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terça-feira, 22 de agosto de 2017

LAMPIÃO, MARIA BONITA A SOMBRA DO UMBUZEIRO ÓLEO SOBRE TELA MEDINDO 80X100 ESPERO QUE GOSTEM!!


Lampião, Maria Bonita à sombra do umbuzeiro 
Óleo sobre tela medindo 80x100
Espero que gostem!!



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CAPIVARA SEM VEZ

Clerisvaldo B. Chagas, 22 de agosto de 2017
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.720

No Brasil, falar em qualquer tipo de benefício é sempre difícil. E quando o tema é parque nacional, demarcação de terras indígenas, reforma agrária, o sofrimento sempre foi enorme e dorido. Tenho admirado o trabalho exaustivo da arqueóloga Niéde Guidon – expressivo orgulho nacional – sua guarda e preocupação com o Parque Serra da Capivara, em São Raimundo Nonato, Piauí. Neste País é uma batalha quase sem fim para se fundar um parque e uma luta sem fim para conservá-lo. Além da indiferença oficial das autoridades, a batalha é dura e renhida contra as ações do tempo e das invasões dos maus intencionados. Coitada da heroína, lutando e dando sua vida pelo patrimônio cultural do Brasil, quando ela mesma já é expoente do mundo na ciência que abraçou.

SERRA DA CAPIVARA. (Foto divulgação).

Veja o que aconteceu no Parque Nacional da Serra da Capivara a cerca de 530 km da capital Teresina: “Segundo a Polícia Militar de São Raimundo Nonato, um dos municípios que compõem o parque, pelo menos quatro pessoas estavam caçando animais dentro dos limites da Serra da Capivara. Ao serem identificados por três guardas, entraram em conflito e se envolveram em um tiroteio. Dois funcionários ficaram feridos e o outro morreu. Outro dois suspeitos tiveram ferimentos, foram localizados neste sábado (28) e encaminhados para um hospital de Floriano (a aproximadamente 250 km da capital). O restante do grupo conseguiu fugir. A polícia faz buscas na região”.
Veja mais: “O confronto aconteceu no município de João Costa. O Parque Nacional da Serra da Capivara foi criado em 1979 e, desde 1991, é considerado Patrimônio Cultural pela UNESCO. Parte de um corredor ecológico de 414 mil hectares, o parque é um dos principais centros científicos de arte rupestre do mundo, com escavações que revelaram vestígios de mais de 50.000 anos e mais de 900 sítios arqueológicos catalogados”.
Numa proporção muito menor, a conservação da Reserva Tocaia em Santana do Ipanema, não fica atrás dessas preocupações. O que o senhor Alberto Filho, enfrenta todos os dias na reserva, seria motivo de uma conferência para todos os santanenses. Ah! Muitas autoridades ligadas ao tema nem gostariam de ouvir.


