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terça-feira, 30 de dezembro de 2014

SUCESSO DO LIVRO DA COLEÇÃO PERNAMBUCO NO TEMPO DO CANGAÇO Nº 02


Coleção Pernambuco no Tempo do Cangaço nº 02
Caríssimo(a)s,

Saudações fraternais!

Compartilho com os amigo(a)s a felicidade das vendas, no primeiro mês, do meu mais recente trabalho literário.
Recebam meu abraço e minha admiração.

Atenciosamente,
Geraldo Ferraz

Um Feliz 2015 para todos!

Enviado pelo capitão Alfredo Bonessi.

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AGRADECIMENTO!

Por Jorge Alfredo Bonessi

Caríssimos - Caríssimas:

Encerrando- se o ano de 2014, quero agradecer  pela oportunidade pelo convívio  que tivemos nesse período  e desejar que 2015 seja um ano bom para todos nós e que possamos alcançar com sucesso todas as metas que planejamos.

Felicidades e Tudo de bom.
Alfredo Bonessi e Familiares

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LAMPIÃO A RAPOSA DAS CAATINGAS

Por José Bezerra Lima Irmão

Lampião – a Raposa das Caatingas é um livro concebido e realizado com seriedade, deixando de lado as lendas, mitos e invencionices sobre a figura do legendário guerrilheiro do Pajeú. Além da farta bibliografia sobre o cangaço, baseei-me nos jornais da época, entrevistei dezenas de personagens ligadas aos fatos.

O livro contém fotos e dezenas de mapas, indicando os lugares onde os fatos ocorreram. Indica até as coordenadas geográficas.

Analisa as causas históricas, políticas, sociais e econômicas do cangaceirismo no Nordeste brasileiro, numa época em que cangaceiro era a profissão da moda.

Os fatos são narrados na sequência natural do tempo, muitas vezes dia a dia, semana a semana, mês a mês.

Destaca os principais precursores de Lampião.

Conta a infância e juventude de um típico garoto do sertão chamado Virgulino, filho de almocreve, que as circunstâncias do tempo e do meio empurraram para o cangaço. Lampião iniciou sua vida de cangaceiro por motivos de vingança, mas com o tempo se tornou um cangaceiro profissional – raposa matreira que durante quase vinte anos, por méritos próprios ou por incompetência dos governos, percorreu as veredas poeirentas das caatingas do Nordeste, ludibriando caçadores de sete Estados.

A leitura desse livro, espero eu, fará com que o Natal da pessoa presenteada se prolongue por mais tempo, durante o Ano Novo, já que a obra tem exatamente 736 páginas.

Feliz Natal! Boas Festas! E que em 2015 e nos anos vindouros se mantenha sempre acesa a chama do interesse pela história e pela cultura do nosso querido Nordeste. A melhor forma de demonstrarmos amor à nossa terra é estudando a sua geografia e a sua história.

Um fraternal abraço.
José Bezerra

Para adquirir esta obra entre em contato com o autor através deste e-mail:

josebezerra@terra.com.br
Vendas presenciais: Livraria Saraiva; Livraria Escariz (Aracaju)

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Lampião no Município de Aurora Parte 2

 Por: Amarílio Gonçalves Tavares
Arte de Aldemir Martins

"Fugindo de Mossoró e tendo no encalço as forças volantes do Rio Grande do Norte e Paraíba, totalizando mais de 200 homens, Lampião descamba para a região do Cariri cearense, rumo à Aurora, para o refúgio de Izaías Arruda... Chegando ao lugar Ribeiro..."

A tropa que teve encontro com os bandoleiros foi a do tenente Arruda, em piquetada no sítio Ribeiro, onde aconteceu um fato tão misterioso, quanto engraçado. Não obstante o lugar se achar “bem guarnecido”, ao clarear a barra, “O Grupo de Bandoleiros, sem sofrer o menor revés, passou entre as trincheiras, nas quais os soldados dormiam, para só despertarem depois, com cerrada fuzilaria, quando os bandidos não estavam mais ao alcance da pontaria da polícia” O Grupo ocultou-se no vale do Bordão de velho.

Do local onde estava lampião enviou dois cabras ‘a casa de João Cabral, morador ali perto, convidando-o a vir a sua presença. João Cabral atendeu e Lampião disse-lhe estar com fome e sede, pedindo alimento e água para o grupo, no qual foi atendido. Marchando pelo pé da Serra da Várzea Grande, Lampião chega a fazenda Malhada Funda, onde faz alto, sendo recebido por Gregório Gonçalves, que, após saber com quem estava falando, perguntou a Lampião em eu podia servi-lo.

Amarílio Gonçalves Tavares

Este respondeu “só quero comida para minha rapaziada. Gregório Mandou matar o boi que estava no curral, e duas ou três ovelhas. Os cangaceiros estavam com tanta fome, que não esperaram. Comendo as carnes sapecadas. Os quartos de Ovelha, eles colocaram nos bornais sobressalentes, junto com farinha e rapadura. Ao retirar-se, Lampião levou João Teófilo como guia. Este saiu montado num burro que o bandoleiro havia tomado de um cidadão que estava comprando rapaduras. O Bando saiu na direção sudeste do município. Lá muito adiante, o guia foi substituído por outro de nome David Silva, tendo Lampião recomendado a João Teófilo pra só voltar quando escurecesse, e que não fosse pelo mesmo caminho.

Continuamos a narrativa, baseada no livro do Major: “Em sua marcha, Lampião procurou a Serra do Coxá, na divisa do município de Aurora com o de Milagres, burlando a vigilância dos policiais, de tal modo que estes se afastavam do ponto em que estavam os bandidos, tomando o rumo de Boa Esperança, serrote do Cachimbo, Riacho dos Cavalos, Ingazeiras e Milagres. Como se Vê, Lampião era um perito em estratégia Militar. Uma de suas táticas consistia em ludibriar a polícia que andava no seu encalço, como fez, quando procurou a Serra do Coxá. Deste modo, tornou-se inócua a providência do Major Moisés, designando o tenente Caminha para colocar piquetes nas estradas, uma vez que, por estas, não passarias o grupo de bandidos.

