Seguidores

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Quem foi Lampião?

Por: Capitão Alfredo Bonessi


            Alto, magro, moreno escuro, quase pardo, esguio, meio corcunda, ágil, saudável, resistente a fadigas, manco do pé direito por causa de bala - segundo quem lhe conheceu - por causa de calos no pé segundo declarações dele mesmo, em estado espiritual, a um programa de televisão, com belida no olho direito, um leucoma, assim era o corpo de Virgulino Ferreira, vulgo Lampião.
           De personalidade alegre, disposto, temperamento inconstante, sujeito a crises de fúria e descontrole, místico, religioso, rezador, intuição apurada, perspicaz, agudeza de raciocínio, inteligente, líder nato, exímio atirador de armas curtas e longas, fazendeiro, domador de animais de montaria, vaqueiro campeão, amante de bebidas finas, cigarros, charutos e mulheres, excelente trabalhador em couro e tecidos, narcisista, jogador de baralho sem sorte, impiedoso, cruel, vingativo, justiceiro - falso moralista, abusou sexualmente de algumas mulheres, embora, hoje, não sabemos se eram esposas ou filhas de inimigos. – mesmo assim são fatos lamentáveis e inaceitáveis para qualquer época de uma geração.
           Desconfiado, prudente, calculista, infiel mas respeitador das opiniões da companheira, maleável até certo ponto, principalmente em algumas decisões a ponto de alterar as ordens dadas por interferências dela, respeitado, temido, considerado, perigoso, astuto, inquisidor, julgador, músico, dançarino, corajoso, amigo, leal, acreditava nas pessoas, perfeccionista, gostava de tudo o que era bom, rico, comerciante, artífice, laborioso, habilidoso e estrategista.
            Lampião foi um homem notável para o seu século. Não existiu até o presente momento ninguém mais do que ele, igual a ele, em mesmas circunstâncias, fazer o que ele fez em um ambiente hóstil, carente de meios e desprovido de tudo, por tanto tempo assim – mais de vinte anos - acossado por centenas de volantes policiais.

Lampião

            A impressão que se tem pela fotografia acima, é que em 1928 – na visita a Pombal, possuía um relógio de pulso no braço esquerdo.
            Não sabemos até hoje como conseguiu gravar o seu nome e o de sua mulher no interior das alianças que ambos portavam e que simbolizavam a paixão que um nutria pelo outro. Gostava de tudo que brilhava, que reluzia. Quem o avistasse pela primeira vez ficava impressionado com aquele homem impecavelmente trajado de azul, ou brim caqui, apetrechos ricamente ornamentados de variadas cores e matizes, armas luzidias nas mãos prontas para o uso, tez da cor de cuia, olhar firme, voz rouca, sons profundos que calavam fundo na mente de quem o ouvia – de repente a pessoa, em seu intimo, sentia um arrepio, um frio, um medo, um temor – sentia a impressão que estava correndo um grande perigo, e aguardava, apavorada, a qualquer momento o bote daquela fera perigosa, de punhal em riste, e com a ponta do aço duro cutucar a veia jugular na tabua do pescoço, sangrando a vítima em questão de segundos.

Lampião
          
             O pavor que os nordestinos sentiram quando estiveram frente a frente com Lampião, sentiram também os homens que outrora conviveram com pessoas diferentes e superdotadas, como por exemplo, quem esteve nas presenças de Alexandre, O Grande, Julio César, Nero e Napoleão Bonaparte. – personagens da História, grandes personalidades em suas diferentes épocas, alguns líderes excepcionais, guerreiros, vencedores, que sucumbiram pela vontade do destino, dono absoluto da vida das pessoas importantes. Quem os visse, a princípio, sentiam-se admiradas diante de tanta beleza, depois de contemplá-los por alguns instantes sentiam um respeito profundo pelo que viram, depois eram possuídas por um temor inexplicável que lhe arrebatavam a alma e que lhes causavam calafrios, palidez nas face, suor frio e tremores nas pernas.
             Não se pode desejar que lampião nasça em outro lugar, em outro país, em classes mais abastadas. Lampião nasceu e se criou no lugar exato em que todo o homem valente deseja nascer e ser criado - uma terra de homens corajosos, valorosos, que não tem medo de nada e de ninguém. Homens acostumados a vida dura, difícil, onde só o destemido, o persistente, o audacioso, os corajosos sobrevivem, tiram raças e prosperam em cima do solo duro, pedregoso, domando o gado hostil - animais bravios - em meios a serpentes venenosas, como a cascavel e rodeado de mata espinhenta por todos os lados.
            Quem visita o lugar onde Lampião nasceu sente a alma envolta por um romantismo inexplicável, o ar circundante é adocicado pelo aroma das flores silvestres. Ainda pode se escutar o gorgeio livre da passarada ao amanhecer e ao entardecer; pode-se sentir o cheiro natural que brota da terra estrumada; pode-se ouvir o guizo da cobra oculta; pode-se escutar ao longe o mugido do gado na invernada; pode-se imaginar o fogo aceso, panelas ferventes, chiando nas trempes, o prato de bolinhos feitos pela Dona Jacosa, sua avó, o café fumegando na caneca, e as suas mãos ágeis enfeitando o couro dos arreios, o seu semblante concentrado mas feliz pela alegria que sentia de viver e de trabalhar, o prazer de tudo e por tudo, o gosto pelo que é bom.

