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segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

O SARGENTO CAFINFIN E LAMPIÃO...!


Natural do Município pernambucano de Exu, terra do famoso e inesquecível Rei do Baião Luiz Gonzaga, o não menos famoso militar (já falecido) Sargento Manoel Pereira da Silva 1º, conhecido pelo apelido de "Cafinfin", da Polícia Militar de Pernambuco, era um admirador declarado do ainda mais famoso cangaceiro Virgulino Ferreira, o "Lampião", o que era uma contradição uma vez que Lampião detestava a Polícia e vice-versa.

Quando ainda Cabo o Sargento Cafinfin ficou famoso ao enfrentar no Município de Limoeiro em Pernambuco, mais precisamente na então Vila de Passira, hoje cidade, políticos e familiares do Coronel Chico Heráclio, um dos mais potentados Coronéis políticos nordestinos, impedindo propositadamente a realização de um comício político, havendo um desses políticos que era detentor de mandato legislativo federal (Deputado) lhe encostado à barriga de Cafinfin o cano de uma metralhadora, e Cafinfin encostado no mesmo o cano de uma pistola automática calibre 45, dizendo para o Deputado limoeirense: 

"Se puxar o dedo contra mim você leva desvantagem, pois morre um Cabo velho da Polícia, e um Deputado vai pro inferno," Era o que dizia. 

Houve uma certa sensatez e diálogo, e se separaram sem ninguém atirar, mas o comício não foi realizado. Nessa época o Coronel Chico Heráclio, pai do Deputado envolvido, estava rompido politicamente com o Governo do Estado, e dias depois desse fato, o Cabo Cafinfin era promovido por merecimento ao posto de 3º Sargento da Polícia Militar de Pernambuco. 

Havia naquele tempo a prerrogativa do Governador promover por antiguidade ou merecimento qualquer militar, mesmo sem que fossem submetido a exigências culturais ou concursos, exames ou testes. 

A história de Cafinfin desde sua infância junto com seus familiares com o cangaço nordestino é contada no Volume IV da História do Brejo da Madre de Deus onde ele foi Comissário de Polícia e Comandante do Destacamento local.
Página: Voltaseca Volta

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HOMENAGEM DA DIOCESE DE SANTA LUZIA DE MOSSORÓ

Padre Sátiro

Padre Sátiro e Padre Francisco festejam aniversário sacerdotal

08 DE DEZEMBRO: SOLENIDADE DA IMACULADA CONCEIÇÃO DE MARIA


Queremos parabenizar Padre Sátiro Cavalcanti Dantas e Padre Francisco das Chagas Neto, nesta data especial, também para todos os que de alguma forma, durante estes anos; sentiram o amor e a presença de Deus através deles, pelas suas palavras, pelo seu perdão, pela sua bênção.

Parabéns por esse dom tão grandioso através do qual todos os dias torna presente, na palavra, nos sacramentos, o próprio Deus que os escolheu, consagrou e os envia cada dia aos irmãos.

Agradecemos pelo dom da sua graça, ternura e misericórdia, permanecendo com o Mestre Jesus Cristo, sacerdotes para sempre.

Que Deus, em sua infinita misericórdia, continue derramando sobre os senhores todas as bênçãos!

Diocese de Santa Luzia

A Diocese de Mossoró agradece a Deus a missão desses abnegados sacerdotes, que cumprem com zelo e amor, o generoso e edificante Ministério Presbiteral, à serviço do Povo de Deus.

Ordenação:
Padre Sátiro Cavalcanti Dantas (08/12/1954)
Padre Francisco das Chagas Neto (08/12/1989).

