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sábado, 30 de setembro de 2017

MANOEL DE SOUZA FERRAZ, O COMANDANTE MANOEL FLOR


Naquele tempo, segunda metade do século XIX e início do século XX, além dos sertanejos terem de enfrentarem terríveis e prolongadas secas, vão que surgem, em demasia, bandos de cangaceiros ‘azucrinando’, as já tão aperreadas, vidas no Vale do Pajeú das Flores, micro região no interior do Estado pernambucano.

Tentaremos levar uma imagem da seca que assolava o sertão nos idos tempos do cangaço. No entendo, ainda hoje o sertão é vítima desse fenômeno climático, devido, principalmente, à falta de compreensão dos seus habitantes e a falta de ação do Estado. A maneira que os sertanejos aprenderam a lidarem com a mata, caatinga, já de muito tempo a trás, ficou comprovado que foi errada. O manejar da flora é indevido e gerador de uma devastação enorme, aguçando mais ainda a falta do precioso líquido da vida. Mas, jamais tiveram uma ação dos governantes no sentido de lhes orientarem. 


Na segunda metade do século XIX, por volta de 1877, a nossa região foi acometida por uma enorme estiagem. A coisa foi muito prolongada, e as pessoas, perambulando pelas estradas solitárias do sertão parecendo zumbis ambulantes, indo e vindo de um Estado para outro, caiam pelo caminho, mortas. Principalmente as crianças que mais necessitam de alimento proteico.

“(...) Milhares de pessoas abandonaram suas terras; inúmeros famintos tombavam nas estradas e caatinga; longas filas de retirantes vindos principalmente do Ceará disputavam acirradamente os escassos suprimentos de água. Ainda hoje, à margem das velhas estradas sertanejas, há montículos de pedras, vestígios de antigas sepulturas rudimentares atribuídas pela tradição oral a crianças vitimadas daquele flagelo (...).” (“O Canto do Acauã” – FERRAZ, Marilourdes. 4ª Edição. Revista e Atualizada)

Os cangaceiros, além das armas normais, facas, punhais, facões, rifles, revólver, bacamartes e outras, dispunham de uma infalível: o medo. Uma população temerosa torna-se muito fácil tê-la como ‘aliada’ e subserviente. Para que o medo chegasse antes deles, nas simples casas de taipa, choupanas ou nas casas sedes das fazendas, nas vilas, povoados ou mesmo nas pequenas cidades, ao praticarem determinada ação contra alguém, ou em alguém, era empregada ações e atos com grandes tormentos e torturas. Às vezes, um assassinato apenas, pelo jeito, modo que fora feito, fora cometido, em determinada época, a sua circunvizinhança ficaria sabendo, muito além do que realmente ocorrera, o que não era pouco, pela propagação do boca- a- boca. Isso era usado pelos cangaceiros para que quando mandassem bilhetes ou recados extorquindo, pedindo dinheiro ou outra coisa como comida e/ou animais, a comida, os animais e a quantia, ou próximo a essa, vinha rapidinho.


Quem iria arriscar a vida, e a de seus familiares, correndo o risco de morrer igualmente a família de determinado vizinho que se negara a enviar o que lhe foi ‘pedido’? Quase que ninguém. Porém, havia nas vastas e semiáridas terras da caatinga nordestina, homens feitos da rocha, forjados como o aço, aqueles que tinham extrema coragem, tinham ‘sangue no olho’, e preferiam morrer a serem submetidos a bandoleiros.


O Cangaço já há muito tempo que fazia parte das vidas de inúmeros nordestinos em distintos Estados da região, quando, no início da parte final do Fenômeno Social, no final da década de 1910 para início da década de 1920, no município de Vila Bela, hoje serra Talhada, PE, no sítio Passagem das Pedras, surgiu aquele que seria o maior de todos. O mais temido daqueles que se fizeram chefes de bandos, Virgolino, terceiro filho de José Ferreira, o “Lampeão”.

O Sr. João Flor que fora, João de Souza Nogueira, nascido na fazenda Campo da Ema, futuro pai de uma futura prole de valentes que não descansaram na luta contra o banditismo rural enquanto durou o cangaço no Nordeste.