             Toda essa vida boa, doce, tranqüila, prazeirosa, o destino ingrato retirou dos caminhos de Lampião, menos a fé em Deus e o amor puro que nutria pelos seus familiares. Mesmo nas horas mais difíceis de sua vida atribulada a paixão pela Virgem Santíssima nunca se arrefeceu de seus pensamentos ardorosos, forjados por uma fé inquebrantável – sentia um amor infinito e incompreensível pela Santa, a ponto de sempre rezar em sua homenagem, ao deitar, ao levantar, ao meio dia e as seis horas da tarde.


              Lampião queria viver bem e feliz. Queria ser o melhor em tudo e por tudo, de acordo com o que Deus lhe dera. Por ser portador de qualidades inerentes a poucos seres humanos, foi invejado, odiado, perseguido, traído e levado a morte, embora tenha feito de tudo para que isso não acontecesse, pois era um amigo leal e de confiança, era muito bom para quem fosse bom para com ele – Lampião era um homem de palavra e não se apossava das coisas alheias por ser ladrão vulgar, salteador de beira de estrada, fazia o saque por necessidade de manter o bando de cangaceiros e por esse fato pedia sempre dinheiro as pessoas mais abastadas, por carta, bilhetes ou mensageiros, ou simplesmente tomava delas.
             Lampião a frente de seus homens mantinha uma rede de informantes pagos a peso de ouro. Aliciava policiais e pessoas influentes, e quando não conseguia demover o perseguidor por bons modos, difamava-os, inventava historias cômicas sobre eles, dava-lhes apelidos depreciativos, contava piadas que fazia brotar risos na turma acampada aos redores das fogueiras, sobre esse e aquele oficial. Era temerário, mas não poderia ter negligenciado a capacidade combativa de Bezerra - o oficial que o matou- segundo Lampião, dito por ele mesmo, não tinha medo de boi brabo, quanto mais de bezerra.........o descuido, esse erro de avaliação foi-lhe fatal e custou-lhe a cabeça naquela manhã de 28 de julho de 38.


            Criou para si e para seu bando sinais, códigos e gírias que significavam algo entre eles, que conheciam a chave para decodificação, como por exemplo o L formado pelo indicador e o polegar da mão direita que devia ser mostrado quando se aproximavam das sentinelas do grupo. A três pancadas nos troncos das arvores - mas não eram pancadas comuns, elas tinham intensidade, ritmo e freqüência, que só os do bando sabiam executa-las.
            A manutenção dos esconderijos, os depósitos escondidos nos interiores dos troncos das arvores, de dinheiro, munição e armamento; a ocultação do cadáver do seus comandados, o sumiço dos rastros, a camuflagem, a dissimulação, a finda, o drible, a manobra audaciosa, o descarte dos dejetos dos acampamentos, a busca pela água e pelos alimentos, - o lampejo na mente iluminada pela escolha da decisão mais acertada, na hora certa e diante de grande perigo - fizeram o bando sobreviver por longos anos, diante de volumoso número de perseguidores, graças ao tirocínio de seu comandante, de sua visão combativa, de seu planejamento bélico, do seu sentido de direção, de seus objetivos previamente ajustados e na maioria das vezes bem sucedidos, e por esse fato granjeava a admiração e o respeito dos seus seguidores, a ponto de sempre confiarem nele e o considerarem invencível. Seu bando nunca andava a ermo, sem um roteiro estabelecido, se um objetivo, sem uma missão a cumprir. Seus deslocamentos sempre tiveram início, meio e fim.
             Lampião morreu no tempo certo e na hora certa. Morreu no apogeu da vida e da saúde. Morreu em combate. Após o mortífero impacto da bala que lhe pos por terra, enquanto pode, enquanto tinha uma pouco de energia, tentou ficar de pé, não conseguiu, se contorceu até que o tiro final esgotou todas as possibilidades de vida. Um espírito muito forte retornava a sua morada divina.





