Seguidores

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

AGRIPA, SÃO FÉLIX E UFAL

Por Clerisvaldo B. Chagas, 27 de agosto de 2010 - Crônica Nº 1.248

Hoje, quarta-feira (27) a Associação Guardiões do Rio Ipanema – AGRIPA estará deslocando uma equipe de seus membros até o povoado São Félix. O deslocamento dos guardiões atenderá a solicitação oficial da Escola Municipal Básica Vereador João Francisco Cavalcante, através do seu diretor Aloísio Raimundo Gomes.

Alunas da UFAL, Edilânia e Láudia pesquisam na AGRIPA. (Foto: Clerisvaldo).

Os guardiões em parceria com a direção do Meio Ambiente ministrarão uma palestra naquela comunidade, a respeito da preservação do riacho Gravatá, afluente do Ipanema e que escorre pela região serrana deste município. A palestra será dirigida, notadamente para os alunos daquela unidade estudantil, quando os resíduos sólidos estarão em evidência.

Na última sessão a AGRIPA recebeu a visita do diretor escolar Aloísio Raimundo Gomes, abrilhantando assim, essa reunião ordinária semanal.
A AGRIPA também enviará alguns representantes para atender nova solicitação do CRAS, que tomou gosto pela natureza através das trilhas encantadas do Panema.

No próximo dia 10 de agosto, os Guardiões do Rio Ipanema, no turno vespertino, estarão atendendo outro convite cultural. É que o clube AABB, através do seu presidente Sebastião Malta, convidou a Associação para uma palestra sobre essa estrutura montada para lutar pelo rio Ipanema e o meio ambiente santanense. O público deverá ser alunos representantes de várias escolas, principalmente do Curso Médio.

A AGRIPA também registrou, ontem à noite, a presença de alunas da UFAL na sua sede provisória, Escola Estadual Helena Braga das Chagas, no Bairro São José. Láudia da Silva Nascimento e Edilânia Acióli Cavalcante do 1º período de Ciências Contábeis foram recebidas pelos guardiões Clerisvaldo Braga das Chagas e Marcello Fausto. As pesquisas das universitárias têm como alvo a região da Cajarana com seus problemas sociais.

Com o sistema de rodízio da direção da AGRIPA, deixa o cargo de presidente, Sérgio Soares de Campos, ao completar um ano à frente desse órgão educativo.

Na próxima sexta-feira, em sessão ordinária, A AGRIPA discutirá pela força estatutária e por consenso, sua nova estrutura e existência.

http://clerisvaldobchagas.blogspot.com.br/2014/08/agripa-sao-felix-e-ufal.html

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

CRISTALEIRAS, ORATÓRIOS E BORDADOS

Por Rangel Alves da Costa*

Atualmente está tudo muito diferente. As residências são guarnecidas por móveis modulados, de madeira prensada ou mesmo de materiais requintados e de fino acabamento. Visualmente são maravilhosos, mas de curtíssima duração. Como dizia a velha comadre, já não se faz nada que tenha serventia como antigamente. E tem razão a velha comadre. As estantes, cadeiras e mesas de hoje, bem como todo o aparato mobiliário, não duram muito e logo começam a ficar tronchos, a esfarelar e a cair.

Mas nem sempre foi assim. Ainda hoje, com mais de cinquenta anos de varanda ou alpendre, de frio e calor, de chuva e sol, muitos assentos continuam inteiros e firmes por esse mundão afora. E o sertão tem exemplo de sobra. As mesas, bancos, cadeiras e tamboretes venceram gerações e mudaram somente a cor, pois ficaram mais envernizados, mais bonitos. Pelas salas e alpendres das fazendas se avistavam aqueles bancos enormes, compridos, com mais de três metros, todos em madeira de lei. Nenhum cupim jamais se deu ao prazer da destruição.

Tais bancos ainda são encontrados, mas com maior raridade. As igrejas utilizam da mesma madeira sertaneja nos seus assentos imorredouros. Aroeira, maçaranduba, peroba, angico, bonome, baraúna, tudo madeira que cupim não rói, por isso mesmo duradoura, resistente, apropriada para ser utilizada onde se deseja firmeza e resistência. Também por isso que gerações desaparecem e os bancos que ainda restam nos telheiros continuam com feição irretocável.

