiro havia se transformado em um monte de cinzas. Ficando, por várias décadas, como testemunha daquele medonho momento os botões da braguilha da calça de Juriti, além do negrume deixado pelo fogo no local do monstruoso assassinato do antigo Manoel Pereira de Azevedo, do Salgado do Melão.

 http://cangaceirosdepauloafonso.blogspot.com.br/2012/04/de-luz-o-matador-de-jurity-por-alcino.html

Alcino Alves Costa
O Caipira do Poço Redondo
Sócio da SBEC - Conselheiro Cariri Cangaço

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

ESTUDAR CANGAÇO É FANTÁSTICO!

Por José Mendes Pereira

Tudo sobre história é além de fantástico e principalmente, quando se tem tempo suficiente para acompanhar esses cangaceiros pelas caatingas do Nordeste, observando os seus coitos, as suas invasões, os constantes tiroteios; jogar cartas ao anoitecer nas bancadas improvisadas, vez por outra bebericar uma bela pinga; rezar juntamente com eles o ofício de Nossa Senhora, assistir de perto as covardias de alguns cangaceiros e cangaceiras. Fofocar sobre as traições das mulheres. Fugir do acampamento quando Zé Baiano se preparou para assassinar a sua linda Lídia.

Presenciar uma bronca de Lampião com um dos seus comandados. Acompanhar o mensageiro até a fazenda de um latifundiário, com um bilhete solicitando valores. Participar dos bailes perfumados que os cangaceiros e cangaceiras faziam nas caatingas. Fugir com eles quando a polícia não dava trégua.

Testemunhar a grande discussão que aconteceu nas caatingas de Lampião com o seu comandado, causada pela desobediência do subordinado Antonio dos Santos.

Ficar ouvindo os conselhos de Virgínio Fortunado da Silva ex-cunhado de Lampião, dirigido ao cangaceiro Volta Seca, que bem melhor seria ficar calado e obedecer ao seu grande chefe.

Fechar os olhos para não ver Lampião decepando cabeças de policiais pegos pelos cangaceiros. Participar de acampamentos lá no Raso da Catarina. De metido, participar dos treinos de guerra do bando. Sair correndo para não ser pego pelas volantes como se fosse marginal. Tudo isso para se estudar, é fascinante.

Ver de perto e escondido entre as pedras que repousam lá pelo Raso da Catarina, a linda Maria Bonita se banhando, mas com um olho para frente e o outro em direção ao coito, temendo a suçuarana humana perceber.

Todos nós, loucos, como nos chamou o saudoso escritor Alcino Alves Costa, apesar de várias décadas passadas, para nós, estudantes, escritores e pesquisadores, é como se tudo isso estivesse acontecendo nos dias atuais.

A literatura lampiônica mudou a minha maneira de viver, pois se me tirarem das pesquisas sobre o cangaço, é como se estivessem me enterrando vivo.

Observação

Senhor leitor: Não confundir estudar com maldades.
Nós que gostamos do tema cangaço, jamais queremos
que isso volte a acontecer.

http://blogdomendesemendes.blogspot.com/

DONA FRANCISCA DE BEZERRA MENDONÇA


Por Assis Nascimento

Francisca Bezerra de Mendonça nascida em 21 de Janeiro de 1919, é o nome dessa sertaneja de 99 anos de idade.

Conversamos longamente, no alpendre da casa de sua filha ontem lá no Riacho Grande. 

Após o café da tarde ela pita o seu cachimbo, dando notícia de quem vai, e de quem vem, dentro de casa.


A única reclamação é que a tiraram de sua casa, lá na serra Mossoró, lugar onde foi morar na década de 30 e que agora pela força da idade teve que abandonar.

Gosto da amizade com pessoas velhas, elas têm muito o que nos ensinar.

https://www.facebook.com/assisnascimento.nascimento

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

POR QUE NINGUÉM SE COMOVE COM A SITUAÇÃO DOS PROFESSORES DA UERN? QUAL O VALOR DA EDUCAÇÃO NO RIO GRANDE DO NORTE?

Por Alex Gomes Campus Currais Novos

Há vários meses, os professores da UERN estão recebendo seus salários atrasados... Tentaram ser ouvidos, tentaram fazer greve de fome e tentaram acampar na governadoria e foram postos de lá para fora pelos policiais a mando do (des)governador do estado. Força bruta, spray de pimenta, ultrajes diversos (o menor era vagabundo). Professores sem poder pagar suas contas, professores adoecendo, professores sem condições dignas de sobrevivência. A sociedade calada. Ninguém se indignou. Ninguém achou um absurdo. Ninguém fez "vaquinha", nem campanha por cestas básicas para esses profissionais que dão suas vidas fazendo ensino, pesquisa e extensão na Universidade. Profissionais de diversas áreas que fazem os diversos setores da sociedade andar através de suas pesquisas. Pesquisas que mostram resultados na cura de doenças diversas, na solução de problemas sociais, nos avanços da tecnologia, entre outras tantos setores que esse post não teria condições de apontar. Profissionais que dedicam suas vidas à formação de médicos, professores, advogados, engenheiros, arquitetos, enfermeiros, etc, etc, etc... Nos últimos dias, temos visto uma comoção nacional com os policiais que agora estão na mesma situação: sem receber salários. Os mesmos policiais que jogaram spray de pimenta nos professores da UERN, que bateram nos professores da UERN, que chamaram os professores da UERN de vagabundos porque estavam pedindo o que lhes é de fato e de direito: seus salários. Vi colegas das redes sociais que outrora postaram "tem que descer o cassete nesses vagabundos mesmo", ao referir-se aos professores da UERN, agora extremamente comovidos com a situação dos policiais. Não estou aqui colocando uma categoria mais importante que a outra. Pelo contrário, entendo as duas categorias como de igual e extrema importância para o desenvolvimento da sociedade potiguar, no entanto, gostaria apenas que tanto essa sociedade como os próprios policiais entendessem que os professores da UERN também merecem nossa comoção com a situação deles. Ou será que a gente só vai se comover com os professores da UERN quando um deles se suicidar a exemplo do que ocorreu com os policiais? É apenas uma reflexão!!!

Texto do prof. Alex Gomes/UFRN, Campus Currais Novos.


Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzagueano José Romero de Araújo Cardoso

http://blogdomendesemendes.blogspot.com