            Lampião pode ter sido o que seja, mas um dia voltará para cumprir a sua missão terrena em uma nova chance dada pelo criador. Esperamos que tenha mais sorte desta vez. Analisando a vida de grandes malfeitores podemos dizer que Lampião não teve as mesmas chances e as oportunidades de fazer o bem que tiveram Reis, Rainhas, Religiosos e Políticos da Nova Era. – pelo contrário – foram até muito pior do que ele. As centenas de pessoas que caíram pelo aço de seu punhal ou pelas balas de suas armas nem de longe se comparam aos milhões de mortes causadas pela inquisição religiosa e nos porões das masmorras ideológicas. Talvez seja por isso que Lampião mereça uma nova chance nesse mundo de pecado.


Alfredo Bonessi. (Foto: Coroné Severo)
Estudante Pesquisador – Membro da GECC -
Grupo de estudos do cangaço do Ceará e
SBEC - Sociedade Brasileira de estudos do cangaço.


Transcrito do Blog:
"Lampião Aceso", do amigo Kiko Monteiro

Faleceu o escritor José Geraldo Aguiar


             O blog Cariri Cangaço anunciou a morte do escritor José Geraldo Aguiar. Agora o Blog Lampião Aceso também faz a sua parte, de comunicar aos seus leitores.
             
             Repasso ao leitor o que escreveu o músico Kiko Monteiro, sobre a morte do escritor e fotógrafo José Geraldo Aguiar. 

Foto: O norte.net

             Soubemos através do Coroné Severo informado pelo chanceler Paulo Gastão.
             
             Foi na última quinta-feira, 19 de maio, por um enfarto fulminante, por volta das 21 horas, faleceu José Geraldo Aguiar, em Brasília de Minas, MG. Tendo seu corpo sido sepultado no dia seguinte na sua cidade natal São Francisco. Tinha 61 anos de idade, deixa a viúva, Edny Prestes Aguiar e três filhos.

             Geraldo Aguiar exerceu a profissão de fotógrafo em São Francisco, por mais de 36 anos, com muitos contatos, tomou conhecimento dos rumores na região de que "Lampião" estaria vivendo naquele Município.
"- Meu passado foi muito problemático, não posso aparecer. Faça o que for possível, mas, não anuncie nada antes da minha morte. Vou morrer no ano que vem. Deixo minha mulher autorizada a colaborar com você em tudo que for possível.”

A tese defendida por Geraldo
 
            Passou a pesquisar e encontrou um homem sisudo, estranho, com um defeito no olho direito, usava óculos escuros e que não era de ter amigos. Procurou se aproximar daquela pessoa, travando conversas, puxando assunto, até que ficou sabendo de se tratar de João Teixeira Lima.
              
            Os contatos foram aumentando. João Teixeira Lima passou a ter confiança em Geraldo Aguiar. Muitas informações foram transmitidas ao fotógrafo, até que num determinado dia, João Teixeira confessou que era, na realidade, Virgulino Ferreira da Silva, narrando toda a história de sua vida e como ele renunciou ao cangaço e fugiu para Minas.
          
             Em 1992, Geraldo Aguiar disse para João Teixeira Lima que queria escrever a sua história, para corrigir o equívoco daquele episódio de Angico. Ele disse:  
           
            Realmente, João Teixeira Lima veio a falecer no ano seguinte, o óbito foi registrado em nome de Antônio Maria da Conceição, esputado em Buritis-MG e a sua então mulher, Severina Alves de Morais, conhecida por Firmina, outorgou procuração para José Geraldo Aguiar, prestou todas as informações necessárias e entregou documentos importantes.
          
            Geraldo Aguiar pesquisou o assunto durante os 17 anos seguintes, entrevistou dezenas de pessoas ligadas ao cangaço e terminou de escrever o livro, sendo lançado em Setembro de 2009 no Cariri Cangaço, com o título “LAMPIÃO, o Invencível: duas vidas e duas mortes” pela Thesaurus Editora, de Brasília.
          
            Ele já estava com as pesquisas bem avançadas para lançar a 2ª edição do livro com mais detalhes e outras "provas" de que João Teixeira Lima ou Antônio Maria da Conceição era o próprio Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião. 


Extraído do blog: "Lampião Aceso" do Kiko Monteiro

  José Mendes Pereira
Deixar de permanecer
no seio da mãe natureza, é
apenas  uma transferência da
 morte para a vida eterna. Quem
viaja em busca de Deus, nada perdeu,
apenas ganhou um outro mundo, sem
sofrimentos, sem maldades, sem
 ódios, e lá irá ser amado por Deus
e pelo filho. Na vida Geraldo,
com certeza fostes um
guerreiro, um batalhador
 e um bom profissional.
Morrer não é o fim.
E que Deus o 
ampare
 sempre. 
  