A denominação “Flor”, ou “Os Flor”, descende de Florência Felismina de Sá, esposa de Manoel de Souza Ferraz. O Sr. Manoel de Souza Ferraz, certa feita fora acometido por uma doença mental. A partir daí, sua esposa, dona Florência, ou seja: “Dona Flor”, alcunha por todos conhecida, assume a liderança da família. Na continuidade, quem dela, família, pertencesse, era denominado, um sobrenome ‘criado’, por ‘Flor’. Exemplo disso temos João de Souza Nogueira, ‘João Flor’, e depois seus filhos, “Manoel Flor”, “Euclides Flor”, “Odilon Flor”, “Ildelfonso Flor”. “Américo Flor” e assim sucessivamente, que, na verdade são: Manoel de Souza Ferraz, Euclides de Souza Ferraz, Odilon Nogueira de Souza, Ildefonso de Souza Ferraz, Américo Nogueira de Souza, respectivamente.

São vários os filhos de João Flor que partiram de suas casas, deixando o aconchego do lar, o carinho da esposa, do pai, da mãe e a alegria dos filhos para se embrenharem dentro da caatinga a fim de darem combate aos bandos de cangaceiros que infestavam a região do sertão nordestino, em particular o bando comandado por Virgolino, alcunhado de “Lampeão”. 


Foram muitos os feitos e contrafeitos executados pela família “Flor” no combate ao banditismo. Focaremos nosso texto em um deles, Manoel de Souza Ferraz, o comandante Manoel Flor.

João Flor, pai de Manoel Flor, foi um dos florestinos que ajudaram na fundação do vilarejo, hoje Distrito, de Nazaré, no município de Floresta, PE. A povoação fora fundada para encurtar caminho para as pessoas daquela região se abastecerem de várias mercadorias como sal, tecidos, selas e arreios de couro, querosene e etc., e ao mesmo tempo, escoarem seus produtos produzidos na lavoura ou em seus ‘ateliês’ particulares. A distância entre Floresta e Vila Bela, ambas em Pernambuco, era grande e naquela ocasião tinha-se que fazê-la a pé ou no lombo de burros, além de estar infestada de bandoleiros. A Vila de São Francisco, reduto dos ‘Pereira’, ficava naquela região, no entanto, não sendo nada perto, nem fácil, para se acessar. A fundação do povoado é bem aceita por todos: moradores próximos, mais distantes e pelos almocreves que traziam suas mercadorias para revenderes e/ou sob encomenda. Determinaram um dia da semana, que não interferisse nas feiras livres de Vila Bela e Floresta, para que se fizesse seu comércio.


Nessa dita Vila, nesse dito Povoado, segundo historiadores, teve início às desavenças com os filhos de José Ferreira, Antônio, Livino e Virgolino, e sua população. João Flor, em uma das festas juninas torna-se ‘padrinho’ de Virgolino. Porém, pouco tempo depois, o afilhado tenta desonrar o padrinho em uma das tantas ‘bagunças’ que fizeram naquele reduto. O Patriarca da família Flor ainda lembra ao afilhado que é seu padrinho, e por isso merecia respeito, no entanto, o afilhado responde com desaforos e sem respeito. Em nossas pesquisas não notamos outra ‘partida’ para o desentendimento daqueles homens. Virgolino e seus irmãos já estavam atolados até o pescoço com problemas com outras pessoas e, naquela ocasião, fizeram mais inimigos. Acreditamos que a falta de respeito com o pai, aflorou nos filhos o desejo de ensinar boas maneiras aos ‘Ferreira’. Por outro lado, os ‘Ferreira’ não baixaram suas cabeças para nenhuma imposição feita, seja ela dita, ou determinada, por quem quer que fosse. Havia um entrelaçamento entre as famílias dos ‘Flor’ com a de Zé Saturnino, devido seu casamento com uma descendente da família Nogueira, e esse fato, também, deve ter contribuído para a “falta de respeito” dos ‘Ferreira’.

Dentre os filhos de João de Souza Nogueira e dona Angélica Teodora de Souza , João Flor e sua esposa, existiu o segundo filho, o saudoso Manoel de Souza Ferraz, mais conhecido pela alcunha de “Manoel Flor”, nascido aos 20 dias de fevereiro do ano de1901, em uma gleba denominada ‘Sítio Catarina’, terra pertencente aos limites da fazenda Ema, no município de Floresta, PE, próximo a linha limítrofe com o município de Vila Bela, hoje Serra Talhada, PE.


Vejam como são as coisas: a primeira escola, “do professor Domingos Soriano Lopes Ferraz”, que o jovem Manoel Flor e seus irmãos frequentaram, Virgolino e seus irmãos, também frequentava. O futuro das pessoas foi, é e sempre será obscuro.