Contudo, ao aderirem aos modismos mobiliários, tantos as povoações interioranas como os centros urbanos foram fragilizando os seus costumes. Igualmente aos modismos que chegam, destroem e somem, os costumes mobiliários demonstram as fragilidades desse novo tempo. Dificilmente se encontra uma casa onde a mesa seja de madeira autêntica, nobre, antiga, tingida pelo verniz do tempo. O que se vê comumente são móveis novos, bonitos, brilhentos, coloridos, porém todos prensados, de fórmica ou um material qualquer de curta durabilidade.


Somente nas casas das fazendas, nos sítios mais distantes e algumas povoações, ainda é possível ter a satisfação de encontrar móveis antigos ainda em pleno uso e com feições de eternidade. Ainda é possível encontrar um velho pilão dos tempos da escravidão, com sua mão enorme e ainda o eco da batida no café, no milho, no grão de outras gerações. Mesas imensas, para acolher toda a família em almoço e confraternização. Cadeiras e bancos que de tão pesados mais parecem uns troncos trazidos da mataria ao redor.

Também nas povoações mais distantes, principalmente nas residências mais antigas e de famílias com maiores posses, ainda é possível encontrar cristaleiras que são verdadeiras relíquias. Aqueles armários antigos, construídos com madeira nobre e artesanalmente adornados, geralmente colocados nas salas de refeições, davam um toque requintado aos rústicos ambientes. Olhando através das vidraças eram avistados os copos finos, as taças, os cristais, as garrafas antigas.

O mesmo acontece com os oratórios. Ora, na região sertaneja os oratórios são tidos e conservados como verdadeiras miniaturas de igrejas, como locais de fé e orações, como lugar reservado para encontros e diálogos com Deus, santos e anjos. Alguns são tão antigos e trabalhados que se tornaram verdadeiras raridades. E muitos destes com imagens ainda mais antigas, de madeira, lindamente trabalhados nos mínimos detalhes. Daí serem tão raros, caros e preciosos. Atualmente são poucos os oratórios que são encontrados em bom estado de conservação, principalmente porque o desaparecimento dos mais velhos vai deixando a fé sertaneja carente de devoção. E as novas gerações nem sempre acendem uma vela ao lado ou se ajoelham perante o templo de madeira para expressar sua religiosidade.

Os velhos oratórios continuam nos quartos ou pelos cantos das salas, mas o mesmo não acontece com os santos esculpidos em madeira. As imagens sacras foram levadas, muitas vezes a preço de esmola, para as estantes ou as coleções dos endinheirados da cidade grande. E para servir apenas como enfeites e forjamento de uma religiosidade que mais se afeiçoa a um grande pecado. Verdade que o sertanejo não sabia valorizar a arte nos seus santos, também não sabia que sua santinha era tão cobiçada para outros fins. E no seu jeito humilde de ser, comumente entregou ao estranho sua protetora achando que talvez ela tivesse serventia milagrosa para aquela alma carente. Mas que pecado.

A receptividade do sertanejo já serviu como porta para muitas ações insidiosas perpetradas por espertalhões. Durante muito tempo forasteiros pagaram preço de banana por toalhas e colchas rendadas e trabalhadas por mais de três meses seguidos. Sentadas nas calçadas ou debaixo do pé de pau em todos os momentos que não estivessem nas lides da casa, as amigas bordavam verdadeiras obras de arte. Do mesmo modo as velhas senhoras com suas almofadas e bilros, numa maestria peculiar, fazendo surgir rendados de paraíso. E depois entregar ao forasteiro por quantia que nem sempre cobria os custos das linhas, dos panos e das espetadas das agulhas nos dedos.

Tantas riquezas e o povo sertanejo alheio ao seu real valor. Coisas antigas e preciosas, heranças familiares, simplesmente foram relegadas pelo desconhecimento de sua importância cultural e até afetiva. Até mesmo os velhos baús foram abandonados. Ou não, pois talvez estejam enfeitando as salas de visita da burguesia que busca na antiguidade a simbologia da riqueza.

Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

O Cangaço na Paraíba


A sociedade é constituída pelos homens e para os homens. Todos devem participar de seus benefícios e de seus encargos: é o princípio da igualdade perante a lei. E é por desrespeito à lei, ligado aos problemas sociais, que surgem os maiores conflitos. A história registra em passado não muito distante a atuação de milhares de bandoleiros nos sertões do Nordeste. Poucos, entretanto, chegaram a ser famosos. O Nordeste viveu longos anos de agitação, pelas lutas sangrentas entre soldados (chamados de macacos) e cangaceiros.

