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segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

O BAÚ DE DONA BALÓ, A MÃE DA CANGACEIRA LÍDIA

Por: João de Sousa Lima


O povoado Salgadinho, em Paulo Afonso, Bahia, situado nas margens da exuberante Serra do Padre, rendeu-se aos encantos sublimes da mais deslumbrante flor germinada em seus campos: a belíssima Lídia Pereira de Souza. Uma formosa morena de traços perfeitos e sedutores e curvas delineadamente sensuais.
            
O baú de dona Baló, a mãe da cangaceira Lídia.

Lídia Pereira de Souza viria um dia a se tornar a bela cangaceira Lídia, de Zé Baiano.

            
Lídia era filha do modesto casal Luís Pereira de Souza e Maria Rosa Figueiredo, conhecida pela alcunha de Dona Baló, uma exímia rendeira e costureira.

            
O Salgadinho por ser um dos lugares percorridos pelo Rei do Cangaço e seus seguidores, na época em que as andanças do capitão Virgolino atingiu seu apogeu em terras baianas, me foi bastante informativo enquanto eu realizava pesquisas para o livro: Lampião em Paulo Afonso. Por dezenas de vezes estive naquela localidade, registrando as histórias contadas pelos velhos remanescentes da luta cangaceira e neste período, uma das coisas que mais despertou minha atenção foi conhecer a casa onde nasceu a bela cangaceira Lídia, de Zé Baiano. Contra todas as possibilidades e intempéries geradas pelo tempo, a casa teimava em continuar erguida, mesmo estando assombrosamente carcomida pelos cupins, resistia imponente e enigmática.

            
Muitos estudiosos do tema cangaço estiveram comigo visitando a velha moradia da mais linda das cangaceiras. Em uma das minhas últimas visitas fui lá sozinho e sem pressa pude apreciar cada canto, cada forma e cada fresta do velho casebre. Em um dos quartos, por uma das rachaduras da parede, divisei, entre centenas de casas de marimbondos, um antigo baú e dividindo o frestal com os morcegos, estava uma velha lamparina. Como é que tinha passado despercebido por tantas vezes estes velhos objetos? Enquanto no meu silêncio apreciava aquelas relíquias, senti a presença de alguém que se aproximava e despertei com a voz de uma senhora que me trazia a realidade: era dona Nilda, sobrinha da cangaceira Lídia. Nilda é a guardiã da velha casa. Conversamos por alguns minutos e com o consentimento de dona Nilda, acertamos de resgatar todo o material existente naquele cubículo, onde me caberia algumas peças, tarefa não tão fácil, pela dificuldade de transpor a barreira de centenas de vespas com seus ardentes e venenosos ferrões.

            
Em Paulo Afonso me preparei adquirindo equipamentos de proteção para usar e que pudessem me proteger no resgate do tesouro de dona Baló.No dia 15 de maio de 2005, uma manhã de domingo de nuvens negras e ameaçadoras, embarquei com o velho amigo Ivan Caetano, um aposentado mecânico de aeronaves e que durante muito tempo dedicou sua especializada mão-de-obra ao setor de aviação da CHESF. Seguimos viagem, eu, Ivan e sua esposa Leonídia, na boleia da antiga e inseparável "TRUBANA", uma F -1000, vermelha, que Ivan possui há muito tempo.

            
No segundo percurso, de aproximadamente 12 quilômetros, sendo a maior parte em estrada de chão, podemos observar os estragos feitos pela chuva que há dias castigava este pedaço de chão. Aos solavancos e pelas mãos firmes do estimado amigo, chegamos ao povoado Salgadinho. Descemos entre poças de lamas e riachos de águas correntes, bem na frente da casa da cangaceira Lídia e lateral às casas de dona Nilda e Sinhozinho. O verdadeiro nome de Sinhozinho é José Luís Pereira e é o único irmão vivo da cangaceira.
            

Por alguns minutos conversamos com dona Nilda e depois seguimos na direção da casa de Sinhozinho, onde pudemos saborear uma docíssima melancia, sob a fresca aragem de um frondoso umbuzeiro. Depois da melancia, nos preparamos para a árdua tarefa. Coloquei o apropriado macacão, botas, luvas e um chapéu com uma rede de nylon.

            
Seguimos, eu e o Ivan, até a parte traseira da casa, local que dava um melhor acesso para entrarmos no quarto, onde se encontrava o baú e a lamparina. O Ivan se encarregava de encher dois vasilhames com querosene e eu saía alvejando o mortífero líquido nas casas das ariscas vespas, que aos montes atacavam tentando ferroar-me, sem sucesso.