Pois bem, o tempo passou e as crianças tornaram-se adolescentes. Depois da fundação do povoado de Nazaré, com as frequentes ‘visitas’ dos irmãos ‘Ferreira’, atritos começam a ocorrer quase que em cada uma delas. Até que, certa vez, Livino Ferreira é baleado e levado preso para a Cadeia Pública de Floresta, PE, sede do município. Após um acordo com o chefe político local, Antônio Boiadeiro, o mesmo é solto, porém, na condição da família Ferreira mudar-se, do sítio Poço do Negro de onde moravam, para o Alagoas. Isso ocorreu por volta da segunda metade do ano de 1919.


“(...)Virgulino tinha votado naquele ano em Manoel Rufino de Souza Ferraz e em Ildefonso Ferraz, respectivamente candidatos a prefeito e subprefeito de Floresta. Os Ferreira procuraram então Antônio Boiadeiro, chefe político da família Ferraz, e com ele firmaram um acordo. Livino foi solto e os Ferreira mudaram-se, no segundo semestre de 1919, para Alagoas(...).” (lampiãoaceso.com)

Depois de se estabelecerem, mais ou menos, no Estado alagoano, tendo passado entre três e quatro anos da sua partida, Virgolino, Antônio e Livino, já com um bando de cangaceiros, começam a virem para o interior do Leão do Norte a fim de irem à desforra com os filhos de João Flor. As coisas começam a ficar perigosas demais para a filharada do casal ‘Flor’, ou mesmo para aquele que dela, família, fizesse parte. Tanto que em julho de 1923 Manoel Flor e seu primo Luís Soriano procuram o mesmo chefe político, Antônio Boiadeiro, e solicitam-lhe uma guarnição policial para proteger o povoado de Nazaré. Os tempos estavam apertados e o banditismo no interior dos Estados da região havia aumentado muito, com isso, a Força Pública de Pernambuco, particularmente, o Batalhão de Floresta não dispunha de contingente para enviar, se quer, um Praça para guarnecer a população nazarena.


Inevitavelmente os homens das famílias que fundaram a povoação de Nazaré passaram a darem combate, voluntariamente, aos cangaceiros comandados por Virgolino Ferreira. Após varias lutas, perseguições e vidas ceifadas naquela região, João Flor e Gomes Jurubeba, outro fundador e protetor do povoado, resolvem que a população masculina deva alistar-se na Força Pública. Assim ocorre. Manoel de Souza Ferraz, o Manoel Flor, inicia sua vida militar em 26 de fevereiro de 1925 como Praça da PMPE, recebendo fardamento, armas e munição e, daí por diante, não mais deteve-se na luta travada contra o banditismo rural até que teve fim o Fenômeno Social Cangaço, definitivamente, na primeira metade de 1940.

Assim como Virgolino Ferreira destaca-se no uso de táticas de guerrilhas, Manoel Flor destaca-se no combate a elas tanto que logo o provem a líder do pelotão de vanguarda da volante em que vazia parte. As promoções são sucessivas e logo passa a comandar uma volante. Recebe as divisas de cabo, depois de 3º sargento, onde, temporariamente passa a ser comandante Geral das Forças Volante. Adiante é promovido a 2º tenente comissionado, depois para efetivo, e assim vão se sucedendo as promoções por méritos.


Em sua vida militar, serviços prestados contra o banditismo rural não só em seu estado natal, mas naqueles em que fora necessário os seus serviços, desses, exemplificamos suas batalhas, confrontos e luta contra o conterrâneo Virgolino Ferreira, já como Lampião, o “Rei do Cangaço”, citaremos alguns embates que foram registrados, através dos anos, nos anais da história: “Dois combates no Enforcado, nas Baixas, em Xiquexique, aqui ele perde seu irmão caçula, Ildefonso, na Caatinga da Pedra Ferrada e Abóboras, no município de Vila Bela; na região em volta do Distrito de Nazaré, nas Caraíba, na Serra Umã, local de difícil acesso e reduto de bandoleiros, em território florestano; em Pelo Sinal e em outros quatro locais, ele de combates aos cangaceiros em terras paraibanas, no município de Princesa Isabel; na Cachoeira do Galdino, município da cidade de Custódia, PE, seu grito se fez ouvir no comando e o ronco do seu mosquetão retumbou no meio da caatinga; no município de Flores, PE, nas terras da Fazenda Açude de dona Rosa seu grito de guerra seu ecoado; no Poço do Cosmo em Bom Conselho, na Serra do Ermitão em Garanhuns; Gangorra (1928), Serra da Cana Brava, Olho d`Água do Chico e Raso da Catarina (1932), todos no município baiano de Glória; Pouso Alegre, em Campo Formoso, também na Bahia.” Participou, também, do combate de Pau de Colher. Esses são alguns dos lugares onde se ouviu seu grito de guerra e o som do disparo de seu fuzil.