Página: Collins Aquino

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Manuel Cirilo dos Santos - 07 de Dezembro de 2014

Por Geraldo Maia do Nascimento

Foi comerciante, proprietário de terras, Intendente, vice-presidente e presidente da Câmara, tendo assim dirigido os destinos de Mossoró como Presidente do Conselho Municipal no período de mudança do regime, em 1889. “Foi um símbolo de honradez”, no conceito do professor Tércio Rosado. Quando comerciante, um acontecimento ficou registrado na crônica local, no qual deixou patente a sua conduta retilínea: uma alta súbita veio alcança-lo com apreciável estoque de determinado gênero dos chamados “produtos de primeira necessidade”, em falta no comércio. Nessas condições, enquanto os concorrentes se precipitavam na elevação do preço do produto, ele negociou a sua mercadoria, fazendo jus somente aquela modesta margem de lucro então convencionada no giro dos negócios, como nos informa o escritor Raimundo Soares de Brito em seu livro “Legislativo e Executivo de Mossoró – numa viagem mais que centenária – Coleção Mossoroense – Vol. CCLXXXVII – 1985.


Nasceu em Mossoró, em 28 de novembro de 1853, sendo filho de Marcolino dos Santos, que era proprietário de terras nesta cidade. Era um homem de poucas letras, mas de muita inteligência. Foi eleito como Presidente da intendência para o período administrativo de 1887 a 1890, mas não chegou ao término do mandato por ter sido surpreendido pela implantação do regime republicano, quando foi substituído por Manuel Benício de Melo. A sua atuação como administrador municipal foi voltada no sentido de beneficiar a cidade com melhoramentos condizentes com a limpeza pública e arborização das praças e ruas urbanas. Nesse período, alguns fatos importantes para a cidade vieram a acontecer: no ano de 1887 foi criada a Estação de Correios e Telégrafos de Mossoró. Em 1888 foi fundada em Mossoró, pelo português Antônio Fernandes Júnior, uma sociedade secreta chamada de Carbonária. Essa sociedade, secreta e revolucionária, fora criada na Itália, por volta de 1810, e sua ideologia assentava-se em valores libertacionais e fazia-se notar pela atitude anticlericalismo. Atuou na Itália, França, Portugal e Espanha, nos Séculos XIX e XX. Mas em Mossoró teve vida curta.
               
Com relação à Proclamação da República, ocorrida em 15 de novembro de 1889, só na sessão de 5 de dezembro é que a Câmara tomou conhecimento. O único ato foi enviar um telegrama ao Chefe do Governo Provisório, saudando-o e externando “seu voto de sincera adesão ao sublime governo...”. Apenas em 23 de janeiro do ano seguinte, 1890, o Juíz de Direito Alcebíades Dracon de Albuquerque Lima, oficiou o fato, comunicando que o governo Estadual dissolveu a Câmara Municipal e que daria posse ao novo Conselho de Intendência nomeado no dia 25 do mesmo mês. E tal aconteceu, assumindo como presidente do Conselho o Tenente-Coronel Manuel Benício de Melo.
               
Voltaria mais tarde a participar da Intendência como seu vice-presidente em 1895, e ainda como Intendente durante a gestão de Francisco Izódio de Souza.
               
Prócer abolicionista da campanha de 1883, foi Venerável da Loja Maçônica “24 de Junho”, prestando ainda serviços na função pública como Tesoureiro da Prefeitura de Mossoró.
               
Era católico fervoroso. Certo dia, estando a sua mulher doente, fez uma promessa que se a mesma se curasse, doaria uma porção de terra da sua propriedade a Diocese de Mossoró para a construção de uma capela. Ficando sua esposa curada, construiu uma pequena capela no sítio Poço das Pedras (ou Sítio de seu Cirilo). O então bispo Dom Jaime Câmara, em retribuição, consagrou a capela a São Manuel, por ter sido Manuel Cirilo o doador, e ainda doou a imagem do santo. Depois da construção da capela, o local passou a ser conhecido como Alto de São Manuel e posteriormente foi transformado em bairro da cidade.
               
Manuel Cirilo dos Santos faleceu em Mossoró, no dia 1º de janeiro de 1940. 

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PERSONAGEM DA IDA DE LAMPIÃO PARA A BAHIA


No dia 19 de Agosto de 1928, Lampião vendo o arrocho no Estado de Pernambuco, vendo seu numeroso grupo se acabando, não podia mais permanecer no sertão de Pernambuco.

