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domingo, 29 de outubro de 2017

A FILOSOFIA POPULAR SOBRE A MORTE

Por Ivone Boechat

Quando eu era criança, o velório era um acontecimento.

A cidade era pequenina, então tudo se divulgava rápido. Em pouco tempo, o alto-falante da igreja onde o falecido frequentava comunicava, em alto e bom som,  o passamento desta para uma  vida melhor, ou se usava  um carro anunciando detalhes: quem morreu, onde, idade, motivo do óbito.

A morte pairava nas piadas! Antes de acontecer o pior, até o doente bem humorado brincava: fiquei tão mal que por mais um pouco comia capim pela raiz; pensei que fosse vestir um pijama de madeira, etc... Depois, se porventura o sujeito morresse,  aí, sim, a coisa era levada a sério e o  sepultamento era um  fato social marcante.

Naquele tempo não se fechava uma tampa de caixão sem jogar perfume e pétalas de flores sobre o defunto. Já fui encarregada de comprar muito perfume ruth para pulverizar por cima do morto. Nunca me esqueci do cheiro. O perfume, claro, perdia a personalidade, por causa do odor muito forte de cravo, cravina, brinco de princesa, de rosas miúdas de cores variadas. Não havia casa de venda de flores, as crianças saiam pedindo nas portas das casas. Já ouvi muita coisa.

- Esse defunto morava em cima da pedra?

- Vou dar, mas não sei nem se merece.

- Vá em paz.

Houve negação:

- Pra aquele cara? Bata em outra porta.

A caravana de crianças saía em mutirão solidário e não respondia a nenhuma provocação, nada. Quem deu, tudo bem.

As coroas de flores eram artificiais, confeccionadas com papel crepom.  Excepcionalmente, aparecia uma coroa de flor natural.

Se morresse um bebê, a partir de um ano, ou um jovem, as pessoas choravam mais, conhecendo ou não o falecido. Quando morria um velhinho, a conformação era maior, mas mesmo assim, as pessoas choravam muito mais do que hoje. Na hora em que o caixão ia passando para o cemitério, as portas do comércio ficavam quase fechadas. Os rádios eram desligados, os homens tiravam o chapéu, até o de palha; era muito silêncio.  Se fosse enterro de católico, o sino da igreja batia compassado: tom... tom... tom... E eu ficava pensando, que pena! Devia tocar pra todo mundo.

Os velórios tinham longa duração. Os alto-falantes, dependendo da importância do sujeito, davam uma nota, de tempo em tempo, com uma voz de relações públicas de necrotério: “A família de ... comunica a sua partida...” - anunciando a hora tradicional do sepultamento que nem era mais novidade pra ninguém: 16h. Todo mundo lá era enterrado nessa hora. Um dia falei para o meu pai que a nota de falecimento estava errada, porque a pessoa que morre não parte, ela chega. E vi que ele acabou rindo.

A verdade é esta: chorava-se mais! Ainda havia loja vendendo lenço pra todo lado e a gente, ao sair de casa, ouvia a recomendação: não se esqueça do lenço. Tinha lenço de tudo quanto era jeito: xadrez, de bolinha, de florzinha. Era muita lágrima! Nas festas de aniversário o que mais as pessoas ganhavam era caixa de lenço.

O luto pela morte era longo. Minha avó ficou de luto uns 20 anos e com as duas alianças no dedo: a dela e a do jovem marido falecido. Depois começou a vestir roupa  cinza, até se vestir, discretamente, como viúva eterna: roupas feitas com tecido de fundo preto e flores brancas.

O cemitério estampava, logo na entrada:  revertere ad locun tuun. Fui saber o que significava aquilo com o único funcionário no local: o coveiro. Fiquei espantada, porque o coveiro respondeu, automaticamente: - a tradução daquilo escrito ali é: - Volte ao teu lugar.
Ele “sabia” latim e eu detestava. Ele disse o que significava a frase, sem olhar para a parede, sabia de cor.

É assustador, mas aprendi a falar a única frase que eu sabia no primeiro ano do ginásio com o coveiro. E não deu outra. Na segunda feira, estufei o peito e disse para a minha colega de carteira escolar: revertere ad locun tuun. Ela me olhou assustada e eu  esnobei: aprendi latim (ela também tinha horror) e disse a frase, várias vezes, sem tropeçar na pronúncia e traduzi, sem dicionário. Ela ficou de boca aberta. Onde você aprendeu tudo isto. E eu nem parei para pensar: - no cemitério.