            
Enquanto centenas de maribondos voavam desnorteados, eu vasculhava os recantos semi-escuros daquele pavimento. Na verdade, lá dentro, existiam três baús. Um deles, o mais bonito de todos, mesmo sendo recoberto por couro, desintegrou-se quando eu o toquei, tentando arrastá-lo para fora e, de dentro do baú, saíram centenas de abelhas pretas que em vão tentavam picar-me para protegerem uma já esfarelada colméia. Peguei o baú que se encontrava em perfeito estado e dentro encontrei algumas velhas e carcomidas peças de roupa, carretéis de linhas, velhas notas de dinheiro, valendo um, dois, dez, vinte e cinquenta cruzeiros. Deixei o perfeito baú aos cuidados do amigo Ivan e retornei para vasculhar a velha armação de um desintegrado caixote. No meio das tábuas mofadas e da areia, encontrei coisas mais interessantes, tais como: duas grandes moedas do tempo do Império, datadas de 1831 e que trazem estampadas o numeral 40, dois tinteiros de nanquim, dois punhais, sendo um de 0,35 centímetro e um menor e mais belo, medindo 0,23/2 centímetros trazendo na folha de aço, o nome FAVORITA KOCK e C° KOLM, ST e C, uma mecha de cabelos presa por uma trabalhada peça de ouro, um chicote de couro, um canivete, dois vidros antigos de perfume, duas esporas, uma casca de bala com as iniciais FEAG e datada de 1921, vários botões de tamanhos variados, um dedal, 04 chaves de portas, várias fivelas, um pequeno recipiente de alumínio feito para guardar agulhas, uma peça para perfurar couro, vários carretéis de madeira (escrito em alguns: LINHA BISPO, GLACÊ E ÔLHO), uma almotolia para lubrificar máquina, dois fusos, um vazador de fabricação artesanal, uma moeda de 100 réis, datada de 1928.

            
Das paredes de taipa resgatei a velha lamparina e algumas imagens de santos, estas acabaram ficando com Sinhozinho. Esse era o tesouro de dona Baló, mãe de cangaceira Lídia. Dentro de três velhos baús, peças da época do cangaço se misturavam com outras coisas mais recentes e acabaram despertando o meu lado garimpeiro das coisas do passado.

            
Saímos do povoado Salgadinho, já com o horário do almoço ultrapassado e sem que antes saboreássemos outra melancia, oferecida desta vez, pelas mãos de dona Nilda.

            
No horizonte, negras nuvens caminhavam cercando o antigo povoado. Despedimos-nos e retornamos dando uma parada no povoado Açude, mais precisamente no bar do Bilinho, onde comemos uma deliciosa galinha de capoeira e o tradicional bode assado.

            
O verdadeiro tesouro que encontrei naquela nublada manhã de domingo, estava no doce sabor da melancia, nas pisadas nos riachos de águas correntes, nos esporádicos pingos de chuva que nos encharcavam e na alegria do sorriso do meu querido casal de amigos.
                                                                       

João de Sousa Lima
(Escritor e historiador)
Membro do Instituto Histórico e Geográfico de Paulo Afonso
Membro da BESC e da Academia de Letras de Paulo Afonso


http://www.joaodesousalima.com

Hemodiálise corre tranquila, mas Dominguinhos ainda não se comunica

Dominguinhos (Foto: Reprodução / TV Globo)

Procedimento foi iniciado domingo (6) e na sexta foi feita traqueostomia. Artista está internado desde o dia 17 na UTI do Hospital Santa Joana.

O tratamento de hemodiálise do músico Dominguinhos segue sem intercorrências segundo boletim divulgado nesta segunda-feira (7) pelo Hospital Santa Joana, no Recife. O procedimento foi iniciado no domingo (6) devido ao comprometimento da função renal do paciente.

Ainda segundo a nota, o cantor continua sem sedação, mas sonolento e sem estabelecer contato. O  tratamento antimicrobiano continua, assim como o marca-passo e a ventilação mecânica. De acordo com os médicos, o artista ainda está sem sedação, sonolento e sem estabelecer contato.

Na sexta-feira (4), o boletim informou que foi realizada uma traqueostomia no cantor e compositor. Dominguinhos está internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Santa Joana, no Recife, desde o dia 17 de dezembro, em tratamento de infecção respiratória e arritmia cardíaca. O músico é portador de diabetes e luta contra um câncer de pulmão há cerca de seis anos.

História

José Domingos de Morais, mais conhecido como Dominguinhos, é natural de Garanhuns, no Agreste de Pernambuco. Conheceu Luiz Gonzaga com oito anos de idade. Aos 13 anos, morando no Rio de Janeiro, ganhou a primeira sanfona do Rei do Baião, que três anos mais tarde o consagrou como herdeiro artístico.

Instrumentista, cantor e compositor, em 2002 ganhou o Grammy Latino com o CD "Chegando de Mansinho". Ao longo da carreira, fez parcerias de sucesso com Gilberto Gil, Chico Buarque, Anastácia, Djavan, entre outros. Atualmente, Dominguinhos é considerado o sanfoneiro mais importante do país.