Enquanto Lampião ficava escondido na Serra do Coxá, O tenente Manoel Firmo seguia para o lado oposto, isto é com a sua tropa, passava de trem por Aurora, em demanda ao cariri, sem dar satisfações ao seu chefe, major Moisés, que naqueles dias se encontrava em nossa cidade, em tratamento de saúde. Com o tenente Manoel Firmo, viajavam os tenentes Luis Leite, Laurentino, Moura Germano, em passeio a Juazeiro e Crato, totalmente despreocupados com os bandidos. Para piorar a situação do “comandante das tropas“ em operações”, chegavam em Aurora o contingente comandado pelo tenente Agripino de Lima, que conduzia trinta e quatro animais de montaria, tomados a fazendeiros de Icó, Pereiro e Jaguaribe.

Virgulino Lampião

Quando o Major pensava que o oficial vinha em seu auxilio, o tenente Agripino comunicava-lhe que resolvera abandonar a campanha e voltar pra o Rio Grande do Norte. Diante disso, o Major Moisés apreendeu os referidos animais, entregando ao sr. Vicente Leite de Macedo, com a recomendação de devolvê-los aos respectivos donos. Além dos animais tomados a sertanejos, o Major Moisés constatou irregularidades na tropa do tenente Agripino, como a venda de munição feita por praças e muitas destas se entregando ‘a embriaguez. A Atitude do tenente Manoel Firmo, viajando para juazeiro e Crato, arrastando o grosso da tropa e quatro tenentes, deixou o comandante Moisés “num mato sem cachorro“ . O Major viu-se na contingência de pedir ajuda – imagine o leitor a quem _ Ao coronel Isaias Arruda, o mesmo que, tempos atrás, havia acoitado Lampião, mas que, agora, dava uma de perseguidor do bandoleiro, pondo oitenta e sete cabras á disposição do major Moises.

Se no combate travado com os bandidos, na serra da Macambira, havia cerca de 400 praças, como se explica ter o major Moisés levado para Ipueiras apenas 15 soldados. Descoberto o paradeiro de Lampião no alto da serra do Coxá, destacaram-se elementos de confiança para, aproximando-se do grupo, conhecerem melhor a sua posição, dentre eles Miguel Saraiva, tio de um dos bandoleiros e morador nas proximidades. Foi então que o Major Moisés e Isaías Arruda conceberam um estratagema, que consistia em preparar um almoço para Lampião e seus cabras, na casa de José Cardoso, em Ipueiras, e juntos, abaterem o bandido, e juntos, abaterem o bandido nas hora conveniente.

Miguel Saraiva se faz acompanhar de oito homens que se apresentam a Lampião, fingindo que são perseguidos pela polícia, e para melhor comover o chefe do bandoleiros, lamentam e choram a sua desgraça, tentando com isso, infiltrar-se no bando. “Alguns bandoleiros aceitaram a presença de novos companheiros, mas Lampião logo faz sentir que não acolhia em seu grupo pessoas que lhe fossem estranhas” os oito homens de Miguel Saraiva tinham recebido instruções para atacar os bandido na hora em que o grupo “ descansasse” a armas para almoçar.

Simultaneamente, os soldados e jagunços puseram-se discretamente em volta de casa, prontos para fechar o cerco aos bandidos, no momento oportuno. Mas o ardil fracassou, porque Lampião, sagaz, arisco e desconfiado, chegou e rejeitou o almoço oferecido por Miguel Saraiva. E colocou sua gente em pontos diversos e estratégicos.Eis como o major Moisés descreveu o tiroteio:

Izaias Arruda

“ Conhecido o fracasso do estratagema, fomos impelidos a atacar os bandidos, com ímpeto, de sorte que, em pouco tempo, estavam debaixo de cerrada fuzilaria. A luta teve início pouco mais ou menos ‘as 12 horas do dia 7 de julho, tendo uma duração de mais de três horas, terminou infelizmente, porque os bandido caíram em fuga, e no campo deixaram dois mortos, um queimado, que recebeu vários ferimentos, e outro também morto na ocasião em que fugia”. Essa foi a história narrada pelo major Moisés no citado livro. Entretanto, existe outra versão para o episódio segundo nos contaram Róseo Ferreira e Vicente Ricante que, na época, moravam nas proximidades da fazenda Ipueiras, a coisa aconteceu assim.

O Major Moisés Leite e o Coronel Isaías Arruda combinaram um plano de acabar com Lampião, assim que este chegasse em Ipueiras, pois sabiam que o grupo vinha desmuniciado e bastante desfalcado, em consequência da derrota sofrida em Mossoró e das deserções que se seguiram ao frustrado ataque aquela cidade norte riograndense. Lampião ficara na manga com a cabroeira. Convidado pra almoçar na casa de José Cardoso, na citada fazenda Ipueiras, o Rei do Cangaço compareceu com alguns dos seus rapazes. Quando Miguel Saraiva chegou e pôs sobre a mesa o alguidar contendo o almoço envenenado, Lampião tirou do bornal um colher de latão e meteu-a na comida. Quando puxou a colher, o bandido notou mudança de cor e deu alarme.

“- ninguém come desta comida. Esta comida está envenenada!" 

Nisso, Lampião e seus cabras conseguem romper o cerco de um cordão de jagunços e soldados a paisana que se formara em volta da casa, e correm pra a manga onde ficara a maior parte da cabroeira, sendo atacados pelo cabras de Isaías e soldados do major Moisés.