“(...) Em 1938, foi designado para comandar um contingente policial que combateria os fanáticos de Pau de Colher, nos sertões de Casa Nova, Bahia (v. Marilourdes Ferraz, ob. cit.). Por sua atuação firme, foi elogiado pelos habitantes dos lugarejos ameaçados de invasão pelos fanáticos do beato Lourenço, que tinham vindo do sítio Caldeirão, interior do Ceará. “Num raio de aproximadamente trinta quilômetros do reduto, os proprietários, ricos ou pobres, haviam abandonado suas terras, sob pena de, não tendo aderido ao movimento místico, serem considerados anti-cristãos e ameaçados de morte na fogueira, como efetivamente ocorreu com alguns infelizes”.


Na peleja contra os fanáticos, Manoel Flor via seus companheiros travarem lutas corporais com homens enfurecidos, parecendo, segundo dizia, “verdadeiros cães hidrófobos a fustigar sem quartel os policiais que combatiam desesperadamente e nunca tinham sequer imaginado um combate naquelas proporções”. Terminada a luta em Pau de Colher, “recebeu encômios das autoridades locais e do jornal O Farol, de Petrolina”. (blog Ct.)

Após a morte de Lampião, em julho de 1938, o comandante Manoel Flor, já na segunda metade de 1939, fora designado Comandante Geral das Forças de Combate ao Banditismo. Além de ter esse cargo de muita responsabilidade, também era Delegado da cidade de águas Belas, PE. No primeiro semestre de 1940, após a morte do chefe cangaceiro Corisco, em território baiano, o governo dá ordens para que o Comandante Geral passe a recolher todo o material bélico que havia sido entregue aos volantes e fazendeiros.


Em agosto de 1940, o comandante Manoel de Souza Ferraz, vai a capital pernambucana e, apresentando-se no QG da PMPE, faz seu relatório completo, quando a FCCB é extinta ou exonerada. A jornalista, pesquisadora e escritora Marilourdes Ferraz, nossa amiga e filha de Manoel Flor, nos relata “... não havia mais cangaceiros no Estado e se sentia honrado pela incumbência de extinguir definitivamente as FCCB, encerrando uma luta de mais de duas décadas”.

Após esses fatos, Manoel Flor segue sua carreira militar, sendo Delegado de várias cidades e comandantes dos 1º, 2º e 3º Batalhões da PMPE, além de comandar o Esquadrão de Cavalaria Dias Cardoso na cidade do Recife. Após toda essa vida dedicada à luta contra o banditismo, é reformado e segue outra trilha, passando a ser político nos rincões onde nascera.

Fonte “O Canto do Acauã” – FERRAZ, Marilourdes. 4ª Edição.
Lampiãoaceso.com
Cangaceiroscariri.com
Foto “O Canto do Acauã” – FERRAZ, Marilourdes. 4ª Edição.
fotofilme sobre Nazaré do Pico


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A " ARGOLINHA " DO FUZIL DE LAMPIÃO !

Por Voltaseca Volta
Foto: feita em Juazeiro/março-1926 ( google/ Lauro Cabral)

Esse pequeno objeto de aspecto redondo (vide, foto abaixo e, indicação da seta amarela), tinha uma função essencial quando o grupo de cangaceiros estava dançando...

QUE FUNÇÃO ERA ESSA?

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sexta-feira, 29 de setembro de 2017

GUERRA DE CANUDOS - FILME COMPLETO

https://www.youtube.com/watch?v=P4OYhj7Io0E

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GUERRA DE CANUDOS

Guerra de Canudos, ou Campanha de Canudos,[1] foi o confronto entre o Exército Brasileiro e os integrantes de um movimento popular de fundo sócio-religioso liderado por Antônio Conselheiro, que durou de 1896 a 1897, então na comunidade de Canudos, no interior do estado da Bahia, no nordeste do Brasil.

A região, historicamente caracterizada por latifúndios improdutivos, secas cíclicas e desemprego crônico, passava por uma grave crise econômica e social. Milhares de sertanejos partiram para Canudos, cidadela liderada pelo peregrino Antônio Conselheiro, unidos na crença numa salvação milagrosa que pouparia os humildes habitantes do sertão dos flagelos do clima e da exclusão econômica e social.

Os grandes fazendeiros da região, unindo-se à Igreja, iniciaram um forte grupo de pressão junto à República recém-instaurada, pedindo que fossem tomadas providências contra Antônio Conselheiro e seus seguidores. Criaram-se rumores de que Canudos se armava para atacar cidades vizinhas e partir em direção à capital para depor o governo republicano e reinstalar a Monarquia.