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PÁGINA VIRADA

*Rangel Alves da Costa

Não adianta chorar. Não adianta sofrer. O destino não é de ninguém, apenas do destino. Errôneo é imaginar que tudo acontece segundo o desejo próprio. No outro lado está o outro e o próprio destino.
Sim, o fato aconteceu, a tristeza veio, o chão parece que vai desabar. Fingir não adianta. O que se esconde é apenas a verdade. Não há outra coisa a fazer senão enfrentar a realidade. Ainda que lanhando a pele ou apunhalando o peito.
Há que se ter em mente as palavras do Eclesiastes: É ilusão, é ilusão. Tudo é ilusão.  Pessoas nascem e pessoas morrem, mas o mundo continua sempre o mesmo. O sol continua a nascer, e a se pôr, e volta ao seu lugar para começar tudo outra vez.  O vento sopra para o sul, depois para o norte, dá voltas e mais voltas e acaba no mesmo lugar.
E principalmente ensina: Tudo neste mundo tem o seu tempo; cada coisa tem a sua ocasião.  Há tempo de nascer e tempo de morrer; tempo de plantar e tempo de arrancar;  tempo de matar e tempo de curar; tempo de derrubar e tempo de construir.  Há tempo de ficar triste e tempo de se alegrar; tempo de chorar e tempo de dançar;  tempo de espalhar pedras e tempo de ajuntá-las; tempo de abraçar e tempo de afastar.  Há tempo de procurar e tempo de perder; tempo de economizar e tempo de desperdiçar;  tempo de rasgar e tempo de remendar; tempo de ficar calado e tempo de falar.  Há tempo de amar e tempo de odiar; tempo de guerra e tempo de paz. 
Então, alguma lição extraída do Eclesiastes? Repito: Não adianta chorar. Não adianta sofrer. O destino não é de ninguém, apenas do destino. Errôneo é imaginar que tudo acontece segundo o desejo próprio. No outro lado está o outro e o próprio destino.
Drummond, nosso poeta maior, também já dizia no seu poema Consolo na Praia: Vamos, não chores... A infância está perdida. A mocidade está perdida. Mas a vida não se perdeu. O primeiro amor passou. O segundo amor passou. O terceiro amor passou. Mas o coração continua. Perdeste o melhor amigo. Não tentaste qualquer viagem. Não possuis casa, navio, terra. Mas tens um cão. Algumas palavras duras, em voz mansa, te golpearam. Nunca, nunca cicatrizam. Mas, e o 'humour'? A injustiça não se resolve à sombra do mundo errado. Murmuraste um protesto tímido. Mas virão outros. Tudo somado, devias  precipitar-te, de vez, nas águas. Estás nu na areia, no vento... Dorme, meu filho.
E assim por que tudo passa. Não há dor que perdure eternamente, não há sofrimento que persista além do tempo próprio de sofrer. O ser humano possui limites e o ponto de alcance de tal limite sempre está na própria consciência humana. Então, por que continuar sofrendo, padecendo, se a porta pede para ser aberta e lá fora há um mundo a ser vivido?
É preciso fazer da dor, da angústia, do sofrimento, da aflição e do desamor, uma página virada. Tudo nela já foi escrito, tudo nela já confirmou aquilo que não se desejaria. Continuar nesta página é reler e reescrever tudo aquilo que não se deseja mais. É preciso encontrar página nova, é preciso escrever um canto novo, é preciso ir além de toda ilusão perdida.
Os lenços molhados encharcam as esperanças. Os olhos tristes não permitem sorrisos aos horizontes. As portas fechadas e os quartos escurecidos pedem luz, uma luz que nem sempre a própria pessoa permite entrar. É preciso estender os lenços nos varais. Logo a ventania cuidará de dar vida nova ao que tanto escorreu na dor. E os caminhos estão abertos aos passos que não mais desejam ficar.
Os amores vêm e os amores vão quando já não são mais amores. O coração não merece ser forçado a aceitar aquilo que não existe mais. Outros amores chegarão e outros amores ficarão se forem cumpridas as promessas de amar. Um dia assim acontecerá. Então rasgue essa página, vire a página, escreva na realidade da vida a sua nova história.

Escritor
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CONSELHOS DO PADRE CÍCERO A UM AMANCEBADO

Por Junior Almeida

Um sujeito vivia em Juazeiro nos tempos do Padre Cícero. Fugiu da seca em sua cidade, fenômeno que sempre judiou do nordestino, principalmente do camponês. Foi com mulher e filhos tentar a sorte na “Meca Sertaneja”, mas, que mesmo sendo considerada uma cidade santa, nunca deixou de ter suas tentações mundanas. Jogo, pistolagem, cachaça e rapariga, nunca faltaram em Juazeiro do Norte, desde que a vila com poucos ranchos de palha pertencente ao Crato.


Pois bem, o cidadão que fora viver em Juazeiro sob as bênçãos do "Padim", com as recomendações de que vivesse para família, plantando, colhendo e fazendo o bem, caiu na bagaceira e meteu o pau a jogar baralho a dinheiro, beber até cair e a se enxerir. Não podia ter um trocado no bolso que corria para as noitadas nos cabarés da cidade, para encher o fioofó de cana, jogar e quengar.

O cabra já vivia a um bocado de tempo nessa vida desregrada. A mulher e os filhos dele eram quem mais sofriam com essa situação, pois faltava a presença do homem da casa, faltava a paz do lar, e principalmente faltava o pão.