Arte de Aldemir Martins

Ao mesmo tempo em que estrugiu a fuzilaria, os atacantes lançaram fogo na manga, por todos os lados do local em que estavam os cangaceiros. Lampião investiu várias vezes contra os atacantes, conseguindo, por fim, escapar por um corredor. Lampião perdeu dois cangaceiros, um queimado e ferido por ocasião do ataque. O Outro, com ferimento no ouvido, ficou em Ipueiras, em tratamento, mas os coiteiros acabaram de mata-lo, tocando fogo no cadáver... Ao escapar do cerco de Ipueiras, lampião tomou o rumo da serra do Góes, perto de São Pedro do Cariri, atual Caririaçu. Veja o leitor o Zig-zag feito por Lampião para confundir a polícia. No dia 7 de julho, saiu de Ipueiras, desceu pelo riacho do Pau Branco, atravessou o rio Salgado no lugar Barro Vermelho, passou pelos sítios Jatobá e Brandão, fazendo “alto” em Vazantes.

Na serra dos quintos, fez um refém – o Sitiante Joaquim de Lira – para ensinar o caminho para a serra do Góes, aonde chegou, no início da noite. Na manhã do dia 9, Lampião deixou a serra do Góes e rumou para o município de Milagres, atravessando a via férrea no lugar Morro Dourado. O Major Moisés havia mandado tomar as ladeiras da Serra do Mãozinha e São Felipe, por onde poderia passar o bandoleiro. Mas Lampião, mais uma vez, conseguiu burlar a força policial e penetrou no estado da Paraíba, pela serra de Santa Inês, no rumo de Conceição do Piancó, de onde prosseguiu em fuga para Pernanbuco.

Amarílio Gonçalves Tavares
TEXTO RETIRADO NA INTEGRA DO LIVRO AURORA HISTÓRIA E FOLCLORE, 
AMARÍLIO GONÇALVES TAVARES P. DE 138 A 146 IOCE, 1993 - CAPÍTULO 15
(Cortesia do Envio: Luiz Domingos de Luna)
FONTE:http://www.icoenoticia.com/2009/05/lampiao-no-municipio-de-aurora.html

http://cariricangaco.blogspot.com.br/2014/12/lampiao-no-municipio-de-aurora-parte-2.html

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LOCAL ONDE ASSASSINARAM JESUÍNO BRILHANTE

 Foto Pôla Pinto

Este lugar é tido como o local que o assassino ficou de tocaia e atirou no cangaceiro Jesuíno Brilhante. Muitos foram os autores/escritores que escreveram algum trabalho sobre Jesuíno Brilhante.

Para Câmara Cascudo, ele, Jesuíno Brilhante,”(...) "foi o cangaceiro gentil-homem, o bandoleiro romântico, espécie matuta de Robin Hood, adorado pela população pobre, defensor dos fracos, dos velhos oprimidos, das moças ultrajadas, das crianças agredidas (...). 

Jesuíno Brilhante era baixo, espadaúdo, ruivo, de olhos azuis, meio fanhoso, ficava tartamudo quando zangado. Homem claro, desempenado, cavaleiro maravilhoso, atirador incomparável de pistola e clavinote, jogava bem a faca e sua força física garantia-lhe sucesso na hora do "corpo a corpo". Era ainda bom nadador, vaqueiro afamado, derrubador e laçador de gado.

Sua pontaria infalível causava assombro, especialmente porque Jesuíno, ambidestro, atirava com qualquer das mãos(...)”. A imagem corporal acima narrada pelo escritor do 'Cangaceiro Romântico', é totalmente diferente daquela do ator que o interpreta na produção cinematográfica.

Fonte prioncipal: oestenews-heroismo.blogspot.com(Postado por PORTAL TERRAS POTIGUARES às 05:56, quarta-feira, 2 de dezembro de 2009)

Fonte: facebook
Página: Sálvio Siqueira

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QUEM É O HOMEM DA FOTO ABAIXO?

Por Sálvio Siqueira

Este é o soldado volante que operou a metralhadora que atingiu o "Diabo Louro" (Corisco). 

Os projéteis da rajada da metralhadora abriram seu abdômen, na tarde do dia 25 de Maio de 1940. Consequentemente, levando Corisco à morte. Trata-se de José Pereira, seu nome de "guerra" MURUNDU.

Fonte principal postagem do pesquisador Adauto Silva, no grupo "O Cangaço", em__ de maio de 2014.

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O CANGAÇO QUER SABER:


Aonde se localiza o monumento mostrado na fotografia abaixo, o que aconteceu quem foram as vítimas e em qual data?

Disse o escritor José Bezerra Lima Irmão:


Sálvio Siqueira, essa capela, ao que me parece, indica o local onde Sabino Gomes, Jararaca e outros cabras mataram Francisco Canela, Sebastião Trajano e Bartolomeu Costa Dias (Bartolomeu Paulo), no dia 12 de junho de 1927, nas imediações do sítio Caburé, entre Serrote dos Leites e Umarizal (que na época do fato se chamava Gavião).


Nesse mesmo dia, os cangaceiros prenderam o coronel Antônio Gurgel, fazendeiro do brejo do Apodi, ex-prefeito de Natal, figura importante de Mossoró.

Fonte: facebook

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JOSUÉ DE CASTRO E AS FERIDAS ABERTAS QUE OS PODEROSOS INSISTEM EM NÃO CURAR – Parte 2

Por José Romero Araújo Cardoso – UERN-Mossoró-RN e Benedito Vasconcelos Mendes - UERN -Mossoró-RN

Mães aflitas, viúvas das secas e dos descasos, choram pelo destino que o sistema relegou aos seus filhos, aos quais tudo é negado, desde um prato de comida decente à educação de qualidade que possa garantir-lhes um futuro melhor, com esperanças e felicidades, não esquecendo ainda que saúde também é algo negado de forma injuriosa e infame. A injustiça tornou-se palavra de ordem no imaginário dos poderosos. Historicamente, a pobreza vem sendo tratada como caso de polícia, pois exemplo disso temos na forma desumana como os aparelhos repressivos do Estado trataram Canudos, como verdadeiro caso de segurança nacional, simplesmente por que a sociedade alternativa fundada no sertão baiano conseguiu superar os limites extremos da exploração desmedida capitaneada pelo draconiano latifúndio que impera desde a formação sócio-econômica brasileira.