O chefe da polícia de Pernambuco, o dr. Eurico de Souza Leão, junto com o governo e comandantes das forças volantes do sertão, empenham-se  para " acabar" com Lampião e seu bando, que aterrorizava os sertões, em destaque o sertão de Pernambuco, de onde surgiram seus primeiros e piores inimigos.

Em reunião no Recife, o dr. Eurico determina a operação "Lei do Diabo", apertando o cerco nos colaboradores de Lampião. Estes eram grandes fazendeiros e pequenos proprietários, Lampião se viu acuado, tendo que procurar outras áreas para atuar, escolhendo o sertão baiano.

O coronel. Petronilo de Alcântara Reis (coronel. Petro como era conhecido), chefe político de Santo Antônio da Glória no Estado da Bahia (hoje Glória), o recebe com seu pequeno grupo, os quais eram: Lampião, Ezequiel (seu irmão), Luiz Pedro, Mariano, e Virgínio (o Moderno), e outros.

Fonte: facebook

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AGENDE-SE


QUARTA-FEIRA, 10/12, TEREMOS O LANÇAMENTO MAIS ESPERADO DA XI BIENAL INTERNACIONAL DO LIVRO DO CEARÁ!

Lançamento da BIOGRAFIA de Leandro Gomes de Barros, o mestre da Literatura de Cordel, na próxima quarta-feira, 10/12, a partir das 15h. Agende-se!

PROGRAMAÇÃO DA QUARTA FEIRA

10.12.2014 (Quarta-Feira)

Auditório Principal (Térreo)

09h00 - 17h00: Apresentação do Projeto Nas Ondas da Leitura com lançamentos de livros de crianças dos municípios de Acopiara, Camocim, Croatá, Eusébio, Granja, Morada Nova, Novo Oriente, Pentecoste, Recife, Tauá, Ubajara e Viçosa do Ceará e o lançamento do livro do poeta Pedro Bandeira do Juazeiro – “Príncipe dos poetas populares”.

Praça José de Alencar (Térreo)

12h00 - 14h00: Almoço com poesia: poesia é pra comer – homenagem a Francisco Carvalho, com Templo da Poesia

(Praça do Cordel (Térreo)

14h00 – 16h30: Oficina de cordel com Guaipuan Vieira e Pardal (vê local na Praça do Cordel)

15h: Abertura do IV Congresso de Cordelistas, Editores e Folheteiros:

Palestra: “A Literatura de Cordel de Inácio da Catingueira, Leandro Gomes de Barros aos dias atuais” com Arievaldo Viana e Arlene Holanda.

Lançamento dos livros: “Leandro Gomes de Barros – Vida e Obra” e “Inácio, o Cantador-Rei de Catingueira” de Arievaldo e Arlene Holanda.

Mediação: Antônio Andrade Leal (Tuíca do Cordel)

17h: Lançamento do livro: “A Roupa Nova do Rei, ou o encontro de João Grilo com Pedro Malazarte” de Marco Haurélio(Editora Volta & Meia)

18h: Recital: Grupo CECORDEL; lançamento dos folhetos: “Adeus a Jair Rodrigues” e “A Nação apavorada com medo da violência” de Guaipuan Vieira; “As façanhas de Josué e seu bodinho milagreiro”, “Tudo pela vida, nada pelo aborto”, “O encontro do grilo com a borboleta” de Gerardo Carvalho Frota (Pardal), “O milagre do reencontro” de Edson Neto e “Meu Quixadá” de Maria Luciene e lançamento dos livros: “Cultivos da terra cantados em versos populares” de Pardal e “Histórias infantis em poesia popular” de Vânia Freitas

19h: Lançamento dos cordéis “A chegada de Seu Lunga no Céu” de Paulo de Tarso e “O Auto do Velho Lunga – inferno, céu e purgatório” de Arievaldo Viana e Klévisson Viana,“A chegada de Seu Lunga no Paraíso Celeste” de Jesus Rodrigues Sindeaux e “A chegada de Seu Lunga no Reino Celestial”

19h30: Lançamento do livro: “Cordel da Natureza”, de Doizinho Quental e Zé Maria de Fortaleza.