Apesar de não haver nenhuma prova para estes rumores, o Exército foi mandado para Canudos.[2] Três expedições militares contra Canudos saíram derrotadas, o que apavorou a opinião pública, que acabou exigindo a destruição do arraial, dando legitimidade ao massacre de até vinte mil sertanejos. Além disso, estima-se que cinco mil militares tenham morrido. A guerra terminou com a destruição total de Canudos, a degola de muitos prisioneiros de guerra, e o incêndio de todas as casas do arraial.

Clique no link abaixo e continue lendo:
 https://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra_de_Canudos

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MUTUM NO MOQUÉM ENTENDEU?

MUTUM NO MOQUÉM ENTENDEU?
Clerisvaldo B. Chagas, 29 de setembro de 2017
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.748

Com a transformação da escrita, principalmente nesses tempos modernos, muita gente jovem engole calada ou mergulha na pesquisa de palavras quase em desuso. Uma delas voltou com tudo em Alagoas e no Brasil, nos últimos dias. A outra faz parte de algumas comunidades quilombolas, mas no geral está praticamente esquecida. São elas: mutum e moquém. Em nossa infância quando alguém falava em mutum quase sempre era para rimar. A mesma coisa acontecia com a outra palavra. Havia na época até uma piada de putaria que circulava entre os adolescentes. Um sujeito era fanho (outra palavra de pouco uso) e ouvira o cantador dizer: amanhã eu vou ao Mutum. E o fanho dizia para imitar: amanhã em vou no u... Dum. Entendeu, não é?

AVE MUTUM-DE-ALAGOAS. Foto: (IMA).

Pois bem, o mutum é uma ave que em nosso estado e no Brasil é chamada mutum-de-alagoas. Foi considerada extinta por aqui, pois não se via um mutum na Mata Atlântica de Alagoas há trinta anos. Com a volta de casal trazido do cativeiro, o Pauxi mútu se encontra em viveiro na Usina Utinga, até se adaptar e partir para a natureza. Assim o governador, sexta-feira passada (22) decretou o mutum como ave símbolo de Alagoas. Você deve saber que no caso da Flora, já tínhamos o símbolo do estado que é a craibeira, não é? Pois agora temos os dois o da Flora e da Fauna: Craibeira e Mutum. Bem que isso daria belo tema para um trabalho escolar. Outros dois casais criados em cativeiro também estarão chegando para povoar as nossas matas.
Sobre o moquém, se você ainda não descobriu, é uma antiga cozinha ou uma grelha alta na cozinha que usava lenha para esquentar (moquear) a carne para que ela tivesse maior durabilidade. Essa palavra sempre foi muita usada nas comunidades negras dos quilombolas e nos parece africana. Assim fica mais fácil entender o desafio do título desta crônica. Bem, agora que o título estar entendido como carne moqueada, não quer dizer que iremos capturar o casal de mutum que chegou ao nosso estado para metê-lo na grelha e se deliciar. E se você sabia de tudo, parabéns, está bem informado. E se não sabia, vamos fazer como dizia Camões, segundo o povo: “É morrendo e aprendendo”.