A intensificação do drama da fome foi profetizada e alertada pelo cientista Josué Apolônio de Castro (Recife – 05/09/1908 – Paris–24/09/1973) quando de sua magnífica campanha em prol da erradicação do maior drama da humanidade, mas desde então nada foi feito, pelo contrário, pois o problema ainda está sendo encarado como um tema proibido, o qual escancara a mesquinhez contida na manutenção e na reprodução das estruturas de poder que privilegiam poucos e humilham a grande maioria excluída do complexo processo que caracteriza os dias atuais.

A ousadia e a independência de Josué de Castro, quando denunciou a fome como flagelo fabricado pelos homens, foram responsáveis por momentos ímpares na história da humanidade, mas que, infelizmente, responsabilizaram-se também pelos momentos de angústia que o levaram à morte prematura em seu exílio na França, imposto pela intransigência dos militares que derrubaram o governo constitucional de João Goulart, histórico herdeiro político de Vargas.

Refletir sobre as bases do pensamento do importante teórico nacional, reconhecendo a importância da atualidade de suas pregações e defesas, é condição sine qua non para que busquemos lutar pela superação dos aviltantes contrates que separam incluídos e excluídos, contribuindo dessa forma para a consolidação de um mundo melhor, com justiça social e harmonia para o gênero humano. Insistindo em não curar as feridas abertas com o drama da fome, os poderosos do planeta alimentam insatisfações cujas conseqüências poderão se revelar imprevisíveis, pois a partir do momento que o grito dos excluídos tornar-se mais intenso e estridente talvez a composição contida na superestrutura não surta tanto efeito a fim de abafar as reclamações que se avolumam de forma impressionante devido a ausência de amor que vem sendo observada na conjuntura em que impera a ganância e a falta de compromissos com a sofrida realidade humana daqueles que estão à espera de olhares mais humanos e compenetrados com suas situações desesperadoras.

A publicação pelo alto comando militar do Ato Institucional número 1, em abril de 1964, trouxe em sua lista os nomes cassados de vários políticos e personalidades ligados ao governo deposto de João Goulart, encontrando-se entre esses o do médico, geógrafo e sociólogo brasileiro, cidadão do mundo, Josué Apolônio de Castro, autor de grandes clássicos como Geografia da Fome (1946) e Geopolítica da Fome (1951), considerados importantes contribuições para as causas humanas, publicados pós-segunda guerra mundial.

Josué de Castro escolheu a França para o exílio, voltando a ministrar aulas em grandes instituições de ensino superior, como a Sorbonne e Vincennes. Instalado na capital francesa, intensificou a luta humanista que marcou toda a vida do grande cientista nacional.

No Brasil, a ditadura militar considerou Josué de Castro persona non grata, recolhendo seus livros das bibliotecas e das universidades nacionais. Quem fosse pego lendo Geografia da Fome, ou outro clássico escrito pelo homem que lutou contra a desnutrição e em prol da paz, estava passível de ser enquadrado na lei de segurança nacional, pois sua produção tornou-se tema proibido.

Escancarar as estruturas de dominação forjadas pelo homem contra o próprio homem foi considerado o grande pecado de Josué de Castro, pois sua ousadia ao denunciar as injustiças sociais garantiu-lhe a ira de inimigos poderosos, pessoas beneficiadas pelo modelo que ainda tem sua vigência nos dias atuais, principalmente quando, com a urbanização anômala e acelerada, recrudesceu o problema da fome e da miséria.

Constatar que Josué de Castro e sua vasta produção ainda são desconhecidos soa como algo misterioso e inadmissível em pleno século XXI, tendo em vista a importância e a atualidade do pensamento deste teórico nacional para a compreensão e elucidação dos graves transtornos sociais que se agigantam cotidianamente, pois a confirmação de profecias feitas há mais de quarenta anos é reconhecida no presente.

Por essa razão, justifica-se a busca para alcançar objetivos definidos em projeto de extensão apresentado ao Departamento de Geografia do Campus Central da Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, denominado Discutindo a importância e a atualidade o pensamento de Josué de Castro em Escolas Públicas Municipais e Estaduais de Mossoró/RN.

Intuindo assinalar a participação da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte nas comemorações do centenário de nascimento de Josué de Castro, ocorrido no ano de 2008, buscamos assistir a um público-alvo bastante parecido no que tange às origens do injustiçado cientista brasileiro.

Quando da aplicação desse projeto de extensão, observamos imediata identificação dos alunos com a vida, com as idéias e com a permanência de suas defesas. Nascido em zona miserável da capital pernambucana, no dia cinco de setembro de 1908, Josué de Castro nunca esqueceu suas origens, pois mesmo quando desempenhava a mais alta e importante função, quando de suas gestões no Fundo das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação, criada sob os auspícios do seu particular amigo Lord J. Boyd Orr, sempre voltava aos mangues recifenses para ouvir seus personagens de infância, os catadores de caranguejos, saber como vivam, o que pensavam e o que sofriam devido à intensidade das mazelas sociais que nos dias de hoje são mais intensas e profusamente presentes em nossa sociedade.