Recital de Zé Maria de Fortaleza e convidados

IMAGENS DA BIENAL - PRAÇA DO CORDEL
Com Bia Bedran e Albanisa Dummar
Carlos Dantas, Klévisson, Anderson Sandes, Arievaldo Vianna, Vevé e Costa Senna
Stênio Diniz e Marcelo Soares
Evaristo Geraldo e Tuíca do Cordel

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Não sou "Chico Chicote"!

Por João Tavares Calixto Junior

Era julho de 1928 e Isaías Arruda de Figueiredo, Prefeito de Missão Velha mandava dizer ao Tenente José Bezerra, de Juazeiro, que não era Francisco Chicote e sim, Isaías Arruda, e que não temia nem "ao Diabo"... 

Isto, em virtude desse oficial ter enviado a Missão Velha o Tenente Antônio Leite, que junto a dez praças, tentou prender a João Serra, facínora acobertado em casa do régulo aurorense.

João Tavares Calixto Junior
Pesquisador e escritor
Juazeiro do Norte, CE

PARA ENTENDER: O Tenente José Bezerra foi o principal protagonista de umas das mais covardes chacinas do ciclo coronelístico do sertão de nosso nordeste, quando comandando mais de 100 homens cercou e depois de 36 horas de muita bala acabou com a vida de Chico Chicote, nas Guaribas, em Porteiras.

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O PROGRESSO DESCARTA O CANGAÇO

Material do acervo do pesquisador Raul Meneleu Mascarenhas

Em seu livro "CANGAÇO A Força do Coronel" o autor, Júlio J. Chiavenato traz um impressionante relato do fim de Lampião e seu bando de cangaceiros, às margens do Velho Chico - Rio São Francisco, em local que estrategicamente para defesa não era bom e mesmo assim o Rei do Cangaço acoitou-se, pois a certeza de está seguro ali, mesmo com condições desfavoráveis, sabia que estava "entre amigos" pelas cercanias do local. Foi seu erro, pois forças bem mais poderosas exigiam seu fim. O comandante da volante, o Tenente João Bezerra, fora intimado por seu comandante a exterminar o facínora.

Esses detalhes que podem ser verificados em capítulo final de seu livro, Júlio José Chiavenato, escreve sobre os fatos, sem indicar qual dos autores em sua longa Bibliografia de consultas, tenha indicado suas afirmativas, mesmo que saibamos que essas em parte sejam levantadas por diversos autores, historiadores e pesquisadores da epopeia do cangaço.

O autor inicia esse capítulo dizendo que o bando se deteve em Angico, um dos coitos de Lampião com cerca de 34 cangaceiros — 30 homens e 4 mulheres - divididos em três grupos de 13, 10 e 11 pessoas. Armaram barracas, formaram acampamento. Nas proximidades, outros grupos se escondiam.

Como sabemos, Angico é uma fazenda em Sergipe, na fronteira com Alagoas, no município de Porto da Folha, às margens do São Francisco, onde conta-se que Lampião era proprietário de duas fazendas.

Ali, em épocas chuvosas, existe um pequeno riacho com o mesmo nome de Angico que deságua em outro pouco maior, o Tamanduá. Existe até hoje muita especulação sobre o que fazia Lampião em coito tão precário. Aparentemente, sentia-se seguro, pois sabia que pelas imediações estava João Bezerra, que assim como outro oficial das forças governistas, o Major Teófanes Torres da polícia pernambucana, eram acusados de fornecerem armas e munição a Lampião. Bezerra, certamente, não iria atacá-lo, pensava o bandido. Há quem diga, porém, sem poder confirmar, que Lampião estava cansado, doente e que se descuidou da segurança.