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AS NOVAS NOTÍCIAS

*Rangel Alves da Costa

O mundo precisa de novas e boas notícias. As pessoas necessitam de alvissareiras e esperançosas notícias. Os segundos, os dias, o relógio do tempo, todos necessitam que surjam fatos e acontecimentos que desencantem os desencantos da vida.
O que chega, contudo, são notícias requentadas ou reconstruídas através dos horrores e dos medos cotidianos. As máquinas tipográficas enferrujadas já não conseguem imprimir nada de alegre ou dadivoso. Então tudo surge como jornais velhos respingando os sofrimentos.
Nada de novo debaixo do sol, assim diria o profeta do Eclesiastes. Deveras lamentável, mas nada que seja novo e bom vai surgindo debaixo do sol. Nos jornais, as antigas receitas de bolos deram lugar às espantosas contundências de poderes nefastos e putrefatos, corrompidos e corruptores.
Quando os primeiros literatos do romantismo publicaram em jornais os seus folhetins, jamais imaginariam que suas tramas de dores e amores fossem mais tarde dar lugar à extravasão dos sentidos. Ora, impossível acreditar no que se lê a cada manhã. Aumento da violência, aumento da criminalidade, estatísticas lastreadas no sangue e no grito.
O desalento é tamanho que ninguém parece mais esperar uma notícia boa. Não que o povo esteja deitado pacificamente no leito da conformidade, mas simplesmente pelo fato de também já estar cansado de esperar que algo novo e bom aconteça. Mas o que acontece confirma sempre a preexistência da angústia.
Foram-se os tempos de os carteiros chegarem chamando pelo nome para entregar uma cartinha de amor. Já não se envia mais cartões de felicitações nem de saudades rasgadas. A mocinha que agora fica ao umbral da janela, entristecida se mostra por que sabe que não poderá ler mais poesia nos horizontes nem enrubescer toda a pele com a passagem do príncipe encantado.
Já disse Thomas More que "Os tempos nunca são ruins demais para que não possa um homem bom viver neles". Será? Creio haver um tempo onde distantes estarão as esperanças de tempos menos ruins. E este tempo é o tempo presente, infelizmente. Em sã consciência, o que dizer da esperança do amanhã se o homem de hoje, do agora, age intensamente para torná-lo em infortúnio?
Contrariamente ao que se possa imaginar, o dito não pode ser visto como mero exercício de pessimismo. Logicamente que tudo agora se confirma segundo as velhas sentenças de Nietzsche Schopenhauer: ao invés de buscar a felicidade, o homem vai traçando um caminho de dor e sofrimento, como se seu alimento maior fosse a vontade de viver no padecimento.
Sim, o carteiro não chama mais o nome de ninguém para entregar carta de amor. O jornal jogado na varanda já chega gritando de dor. A cada manchete uma notícia velha. A cada página a repetição das mesmas notícias de ontem, de ontem e de ontem. A diferença é que tudo num crescente, tudo de forma a espantar mais ainda uma consciência já diluída pela capacidade humana de agir para o mal, para o ilícito, para o pior que possa existir.
No idílio, na quimera poética, o sonho de abrir a janela para a vida nova. Quem dera se cada amanhecer realmente trouxesse o brilho da esperança. Contudo, além das flores do jardim, bem além das folhas caídas ao anoitecer, muito além da fruta derramada ao chão, sempre haverá um horizonte de homens agindo. Daí que toda a esperança do amanhecer será logo transformada pela notícia velha que vai sendo reconstruída.
Ao ser humano, ou ao simples homem que se tornou vitimado pelas nefastas ações do poder, dos partidos e dos políticos, das espertezas e ilicitudes engravatadas, deveria, ao menos, ser-lhe garantido o direito de viver o seu presente, o seu amanhecer e anoitecer sem ter o seu dia entrecortado pela aflição. Ou viver seu presente pelo que de melhor a vida possa lhe oferecer. Algo assim como o avistado na poesia “A Idade de Ser Feliz”, de Geraldo Eustáquio de Souza:

“Existe somente uma idade para a gente ser feliz
 somente uma época na vida de cada pessoa
 em que é possível sonhar e fazer planos
 e ter energia bastante para realizá-los
 a despeito de todas as dificuldades e obstáculos

 Uma só idade para a gente se encantar com a vida
 e viver apaixonadamente
 e desfrutar tudo com toda intensidade
 sem medo nem culpa de sentir prazer

 Fase dourada em que a gente pode criar e recriar a vida
 à nossa própria imagem e semelhança
 e sorrir e cantar e brincar e dançar
 e vestir-se com todas as cores
 e entregar-se a todos os amores
 experimentando a vida em todos os seus sabores
 sem preconceito ou pudor

 Tempo de entusiasmo e de coragem
 em que todo desafio é mais um convite à luta
 que a gente enfrenta com toda a disposição de tentar algo novo,
 de novo e de novo, e quantas vezes for preciso

 Essa idade, tão fugaz na vida da gente,
 chama-se presente,
 e tem apenas a duração do instante que passa ...
 ... doce pássaro do aqui e agora
 que quando se dá por ele já partiu para nunca mais!”.

Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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MAIS UM LANÇAMENTO DE LIVRO SOBRE O CANGAÇO...!


Mais uma vez compartilho com vocês o lançamento do meu 17º livro: LAMPEÃO EM 1926 é o 11º do tema cangaço.


O lançamento será na próxima edição do já consagrado evento Cariri Cangaço, em Floresta PE, na comemoração do Centenário de Nazaré do Pico.

Saudações cangaceiras,

Obs: O livro já está a venda e, pode ser adquirido diretamente com o autor, através deste e-mail: 

luiz.ruben54@gmail.com
franpelima@bol.com.br

O valor é R$ 60,00 incluindo o frete.

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ORIGEM DO CANGACEIRO ZÉ SERENO UM DOS CAÇULA DA FAMÍLIA DO ENGRÁCIAS.