Cansada de tanto sofrimento, a mulher resolveu se aconselhar com o Padre Cícero, a quem contou todos os seus problemas. O religioso ouviu tudo atentamente, e só ao final da conversa foi que falou. Mandou que a mulher arrumasse uma pessoa que dissesse ao seu marido, que queria lhe falar. Assim foi feito, e a sofredora criatura deu um jeito para que o marido fosse ter com o velho padre.

O sujeito foi ligeiro ver o que o "Padim" queria. Padre Cícero foi direto ao assunto, dizendo que sabia que ele vivia amancebado com raparigas da cidade. Sem poder negar, o cabra admitiu as puladas de cerca, mas tentou se justificar, dizendo que sua mulher já estava velha.

- Pois faça o seguinte: disse o padre.

- Quando você estiver dormindo ao lado de uma dessas mulheres, se levante calado e acenda uma vela pra olhar pra ela. Concluiu o sacerdote.

O homem fez como o Patriarca do Juazeiro recomendou, e mais ou menos à meia noite, depois de ter farreado muito, levantou de ponta de pé, e no bolso de sua calça que estava pendurada num prego do quarto, pegou uma vela. Acendeu e clareou pro lado da cama. O cabra assombrou-se ao ver na cama uma enorme serpente no lugar de onde estava deitada a mulher com quem tinha passado a noite. Sem fazer barulho, saiu do quarto, da casa, e voltou a sua vida de trabalho e pra família.

Foto da estátua do Padre Cícero, no "Museu Vivo" do Alto do Horto, Juazeiro do Norte, Ceará.

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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TV GUANABARA NORDESTE EM 2 RODAS EM MOSSORÓ 2017


Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso


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VAMOS TODOS!

Por Anita

Palmas pra Boechat no vídeo acima!


A resposta arrasadora de um professor  numa universidade dos EEUU, imperdível: https://youtu.be/l6En3WNCJek

Não podemos concordar com isto: O Vem Pra Rua, no domingo, vai protestar contra o fundo eleitoral. Nem isso parece animar as massas. A sociedade prefere ser extorquida em silêncio.


Neste caso parece que “quem vê cara, vê coração”:

Boa música pra esquecer a cara feia: Tokens - The Lion Sleeps Tonight

Abraços,
Anita

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso


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GONZAGÃO, CIDADÃO DE FLORESTA E DO MUNDO !

Caravana de Floresta e o Título de Cidadão a Luiz Gonzaga

A programação do Cariri Cangaço Exu 2017, por toda tarde do ultimo dia 22 de julho contemplaria ainda um conjunto significativo de homenagens ao Rei do Baião. O Parque Aza Branca foi também cenário da solenidade de entrega do Título de Cidadão do município de Floresta a Luiz Gonzaga do Nascimento, o Rei do Baião.

"Luiz Gonzaga havia recebido o titulo de cidadão de Floresta ainda em dezembro de 1979, titulo que foi aprovado por unanimidade, mas que nunca havia sido entregue oficialmente, dai tomamos a iniciativa; após consultar a atual Mesa Diretora do Câmara Municipal de Floresta, que tem a frente o vereador Beto Souza; de fazer essa entrega aqui mesmo em Exu, e não poderia ser em momento mais espetacular: Dentro do nosso querido Cariri Cangaço e no Museu do Gonzagão, aqui no Parque Aza Branca, para nós foi uma honra" ressalta Bia Numeriano, vereadora de Floresta, responsável pela iniciativa.

Manoel Severo e a solenidade de entrega do 
Título de Cidadão de Floresta a Luiz Gonzaga

A solenidade contou com a presença do Prefeito do município de Exu, Raimundinho Saraiva, com o Presidente da Câmara Municipal de Floresta, Vereador Beto Souza, da Vereadora Bia Numeriano, do Curador do Cariri Cangaço, Manoel Severo, dos representantes da família do homenageado, Joquinha Gonzaga e Piloto, além de pesquisadores e historiadores de todo o Brasil que participavam do Cariri Cangaço Exu.