              Sobre a sua obra, escrita com carinho, nada tenho a dizer contra, mas quem lhe informou ser o verdadeiro Lampião,  não passou de um oportunista, querendo aparecer no meio da sociedade brasileira.
                 
Dúvidas, não só minha, mas tenho certeza que muitos que estudam o cangaço tem.

 
               1 - Para que Lampião tivesse renunciado o cangaço, teria sido antes da chacina na grota de Angicos, na madrugada de 28 de julho de 1938. A renúncia não aconteceu, pois os seus remanencentes como: Candeeiro, Balão, Sila, Zé Sereno, o coiteiro Mané Félix e outros,  todos confirmaram aos escritores e pesquisadores que naquela madrugada Lampião estava no coito.

             
               2 - Nada existe para corrigir sobre a morte de Lampião. Isto é indiscutível. Lampião morreu naquela madrugada de 28 de julho de 1938, na Grota de Angicos, no Estado de Sergipe.
             
               3 - Por que o suposto Lampião afirmou ao escritor que não poderia aparecer. Ora! Após cinquenta anos que havia acontecido a chacina,  todos os cangaceiros estavam libertos pelo então Presidente da República Getúlio Vargas, e ainda ele temia algo?

 Get�lio Vargas - Presidente do Brasil
Getúlio Vargas
               
                4 - "Vou morrer no ano que vem".
              
               O que eu sei, através dos escritores e pesquisadores, que Lampião era um grande estrategista, mas evidente, que adivinhava o que iria acontecer com ele,  e anunciar até o ano de sua morte, nunca ouvir falar. 
             
               5 - "O óbito foi registrado em nome de Antônio Maria da Conceição".
              
              Observe leitor: De Virgulino Ferreira da Silva, passou a ser chamado João Teixeira Lima e foi sepultado com o nome: Antonio Maria da Conceição.
       
               José Geraldo Aguiar: Por onde você estiver, nada tenho contra o que você escreveu, apenas você repassou o que lhe informaram, tudo fantasiado pelos depoentes.


José Mendes Pereira 

DINOSSAUROS

               

              Os dinossauros constituem uma superordem de membros de um grupo de arcossauros referente ao final do período Triássico (cerca de 225 milhões de anos atrás) e dominante da fauna terrestre durante boa parte da era Mesozóica, do início do Jurássico até o final do período Cretácico (cerca de 65 milhões de anos), quando da extinção de quase todas as linhagens, à exceção das aves – entendido por muitos cientistas como os únicos representantes atuais.

               Distinto de outros arcossauros por um conjunto de características anatômicas, entre as quais se destacam a posição dos membros em relação ao corpo – projetados diretamente para baixo – e o acetábulo (encaixe do fêmur na região da bacia) aberto, isto é, o fêmur encaixa-se em um orifício formado pelos ossos da bacia. A etimologia da palavra remete ao grego déinos, terrivelmente grande, saurós, lagarto, e, por extensão, réptil.

              Historicamente a denominação do grupo (Dinosauria) foi criada pelo paleontólogo e anatomista inglês Richard Owen em Abril de 1842, na versão impressa de uma palestra conferida em 2 de Agosto de 1841 em Plymouth, Inglaterra, sobre fósseis britânicos de répteis e deriva dos termos em grego δεινός (deinos) "terrível, poderoso, grandioso" + σαῦρος (sauros) "lagarto". O grupo foi erigido para agrupar os então recém-descobertos Iguanodon, Megalosaurus e Hylaeosaurus. Apesar da natureza fragmentária dos fósseis, Owen pôde reconhecer que eram bastante distintos dos répteis (vivos e fósseis) até então conhecidos.

              Eram grandes (outros grupos de répteis grandes eram conhecidos – crocodilos, mosassauros, plesiossauros e ictiossauros, mas estes eram aquáticos, ao contrário dos membros do novo grupo, eminentemente terrestres).

            Possuíam um encaixe dos membros diferente: os ossos dos membros ficavam em uma orientação paralela em relação ao plano longitudinal do corpo (dirigidos diretamente para baixo), em vez da posição típica dos membros dos demais répteis, saindo perpendicularmente do corpo e se dobrando para baixo na região do cotovelo e do joelho (dirigidos lateralmente);

              Altura, largura e rugosidades dos arcos neurais;

             Costelas com terminação proximal (que se liga às vértebras) bifurcada (a costela apresenta um formato de um Y);

              Coracóide largo e, por vezes, de padrão complexo;

              Clavículas longas e finas;

             Ossos dos membros proporcionalmente maiores, mas com paredes finas – indicando hábito terrestre.
DINOSSAURO ALOSSAURO

 