Colorido por - Rubens Antonio - http://cangaconabahia.blogspot.com

Ao contrário do que teve muitos cangaceiros, sobressaindo-se apenas dois: Chico Pereira e Osório Olímpio de Queiroga, coincidentemente nascidos na região de Pombal. Como ninguém nasce cangaceiro, os dois entraram no cangaço para vingar a morte dos seus pais. O primeiro foi assassinado pela Polícia Militar do Rio Grande do Norte, no município de Acari. E o segundo, absorvido na comarca de Pombal, ingressou na PM da Paraíba, tornando-se um oficial respeitado, sensato e equilibrado, reformando-se no posto de coronel.

O cangaceiro Antonio Silvino

Ao contrário do que muitos pensam, Manoel Batista de Morais, o Antônio Silvino, não era paraibano. Nasceu em Afogados de Ingazeiras, em Pernambuco. Viveu muitos anos na Paraíba, morrendo aos 69 anos na cidade de Campina Grande, no dia 9 de outubro de 1944, ainda certo do grande trabalho prestado à comunidade sertaneja, pois ainda ninguém conseguia convencê-lo ao contrário, como afirma o jornalista e escritor Barroso Pontes, autor de quatro livros que tratam do cangaceirismo no Nordeste.

No verão 1914, Antônio Silvino invadiu a cidade de Mogeiro, na Paraíba. A cerca assolava terrível e levas de flagelados exibiam a sua miséria pelas estradas ressequidas. Silvino, ao apossa-se da cidade, não cometeu nenhuma violência contra pessoas físicas, mais se apoderou dos gêneros alimentícios estocados depois seria preso, quando ferido em combate com a força do então 

Major Teófanes Torres 

major Teófanes Torres (da Polícia Militar de Pernambuco) numa fazenda do distrito de Frei Miguelino, município de Vertentes onde costumava se acoitar. De fatos como aquele, acontecido na cidade de Mogeiro recheia a história de Antônio Silvino e a sua fama ainda hoje corre pelo mundo.


Antônio Silvino, Jesuíno Alves de Melo Calado, vulgo Jesuíno Brilhante e Virgolino Ferreira da Silva, o famoso Lampião, que tiveram atuação na Paraíba, embora este último “não tenha levado boa vida”, em virtude da perseguição do comando militar chefiado pelo coronel Manoel Benício da Silva.

Coronel Manoel Benício da Silva

O escritor Barroso Pontes, por sua vez, informou, que Antônio Silvino foi posto em liberdade no dia 20 de fevereiro de 1937, tendo logo em seguida telegrafado ao ministro José Américo de Almeida: 

Ministro José Américo de Almeida

”- Solicito de Vossa Excelência um emprego federal pelos relevantes serviços que prestei ao Nordeste”.

Não se sabe se o emprego foi dado, embora alguns contivessem que sim.

A história registra que o privilégio do combate ao cangaço coube ao presidente João Pessoa. Se não conseguiu a extinção, é o responsável maior pelo início do combate, feito numa época “em que a transição política impunha novos métodos, sem menos prezar a ação dos autênticos líderes interioranos implantando costumes tanto compatíveis ao tempo, como inaceitável aos nossos dias.

É ponto pacífico que o mais temido bando de cangaceiros era o de Lampião, com atuação nos Estados de Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte, Ceará, Alagoas, Sergipe e Bahia. Foi também o de maior duração, com vinte anos consecutivos de atuação. O segundo, com 16 anos, foi o de Antônio Silvino. Conta à história que Antônio Silvino tinha uma formação diferente de Virgolino Ferreira da Silva. Ao passar por uma localidade e observando irregularidades, por culpa de administradores, chamavam os responsáveis e mandava corrigi-las.

Pedro de Cândido está à esquerda - Foto do acervo do escritor João de Sousa Lima

Virgolino Ferreira da Silva, o Lampião, foi tragicamente morto no dia 27 de julho de 1938, acredita-se, ainda hoje, que o coiteiro Pedro Cândido, que o traiu tenha se vendido a polícia. Pedro Cândido teria sido encarregado de introduzir, com o auxílio de uma agulha de injeção, um veneno letal nas garrafas de vinho destinadas a Lampião e seu bando. O trabalho foi feito com arte e não provocou nenhum dano as rolhas de cortiça dos vasilhames.

Jesuíno Brilhante, o primeiro dos três, foi tido e havido como o cangaceiro gentil-homem e bandoleiro romântico, morreu em 1879, no lugar Santo Antônio, entre Caraúbas e Campo Grande, no mesmo Estado onde nasceu.