 Vereador Beto Souza, Presidente da Câmara Municipal de Floresta
Joquinha e o Museu do Gonzagão recebem em nome do Rei do Baião o Título de Floresta
 Joquinha Gonzaga fala em noma da Família do Homenageado

Para Manoel Severo "quando a querida vereadora Bia Numeriano conversou comigo sobre a possibilidade de entregarmos no Cariri Cangaço Exu o Título de Cidadão Florestano a Luiz Gonzaga, concedido ainda em 1979 por aquela augusta casa legislativa de Floresta, a emoção foi muito grande. Mais uma vez tivemos a oportunidade de perpetuar a memória de nossas raízes e esse ato aqui protagonizado pela Bia Numeriano, pelo Presidente Beto Souza, foi realmente precioso".

 Manoel Severo, Bia Numeriano e Manoel Serafim
 Manoel Severo e a emoção diante das palavras da vereadora Bia Numeriano
"Gostaría de dizer a todos e aproveitar esse momento para comunicar que neste próximo mês de agosto, no inicio do período legislativo de nossa Câmara Municipal de Floresta, estaremos dando entrada num Projeto de Lei concedendo desta vez, o Titulo de Cidadão Florestano ao Curador do Cariri Cangaço, meu amigo Manoel Severo Barbosa" Bia Numeriano

"Luiz Gonzaga é um cidadão do mundo e mais uma vez essa homenagem da Bia, do Beto Souza, da Câmara de Floresta, mostram isso e nada mais espetacular do que esse momento ter sido no Cariri Cangaço Exu" comemora Manoel Serafim, Conselheiro Cariri Cangaço.

Para o Conselheiro Cariri Cangaço, pesquisador e colecionador de Natal, Ivanildo Silveira, "Esse Cariri Cangaço surpreendeu a todos por sua dimensão, sua capacidade de unir pesquisadores de vários assuntos, temas importantes e palpitantes, a presença destas crianças maravilhosas: os dois Pedros, a Yasmim e linda Cecilia do Acordeon, enfim e ainda as grandes homenagens ao Rei do Baião como essa que acabamos de testemunhar da Câmara Municipal de Floresta".

Raimundinho Saraiva prefeito de Exu
Vice Prefeito de Água Branca, Maciel Silva, Prefeito Raimundinho Saraiva 
e Edvaldo Feitosa
Betinho Numeriano, Beto Souza, Ana Gleide Souza Leal e Manoel Serafim

"Exu vive um momento de festa, receber o Cariri Cangaço é uma honra e hoje testemunhamos realmente um dia especial, não só pelas palestras, as apresentações, a riqueza dos debates, mas também pela visita da Câmara Municipal de Floresta, através do presidente Beto Souza e da vereadora Bia, nesta solenidade marcante, o Cariri Cangaço já começa a deixar saudades" fala o Raimundinho Saraiva, prefeito municipal de Exu.

Cariri Cangaço Exu
Entrega de Título de Cidadão de Floresta
Parque Aza Branca
22 de Julho de 2017, Exu-Pernambuco

https://cariricangaco.blogspot.com.br/2017/08/gonzagao-cidadao-do-mundo.html

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EPISODIO DA MORTE DE “MEIA-NOITE”

Por Érico de Almeida

Findava o mez de setembro de 1924, quando fora informado o deputado José Pereira Lima estar o celebérrimo bandoleiro Meia-Noite, (Antonio Augusto Feitosa), homisiado no sitio “Tatahyra”, nas fronteiras do município de Princeza com o de Triumpho, em Pernambuco.
       
Fidedignos como eram os informes recebidos, tratou immediatamente aquelle político da organização de uma diligencia, com o fim de capturar o scelerado, o que levou a effeito. Pelas 21 horas deixava a “canoa” policial, composta de quatro soldados da Força Publica e oito civis, a cidade de Princeza, em direcção ao local indicado, aonde chegaram depois de quatro horas de marcha, iniciando cerco em duas casas sem que nada encontrassem.
          
Cahia o orvalho da alta madrugada, quando a tropa se dirige á terceira casa, batendo á porta: Respondeu-lhe de dentro uma voz effeminada quebrando o silencio:
         
- Quem é?
         
- É os menino do coroné...
          
- Ah!...eu não abro a minha porta não...eu sou um home veio e tenho uma moça mais eu...Zumira não qué qui eu abra a porta. Ella tem medo...
          