Quer saber mais sobre o músico clique no link abaixo:

http://g1.globo.com/pernambuco/noticia/2013/01/hemodialise-corre-tranquila-mas-dominguinhos-ainda-nao-fez-contato.htm


Manias de Jerônimo Dix-neuf Rosado Maia

Por: José Mendes Pereira
Dix-neuf Rosado e sua esposa Odete Rosado

Jerônimo Dix-neuf Rosado Maia (19º filho) era natural de Mossoró, no Estado do Rio Grande do Norte. Filho de Jerônimo Rosado Maia, nascido em Pombal, no Estado da Paraíba, e de dona Isaura Rosado,  sendo esta irmã de dona Maria Amélia Henrique Maia, a primeira esposa de Jerônimo Rosado. Dix-neuf Rosado tinha 20 irmãos, conhecidos como a família numerada de Mossoró. 

Mulher - Morre mãe de Fafá Rosado, prefeita de Mossoró
Dona Odete Rosado

Dix-neuf Rosado era casado com dona Odete Rosado, e pai da ex-prefeita Fafá Rosado. Dona Odete faleceu  no dia  15 de outubro de 2012, em Mossoró.

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Jerônimo Dix-neuf Rosado Maia morava neste palacete, construído pelo banqueiro Sebastião Fernandes Gurgel, proprietário da Casa Bancária S. Gurgel. Em 1928, foi vendido para o comerciante e industrial local, Miguel Faustino do Monte, ex-funcionário do coronel Delmiro Gouveia. 

Coronel Delmiro Gouveia

Em 13 de setembro de 1933,  o palacete entrou para a História Oficial, foi o Catete Mossoroense. Nesta data, instalaram-se o Presidente Getúlio Vargas e sua comitiva presidencial. Após  a solenidade do hasteamento da Bandeira Nacional, foi dado como instalado o Governo Provisório da República do Brasil. Em 1945, novamente o Palacete foi vendido ao Sr. Dix-neuf Rosado, industrial e político local, permanecendo em poder da família até a presente data.

Como todo ser humano tem suas manias Jerônimo Dix-neuf Rosado não era diferente, exigia cumprimento aos tratos, dado a palavra, não voltava atrás. 

Se ele dissesse que chegaria em determinado local tal hora, tal hora ele estaria ali, nem mais nem menos minutos. 

Se ele dissesse que  honraria um compromisso às três horas da tarde, não adiantava o sujeito chegar antes ou depois da hora marcada. Tinha que ser às três horas mesmo.

Quando ele e dona Odete viajavam para um lugar mais distante do Estado, Petrolina, por exemplo, onde mantinha uma empresa..., um iria de avião, o outro seguiria no ônibus, pois se acontecesse um acidente, só morreria um. 

Quando mandava um dos seus empregados fazer depósitos bancários, dividia o dinheiro em duas partes iguais, uma porção seria colocada em um dos bolsos do empregado, a outra parte seria colocada em outro bolso, pois se fosse roubada ou perdida, saldaria a metade do valor a ser depositada.  

Certa vez, aproveitando a ausência de dona Odete em sua casa, e não gostando de um pé de coco com dois metros de altura, o qual frondava viçosamente no seu jardim, ordenou a um dos seus jardineiros que o arrancasse pelo tronco. 

Sabendo do zelo que dona Odete tinha pelo coqueiro, o empregado disse-lhe que não iria fazer isto, pois quando ela retornasse da viagem, com certeza iria se zangar com ele, por ter arrancado o que ela mais gostava do seu jardim.

Dix-neuf Rosado esbravejou dizendo-lhe que quem mandava em sua casa era ele, e não o empregado, e exigiu que cumprisse a sua ordem, do contrário seria  demitido imediatamente. Mas tivesse cuidado para não maltratar o coqueiro, pois depois que fosse arrancado pelo tronco, iria precisar dele.

Depois de dada a ordem Dix-neuf saiu pelos fundos da casa em direção a sua retífica, que fica (continua no mesmo lugar com outro nome de fantasia, Montec),  na Avenida Alberto Maranhão.

O empregado não tinha outra solução, o jeito para permanecer ganhando o seu salário era meter a chibanca e arrancar o pé de coco. 

Com uma sofrida tarefa de três horas finalmente o pé de coco estava sobre o solo, e de imediato o empregado foi comunicar ao patrão que o coqueiro já estava livre do jardim.

Ao chegar, Dix-neuf viu a miserável palmeira encostada ao muro, e virando-se  para o empregado disse-lhe: 

- Quando eu ordenar uma atividade para você, faça-a. Se eu te pago, não há como me recusar.

-E agora seu Dix-neuf, o que eu faço com o pé de coco?

- Agora o plante no mesmo lugar. Faça sempre o que eu determinar.

- Mas seu Dix-neuf, o trabalho que ele me deu para ser arrancado, agora vou ter que plantá-lo?

- Se você tivesse me obedecido logo, não estaria com este trabalho de plantá-lo, depois regá-lo,...

Minhas simples histórias

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