Josué de Castro teve a iniciativa de pintar o quadro social com cores berrantes, não poupando o dramático e tétrico problema da fome em sua real dimensão, tendo alertado as autoridades mundiais para o colapso geral caso não abrissem mãos das vantagens impressionantes desfrutadas por uma pequeníssima minoria privilegiada e agraciada com todos os benefícios da exclusão da grande maioria, pois afirmou que um terço da população mundial não dormia temendo os outros dois terços que passavam fome.

A defesa intransigente da paz se constituiu em um dos pilares das propostas de solução para o problema da fome no planeta. Josué de Castro defendeu com entusiasmo que a segurança social, compreendida pelo investimento em saúde, educação, cultura, nutrição etc., é muito e infinitamente mais importante que a segurança nacional baseada em armas, não se justificando o destino astronômico de recursos para a modernização do setor armamentista, o qual tem uma única finalidade, quer seja, fomentar a morte e a destruição.

Com certeza, encontra-se uma importante explicação para o ódio devotado pela ditadura militar contra Josué de Castro nesta máxima em prol da vida, da harmonia e da solidariedade entre os povos.

A indicação de Josué de Castro duas vezes para o Nobel da Paz encontra-se na intransigência com que defendeu a idéia de que a felicidade humana, traduzida na segurança social, é mais importante do que a ênfase aos disparos de canhões e metralhadoras que levam a desgraça aos quatro cantos do planeta.

Levar o exemplo de Josué de Castro para estudantes do ensino fundamental de escolas públicas municipais e estaduais, seja de Mossoró ou de qualquer outro município potiguar ou brasileiro, constitui-se, indubitavelmente, em importante fundamento que alicerça a formação de novas consciências, tendo em vista que ao superar a pobreza crônica, apostando na educação e na cultura, fez de Josué de Castro modelo a ser seguido a fim de buscar novos horizontes em uma sociedade estruturada de forma rígida e inflexível no que diz respeito à manutenção dos privilégios que a cada dia que passa se tornam mais intensos e desrespeitosos para os que sofrem com as condições sociais aviltantes impostas pelos homens contra os próprios homens.

Em primeiro de abril de 1964, o pernambucano e cidadão do mundo Josué Apolônio de Castro se encontrava ocupando o posto de embaixador do Brasil junto aos organismos da ONU, em Genebra, Suíça. Na década de 50 havia ocupado a presidência da FAO, marcando época em razão da forma intransigente como defendeu o acesso pleno da população do globo às conquistas da era moderna, incluindo, primordialmente, o direito de toda a população do planeta desfrutar de nutrição digna, bem como a implementação de uma existência humana sob a égide da paz.

Com o advento do regime militar, triunfando idéias reacionárias e conservadoras, as quais se contrapunham às propostas inovadoras do governo Jango, Josué de Castro pediu demissão do alto cargo que ocupava a serviço do governo democrático brasileiro.

Esse brasileiro que lutou incessantemente em prol da paz e pela erradicação da fome no planeta encabeçava lista de banidos, divulgada pelo Ato Institucional Nº 1, cuja publicação foi efetivada onze dias após o golpe de 1964. Os militares escolheram a dedo importantes personalidades dos cenários político-sociais e intelecto-culturais brasileiros, consideradas esquerdistas, cujas idéias eram contrárias à bandeira erguida sobre o lema Deus, Pátria e Família, tornando-os renegados. Os objetivos, claros e óbvios, eram destilar ódio e garantir a manutenção do status quo que estava sendo ameaçado pelas idéias populistas do herdeiro político de Vargas, deposto pela força das baionetas, bem como das de suas bases de sustentação, as quais abrigavam também os temidos comunistas.

Josué de Castro escolheu Paris, capital da França, para fixar-se com a família durante o exílio, o qual pensava ser breve, em sua lúdica imaginação. Lecionou em instituições de ensinos superiores francesas e se aproximou mais ainda de importantes personalidades mundiais, frisando que o mesmo era uma dessas. Nas décadas de 50 e 60 do século passado, três figuras eram indispensáveis quando das reuniões da Organização das Nações Unidas, cujos temas se referissem ao gênero humano: Lord Boyd Orr, o idealizador da FAO, Bertrand Russel e Josué de Castro. Esse grande brasileiro não esqueceu de dar continuidade às suas batalhas em prol da melhoria da qualidade de vida de significativa parcela da humanidade, a qual ainda sofre de forma inclemente com os efeitos da fome epidêmica. Concentrou sua preocupação e propostas, primordialmente, na busca de solução para os dramas que afligem excluídos do Terceiro Mundo.

Pacifista por convicção, Josué de Castro acreditava que revertendo o montante volumoso de capitais destinado ao armamentismo, aplicando-o na produção visando atender necessidades básicas dos seres humanos do planeta, seriam atingidos níveis satisfatórios de desenvolvimento humano em todo o mundo.

Condenou com veemência a dinâmica da indústria bélica, alimentada pelo ódio e pela busca da hegemonia, do poder estratégico em diversas escalas. Os militares, cujo pensamento era contrário às idéias e às lutas encabeçadas por Josué de Castro, sabiam da importância desse cientista e ativo militante político, principalmente no que diz respeito à necessidade

As instituições de ensinos superiores foram proibidas de comentar, explanar divulgar ou até mesmo fazer breves referências sobre o homem que revolucionou a Ciência, devido inovação metodológica que permitiu mapear os grandes problemas sociais enfrentados pelo país e pelo mundo. Livros de sua autoria foram banidos das universidades brasileiras e bibliotecas, sendo declarados malditos. Sua principal obra, intitulada Geografia da Fome, de 1946, é um marco no que diz respeito à elucidação dos contrastes da realidade brasileira. Cinco anos depois, quando do lançamento de Geopolítica da Fome, Josué de Castro dinamizou o mais importante estudo realizado no planeta sobre o grande flagelo que maltrata parcela significativa da humanidade.