Historiador cearense Gustavo Barroso

Jesuíno foi o maior cangaceiro do século XIX, como afirmou o historiador cearense Gustavo Barroso, em seu livro Heróis e Bandidos. Era de família abastada, conservando-se fiel às tradições sertanejas, respeitando o alheio, acatando a honra das donzelas, primando pelo comprimento da palavra empenhada, sendo por isso considerado homem de caráter e sempre exaltado pelas populações sertanejas do seu tempo. As vezes que cometeu assaltos fê-los no sentido de ajudar alguém, já que dedicava a melhor atenção à pobreza, tudo fazendo para prestar seu apoio aos necessitados.

Em relação a Jesuíno Brilhante, sabe-se ainda que invadiu de madrugada, a cadeia pública de pombal, liberando seu irmão e os demais presos.

O imortal paraibano Assis Chateaubriand definia o fenômeno cangaceirismo como sinônimo de virilidade e coragem pessoal, pioneirismo, inovações, impetuosidades e decisões agressivas.

Dizem que cangaceiros autênticos, reais, o Nordeste só conheceu três: Jesuíno Brilhante, Antônio Silvino e Virgolino Ferreira, o Lampião.

CANGACEIROS DA PARAÍBA

Para destacar os principais, que entraram no cangaço, não por vocação, mas por obrigação, que a própria época exigia, destacam-se Francisco Pereira e Osório Francisco Ferreira, ainda jovem, de família conceituada, por força do destino entrou no cangaço, para vingar a morte do pai, barbaramente assassinado. Seu pai era um homem pacato, fazendeiro honrado, que antes de morrer pronunciou as seguintes palavras: “Vingança não”.

Disse diante desse pronunciamento, à família, especialmente os filhos, ficaram num dilema, porque era determinação da própria sociedade, da época, a vingança. Mas resolveram atender o pai. O filho, Chico Pereira, procurou a Polícia, registrou a queixa e insistiu com o delegado para que fosse feita a prisão do assassino do pai, tendo a autoridade policial afirmado: “Chico, a gente solta uma vaca e para achá-la, não é fácil, imagine um criminoso perigoso, como este que matou teu pai”. Chico Pereira, desejando dar satisfação à família, pediu uma autorização ao delegado, por escrito. Logo depois encontrou o criminoso, dormindo. Com rara dignidade, mandou que o sujeito acordasse e o levou preso, para a Polícia. Volta para casa e a família ficou satisfeita com o episódio da prisão. Um dia depois o criminoso se encontrava em liberdade. Chico compreendeu que não havia justiça. Chico compreendeu que não havia justiça e se viu na contingência de fazê-la com as próprias mãos.

Na mesma região de Pombal, registrou-se outro caso, Osório um garoto de poucos meses de nascido, encontrava-se numa rede quando o pai chegou baleado, quando afirmou: “Este gatinho que está na rede vai vingar minha morte”. À medida que ia crescendo, Osório ouvia de outro: a determinação do pai. Ao completar 18 anos, recorreu a justiça da época, o rifle, e matou o assassino do pai e outros que cruzaram seu caminho. Osório Olímpio de Queiroga foi realmente um cangaceiro respeitado. Depois conseguiu absolvição, na comarca de Pombal, e ingressou na Polícia Militar da Paraíba, chegando a coronel e se conduzindo sempre como um militar digno e correto. O mesmo chegou a ser prefeito de Catolé do Rocha.

O problema do cangaceirismo e coronelismo vem, segundo consta, da Guerra Brasil-Paraguai, quando foi fortalecida a guarda nacional e, entre as pessoas recrutadas, eram dadas patentes.

Nos séculos passados, no entanto, a Paraíba teve inúmeros grupos de bandidos, que invadiam as cidades, saqueavam o comércio e matavam. As causas principais eram a seca e a fome. No ano de 1887, registraram-se invasões e violências. A polícia nada podia fazer para garantir a vida do cidadão e da propriedade alheia, sempre ameaçada pelos bandidos. Os jornais da época denunciavam a insegurança nos sertões, sem que qualquer providência tivesse sido adotada para coibir o abuso.