Por Guilherme Machado 

Em março de 1929 Zé de Lídia vai trabalhar como vaqueiro em uma fazenda de propriedade de um senhor chamado Silva, por ter a propriedade invadida várias vezes por cangaceiros. O seu Silva decide botar uma família de cangaceiros em suas terras, para evitar invasão por cangaceiros. 


Ali perto, os Engrácias travam uma batalha com a volante do Sargento Hermógenes, onde morreram parentes dos Engrácias e pessoas importantes da região... 


Em 1931, Zé de Lídia ia à "Feira do Pau" para comprar mantimentos, quando encontrou homens da Volante de Hermógenes, e um homem conhecido por Lau, lhe deu uns tapas, e o rapaz, com isto se ofendeu.

Ao voltar da feira, se despediu da mãe, dizendo-lhe que iria a uma novena, e não sabia quando voltava. E partiu em busca dos tios e primos cangaceiros, dentre eles, Cirilo, Antônio, Mariano, Mané Moreno, Zé Baiano, Sabonete todos da família dos Engrácias. Se juntando aos Engrácias Zé de Lídia foi apresentado a Lampião pelo o primo Zé Baiano. Lampião nunca recuava o ingresso de um Engrácia no bando, por saber da valentia de todos os Engrácias. 

Quando o rapazola chegou, Lampião riu do rapaz, por ser baixinho e franzino! Este parece mais um macaquinho (risos) e Zé Baiano ficou meio irritado, mas se conteve, porque sabia da valentia do primo. E pediu ao novato Zé de Lídia que ficasse perto de Volta Seca que tinha quase a mesma idade e era astuto. 

Mas antes, pediu que os dois se atracassem no pau, e isto foi feito. Agarraram-se feito dois cachorros bravos. Minutos depois, Lampião manda parar a briga. 

Ao se afastarem, Lampião notou que o novato se quer, ficou nervoso ou com medo. Seu semblante era de que tinha acordado naquele minuto, e vendo isto, Lampião chamou Zé Baiano que era responsável pela entrada do rapaz no cangaço, e lhe disse: "- Zé, o nome do seu primo aqui vai ser Zé Sereno!" E assim nasceu o cangaceiro Zé Sereno. 

O ex-cangaceiro Zé Sereno só veio a falecer em 16 de fevereiro de 1981, no Hospital Municipal de São Paulo. Sua mulher Sila faleceu no dia 15 de outubro de 2005, também na capital Paulista.

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FOTOGRAFIAS DA ASSEMBLÉIA UNIVERSITÁRIA DA UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE


Fotografias da Assembléia Universitária da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte

Dia: 28 de setembro de 2017 - 49 anos da UERN
Local: Teatro Municipal Dix-huit Rosado - Mossoró - RN






Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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TIA VICÊNCIA E LAMPIÃO -POR MARIA EUNICE DINIZ MORENO. (FOTO DA CAPA DO LIVRO DA AUTORA)




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SEMINÁRIO RESGATA VIDA E OBRA INTELECTUAL DE VINGT-UN ROSADO


Um dos grandes intelectuais da história do Rio Grande do Norte será homenageado através de um vasto painel que retrata à contribuição à cultura do Estado e sua trajetória de vida.

O evento será realizado Teatro Municipal Dix Huit Rosado (Av. Rio Branco S/N, Centro, Mossoró) nos dias 25 e 26 de setembro com o título: “Cultura: O País Vingt-un – Contribuição do professor Vingt-un Rosado para a Cultura Potiguar”.

O momento terá a participação de escritores, pesquisadores, intelectuais, professores universitários, representantes de instituições, amigos e familiares do intelectual que irão apresentar aspectos sobre o trabalho desenvolvido pelo criador da Coleção Mossoroense.

O seminário será promovido pelo Governo do Estado (Fundação José Augusto, Secretaria Estadual de Educação), Fundação Vingt-un Rosado, Prefeitura de Mossoró (secretarias de Educação e de Cultura) e Sociedade Amigos da Pinacoteca. Será aberto ao público e as inscrições podem ser realizadas pelos telefones (84) 3315 50 80 e 3315 5046.
Como tudo acontecerá:

Palestra e Biografia

Na abertura, marcada para dia 25 às 19h, o jornalista e escritor Vicente Serejo realizará uma palestra “Vingt-un: Uma militância Editorial”.  falará sobre uma das ações mais contundentes de Vingt-un: a Coleção Mossoroense.

