Seguidores

domingo, 23 de março de 2014

Historiador Frederico Pernambucano de Mello conta a saga de Maria Bonita em festival Evento será realizado a partir desta terça-feira no Shopping Rio Mar.


Fellipe Torres - Diario de Pernambuco
Publicação: 23/03/2014 10:16 Atualização:

Ano de 1929, município de Jeremoabo, Sertão da Bahia. Lampião era um caboclo alto, um tanto corcunda, cego do olho direito, óculos ao estilo professor, manco de um pé (baleado três anos antes), com moedas de ouro costuradas na roupa. Exalava mistura forte de perfume francês com suor acumulado de muitos dias. O cangaceiro podia até não preencher os requisitos de um bom partido, mas foi com esses atributos que conquistou a futura mulher, filha de casal com uma dezena de filhos. 

Maria Gomes Oliveira tinha 18 anos quando subiu na garupa do cavalo de Virgulino Ferreira da Silva. Corpo bem feito, olhos e cabelos castanhos, um metro e cinquenta e seis de altura, testa vertical, nariz afilado. Era bonita, habilidosa na costura (assim como era Lampião) e adorava dançar. Foi o suficiente para Virgulino quebrar a tradição do cangaço e permitir o ingresso de uma mulher nos bandos, o que abriu precedente para várias outras. 

O restante da trajetória daquela que viria a ser a primeira-dama do cangaço é contada pelo historiador Frederico Pernambucano de Mello na próxima quarta-feira, às 17h, dentro da programação do Festival RioMar de Literatura Pernambucana. A principal revelação, ele antecipa, é a origem do nome Maria Bonita. “Fiz essa descoberta por acaso, em 1983. Foi uma surpresa ver que esse nome de guerra não nasce no Sertão, mas no meio urbano do Rio de Janeiro, em 1937, por meio do uma ‘conspiração’ de jornalistas. E toma conta do Brasil repentinamente, caracterizando verdadeiro fenômeno de massa”. 

Até então, a mulher de Lampião era chamada de Rainha do Cangaço, Maria de Dona Déa, Maria de Déa de Zé Felipe ou Maria do Capitão. O nome definitivo surgiu inspirado em um romance de 1914, Maria Bonita, de Júlio Afrânio Peixoto, adaptado para o cinema 23 anos depois. Vários repórteres chegaram ao consenso para padronizar a informação disseminada pelos jornais impressos.


Tânia Alves e Nelson Xavier em filme de 1982 - Foto: Agência O Globo

 Presença feminina 

Nos três primeiros anos, de 1929 a 1932, as mulheres do cangaço ficavam reclusas no Raso da Catarina, refúgio no nordeste da Bahia. Quando, enfim, foram autorizadas a acompanhar os bandos de cangaceiros, passaram a conviver com a elite sertaneja, esposas e filhas de coronéis poderosos. 

“Disso resulta o aprimoramento da estética presente em trajes e equipamentos, além do aburguesamento de maneiras. A máquina de costura, o gramofone, a lanterna elétrica portátil - e logo, a filmadora alemã e a câmera fotográfica, pelas mãos do libanês Benjamin Abrahão - chegam ao centro da caatinga, amenizando os esconderijos mais seguros, levados pelos coiteiros”, destaca Frederico Pernambucano de Mello. 

Canudos 

A presença feminina em conflitos armados também é característica da Guerra de Canudos, de 1897. Somente nas forças do general Cláudio do Amaral Savaget, cujo efetivo era de 2,5 mil homens, havia cerca de 300 mulheres, que carregavam 80 crianças. Assunto presente no livro Guerra total de Canudos (Escrituras, 360 páginas, R$ 54,80), de Frederico Pernambucano de Mello, cuja terceira edição será lançada também na quarta-feira, logo após a palestra do historiador. 