Isso não é provável, pois como todo pesquisador do cangaço sabe que a segurança do bando era tarefa de todos. Outra hipótese da parada em Angico seria que a doença de Maria Bonita que começara a cuspir sangue desde quando ferida num assalto no sertão pernambucano, fora a Propriá, cidade às margens do Rio São Francisco, em Sergipe, para consultar um médico e voltara com a suspeita de estar tuberculosa.

Várias fontes, embora não citadas pelo autor, embora sua lista bibliográfica seja extensa, garantem que Lampião marcara um encontro com João Bezerra para comprar armas — seria por isso que o tenente teria entrado tão facilmente no coito.

"E o coiteiro Pedro de Cândida teria vindo trazer as compras e acertar as contas. Um incidente com Pedro de Cândida devia ter alertado Lampião para o perigo. Uma das garrafas de bebida que ele trouxera foi examinada por Sereno, que descobriu um furo de agulha na rolha. Mostrou-a ao chefe e examinou as restantes: todas estavam envenenadas. Propôs abandonarem o local, e Lampião decidiu que partiriam no seguinte. Sereno não aprovou: disse que viriam atacá-los, deviam fugir imediatamente."

Conta-se que à noite, Lampião e Maria Bonita tiveram uma discussão, pois ela estava com medo de morrer tuberculosa, pois queria sair do cangaço e instigava-o a comprar urna fazenda distante. Existem depoimentos que às vezes Lampião dizia que queria abandonar a vida cangaceira e alguns pesquisadores dizem que em entrevistas com cangaceiros depois do aniquilamento do bando, quando presos, alguns disseram que aquela reunião seria para acertarem isso.

Maria Bonita após a briga, foi conversar com Cila, companheira de Zé Sereno. Cila viu uma luz na escuridão e perguntou a Maria Bonita se não seria lanterna. De humor ruim, ela disse que era vagalumes. Como em uma grota poderia se ver o que estava no altiplano? O pesquisador Amaury Correia diz que isso seria impossível.

Outras pesquisas, não citadas por Júlio, dizem que a briga tinha se dado da seguinte forma: Após sua recuperação, Maria retorna ao seio do bando, dias antes do combate do Angico. Chega, porém, com uma novidade: cortara o cabelo ‘a la garçon’, então na moda, o que despertou a fúria de Lampião, que não aprovou a “modernidade”. Segundo testemunhas (depoimentos de Dulce e Cila), tiveram um briga feia na véspera do combate.*

Na noite daquele 27 de julho de 1938, Maria, Cila e Dulce sentaram-se no alto de uma pedra para fumarem. Maria botou para fora a raiva que estava de Lampião e as três conversaram bastante, inclusive sobre o que aconteceria se fossem presas. Maria dizendo que se fosse presa por uma volante baiana não teria muitos problemas, pois tinha primos que sentaram praça. Cila, por sua vez, disse que preferia as volantes de Sergipe.

Em determinado momento, Cila chama a atenção das amigas para uma luz que acendia e apagava ao longe. “- Não será luz de pilha (lanterna)”, perguntou? Maria, que era a mais experiente, não deu bola e disse que era vagalume. Ledo engano. Era a tropa que avançava.

Enfim, jogaram conversa fora e depois voltaram para dormir. Segundo Balão, todos se recolheram por volta das 22h. Enquanto isso os soldados se aproximavam silenciosamente, tentando fechar o cerco.
Na verdade era realmente o tenente João Bezerra, iluminando furtivamente o caminho. Uma volante cercava o bando: quarenta e quatro homens bem armados, levando metralhadoras.

Apesar do alerta de envenenamento, que sempre despertava um cuidado maior, os cangaceiros limitaram-se a patrulhar o local e, não achando rastros, foram dormir sem deixar sentinelas. Pagaram caro: os "macacos" atacaram de surpresa.