José Américo de Almeida, no Livro A Paraíba e seus problemas, relacionou inúmeros grupos de bandidos que agiam impunemente no sertão. O grupo de Jesuíno Brilhante, com atuação no século passado, foi um exemplo. Ele residiu, por alguns anos, na localidade Boa Vista próxima a Pombal, sem qualquer diligencia da polícia para capturá-lo. Foi dessa maneira que a miséria juntou-se ao terror. Fazendeiros abastados, que poderiam resistir à crise, durante alguns meses, emigraram sem demora, temerosos de assaltos.

Em maio do mesmo ano, a cadeia de Campina Grande foi arrombada e muitos indivíduos implicados ao movimento do quebra-quilos fugiram. Dentro de mais algumas semanas, outros presidiários fugiram, entre os quais o famigerado Alexandre de Viveiros, chefe do levante de 1874. Ainda foi arrombada a cadeia de Mamanguape e, ao mesmo tempo muitos sentenciados caíram fora.

José Américo de Almeida conta, também, que, desta maneira, iam-se tornando mais terríveis as correrias com a aquisição de novos profissionais do crime da Paraíba e do Ceará. Ressalte-se a fraqueza das autoridades que permitiam que fossem engrossando os grupos, como o do Calangro, evadido da cadeia do Crato e cabeça dos 60 assalariados de Inocêncio Vermelho: o de Sebastião Pelado, inimigo dos primeiros: e dos irmãos Viriatos, formado de mais de 40 bandidos: e dos Mateus, entre outros. Um desses bandos assaltou duas propriedades em Alagoa Grande.

O senhor Gustavo Barroso, por exemplo, retrata o comportamento de Viriato, um dos principais cangaceiros da época: “O Viriato foi um dos cangaceiros mais célebres, mais rasteiros e mais tortuosos do Cariri. Era um miserável estabanado nos atos, com uma infinidade de predisposições redutíveis ao roubo, ao estupro e ao assassinato. Inventava torturas para as vítimas. Gostava mais de matar as facadas do que de fuzilar, dizia que era “mais barato”. Esse bandido obrigou um fazendeiro de São João do Cariri a casar-se com a irmã de seu compassa Veríssimo.

Foi assassinado, de emboscada, no lugar Riachão, o Dr. Vicente Ribeiro de Oliveira, quando voltava da Bahia para reassumir o Juizado de Direito da Comarca de Piancó. Esse crime foi atribuído aos cangaceiros.

http://historiadaparaiba.blogspot.com.br/2008/11/o-cangao-na-paraba.html

Ilustrado por José Mendes Pereira
http://blogdomendesemendes.blogspot.com

Cangaço, a morte de Antônio Rosa

por Ivanildo Alves Silveira

Antonio Rosa, ainda garoto, foi deixado na casa dos pais de Lampião, por retirantes que vinham de Alagoas com destino a Juazeiro do Norte. O menino foi criado pelos pais do futuro Lampião.

Após o conflito dos Ferreira com Zé Saturnino e os Nogueiras, Antonio Rosa tomou as mesmas dores e reagia junto com Virgolino, Livino e Antonio. Posteriormente, acompanhou-os no cangaço. No princípio de 1924, Antonio Rosa chega ao povoado de São João do Barro Vermelho, e conversando com um cidadão chamado "Constantino", esse mostrou ao cangaceiro uma belíssima arma, e fez naquele o desejo de possuí-la. 

Por não querer se desfazer da arma, isso foi o suficiente para que, mais tarde, Antonio Rosa matasse o pobre homem. Esse assassinato  abalou todas as pessoas do local São João do Barro Vermelho. Por conseguinte, Antonio Rosa se dirigiu para o Estado da Paraíba, onde se juntou a Livino Ferreira e Lampião.

Surgiram os boatos que a população de São João do Barro Vermelho estava armada para  matar o rei do cangaço, quando o mesmo viesse visitar aquele local, porque ele tinha muitos amigos no vilarejo, inclusive sua comadre  dona Especiosa. (vide foto, logo abaixo).


Lampião foi informado por gente da localidade, que a família do morto estava querendo se vingar de " Antonio Rosa ".

Uma pessoa que atendia pelo nome  de Afonso Gomes, procurou um primo de Lampião, na vila de São Francisco, o Basto Paulo Barbosa  e os dois rumaram ao sertão paraibano, para se encontrar com o chefe dos cangaceiros, tendo ouvido desse, o seguinte:

- Que negócio é esse ? vocês tão se armando para me matar e vem aqui, onde estou ? "Afonso, retrucou, dizendo:

- Quem está se armando é a família de Constantino para matar Antonio Rosa, em vingança.