- Venha dá um bucado dagua á gente...
          
- Que diabo de veia de falla fina!...
          
- Pronunciadas estas palavras, o bandido, que entretivera dialogo, com o fim de ganhar tempo para se equipar, grita enfurecido: Qui disaforo de seu Zé Pereira, mandá incommodá os home essa hora, apois vocês tão pegado cum o Meia Noite, nêgo nascido in meio de disgraça, rompendo em seguida nutrido fogo contra os sitiantes.
          
Depois de uma hora de luta, acompanhada de impropérios de parte a parte, ruge a fera em seu esconderijo:
          
- Canaia pife, o que vocês quere, chega já. Cabra de barro num aguenta tempo.
          
- Vem fora, nêgo ladrão!
          
- Ladrão, é vocês, qui quere robá a roupa de minha muié, magote de...
          
Já tinham soado as 5 da manhã, quando o bandido pede para a tropa consentir na sahida de sua mulher, dizendo que quanto a si, tinha a garantia na mão. Como isso lhe fosse negado redobrou de intensidade o tiroteio, até o clarear do dia, quando o bandido recomeça a pilheriar:
          
- Rapaziada, vocês são de barro? Esse magote de peste ta cum fome...entre, venha tomá um cafezinho com quejo de mantêga...
          
- O café qui nós qué é ti passá nas corda.
          A esta altura ouvem os de fora, uma voz cantar dentro da casa sitiada:

          “Si quizé sabê meu nome
          Faça favor preguntá
          Eu me chamo é Meia Noite
          Canáro de bom lugar
          Eu sou um carnêro fino
          Do collo de minha Yayá!
          É Lampe, é Lampe, é Lampe,
          O Virgolino é Lampeão,
          É o dedo amolegando
          E bolando pulo chão!

As forças, de policia e civis, commandadas respectivamente, pelos tenente Manuel Benicio, Clementino Furtado e Francisco de Oliveira, aquarteladas na serra do Pau Ferrado, que logo ao alvorecer ouviram o tiroteio, encaminham-se para o campo da lucta.
          
Ao signal da approximação da força que tinha o effectivo de 84 homens, a besta humana ao ouvir o clangôr da corneta, determinando o avanço, rosna enraivecida:
          
- Sustenta a ispingarda, canaia pôde, qui o nêgo vai simbora.
          
E debaixo da fuzilaria de 96 armas, dá ás de Villa Diogo, seguindo a força no rasto do sangue, perdendo-o ao cahir da noite.
          
A tropa teve dois soldados feridos, encontrando na casa em que se encurralara o sicário, 496 capsulas de cartuchos Mauser Dwn, modelo 1912.
          
Seis dias depois fôra Meia Noite encontrado, gravemente ferido, pelo inspector da povoação de Patos, Manoel Lopes Diniz, e 4 companheiros, o que não o impossibilitou de resistir á prisão, disparando contra os atacantes dois tiros de Parabellum, sendo por estes morto.
          
Meia Noite, ou Antonio Augusto Feitosa, era de cor parda, não apparentando mais de 22 anos, e nascêra no município de Paulo Affonso, em Alagôas, onde se criara, sendo alli conhecido pela alcunha de Antonio Bagaço.
          
Entrara no grupo de Antonio Porcino, onde logo conquistara nomeada, tendo ao lado de Lampeão tomado parte no assalto á cidade de Mattinhas, de Agua Branca, saqueando-a totalmente.
          
A baroneza de Agua Branca e sua família foram roubadas em dinheiro e jóias, na importância approximada de cem contos de réis.
          
O bandido no dia em que foi cercado em Tatahyra, estava em preparativos de viagem, em virtude de um sarilho que havia tido com os seus comparsas, Levino e Antonio Ferreira, que o haviam roubado quando de regresso da cidade de Souza.
          
Na questão interviera Lampeão, indemnizando o primeiro do prejuízo soffrido e exigindo-lhe a entrega do armamento, ao que respondera Meia Noite:
          
Si no meio desta cabroêra tem home, venha tomá, deixando em seguida o antro dos seus, rumando ao sitio Bandeira, donde se transportara ao homisio em que a força o surprehendeu.