DINOSSAURO ANQUILOSSAURO


DINOSSAURO ESTEGOSSAURO


DINOSSAURO PLATEOSSAURO


DINOSSAURO MEGALOSSAURO


DINOSSAOURO ARCOSSAULO


DINOSSAURO SACISSAURO


DINOSSAURO PAQUICEFALOSSAURO


 MUSEU

 

MUSEU


Fonte: Wikipédia - a enciclopédia livre

A Dinâmica do Cangaço

Por: Paulo Medeiros Gastão


             O sentido da normalidade mostra que todos nós começamos nossas trajetórias, frente ao cangaço, na qualidade de curiosos sobre o mundo cangaceiro. A próxima etapa é tornar-se leitor do tema. Taludos vamos ao campo, onde se descortinou o movimento bélico que mexeu não só com o Nordeste, mas com todo o Brasil.
              Desde o século XIX que a literatura de cordel, tornou-se o veículo eleito para transportar as novas gerações, às histórias mirabolantes dos cangaceiros. Assim podemos citar nomes que fizeram folheto e história ao longo de muitos anos. Citamos: Leandro Gomes de Barros, João Martins de Athaydé, Rodolfo Coelho Cavalcante, Francisco das Chagas Batista, Dila, J. Gomes, Zé Saldanha, Abraão Batista, José Costa Leite, José Bernardo da Silva e centenas de outros grandes poetas.


               Logo em seguida, ou seja, a partir de 1912 com Carlos Dias Fernandes se deu o início para com as publicações em livro, sobre o tema que ganhava cada vez mais espaço, junto aos leitores curiosos e ávidos por novos relatos.
             Juntaram-se jornalistas, poetas de cordel, escritores, profissionais liberais, religiosos, advogados, membros de academias de letras em nível nacional, estadual e outros, no sentido de ampliar uma história que cativava leitores de todas as camadas sociais.
             O movimento iniciado a mais de um século continua. Parece mais o mar em calmaria, porém, estamos na base de um vulcão sempre emitindo suas larvas e, mostrando as forças que engrandecem ao homem e a natureza simultaneamente.
             O espaço além de folhetos e livros foi ocupado pelo cinema, pintura, televisão, desenho, artesanato em madeira, ferro, fibras, palha, tecidos e uma gama intensa de processos criadores e voltados à manutenção da história dos povos das caatingas.
             Foram estudados coronéis de patente, coiteiros, volantes, rastejadores, comerciantes, políticos e até religiosos. O somatório desses personagens engrandeceu substancialmente a história e ajustou os pontos onde restavam dúvidas ou interrogações da veracidade estabelecida.

Antônio Conselheiro
Antonio Conselheiro
             
                Cangaço e cangaceiros são misturados com a Guerra de Canudos e Antonio Conselheiro - grande líder, a Coluna Prestes, a Revolução de 30, padre Cícero Romão Batista, beatos e religiosidade popular, além de outros motivos bélico-religiosos ou não, que ocorreram nos sertões nordestinos.

Padre Cícero
             
              São inúmeros os casos de pesquisadores que se arvoraram em registrar os momentos ocorridos, tendo-se à frente cangaceiros, volantes e demais participantes da história. Deixaram muitos espaços abertos para futuras investigações. Pois, novos personagens que participaram diretamente das refregas estão aparecendo e prestando suas informações de forma clara e transparente. Novos pontos dentro das fechadas caatingas têm sido visitados e em alguns casos temos os dados registrados pelo sistema oferecido pelo GPS.

      Corisco e o cangaceiro Vinte e Cinco 
       
               Nos últimos tempos temos nos deparado com os depoimentos de Vinte e Cinco & Candeeiro (registrados, porém não divulgados);

O ex-cangaceiro Candeeiro
             Tenente João Gomes de Lira e Neco de Pautilha, hoje residentes em Carqueja, antiga Nazaré;

Manoel Severo e o tenente João Gomes de Lira
            
                 Sílvio Hermínio Bulhões, filho de Corisco e Dadá, residente em Maceió; Sinhô da Beleza, que canta uma outra versão da música “muié rendeira’,

Aderbal Nogueira e Sílvio Bulhões

            Aderbal Nogueira e Silvio Bulhões exercícios na "Academia". Genésio e Artur Ferreira, primos de Lampião, Dona Especiosa, costureira de Lampião (falecida), e Luiz Flor membro de volante que perseguia cangaceiros, todos, residentes em Serra Talhada, estado de Pernambuco;

Odilon e Luiz Flor
           
               Sargento Elias, residente em Olho d’Água do Casado, Alagoas, remanescente do episódio registrado em Angico, que na época pertencia a Porto da Folha, estado de Sergipe;

Sargento Elias

              Moreno e Durvalina (também chamada de Durvinha), casal residente em Belo Horizonte, Minas Gerais;

Moreno e Durvalina
              
                Maria de Juriti que residia em Canindé do São Francisco e recém falecida; Aristéia, residente em Paulo Afonso, estado da Bahia.