Ao ouvir  o diálogo, Livino  se afastou, e conversou com os dois, tendo dito:

- Diga a família do finado que por dez mil réis nunca mais Antonio Rosa bota os pés por lá.

Alguns dias depois, o grupo cangaceiro chega a Pernambuco, e vão direto para a região da Serra Vermelha, na fazenda Situação, pertencente a Francisco Baião. À noite vinha caindo, e, Antonio Rosa foi procurar se deitar na varanda da casa, e quando estava armando a rede, colocando o punho no armador, Livino Ferreira e um cabra chamado Enéas, pela janela que dava acesso a varanda, detonaram suas armas nas costas do velho parceiro, que caiu sem soltar um gemido. Na manhã seguinte, a vizinhança fez seu sepultamento a umas vinte braças de distância da casa.

Antonio Rosa Ventura morreu no dia 08 de julho de 1924.

Obs: texto extraído do livro "Lampião, nem herói nem bandido - a história", pgs 72/74, do pesquisador Anildomá Willians de Sousa.

Ivanildo Alves Silveira
colecionador do cangaço
Natal/Rn

http://blogdoinhare.blogspot.com.br/2013/08/cangaco-morte-de-antonio-rosa-por.html

http://blogdomendesemendes.blogspot.com


O grande coiteiro "Manoel Félix" - Parte I


Nascido e criado em Poço Redondo, de onde jamais se afastou, trabalhando sempre no campo, Manoel Félix um sertanejo calmo e tranquilo, e, certamente, a principal testemunha de tudo o que ocorreu com "Lampião" e seu bando durante os sete dias de permanência na Grota do Angico, onde, surpreendido pela tropa do 

Tropa do tenente João Bezerra

tenente Bezerra, encerrou, tragicamente, os 22 anos de aventuras pelos sertões de sete estados nordestinos. Durante muito tempo conviveu com "Lampião", sendo por ele encarregado da aquisição de mantimentos na feira de Piranhas, no Estado de Alagoas, do outro lado do Rio São Francisco, bem à frente de Canindé.

Manoel Félix como a grande maioria dos moradores de Poço Redondo/SE de uma certa idade, viu de perto "Lampião", a quem jamais traiu ou temeu, porque dele ignora qualquer crueldade praticada na região contra os que ali viviam, o que não acontecia, porém, com as "volantes", temidas e odiadas pela barbaridade de seus integrantes que, no afã de compensarem sua incapacidade em descobrirem o bandoleiro, martirizavam com seus impiedosos tratamentos a quantos julgavam "coiteiros".


Manoel Félix , amigo particular de Virgulino Ferreira da Silva, a quem reconhece "um homem fino e educado", embora lamentando o seu trágico fim, "porque um homem como Lampião não devia morrer assim", confessa ter sentido "uma frescura de alivio no espinhaço" ao certificar-se de sua morte, pois, mais dia, menos dia, sabia que também ele acabaria torturado pelas desumanas "volantes".

Seu depoimento gravado, que nos prestou em Poço Redondo/SE, percorrendo em nossa companhia os principais pontos por onde "Lampião" passou, é o maior documento que pode existir sobre os últimos dias do "Governador do Sertão".

Fonte principal: Não tenho, mas me parece ser do jornalista Juarez Conrado
Fonte: facebook

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

HOMENS ILUSTRES DE LAVRAS DA MANGABEIRA - ILDEFONSO CORREIA LIMA


Ildefonso Correia Lima - Nasceu na então Vila de São Vicente Férrer das Lavras, no dia 7 de julho de 1860. Filho do Major Ildefonso Correia Lima e de D. Fideralina Augusto Lima.

Major Ildefonso Correia Lima - pai do médico Ildefonso Correia Lima

Aprendeu as primeiras letras em sua terra natal, indo posteriormente estudar no Seminário Episcopal do Crato, de onde se transferiu para o Liceu do Ceará, em Fortaleza, onde esteve matriculado até 1879, quando seguiu para o Rio de Janeiro, em cuja Faculdade de Medicina se formou, em 1855. Perante a congregação de citada Faculdade, aos 28 de setembro do mesmo ano da formatura, defendeu tese intitulada “Dos Progressos Recentes na Operação de Litotrícia”, obtendo, dessa forma, o título de Doutor em Medicina.