Regalias do cangaço 
- máquina de costura
- gramofone
- lanterna elétrica portátil
- filmadora e câmera fotográfica
- perfumes Fleurs d’Amour e Atkinsons
- brandy Macieira
- uísque White Horse 
  
2º Festival RioMar de Literatura Pernambucana

Onde: Teatro Eva Hertz, Livraria Cultura do Shopping RioMar (Avenida
República do Líbano, 251, Pina)
Quando: Na próxima quarta-feira, às 17h
Aberto ao público  

Programação  

Terça-feira

15h - Abertura com a Orquestra Criança Cidadã Meninos do Coque
17h - Contação de histórias: a literatura de Cordel, com Meca Moreno e
Davi Teixeira
18h - Literatura e cinema, com Antônio Campos
19h - Descortinando Carneiro Vilela, com Fátima Quintas  

Quarta-feira

15h - Romances, com Raimundo Carrero, Abdias Moura e Pedro Moura
16h - Quarta às quatro, com Geraldo Ferraz, Bernadete Bruto e Taciana Valença
17h - Maria Bonita: mulher e o nome, de Frederico Pernambucano de Mello
18h - Ensaios sobre a história de Pernambuco, com Jacques Ribemboim,
Amaury Medeiros e Meraldo Zisman
19h - Jornalismo literário, com Marcelo Pereira, Fellipe Torres,
Schneider Carpeggiani e Talles Colatino  

Quinta-feira

15h - Música regional: frevo, baião, xaxado e maracatu, com
RenatoPhaelante
16h - Um livro de contos, com Lucilo Varejão, Cássio Cavalcante,
Melchíades Montenegro e Anna Maria César
17h - A presença da mulher na literatura pernambucana, com Luzilá
Gonçalves, Nelly Carvalho e Lourdes Sarmento
18h30 - Espetáculo: O amor de Clotilde por um certo Leandro Dantas, Trupe Ensaia Aqui e Acolá


Acompanhe também o Pernambuco.com pelo Twitter

Tags: festival rio mar de literatura Maria Bonita Frederico Pernambucano de Mello programação historiador

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

Dorian Jorge Freire


Cansei de ouvir de Vingt-un Rosado que Dorian Jorge Freire era o grande gênio da raça mossoroense. Jornalista de estilo incisivo e inconfundível, Dorian foi tenazmente perseguido por agentes da repressão ditatorial, com destaque proeminente para Alexandre Von Baumgarten.

Dorian Jorge Freire: uma referência no jornalismo.

 Dorian Jorge Freire, imortal da Academia Norte-rio-grandense de Letras foi novamente reverenciado na última quinta-feira por ocasião de um ano de seu falecimento. De maneira inconfundível, ele continua sendo uma referência quando o assunto é jornalismo no Rio Grande do Norte. 

Inúmeras são as referências sobre a sua competência e o seu trabalho. De 1975 a 1983, Dorian teve uma passagem muito importante na imprensa potiguar onde trabalhou na Tribuna do Norte e Diário de Natal. Atuou ainda no Correio Paulistano, Diário Carioca, Última Hora, Editora Abril e ainda colaborava com a revista Escola e Saber.


Como escritor, Dorian Jorge Freire lançou em 1991 os livros Veredas do Meu Caminho e Dias de Domingo. A terceira edição foi publicada pela Coleção Mossoroense pelo Projeto Rota Batida, com o apoio da Petrobras.
Ele faleceu no dia 24 de agosto de 2005 e sua última aparição em vida se deu durante a entrega do Prêmio de Jornalismo da Petrobras onde bastante emocionado recebeu uma homenagem pelos 57 anos de jornalismo. A solenidade foi no Teatro Municipal Dix-huit Rosado.
 

Mas foi no jornal O Mossoroense que Dorian Jorge Freire teve o primeiro contato com o jornalismo, quando tinha apenas 16 anos de idade, como redator. A partir de então, criou gosto pelo trabalho e chegou a ganhar o primeiro lugar no Prêmio Esam de Jornalismo em 1993. 

Dorian fundou em São Paulo, já com 30 anos de idade, o primeiro jornal alternativo do país. O Brasil Urgente tinha circulação nacional, mas foi fechado pela ditadura militar de 1964. 

Nessa hora, sem emprego, Dorian Jorge Freire teve o ombro dos amigos jornalistas como Ruy do Espírito Santo, Alceu Amoroso Lima, Luiz Antônio Pinto Moreira e Wladimir Araújo.


PERSONALIDADES - Foram muitas as personalidades do mundo literário que ficaram cara a cara com Dorian. Gente da política e da cultura brasileira e internacional. Entre as personalidades, destacam-se Aldous Huxley autor do clássico “Admirável Mundo Novo”; e Paul Sartre, Prêmio Nobel de Literatura e autor do best-seller da filosofia “O Ser e o Nada” e dos livros “O Muro”, “Com a Morte na Alma”, “Sursis” e “As Palavras. 