FONTE: ALMEIDA, Érico de. Lampeão, sua história. João Pessoa: Editora Universitária, 1996. 128 p. Edição fac-similar de 1926. P. 63-68.

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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PADRE CÍCERO E FREI DAMIÃO: DUAS PESSOAS EM UMA SÓ

Por Junior Almeida

Pio Giannotti nasceu em Bolzano na Itália em 5 de novembro de 1898 se ordenado como religioso em 25 de agosto de 1923, adotando o nome de Frei Damião. No início da década de 1930 veio para o Nordeste do Brasil, onde passou a ser conhecido acrescentando no nome seu lugar de origem. Por essas terras seu nome era “Frei Damião de Bolzano”. Sua primeira celebração foi na localidade Riacho do Mel, município de Gravatá em Pernambuco. O frade da ordem dos capuchinhos viria a fazer história no Brasil, principalmente no Nordeste, onde sempre pregou para multidões, nas chamadas santas missões.

Padre Cícero e Frei Damião foto do google

Atualmente (2016) o frei tem seu nome em processo de beatificação pelo Vaticano para ser declarado santo da Igreja Católica. Frei Damião que já tinha seu nome venerado quando ainda era vivo, e mesmo antes da declaração oficial da Igreja já é hoje considerado um santo pelos seus fiéis. O frade só não mais venerado do que outro religioso, esse legitimamente nordestino, o cearense Padre Cícero Romão Batista, nascido na cidade do Crato em 24 de março de 1844 e falecido em 20 de julho de 1934 na cidade de Juazeiro, lugar que ele fez nascer de alguns casebres de palha e que atualmente é a segunda mais importante do Ceará.

Mesmo com essa distância em seus nascimentos e mais de meio século de diferença de datas, tem gente que jura que os dois são a mesma pessoa ou que Frei Damião por ser mais novo, é a reencarnação de Padre Cícero, mesmo essa tese batendo de frente com a doutrina católica, que não reconhece preceitos da fé espírita. Não é difícil de encontrar em alguns lares nordestinos folhinhas de calendários com as imagens dos dois religiosos postas lado a lado ou calendários com a imagem do Coração de Jesus ou Coração de Maria ao centro, com os dois ao lado.

Um dos casos que se conta para que essa suposta tese ganhe força é que o “Patriarca do Juazeiro” deu a um de seus fies ajudantes um livro para que esse guardasse e só entregasse a ele próprio, a nenhum outro portador. Segundo o relato passado de geração para geração, e de conhecimento dos romeiros da “Meca Nordestina”, é que o dito homem guardou a encomenda e nem de longe pensou em desobedecer ao padrinho. O tempo passou e Padre Cícero faleceu em julho de 1934, sem que tivesse ido antes apanhar o livro na casa do homem que lhe confiou à posse. Muito zeloso o sujeito guardou aquela relíquia, que lhe fora confiada, segundo acreditava, por um santo vivo.

Algum tempo depois o homem que guardava o livro, ouviu um bater de palmas em sua porta. Foi atender e se surpreendeu ao ver que quem chamava era Frei Damião. Lisonjeado com a ilustre visita, imediatamente o dono da casa pediu benção ao frade e o convidou para entrar em sua humilde casa. Frei Damião entrou e sentou-se. Depois de pedir um copo d’água disse a que veio. Tinha vindo apanhar a encomenda que tinha deixado.

- Que encomenda, o que se referia o sacerdote, se essa seria a primeira vez que viera ao seu “rancho”? Pensava o confuso homem.

- O livro que deixei aos seus cuidados tempos atrás. Teria dito Frei Damião.

Mais confuso ainda o homem foi buscar o livro, que estava cuidadosamente guardado no fundo de um baú em seu quarto e entregou ao frade capuchinho, que afirmou ser aquele mesmo o livro que entregara aos cuidados do romeiro. Esse fato, segundo as histórias e lendas de Juazeiro, seria uma das “provas” que Padre Cícero e Frei Damião são a mesma pessoa, ou que o segundo é a reencarnação do primeiro.