D. Fideralina Augusto Lima - mãe do médico Ildefonso Correia Lima

Ainda como estudante, militou na imprensa carioca e teve ativa participação no seio da juventude estudiosa de então. Na corte foi colega de república e amigo particular de Rodrigues Alves e Afonso Pena, que mais tarde conduziriam os destinos políticos da nação. Posteriormente, quando Afonso Pena desempenhava o cargo de Presidente da República, perante o mesmo desfrutou imenso prestígio, a ponto de, este último, em passagem pelo Ceará, dever-lhe visita especial nos longínquos sertões de Quixadá, onde se encontrava à procura de saúde.

Honório Correia Lima - Nasceu na Vila de São Vicente das Lavras, aos 23 de julho de 1855. Filho do Major Ildefonso Correia Lima e de Dona Fideralina Augusto - lavrasdamangabeirace.blogspot.com

Ildefonso Correia Lima, desde a juventude, possuiu o carisma da liderança política e um potencial elevado de inteligência. Interno Extranumerário do Hospital de Misericórdia da Corte, em 1882 e, por concurso, interno de 2.ª e 1.ª classe do mesmo hospital, em 1883, 1884 e 1885. Igualmente por concurso, Ajudante de Anatomia Topográfica e Operações da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Relator da Comissão Cirúrgica do Ginásio Acadêmico e Sócio Honorário e Vice-Presidente do Grêmio dos Internos dos Hospitais da Corte.

Francisco Augusto Correia Lima - Filho do Major Ildefonso Correia Lima e de Dona Fideralina Augusto 

Em Fortaleza possuiu imensa clientela que abandonou por algum tempo para ingressar na política partidária, sendo eleito Deputado Provincial no biênio de 1886 a 1887 e Deputado Estadual para o período de 1892 a 1893. Por duas legislaturas, representou o Ceará na Câmara Federal. Nessa fase de sua atividade política, pertencendo à falange católica, prestou relevantes serviços à causa da religião e da família brasileira, mormente na questão do divórcio. Chefe do Partido Republicano Conservador Cearense durante vinte anos. Orador de nomeada e médico de renome, no Congresso Nacional demonstrou notáveis qualidades de parlamentar e foi profícua a sua atuação, brilhando como tribuno tanto quanto como médico.

Joaquim Augusto Lima - Filho de Fideralina e Major Idelfonso Correia Lima - Fonte: AUGUSTO, Rejane. Lavras da Mangabeira - Um Marco Histórico. p, 17.

Outrossim, juntamente com outras figuras de destaque do meio cearense, fundou o Partido Católico do Estado do Ceará, oficialmente instalado em Fortaleza aos 8 de julho de 1890, cuja primeira diretoria integrou. Pertenceu ao Centro Republicano e, ao lado de Antônio Pinto Nogueira Aciolly, Agapito dos Santos e outros políticos de expressão da época, foi responsável pela fundação da secção cearense do Partido Republicano Federal, legalmente constituído na capital cearense a 1.º de junho de 1892. No Ceará foi ainda responsável pela fundação do Partido Federalista.

Josefa Algusta de Sabóia - Filha de Fideralina Augusto Lima e Major Idelfonso Correia Lima, Fonte: AUGUSTO. Rejane. Lavras da Mangabeira - Um Marco Histórico. p, 17.

Posteriormente abandonou a política e entregou-se a profundos estudos, sendo, por nomeação de 31 de março de 1894, feito Professor Catedrático de Física e Química do Liceu do Ceará, que chegou a dirigir, interinamente, por designação de 10 de janeiro de 1896.

 Vicência Augusto Rolim - Filha de Fideralina Augusto Lima e Major Idelfonso Correia Lima, Fonte: AUGUSTO, Rejane. Lavras da Mangabeira - Um Marco Histórico. p, 17.

Jornalista de renome e cientista, publicou os seguintes trabalhos: Dos Progressos Recentes na Operação de Litotrícia – Rio – Tipografia Oliveira – 1885; Congresso Nacional – discurso parlamentar – Fortaleza, Tipografia Studart – 1897; Discurso – que pronunciou como paraninfo dos bacharelados de Ciências e Letras do Liceu do Ceará – Fortaleza – Tipografia Cruzeiro do Norte – 1909; e Física de Éter – Fortaleza – Tipografia Cruzeiro do Norte – 1912.

Joana Augusto Leite - Filha de Fideralina e Major Idelfonso Correia Lima, Fonte: AUGUSTO, Rejane. Lavras da Mangabeira - Um Marco Histórico. p, 17.