Dorian Jorge Freire também se tornou nome de uma rua no bairro Nova Betânia, do auditório da Estação das Artes Elizeu Ventania e do Centro Acadêmico do Curso de Comunicação Social da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte(Uern). 

PRAÇA - Dorian era um historiador que tinha uma vida muito marcante e por isso a prefeitura municipal resolveu homenageá-lo dando seu nome a antiga Praça da Redenção, localizada em frente à casa onde morou o jornalista até os seus últimos dias. 

No dia 25 de agosto de 2005, o corpo do jornalista Dorian Jorge Freire foi sepultado no Cemitério São Sebastião, no túmulo pertencente à família.

Em outra homenagem a um dos filhos mais ilustres da cidade, a prefeitura instituiu o Prêmio Dorian Jorge Freire para contemplar as melhores matérias sobre “Mossoró, Capital da Cultura”. 

Os intelectuais dizem que o prazer e a sabedoria de saber viver justificam a existência dos grandes homens na terra.  

FONTE:

http://www2.uol.com.br/omossoroense/270806/conteudo/cotidiano2.htm 

Facebook, página do professor José Romero de Araújo Cardoso

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

CONVERSA COM O DR. PEDRO DE MORAIS E SUA NOVA INCURSÃO LITERÁRIA



Por Rangel Alves da Costa* 

No último dia 20, nas minhas viagens advocatícias pelo interior sergipano, encontrei o juiz aposentado, advogado e escritor Dr. Pedro de Morais no fórum da cidade de Frei Paulo, entre o sertão e o agreste do Estado.


Para quem não recorda, Dr. Pedro de Morais é o autor do polêmico livro “Lampião - O Mata Sete”, obra onde procura mostrar o homossexualismo do mais famoso dos cangaceiros, Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião. Verdade é que até hoje o livro está proibido por ordem judicial.

Mas não conversamos sobre o assunto. Desnecessário para o momento, até mesmo porque possuímos pontos de vista totalmente diferentes sobre o tema. Falamos sobre o falecimento de meu pai Alcino Alves Costa, de quem o escritor era próximo e cordial amigo, bem como sobre nossas novas incursões literárias.

 Escritor Alcino Alves Costa

De minhas mãos recebeu autografado o livro “Todo o Sertão num só Coração - Vida e Obra de Alcino Alves Costa”, afirmando que faria leitura atenta e prazerosa sobre a vida do amigo escritor sertanejo. Também teceu comentários acerca da amizade existente entre Alcino e o escritor baiano Oleone Coelho Fontes.

Escritor Oleone Coelho Fontes

Mesmo sem adentrar nos rumos de seu polêmico livro, confessou-me estar preparando uma nova obra, e dessa vez sobre Antônio Conselheiro e Canudos. Quando eu disse das dificuldades de se escrever sobre personagens e fatos históricos já tão explorados por escritores famosos, o Dr. Pedro de Morais confirmou tal preocupação, mas disse que a historiografia famosa não significava fidelidade aos fatos.

Por isso mesmo estava fazendo algumas incursões pela região de Canudos e tendo muito cuidado com a pesquisa bibliográfica, pois parecendo que cada escritor mostrava os mesmos fatos sobre vertentes diferentes, e muitas vezes contradizendo dados tidos como verdades históricas.

E confessou-me da felicidade em encontrar um livro de um escritor da região, cuja obra nem de longe alcançou a leitura de um Euclides da Cunha, Marco Antonio Villa e tantos outros de nomeada, mas que é aquele mais fiel às possibilidades históricas daqueles acontecidos. O nome do autor é José Aras.

Prometeu-me uma visita para outros diálogos. Contudo, desse breve encontro e da explanação feita acerca da nova empreitada literária, restou a esperança de que o Dr. Pedro de Morais não mais incorra em tão desastrada incursão como fez com o seu Mata Sete. Até que me deu vontade de perguntar, logicamente em tom de brincadeira, se não tentaria provar que Antônio Conselheiro também era gay.

Mas deixei pra lá. Essa tentativa desenfreada de colocar personagens históricos no rol dos afeminados é coisa pra Luiz Mott.

Poeta e cronista
http://blograngel-sertao.blogspot.com


http://blogdomendesemendes.blogspot.com.br