João de Sousa Lima e Maria de Juriti

                  Procurados, identificados e carentes de entrevistas temos: Alecrim, Antônia de Gato, Manuel Tubiba, Maria de Pancada, Bem-te-vi, Rita (vitima de Sabiá), Garrafinha.
                A tendência é conseguirmos um maior número de pessoas, desde que o cangaço teve seu término na região abaixo do Rio São Francisco, ou seja, nos estados de Alagoas, Sergipe e Bahia. Procurando com cuidado ainda conseguiremos bons resultados.
               Por outro lado vejamos alguns dados sobre cangaceiros que atuaram na década de 20 do século passado: Félix da Mata Redonda, também conhecido como Félix Caboge.

Félix da Mata
                   Era pardo, alto, desdentado, apresentando ter trinta e cinco anos de idade, no ano de 1925. Residente na localidade Mata Redonda, situada no município de Triunfo, estado de Pernambuco. Fez parte do grupo que assaltou Mossoró. Assaltou com seu grupo a cidade de Triunfo e tornou-se famoso.
                 Esteve ligado aos acontecimentos dos Sítios Alagoa do Serrote e Caboré (detalhes logo abaixo), ambos no município de Princesa, estado da Paraíba. Participou dos bandos que atacaram Mossoró em 1927. O cangaço não se resume à figura de Lampião.

Sabino Gomes
               
               Sabino Gomes identificado também, como Sabino Gore, Sabino Barbosa de Melo, Sabino Goa, Sabino das Abóboras. É na fazenda Abóboras no sopé da Serra de Triunfo, Pernambuco que está localizada a origem deste cangaceiro que recebeu a   patente de tenente na cidade do Juazeiro do Norte, estado do Ceará.
               Era Sabino baixo, pardo, corpulento, de trinta anos de idade, mais ou menos, quando visitou o Rio Grande do Norte. Participou do fogo do Gavião, dos assassinatos ocorridos nos Sítios Alagoa do Serrote e Caboré, no município de Princesa, Paraíba, juntamente com Lampião, Antonio Ferreira, Horácio Novaes, José Cavalcante (vulgo Dé Araújo), Belarmino Novaes, André Sepahuba, Inácio de Tal (vulgo Jurema), Félix Caboge da Mata Redonda, Carolino (vulgo Juriti), Jorge de Tal (vulgo Maçarico), Manoel Izabel, José Rachel, Vicente - filho da negra Penha -, Sebastião Valério, Ricardo de Tal (vulgo Pontaria), Eleno (vulgo Asa Preta), Hermino de Tal (vulgo Chumbinho), José Cesário, Luiz Berto de Lima, Juvenal Porfiro, José Porfiro, Luiz Pedro, Raimundo Novaes, Damásio (vulgo Chá Preto), Antonio de Tal (vulgo Sabiá), Luiz - filho de Nominata - e outros.
               Seus familiares residem atualmente nos estados de São Paulo, Ceará, Bahia, Pernambuco e Paraíba. Um livro sobre sua vida, está sendo escrito por uma de suas netas, que reside atualmente no estado da Paraíba. Visita Mossoró e retorna para morrer em tiroteio na Piçarra, município de Brejo dos Santos, estado do Ceará. Era homem valente e da extrema confiança de Lampião. Continua em aberto o número de cangaceiros que atacaram Mossoró. Em discussão. Você pode habilitar-se. Aproveite o momento.

Neném do Ouro e Luiz Pedro

                 Luiz Pedro, também conhecido como Luiz Pedro Cordeiro, Luiz Pedro da Canabrava e ainda Luiz Pedro do Retiro. Não aceitou a retirada do seu nome, que indica o local de origem. O Retiro está localizado no município de Triunfo, estado de Pernambuco. Desta comunidade saíram muitos cangaceiros que ganharam fama e outros ficaram no anonimato. Localidade produtora de farinha - a melhor do mundo - e de punhais tão bem feitos, quanto os produzidos no Juazeiro do padre Cícero.
             O cangaceiro esteve ligado ao bando dos Ferreira desde que adentrou ao cangaço. Esteve na cidade de Mossoró e foi dos raros que chegaram a Serra da Baixa Verde, em Triunfo, e de lá após algum tempo, seguem em busca do território baiano, quando vão viver a segunda fase do cangaço lampiônico.
              Luiz Pedro está registrado nos anais de Princesa, como cangaceiro que atacava aquela região, em represália à forma de tratamento que lhes era dada pelo Coronel Zé Pereira, líder da comunidade que, outrora, era identificada como Lagoa do Pecado. Tinha aproximadamente vinte e três anos de idade, quando da sua passagem pelo município de Princesa, deixando com seus companheiros, os seguintes mortos: Antonio Valdivino, Joaquim Alves - velho de 96 anos de idade -, Manoel Rodrigues de Melo, Ananias Alves, Antonio Zuza, Belizário Zuza e o menino Pedro Valdivino, de doze anos de idade. Fazia Luiz Pedro parte do comando maior de Lampião, valente, bravo e de extrema confiança do chefe. Sua morte em Angico e dos outros dez continua em discussão.