A pregação pacifista de Josué de Castro, bem como sua desmistificação ao ufanismo que caracterizou acentuadamente as décadas de cinqüenta e sessenta, provando cientificamente os males e as agruras da fome, até então ocultos, o transformou em persona non grata ao regime militar brasileiro, então representante e gestor dos interesses da elite hegemônica e do capital transnacional.

Em Paris, Josué de Castro tentou, sem nenhum sucesso, fazer com que a embaixada brasileira enfatizasse os trâmites legais a fim de que este renomado cientista pudesse regressar ao solo brasileiro. Todos os seus pedidos foram insistentemente negados.

A Ditadura Militar, cujos dirigentes viam o armamentismo como condição imprescindível de existência, enxergava em Josué Apolônio de Castro uma ameaça potencial à efetivação de seus interesses, de servir à burguesia em suas pretensões de maximização de lucros.

Lutar em favor dos deserdados do sistema representaria contestação inadmissível ao poder das baionetas. Torturas e inúmeras arbitrariedades, assessoradas pelo Ato Institucional Nº 5, eram fatos corriqueiros na conjuntura nefasta dominada pelo terror imposto pelos militares.

Uma semana antes do dia 24 de setembro de 1973, quando faleceu o mais influente e importante cientista e militante político brasileiro do século XX, morto de infarto e, mais ainda, provocado pela saudade do Brasil, detentor do título de cidadão do mundo, indicado duas vezes para concorrer ao prêmio Nobel da Paz, entre outros, como o Prêmio da Academia de Ciências dos EUA, reiterou, sem sucesso, solicitação à embaixada brasileira de visto em passaporte.

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:

CARDOSO, José Romero Araújo; MENDES, Benedito Vasconcelos. “Discutindo a Importância da Atualidade do Pensamento de Josué de Castro em Escolas das Redes Estadual e Municipal de Ensino do Município de Mossoró - Estado do Rio Grande do Norte”.Mossoró/RN, PROEX/UERN, 2008 (Projeto de Extensão)
CASTRO, Anna Maria de (org.). Fome:um tema proibido - últimos escritos de Josué de Castro. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003
CASTRO, Josué Apolônio de. Geografia da Fome – O dilema brasileiro – Pão ou Aço. 10 ed. Revista. Rio de Janeiro: Edições Antares, 1984
_____. Geopolítica da Fome – Ensaio sobre os problemas de alimentação e de população no mundo. 4 ed. Revista e aumentada. São Paulo: Editora Brasiliense, 1957, vol. 1 e 2
____. O livro negro da fome. São Paulo: Editora Brasiliense, 1957.
_____. Ensaios de Geografia Humana. São Paulo: Editora Brasiliense, 1957
_____. Ensaios de Biologia Social. São Paulo: Editora Brasiliense, 1957
_____. Homens e Caranguejos. Porto: Editora. Brasília, 1967
MENEZES, Francisco R. de Sá. Josué de Castro: Por um mundo sem fome. São Paulo: Mercado Cultural, 2004. 120p. il. (Projeto Memória, 8)
CASTRO, Josué de. Disponível em .< http://www.josuedecastro.org.br/jc/jc.html.> . Acesso em 22 de janeiro de 2013
"Geografia da Fome", de Josué de Castro, faz 60 anos. Disponível em <http://www.fomezero.gov.br/noticias/geografia-da-fome-de-josue-de-castro-faz-quarenta-anos.> Acesso em 22 de janeiro de 2013
TENDLER, Sílvio. Josué de Castro - Cidadão do Mundo.[Vídeo–documentário]. Rio de Janeiro: Bárbaras Produções, 1996

JOSÉ ROMERO ARAÚJO CARDOSO

Especialista em Geografia e Gestão Territorial (UFPB-1996) e em Organização de Arquivos (UFPB - 1997). Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (2002). Atualmente é professor adjunto IV do Departamento de Geografia/DGE da Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais/FAFIC da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte/UERN. Tem experiência na área de Geografia Humana, com ênfase à Geografia Agrária, atuando principalmente nos seguintes temas: ambientalismo, nordeste, temas regionais. Espeleologia é tema presente em pesquisas. Contato: romero.cardoso@gmail.com.

BENEDITO VASCONCELOS MENDES

Graduação em Engenharia Agronômica pela Universidade Federal do Ceará (1969), Mestrado em Microbiologia Agrícola pela Universidade Federal de Viçosa (1975) e Doutorado em Agronomia (Fitopatologia) pela Universidade de São Paulo (1980). Atualmente é professor adjunto IV da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte.Ex-presidente da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte (EMPARN), ex-chefe geral da EMBRAPA MEIO NORTE, em Teresina-PI, ex-presidente da Fundação de Pesquisa Guimarães Duque e atual Superintendente Federal de Agricultura no Estado do Rio Grande do Norte. Publicou vários livros sobre o desenvolvimento regional, entre eles: Alternativas tecnológicas para a agropecuária do Semi-Árido (Ed. Nobel, São Paulo), Plantas e animais para o Nordeste (Ed. Globo, Rio de Janeiro) e Biodiversidade e desenvolvimento sustentável do Semiárido (editado pela SEMACE, Fortaleza-CE).

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PAULO AFONSO E A COMUNICAÇÃO “NAS ONDAS DAS RÁDIOTRANSMISSÕES”

Por João de Sousa Lima

Quando se fala sobre comunicação em Paulo Afonso a primeira pessoa que vem à mente é Gilberto Leal. Sem sombra de dúvidas ele foi nosso maior comunicador e o seu sistema de autofalantes acoplados a uma Chevrolet Brasil, chamado “A VOZ DO POVO” marcou toda uma geração e entrou para a história da cidade.