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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A MARAVILHOSA ARTE DE MANUELITO PEREIRA

Por Geraldo Maia do Nascimento

A arte fotográfica, técnica de reproduzir as imagens pela refração da luz, teve em Mossoró um grande adepto, que ao morrer em 10 de agosto de 1980, deixou como legado um fabuloso acervo de importância histórica incalculável para Mossoró. 


Manuelito Pereira dos Santos Magalhães Benigno foi um artista de capacidade impar, que através de suas lentes projetou as imagens de Mossoró para o futuro, retratando a paisagem do seu mundo. São pessoas, ruas, sobrados, igrejas e acontecimentos sociais que envolveram a cidade num longo curso da crônica que ele registrou nos negativos dos seus filmes e na contemporaneidade do tempo e da vida. Nascido e criado no Ceará, onde também aprendeu a profissão, chegou a Mossoró em 04 de outubro de 1933, numa quarta-feira de sol abrasador. Trabalhou inicialmente no “Foto Escóssia”, que ficava na Praça Rodolfo Fernandes, e pertencia a Augusto da Escóssia. Posteriormente Manuelito Pereira deixou a Foto Escóssia passando para J. Octávio, outro estúdio famoso de Mossoró. Tempos depois montou seu próprio atelier com o nome de “ O MANUELITO”, na Praça Vigário Antônio Joaquim, onde se firmou como artista de largo conceito profissional. Por quase cinqüenta anos retratou gente e coisas de Mossoró, sendo de sua autoria a quase totalidade das fotos históricas de nossa cidade. Todo o seu  acervo fotográfico encontra-se no Museu  Histórico “Lauro da Escóssia”. Segundo as palavras do historiador Raimundo Nonato, “invulgar atividade profissional a  desse artífice provinciano que vale como capítulo da história de uma cidade heróica, que tem sobrevivido pelas iniciativas do seu povo, pelos feitos e pelo seu amor à liberdade, tantas vezes comprovado em campanhas memoráveis e em dias de soberba glorificação”. Em sua modesta sala de trabalho, soube compensar a falta de estrutura com seu imenso talento. Com o passar do tempo foi adquirindo fama, renome e prestígio com a instalação de um novo e moderno atelier fotográfico, onde atendia a todos com extrema cordialidade, sempre franco, expansivo, fumando seu cigarrinho, rindo manso por entre os dentes, batendo e revelando chapas dia e noite, e aos poucos, amealhando as economias que lhe chegavam às mãos, como justo prêmio de um trabalho incansável e honesto. Soube se impor como profissional, tornando-se presença obrigatória nas festas sociais, nos prélios esportivos e acontecimentos tumultuosos da política, que no dizer de Raimundo Nonato, “sempre transforma a vida de Mossoró numa espécie de campo de batalha ou de guerra fria, com seus profetas de rua, seus ídolos populares, suas figuras carismáticas”. Registrou também figuras populares das ruas da cidade, tipos inesquecíveis como Benício Gago e Manuel Cacimbinho, cujas biografias foram publicadas recentemente pelo professor Raimundo Soares de Brito em sua mais recente obra “Eu, egos e os outros. Desses, Manuelito trabalhou as imagens dando formas pictóricas admiráveis, em belos quadros que poderiam figurar em qualquer museu do país. Demais acontecimentos de relevo como foi o Congresso Eucarístico de Mossoró, ocorrido entre os dias 12 e 26 de agosto de 1943, com a presença do Arcebispo do Rio de Janeiro Dom Jaime de Barros Câmara, tiveram todos os seus atos fotografados por esse grande artista nordestino. Pela importância do seu trabalho para a cultura mossoroense, merecia esse grande artista um museu próprio para a sua obra, ou sala individual no Museu da cidade, onde se pudesse expor o que ainda resta de equipamentos e imagens. Como curiosidade poderiam ser mostrados os negativos em lâminas de vidro, técnica muito usada na época, que ainda se encontram em perfeito estado de conservação. Pelos fatos expostos é possível concluir que Manuelito Pereira dos Santos Magalhães Benigno deixou em Mossoró uma herança de trabalho que muito engrandece a cidade, pois é através de sua obras que o nosso passado é revisitado, evitando assim que a poeira do tempo cubra para sempre os nossos feitos e glórias.

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