Mossoró, 13.06.08.


Paulo Gastão é escritor, pesquisador. Assessor
de Comunicação da SBEC.

Mendes e Mendes...

Por: Manoel Severo


.           O blog do Cariri Cangaço acabou tornando-se ponto de encontro dos muitos amigos que pesquisam, estudam, discutem e são verdadeiros apaixonados pela temática do cangaço em nosso Brasil. Uns famosos, outros com certeza no mesmo caminho; uns curiosos, participativos, outros ensaiando comentários, enfim.

          Hoje nossa revista eletrônica resolveu prestar uma justa homenagem a um dos mais assíduos leitores de nosso cariricangaco.com; o amigo José Mendes Pereira, de Mossoró, que invariavelmente enriquece nosso blog com seus oportunos comentários, dúvidas, reflexões, provocando a interação que só é possível através deste maravilhoso mundo virtual.

É com você, Mendes e Mendes...

Colecionador do Cangaço, Dr. Ivanildo Silveira

Dr. Ivanildo Alves da Silveira:


              Não sei como é que ainda existem pessoas duvidando da morte de Lampião. Se Lampião tivesse escapado da chacina da Grota de Angicos, na madrugada de 28 de julho de 1938, com certeza, um homem corajoso e destemido como era ele, tinha voltado ao sertão pernambucano, sua terra natal, para dizer aos seus conterrânios: "Eu, Virgulino Ferreira da Silva, vulgo, capitão Lampião, está vivo, gordo e sadio". Em especial, teria infernado a vida do tenente José Lucena, causador da morte de seu pai.
Senhores escritores e pesquisadores: Pelo amor de Deus, não contrariem a literatura lampiônica, já que foi montado o dominó do cangaço pelos próprios senhores.

José Mendes Pereira - Mossoró - Rio Grande do Norte.

Poeta e escritor Kydelmir Dantas

Ilustre escritor Kydelmir Dantas:

              Tire-me esta dúvida. O cangaceiro que aparece na foto abaixo, ao lado direito de Corisco, é mesmo o cangaceiro Vinte e Cinco? Já encontrei em outros textos como sendo o cangaceiro Rouxinho.


José Mendes Pereira - Mossoró- Rio Grande do Norte.


Ilustre Escritor e professor Romero Cardoso:


              Espero que o senhor não receba esta minha dúvida como crítica, e sim, como uma informação correta sobre a data do assassinato de Cristino Gomes da Silva Cleto, "o Corisco". O notável escritor pôs em seu texto que Corisco foi morto no dia cinco de maio de 1940. Alguns pesquisadores do cangaço, informam que a morte do perigoso bandido ocorreu no dia 25 de maio de 1940. Qual seria a data mais correta do tiroteio que aconteceu na região de Brotas de Macaúbas, na Chapada da Diamantina, quando Dadá enfrentou com garra e destemida o tiroteio?
Respeitosamente:


José Mendes Pereira - Mossoró-Rn.

Esse é o Mendes e Mendes, amigo do Cariri Cangaço, que com certeza já é o campeão de postagem de comentários nas muitas matérias de nosso blog. A você caro Zé Mendes, o nosso abraço.

Cariri Cangaço

.

Antônio Porfírio e sua Alagadiço

Sawaninha e a réplica do famoso ferro de Zé Baiano, mantido no Museu de Alagadiço

             Gostaria de compartilhar um telefonema que recebi nesta sexta-feira do confrade Antônio Porfírio, de Frei Paulo, quer dizer, de Alagadiço, Sergipe. Há dois anos tive a satisfação de visitar juntamente com minha família; Danielle, Sawanna, Pedrinho, Emily e Manoela; a simpática Alagadiço, famosa pelos episódios de triste lembrança, perpetrados pelo "Gorila de Chorrochó", Zé Baiano. Ali, sob a orientação do pai do amigo Porfírio, conhecemos boa parte da história de sofrimento da vila e de seu povo.

             Quando Virgulino Lampião estava no auge de seu "segundo reinado" em terras sergipanas, estabeleceu Frei Paulo como sesmaria pertencente ao perverso Zé Baiano, da famosa família de cangaceiros Ingracias. Por ali o grande Rei do Cangaço passou por quatro vezes e ali se deu o episódio de emboscada e morte do ferrador do cangaço Zé Baiano. No local, sob a coordenação do amigo Porfírio foi erquido um mausoléu e um museu, reunindo parte do espólio dos personagens da saga  cangaceira em Alagadiço.