Gilberto Leal além de ser “Garoto Propaganda” dos supermercados Casas Pesqueira, de propriedade de Alonso Maciel, foi um dos maiores apresentadores dos shows promovidos pelo supermercado, que trazia todos os anos em seus aniversários, vários artistas de renome no país. Aqui tivemos Gretchen, Jerry Adriany, Fafá de Belém, Alcione, Sidney Magal, Márcio Greyck, Cláudia Barroso, Roberto Leal e muitos outros.

Da velha guarda dos comunicadores podemos citar:

Roque Leonardo, Gilberto Leal, José Rudival, Salviano Gabriel da Silva, Eliodório, Elias Lourenço, Paulo Litó, Cícero Pires, Sílvio Menezes, Luiz “Lula” Tenório, Edvaldo Santos, Gérson Campeão, Aluísio Almeida, Mário Santos, Antônio Bernardo da Silva, Adalice Maria da Silva, Paulo Andrade, Donizete Nascimento, J. Bezerra, Antônio José Diniz, Fernando Pereira, Antônio Galdino, Dejacy Oliveira, Djalma Nobre, Tony César, Geraldo Relojoeiro, Saul Camboin, Nilson Brandão, Carlos Nascimento, Rosalvo Soares.


Tivemos grandes nomes na comunicação, mas nenhum tão festejado, admirado e representado como Gilberto Leal.

Gilberto Leal também apresentava o famoso Pastoril, com Edvaldo Santos, uma eterna rivalidade entre o CORDÃO ENCARNADO (vermelho) e o CORDÃO AZUL.

Edvaldo Santos transmitia pela Rádio Poty, todas as sessões da Câmara de Vereadores. Ele e Paulo Andrade apresentavam aos domingos, na década de 1960, o programa “A HORA DO GURI”, no Cine São Francisco.  Uma assídua participante desse programa era Marlene Cordeiro (esposa de Geraldo Relojoeiro).


Outro grande apresentador e comunicador foi Roque Leonardo Barbosa que até hoje mantém com a família, carros de som para propagandas volantes.

Dos jovens talentos dos programas de rádio temos: Fábio Salvador, Giuliano Ribeiro, Ozildo Alves, Gil Leal, Marcelo França, Antônio Carlos Zuca, Altair Leonardo, Dantas, Anderson de Souza e Manoel Alves.

Gilberto Leal

Os prêmios eram doados por Alonso Maciel em nome do supermercado “Casas Pesqueira”. O programa chegou a ser transmitido pela Rádio Poty.

Além de Marlene, se apresentavam também Leonora Cleonice das Neves e Toinha.

Marlene lembra ainda hoje, uma das músicas em que foi premiada cantando:

ME LEMBRO QUANDO CRIANCINHA
MINHA MÃEZINHA VEIO FALAR COMIGO
FALAVA PRA DONA CHIQUINHA
ESSA GAROTINHA VAI SER UM PERIGO
CORRIA PRA ME BATER
E A CORRER ELA GRITAVA
PÁRA MENINA PÁRA
SENÃO VAI APANHAR
DANADA EU NÃO PARAVA
CONTINUAVA SEMPRE A CORRER
O SOL PARECIA BRASA
SÓ CHEGAVA EM CASA AO ANOITECER
CHEGAVA BEM DE MANSINHO
DIZIA MINHA MÃEZINHA
POR DEUS EU PEÇO PERDÃO
AI EU ME AJOELHAVA
ELA PERDOAVA E NÃO BATIA NÃO.
  
Outro programa de auditório que marcou época em Paulo Afonso foi o “COLISEU SHOW”, revelando muitos artistas, tanto cantores quanto músicos.

O Coliseu Show foi apresentado por Roque Leonardo, Antônio Galdino, Nilson Brandão e Rubem Marques.

Toinho e seu conjunto “Os Dissonantes” e Elias Nogueira com sua banda “Satélites”, embalavam os acordes das festivas matinês dominicais.

Oscar Silva no Coliseu Show

Um dos maiores vencedores das alegres e inesquecíveis tardes de domingo do Coliseu Show foi Oscar Silva.  Além dele, outros artistas tiveram destaques: Juvenal Souza, Altair Leonardo, Altamir Leonardo, Jairo, Miguel, Antônio de Pádua, José Amilton “Sumé”, Guru, Rato, Zé Leite, Dedinho, Mário Vinha, Edemir Rodrigues, Isaque Freire, Risomar Almeida, Manoel França, Osvaldo Silva, Aroldo Ferreira, Chico Feitosa, Leide Teixeira, Sílvio Xavier, Bernadete Goiana, Laércio Sá, Severino Silva “Bica”, José Ivan, Gilmar Mello, Rosemery Mello, Galego Edílson, Anacleto, Zito, Pedro Bem-te-vi, Luizinho, Robson Soares, Leonan, Nelsão de Triunfo, Jaílson Baiano, Maria José, Ivo de Paula e Ivo Ferreira.

MIRAMAR

Uma das primeiras formas de divulgação e informação inteligente e de baixo custo de propaganda comercial foi o sistema MIRAMAR, fundada por Salviano Gabriel da Silva (conhecido como “Salvino”).

A Miramar funcionava com várias difusoras espalhadas pela cidade, ligadas por fios. Os postes ficavam na “Rua da Frente”, atual Getúlio Vargas, outro na rua do chafariz, hoje Rua das Flores, próximo ao antigo posto de saúde.

Roque Leonardo

O concorrente da Miramar dentro da CHESF era a difusora do Clube Operário – COPA, comandado pelo locutor Paulo Litó.

Paulo Litó lia as cartas dos ouvintes, anunciava filmes e tocava os sucessos musicais do momento.

Os primeiros funcionários da Miramar foram Mário Santos, Mimosa, Hermógenes Miguel de Lima e Luiz Martinelli.

Salvino alugou a MIRAMAR a Epaminondas Ferraz e depois a Roque Leonardo Barbosa. O grande técnico que resolvia os problemas da MIRAMAR e da VOZ DO POVO era “Seu” Barros (ainda vivo, com 92 anos de idade).