Na mesma noite será lançada a biografia autorizada “O Criador do País de Mossoró”, assinada pelo pesquisador Geraldo Maia, que versa sobre a vida e obra de Vingt- un. O livro tem a orelha assinada por Maria Lucia Rosado e ilustrações do artista visual Iran.

Mesas redondas

O dia 26 será dedicado a um amplo debate sobre a contribuição do professor à cultura do estado. Tudo começando a partir das 8h, onde será realizada a mesa redonda “Vingt- un: com açúcar e com afeto”. Este momento contará com a participação dos familiares Cid Augusto, Betinho, Tasso (sobrinhos), Vingt-un Neto e Frederico (netos) e do amigo Caio César Muniz. Todos trarão depoimentos e histórias sobre a vida e obra do intelectual Vingt-un.

Às 14h do mesmo dia, tem início a mesa redonda “Vingt-un: professor e intelectual”, com a presença dos doutores e professores Ailton Fonseca (UERN), José Lacerda Felipe (UFRN), Ludmila Oliveira (ACJUS) e Aécio Cândido (UERN), que desenvolveram estudos científicos ou analisaram direta ou indiretamente a obra do professor Vingt-un.

A partir das 19h uma grande mesa redonda, “Vingt-un: Fazendo Escolas”, será formada com a participação de representantes de instituições criadas e apoiadas pelo intelectual, encerrando o seminário. Participarão a prefeita de Mossoró, Rosalba Ciarlini (Museu Municipal Lauro Escóssia), o reitor da UERN, Pedro Fernandes Ribeiro, o reitor da UFERSA, José de Arimateia de Matos, o pesquisador Wilson Bezerra de Mouram, da Biblioteca Municipal Ney Pontes, o presidente da Academia de Letras, Helder Heronildes, o presidente do ICOP, Benedito Vasconcelos Mendes e o presidente da Fundação Vingt-un Rosado, Dix-sept Rosado Sobrinho.

Pequena Biografia do intelectual Vingt-un Rosado

Jerônimo Vingt-un Rosado Maia nasceu em 25 de setembro de 1920, filho de Jerônimo Rosado e dona Isaura Rosado Maia. Era o vigésimo primeiro filho de uma família numerosa. O nome vem exatamente da sequência à ordem numérica francesa dos nomes que Jerônimo Rosado dava aos filhos,

Segundo o biógrafo Geraldo Maia, Vingt-un teve uma infância normal e desde cedo se dedicou aos empreendimentos intelectuais, preferindo acompanhar a atividade do irmão mais velho, Tércio, filho do primeiro matrimônio do seu pai, que era um homem culto, poeta, amante dos livros e pioneiro do cooperativismo no Estado. E foi ainda na juventude que começou a cultivar o gosto pelos livros e pela pesquisa histórica. Na adolescência atuou como bibliotecário no Colégio Santa Luzia.

Em 1940 partiu para Lavras/MG para estudar agronomia, onde desenvolveu gosto pelos livros, as letras e a pesquisa. Concluindo o curso em novembro de 1944, voltou para Mossoró para desenvolver atividades junto à empresa familiar que atuava na área de exploração de gesso e paralelamente começou a desenvolver um trabalho no campo cultural, que culminou com a criação da Coleção Mossoroense.

Caminho da Cultura

Apesar de pertencer à tradicional família de políticos que comanda Mossoró por gerações, preferiu enveredar mesmo pelo caminho da cultura. Na verdade, chegou mesmo a disputar dois cargos eletivos. A primeira vez candidatou-se a Prefeito de Mossoró, perdendo por uma margem de 0,4% em 1968. Em 1972 elegeu-se vereador com a maior votação proporcional da história de Mossoró, até aquela data. Mas foi mesmo na área cultural que se destacou, tornando-se ícone da cultura local. Em 1940, com apenas 20 anos, publicou o seu primeiro livro, que recebeu o título de “Mossoró; seguiram mais de 200 obras voltadas para a antropologia e estudo das secas.

Vingt-un esteve sempre presente em várias frentes de atividade cultural, tanto no município como no Estado. Foi professor fundador de três faculdades e idealizador da URRN, hoje Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. Fundador e duas vezes diretor da ESAM, hoje Universidade Federal Rural do Semiárido e professor Honoris Causa da UERN.

Integrou o Conselho Estadual de Cultura, foi membro de quatro Academias em dois Estados da Federação, tendo sido criador e ex-presidente de duas delas, a Academia Norte-rio-grandense de Ciências e a Academia Cearense de Farmácia. Faleceu em 21 de dezembro de 2005, aos 85 anos de idade, deixando uma imensa contribuição intelectual para a história do Rio Grande do Norte.


Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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