Local da morte de Zé Baiano e seu grupo

              Pois bem, nesta sexta-feira a tarde qual não foi minha supresa ao receber a ligação de Antônio Porfírio, que entre uma conversa e outra, comentava sobre o importante papel do blog do Cariri Cangaço no fortalecimento dos espaços de pesquisa e discussão do tema cangaço, ao mesmo tempo em que nos assegurou a excelente aceitação de nossa humilde revista eletrônica no estado de Sergipe. Em tempo nos convidou para participar no próximo dia 12 dos festejos da padroeira de Alagadiço e confirmou sua presença no Cariri Cangaço 2011.

Ao amigo Porfírio e sua família o abraço do Cariri Cangaço
Extraído do blog: Cariri Cangaço, do amigo Manoel Severo.

Major Zé Inacio, foi aqui que tudo começou...


Casa sede da fazenda Baixa Grande do Major Zé Inácio

           Estar no cariri, mas precisamente no Barro e ter a oportunidade de visitar a lendária Fazenda Baixa Grande, do não menos lendário e emblemático "Major Zé Inácio do Barro", para nós que estudamos a temática cangaço, é no mínimo emocionante. Foi aqui que tudo começou, foi dessas terras que ainda em 1918 saíram os primeiros homens de Sebastião Pereira e Luiz Padre, foi nessas terras que três dos filhos do almocreve do Pajeú, Zé Ferreira, vieram morar, ali formariam ao lado de muitos outros os cabras de Sinhô Pereira; foi dessas terras e dessa casa que partiram os celerados, e daí, o Mito.

Vista lateral

 O que restou do engenho

              Ainda pelos idos do final da primeira década do século passado, a família Pereira, em franco confronto com a família Carvalho, no vale do Pajeú, acabou vindo fixar residência na cidade de Barro. Foram adquiridas as fazendas Timbaúba e Carnaúba, bem próximas a outra fazenda famosa de um contra-parente: A Baixa Grande do Major Zé Inácio. Logo após a morte de Né Dadu, Sebastião Pereira assume o comando do braço armado da família Pereira e desse tripé: Timbaúba, Carnaúba e Baixa Grande, sob os auspícios do Major Zé Inácio, se forma o primeiro grupo de cangaceiros sob o comando de Sinhô Pereira, era o ano de 1918.

Estamos com a vista da fazenda Baixa Grande
em direção a cidade de Barro

Aqui temos a vista da fazenda Baixa Grande em direção
as fazendas Timbauba e Carnauba, no alto do morro,
território da família Pereira.

             Major Zé Inácio era verdadeiramente um dos maiores potentados de toda essa região desse lado do cariri, com influência forte em municípios como Milagres, Mauriti, Aurora, Missão Velha; tinha fortes e importantes aliados, conseguindo formar e fomentar um verdadeiro exercito de cabras e cangaceiros sempre a seu comando. Foi sempre um dos principais personagens em todos os episódios envolvendo conflitos armados na região e passou a ser o mais importante aliado de Sinhô Pereira e Luiz Padre.

Manoel Severo e Sousa Neto na sala principal da Fazenda
Baixa Grande

Quanta coisa aconteceu e foi decidida por esses cômodos
e que passaram por essas portas...
           Com a palavra Virgulino Ferreira da Silva, por ocasião de sua passagem por Juazeiro do Norte em 1926 em entrevista ao médico cratense Otacílio Macedo: " - A meu ver o cangaceiro mais valente do nordeste foi Sinhô Pereira. Depois dele, Luiz Padre. Penso que Antonio Silvino foi um covarde, porque se entregou às forças do governo em consequência de um pequeno ferimento. Já recebi ferimentos gravíssimos e nem por isso me entreguei à prisão...

...Conheci muito José Inácio de Barros. Era um homem de planos, e o maior protetor dos cangaceiros do nordeste, em cujo convívio sentia-se feliz."

 
 
 
 
 
Sousa Neto e Bosco Amdré se despedem da fazenda Baixa Grande do Major Zé Inácio; nosso próximo encontro? Quando Setembro chegar.
Que venha o Cariri Cangaço 2011...
 

            NOTA CARIRI CANGAÇO: Na edição 2011, o Cariri Cangaço terá uma espetacular Conferência sobre a vida deste grande potentado que foi o Major José Inácio de Sousa, como também teremos a oportunidade de visitar a lendária fazenda onde tudo começou...
.
Trasladado do blog: "Cariri Cangaço", do amigo Manoel Severo