A VOZ DO POVO.

A voz do povo foi outra famosa forma de divulgação comercial da cidade. O nome A VOZ DO POVO foi criado pelo político Adauto Pereira de Souza que fundou na “Rua da Frente”, nas imediações do “Armarinho Imperial” um sistema de autofalantes fixos. Aempresa mudou-se pra onde, tempos depois, funcionou o Palácio dos Esportes.

Adauto Pereira entregou A VOZ DO POVO a seu irmão Filadelfo Pereira de Souza que continuou os trabalhos.

Paulo Andrade e Mário Santos

Na “VOZ DO POVO” trabalharam Mário Santos, Ednaldo Francisco e Gilberto Leal. A empresa fechou e Gilberto Leal fundou “A Voz do Povo Ambulante”, sistema que funcionou muito tempo com as cornetas autofalantes acopladas a uma Chevrolet Brasil e posteriormente, em um carro modelo Veraneio.  Esse sistema, por tempos, fez a comunicação de todo o comércio de Paulo Afonso e principalmente das Casas Pesqueira, colocando Gilberto Leal na história da cidade como o nosso mais popular comunicador.

A RÁDIO POTY

A Rádio Poty foi fundada por Antônio Bernardo da Silva “Toinho” e seu cunhado, o engenheiro russo Constantinovick Kroskovisk.

Antônio Bernardo se associou a Benedito, cujo irmão Raimundo, trabalhou também na rádio Poty.

Kroskovisk construiu um transmissor e se associou a Toinho, fundando a rádio. A assistência ao transmissor era dada por Benedito.

A princípio a Rádio Poty funcionou nos fundos da Pensão Brasília (onde hoje funciona a PRESERVIL), de Dona Brasília, mãe de Benedito.

Tempos depois a rádio Poty passou a funcionar na Avenida Landulfo Alves, onde hoje é a casa de Reinamor, vizinho a casa de peças M.O. Lira.

Mário Santos deixou a Miramar e foi trabalhar na rádio Poty, junto com Paulo de Andrade.

A irmã de Antônio Bernardo, Adalice Maria da Silva, com apenas 15 anos de idade, também trabalhou na rádio com um programa que ia ao ar das 15h00min às 17h00min. O programa chamava-se “Sua Música Predileta”. Adalice foi a primeira mulher radialista de Paulo Afonso.

Na rádio trabalhou também Edvaldo Nascimento, Erundino Viana, que era desenhista da CHESF, também professor do GPA/COLEPA e tornou-se Diretor de Esportes da rádio.

Toinho fazia o programa “Giro Social”, Mário Santos fazia “O Encontro com a Poesia” e “Repórter Relâmpago”, ouvia e gravava em um gravador de rolo todo o programa da Rádio Jornal, transcrevia e depois repassava as notícias para os ouvintes da rádio Poty.

Em 1966 Roque Leonardo comprou a rádio Poty e com ela permaneceu até 1975. Apresentava diariamente, no horário da tarde, um programa onde compareciam crianças e adultos cantando. O programa chamava-se “Tarde de Atração”. Os cantores  eram acompanhados por músicos como Deca do Acordeom, Zé Morais dos Oito Baixos e Manuel Cirilo.

Durante o tempo que Roque foi dono da Rádio Poty, os locutores que passaram por lá (alguns ganharam apelidos com os quais são conhecidos até hoje) foram Antônio Galdino, Nilson Brandão, Djalma Nobre, Elias Lourenço, Saul Camboin, Cícero Pires, Silvio Menezes, Luiz Tenório, Osvaldo Ratinho, Gérson Campeão, Aluísio Almeida (Madruga), Luiz José (Bob Charles), Rosalvo Soares (Lilico), Assis “Bolachinha” e o casal Jorge Roberto e Adelaide.

Roque Leonardo também fez da POTY um sistema volante e fazia propagandas em veículos com difusoras acopladas. Criou a Poty Publicidades.

Fazia aos domingos uma transmissão ao vivo dos programas “Coliseu” Show e “Palace de Atrações”.

Roque apresentou vários shows de cantores famosos em Paulo Afonso, como: Altemar Dutra, Agnaldo Timóteo, Roberto Miller, Wanderley Cardoso, Waldick Soriano, Jerry Adriani.

Em 1976, apresentou a grande atração, o Rei do Baião, Luiz Gonzaga, que veio realizar show pelo supermercado Pinguim, representando as bicicletas MONARK.

Uma das grandes entrevistas de Roque foi com o famoso delegado Cariri, que chegou a Paulo Afonso com a missão de colocar a cidade em ordem, por causa dos constantes assassinatos que ocorriam na cidade, diariamente.

O delegado Cariri adquiriu aqui a fama de matador.

A entrevista foi realizada por Delmiro Deusdeth, repórter da cidade de Alagoinhas, Roque Leonardo e Antônio Galdino.

Muitos homens, nos primórdios da comunicação na cidade, emprestaram suas vozes para divulgarem produtos, apresentarem artistas, realizarem shows, enviarem mensagens.

Em fios ligados a transmissores, nas ondas curtas, médias e longas das transmissões sonoras, muitos deles fizeram história, eternizaram seus nomes, legaram cultura.

Homens que empunharam rústicos microfones e falaram às multidões, fazendo ecoarem vozes que propagaram sons, canções, melodias, acordes e palavras.

Soltaram ao vento a voz da comunicação e fizeram trabalhos memoráveis, deixando para a posteridade seus nomes nas páginas da história de nossa cidade.

João de Sousa Lima
Historiador e Escritor
Membro da ALPA – Academia de Letras de Paulo Afonso – Cadeira nº 06.

Paulo Afonso, 12 de dezembro de 2014.

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