"Dupla surpresa, pois Lampião não esperava ser traído por Bezerra, de quem era amigo e freguês de armas. Uma das evidências do acordo anterior entre os dois foi a instrução que Bezerra deu antes de avançar: ninguém deveria atirar da "cabeça para cima". Se houvesse marcas de balas no alto das árvores, ele abriria inquérito e puniria os culpados. Isso porque era comum na simulação de combate, geralmente para enganar qualquer "oficialzinho revolucionário", os "macacos" descarregarem suas armas para o alto, sem perigo de ferir ninguém... Tempos depois, já coronel, João Bezerra, ao justificar a ordem, afirmou "que homens com medo atiram Iara cima"."

Por que então Bezerra atacou Lampião em Angico? 
Segundo o autor, era porque "o governo já suspeitava de que ele traficasse armas e protegesse o bandido. O interventor, sob as ordens do governo federal, pressionou o coronel José Lucena, chefe geral das forças que telegrafou ao tenente, ameaçando demiti-lo do comando se ele não matasse imediatamente Lampião. Foi quando Bezerra forçou Pedro de Cândida a trair Lampião, tentando inicialmente envenenar ou debilitar os cangaceiros para a luta próxima.

Essas circunstâncias combinadas, que induzem à traição de Bezerra e Pedro de Cândida (tentando envenenar e indicando o caminho do coito), mais o descuido de Lampião, liquidam o bando. De qualquer forma, mesmo o ataque sendo traiçoeiro, percebe-se que não era difícil para uma tropa decidida vencer Lampião. Na madrugada de 28 de julho de 1938 os "macacos" chegaram perto a ponto de ouvir a conversa dos cangaceiros. Lampião desperta e sai para a frente da barraca. O cangaceiro Amoroso vai buscar água no riacho e chega tão perto dos soldados que quase unira-lhes em cima. Soa o primeiro tiro e ele morre urinando. O tiro inicial foi de Abdon, o mesmo que usava o "escalpo de vagina" como talismã.

A fuzilaria é simultânea, as metralhadoras varrem o acampamento, não há tempo para a defesa. Poucos empreendem uma fuga desordenada. E o fim. Os soldados começam a brigar pelos despojos. Arrancam dedos a golpes de facão, em busca dos anéis. Esvaziam bornais e cintos, roubando ouro e dinheiro. Essa ânsia de ladrões prejudica a perseguição ao resto do bando. O tenente Bezerra teme que o saque histérico possibilite a algum cangaceiro mal ferido matar alguém. Intervém a chutes e golpes de coronha para acalmar seus comandados. Notam que Maria Bonita não morreu.

Ferida na perna rasteja até Lampião, que ainda respira. Pede que o poupem, quando é arrastada pelos cabelos pelo soldado Cecílio. A coronha do fuzil abate-se sobre seu crânio e ela é degolada viva, mas a cabeça fica pendurada no pescoço. Enquanto isso, a disputa pelos despojos se reacende: Luís Pedro, homem de confiança de Lampião, tem as mãos cortadas — já não há tempo para decepar apenas os dedos. Tais fatos são confirmados pelo tenente Bezerra. Conforme o costume, os militares cortam a cabeça dos cangaceiros para levar às autoridades, exibir ao povo, dar aos cientistas que estudam as "taras sertanejas”. O corpo de Maria Bonita foi colocado em posições grotescas, para risos da volante. Há um depoimento fantástico de um dos participantes da chacina, José Panta de Godoy. Foi ele quem deu o primeiro tiro em Maria Bonita. Explicando as degolas, Godoy confessa tranquilamente como se comportou com os restos de Maria Bonita: "- ...nóis ficamos levantando a saia dela com a boca do fuzi, pra vê a calçola, qui era encarnada. Quando nóis tava alí olhando, Wenceslau foi para ali i achô os dois borná dela. (...) Eli ficou com um borná eu cum outro. Nu borná dele tinha noventa i nove conto i no meu dizesseis conto. Fiquei tambem cum a cartuchera de ombro de Lampião i o cantil deli. Nu borná. de Maria Bonita tinha um poquinho de oro quebrado."
Godoy acabou de separar a cabeça de Maria Bonita:
"- Dipois de cortá a cabeça, qui até tive qui batê no osso, saiu monto sanguí i eu inflei o dedo dentro do tutano que tinha í barriei tudo, qui era dum branco danado. (...) A carça dela era incarnada mais tava melada di sangui do tiro."