Envolveu-se com a questão religiosa de Juazeiro e, por designação do alto comando do clero cearense, foi escolhido em nome da mais atualizada ciência da época para oferecer juízo em torno dos supostos milagres ali ocorridos, atestando a sobrenaturalidade dos fatos.

Maria Augusto Pinto Nogueira - Filha de Fideralina Augusto Lima e Major Idelfonso Correia Lima - Fonte: AUGUSTO, Rejane. Lavras da Mangabeira - Um Marco Histórico. p, 17.

Vítima de tuberculose, faleceu em Fortaleza aos 28 de fevereiro de 1911, sendo sepultado no Cemitério São João Batista desta cidade. Em seu testamento, que se encontra no Arquivo Público, legou Cr$ 1.000.000 para a Obra das Vocações Sacerdotais, tendo sido, desta forma, o iniciador desse movimento no Ceará, como observa Hugo Victor Guimarães.

Gustavo Augusto Lima - Filha de Fideralina Augusto Lima e Major Idelfonso Correia Lima - Fonte: MACEDO, Dimas. Lavrenses Ilustres. p, 45.

Seu nome, com justa razão, é arrolado por alguns historiadores como um dos que mais se pontificiaram nas ciências médicas no Ceará, em todos os tempos. É o Dr. Ildefonso Correia Lima, cronologicamente, o primeiro médico nascido em Lavras da Mangabeira.

O Dr. Ildefonso Correia Lima é apontado por Leonardo Mota, no seu livro A Padaria Espiritual, como fundador, em Lavras da Mangabeira, de uma secção de um famoso Gabinete Cearense de Leitura. Mas ali, para Joaryvar Macedo, teria ele fundado, em 1884, o Club Literário Lavrense. Talvez ainda tangenciando o assunto, o Barão de Studart, nas suas Datas e Fatos Para a História do Ceará, informa que aos 11 de janeiro de 1885 foi inaugurada, em Lavras, uma biblioteca com o título de Clube Literário Familiar Lavrense, criada a 29 de maio de 1884. Ainda com respeito ao assunto, ver o nosso artigo “Notas Para a História da Literatura Lavrense”, publicado no n.º 28 da revista Itaytera, órgão do Instituto Cultural do Cariri. Fonte: MACEDO, Dimas. Lavrenses ilustres. p, 43.

http://blogdoinhare.blogspot.com.br/2014/08/homens-ilustres-de-lavras-da-mangabeira.html

Ilustrado por José Mendes Pereira

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

Poço Redondo não explora economicamente a sua condição de Capital do Cangaço

Por Antônio Corrêa Sobrinho

Constato que, ainda hoje, Poço Redondo, no meu Estado, Sergipe, infelizmente, potencialmente falando, não explora economicamente a sua condição de capital do cangaço. 


Vejam se isto é um cartão de visita de um município conhecido internacionalmente em razão do cangaço, uma das regiões que mais forneceram cangaceiros a Lampião, um dos lugares onde ele mais frequentou, e que morreu. Só Angico, transformaria este município. É uma pena! Que muitos não pensam assim.

"Eu me chamo Virgolino, por alcunha Lampião. Sou cangaceiro afamado em todo alto sertão, não levo em conta o inimigo e não temo o perigo, estando de arma na mão" Verso de autoria de Lampião.

Daniel Magno disse: 


Já fui em Canindé de São Francisco, vi que lá o nome de Lampião é bem utilizado nos arredores da Barragem de Xingó, dando nome a alguns restaurantes e até a um catamarã. 

Em Piranhas mais ainda, é nome de Pousadas e várias outras coisas em todas as partes da cidade, já em Poço Redondo eu morei no período de 05/01/2011 à 30/03/2012 ou seja, 1 ano e 2 meses, e não vi nada com o nome de Lampião, a não ser a Praça Lampião e o grupo de teatro e xaxado na pisada de Lampião do amigo Beto Patriota, que é muito pouco comparando com as cidades vizinhas e com o que representa o nome Lampião.

Fonte: facebook
Página: Daniel Magno

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

Fotos no Cariri Cangaço Parayba 2014

Por Narciso Dias

Agora é Narciso Dias quem nos traz as imagens sensacionais e inesquecíveis do Cariri Cangaço Parayba  2014 ! Grande evento, grandes personagens, grandes momentos. Parabéns a toda família Cariri Cangaço de Sousa, Nazarezinho e Lastro.













Fonte: facebook
Página: Narciso Dias

http://blogdomendesemendes.blogspot.com