A regra do jogo. Apesar da encenação de João Bezerra de tentar confiscar o saque, era que os soldados ficassem com os pertences dos cangaceiros que matavam. Godoy deixa bem claro: "...o qui eu peguei de Maria eu iscondi e num devolvi." O depoimento de José Panta de Godoy foi feito no local da chacina, em Angico, registrado por Antonio Amaury Correa de Araujo em Assim morreu Lampião.

Assim acabou Lampião. Restava apenas liquidar o pequeno grupo de Corisco. Acabava-se o cangaço, mas a polícia, muito pior que o banditismo, sobreviveu — essa sobrevivência que ainda mantém o sertão submisso ao latifúndio.

Matam um aleijado: o fim do cangaço

Culpa-se muito Lampião pelo descuido. Mas ele estava seguro da amizade de João Bezerra. Mesmo porque, quando Pedro de Cândida foi entregar as compras, levou dois sacos de balas enviadas pelo tenente. Vários depoimentos confirmam que João Bezerra abastecia Lampião, mas ele sempre negou. Tendo matado o cangaceiro, as autoridades aceitaram suas explicações. Justificou inclusive as degolas, em livro que publicou em 1940, Como dei cabo de Lampião: era impossível levar os corpos. Portanto cortou as cabeças; as cabeças provavam ao povo que Lampião tinha mesmo morrido; além do mais, garantiu que ripo houve degola — segundo ele, degola é só quando se corra o pescoço de "animais vivos". Acrescentou, cinicamente, que houve "uma simples operação anatômica, se bem que malfeita, porque não me consta que meus homens conhecessem esse ramo da ciência." Não é preciso repetir o conhecido passeio das cabeças exibidas em cidades, levadas à capital, expostas em museus e reproduzidas em fotografias por jornais de todo o mundo. Inútil determo-nos nas pretensões científicas de charlatães que estudavam crânios e crebros procurando a "inferioridade racial" do nosso povo. Cinco dias depois da chacina de Angico, Corisco vingou-se cruelmente. Invadiu a casa de um coiteiro que julgou ser traidor e responsável peio massacre de Lampião e matou quatro homens e duas mulheres, só deixou escapar as crianças, a pedido de Dadá. Embrulhou as cabeças numa rede e mandou-as ao tenente João Bezerra, com uma carta desaforada: "Faça com essas. Cabeças uma fritada. Matei duas mulheres, para vingar a morte de duas que foram assassinadas em Angico." Mas ao encontrarem com uma volante, Corisco foi metralhado. Nunca se recuperou: o braço esquerdo "secou". A mão direita ficou paralítica. Doente, começou urna longa fuga pelo sertão, abatido, disfarçado de vaqueiro, ele e Dadá procurando algum refúgio distante. O governo oferecia bom trato aos cangaceiros que se entregassem. Corisco preferiu não acreditar. O casal foi cercado, em 1940. Por Zé Rufino. Corisco estava desarmado — nem podia sustentar o revólver — trêmulo, um homem acabado, sem a imponente cabeleira loira que foi sua marca
característica. Foi metralhado na barriga, e quando Dadá tentou socorrê-lo recebeu um tiro na perna. Corisco sobreviveu quase dez horas, com os intestinos à mostra. Dadá teve o pé decepado. Enterraram Corisco em Jeremoabo, mas a Justiça mandou desenterrá-lo: os cientistas reivindicavam sua cabeça e o braço direito para estudos. José Rufino, mitificado junto com Corisco, não foi um "matador de cangaceiro" — assassinou um aleijado.

O cangaço terminara.

Este livro não é nenhuma tese. Apenas reforça o que me parece uma evidência despercebida: o cangaço foi usado pelo latifúndio para controlar a população sertaneja. Foi um banditismo de controle social. Os cangaceiros eram bandidos cruéis, sem consciência social, que se aliavam ao poder do latifundiário. Deixaram de existir quando não foram mais necessários. Mas seus aliados e inimigos são piores. O banditismo cangaceiro morreu. As forças que o geraram e usaram continuam vivas no Nordeste brasileiro, fazendo uso de métodos mais refinados e cruéis. Em quarenta anos de cangaço, os cangaceiros não mataram tanta gente quanto as condições injustas da posse da terra matam hoje no Nordeste. Morrem diariamente de subnutrição mais crianças nordestinas que todas as vítimas dos cangaceiros em quarenta anos reunidas".

As estórias são muitas, abaixo um link para outras, a respeito do assunto. Creio também que se as autoridades tivessem se importado mais com o povo nordestino abandonado à sanha dos coronéis e cangaceiros e tendo como madrinha a seca, a história seria outra. Inclusive registro aqui a ida de Lampião à cidade de Juazeiro do Ceará, terra do Padre Cícero, que sem gostar daquela situação que seu correligionário e amigo Floro Bartolomeu, que desfez o convite a Lampião para fazer frente à Coluna Prestes, e esse não foi de conhecimento do bandido, teve que recebe-lo a contragosto, além de ter que inventar uma nomeação que não foi aceita pelos oficiais da polícia pernambucana, rechaçando Lampião e sua patente de Capitão. Quando Lampião tentou voltar ao Juazeiro, depois da refrega, certamente para reclamar ao padre Cícero, a não aceitação de sua patente, Cícero Romão Batista não quis mais recebe-lo e Lampião volta ao cangaço novamente e desta vez com mais ira e bestialidade, por ter sido renegado até mesmo por seu padrinho, se bem que nunca se ouviu de sua boca, também renegar o santo do sertão.

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CANGAÇO IV

Material do acervo de Antonio Morais

Primeiras Rixas.

Certo dia, Jose Ferreira foi à casa do vizinho reclamar uns chocalhos amassados. Saturnino justificou-se acusando os filhos de José de terem roubado o chocalho de uma vaca amojada. Retrucou, então, o velho Ferreira, afirmando que o morador de “Pedreiras” furtara-lhe um bode. Após demorada discussão, chegaram a bom termo.

Mas os rapazes do Ferreira não se conformaram. Armaram-se com mais dois parentes e saíram a represália. Atacaram a “Fazenda Pedreiras”. Queimaram roças e cercados, dizimando parte do gado. Insultaram o proprietário com palavrões provocadores. 
Saturnino, encurralado, revidara à bala. Alvejou Antonio Ferreira e Antonio Matilde. Deu queixa à polícia e Antonio Matilde passou doze, dias na prisão. O Juiz, vendo que o velho Ferreira já não controlava os filhos, mostra-lhe a impossibilidade de conciliação com o vizinho. Aconselha-o a mudar-se. Com sacrifício, a família transfere-se para Nazaré. 

Em Março de 1918, apesar das recomendações do Juiz, Saturnino vai a feira de Nazaré. Lá estava Virgulino a vender arreios. Ao avistá-lo, corre à procura dos irmãos. O fazendeiro regressava com o amigo João Flor, quando foi emboscado. Lutou cinco horas. Chegou a casa às nove da noite, certo de que os rancorosos rapazes voltariam a persegui-lo. Parentes e amigos de Saturnino acorrem armados a sua residência. A uma da madrugada estava cercado. Os atacantes retiraram-se as seis da manha depois de esgotada a munição. Os Ferreira, hospedados na casa do tio Manuel Lopes, prepararam-se dispostos a enfrentar a desforra, que não se fez esperar. Saturnino atacou com bastante gente, pondo os sitiados em perigo. O tiroteio foi pesado. Virgulino matara o filho de um morador de seu desafeto. A polícia não conseguia impedir atos de violência. Os choques sucediam-se. Em Nazaré organizaram volantes para capturar os filhos de Jose Ferreira, procurados por homicídio.

Raul Fernandes.

CONTINUA...

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