Ela também passou a frequentar os velórios!

Enviado pela professora Ivone Boechat

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O CANGACEIRO ARVOREDO E SEUS MATADORES.

Por Rubens Antonio
(Foto gentilmente fornecida por Ivanildo Silveira - Colecionador da Cangaço). 

Cangaceiro Arvoredo... Hortêncio Gomes da Silva. Uma imagem cuja dificuldade para conseguir foi grande, mas, graças ao senhor Raimundo, de Jaguarari, ex-cunhado de João Biano, e a gentileza imensa da filha e do filho deste valente matador de Arvoredo, aqui a única foto existente... de João Biano:

Muito chamado por "João Biana" é uma alteração posterior ao evento da morte de Arvoredo. O nome correto é João Biano da Silva. 

No texto de Oleone Fontes, em seu livro "Lampião na Bahia", aparecem os matadores citados como Xisto e João Martins da Silva... Este erro apenas reproduz o cometido pelo coronel Alfredo Barbosa, de Jaguarary, que, à época do evento, relatou-o, errando no nome de João. 
João Biano está enterrado na Fazenda Saco, em Jaguarari.
 
Participou, com o amigo João Biano na morte do cangaceiro Arvoredo, esta é a única foto restante de Cícero Ferreira, o Xisto. 

A dificuldade para se conseguir esta foto foi imensa, mas, finalmente, graças ao sobrinho de Xisto, Messias, e à filha adotiva daquele, a "Neguinha", consegui esta imagem. Xisto está sepultado na Fazenda Mulungu, em Jaguarari.

Sepultura do cangaceiro Arvoredo, em Jaguarari: 

Sepultura do cangaceiro Arvoredo, em Jaguarari - detalhe - AC = Arvoredo Cangaceiro: 

Cícero Ferreira, o Xisto


Participou com o amigo João Biano na morte do cangaceiro Arvoredo. Esta é a única foto restante de Cícero Ferreira, o Xisto. Xisto está sepultado na Fazenda Mulungu, em Jaguarari.

Lampião em 1926, em família.

Sobrevivente... Evaristo Carlos da Costa

 

O sargento Evaristo Carlos da Costa foi ator fundamental em um evento terrível. O massacre de sete soldados da polícia, seus comandados, em Queimadas, em 22 de dezembro de 1929.

O massacre, comandado por Lampião, apenas teve poupado o sargento Evaristo. Para alguns, isto se deve ao pedido de uma senhora de Queimadas, que dera de presente um trancelim de ouro ao cangaceiro em troca de um favor. Para outros, isto se dera em função de um pedido do cangaceiro Mariano. O fato é que Evaristo foi poupado e levou a vida adiante. O sobrevivente... posando ao lado da cadeia onde foram executados seus comandados:

O conjunto que era Cadeia - Quartel e Prefeitura, de Queimadas, em 1929, permanece íntegro, atualmente.

A porção direita da edificação era e ainda é a cadeia municipal. 

A porção esquerda da edificação era a prefeitura. 
 
Mudando-se para Santaluz, sua cidade natal, aí veio a falecer em 5 de novembro de 1977. Esta imagem mostra o sargento Evaristo pouco antes do falecimento, na mesma Santaluz.  

Sargento Evaristo Carlos Costa... sobrevivente do massacre de 22 de dezembro de 1929, em Queimadas.

http://cangaconabahia.blogspot.com
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A MORTE DE MANÉ MORENO, ÁREA E CRAVO ROXO NO COMBATE DO POÇO DA VOLTA

Por José Mendes Pereira

O primeiro livro que li sobre cangaço foi "Lampião Além da Versão Mentiras e Mistérios de Angico", do famoso Alcino Alves Costa, e este, me foi indicado e emprestado pelo bancário e pesquisador do cangaço Chagas Nascimento, natural de Porto do Mangue, no Rio Grande do Norte, mas radicado por muitos anos em Mossoró. E o primeiro blog sobre este tema foi o Cariri Cangaço, do pesquisador Manoel Severo,  e logo o Lampião Aceso do Kiko Monteiro, ambos indicados pelo Chagas Nascimento. Mas depois vieram outros, como o Tok de História do historiógrafo Rostand Medeiros, seguido do blog do escritor João de Sousa Lima, e o aparecimento do pesquisador Kydelmir Dantas e outros, e assim, tomei gosto ao tema, não tendo muito domínio, mas já tenho boas informações sobre ele registradas nas minhas páginas sociais e gravadas na minha mente.

http://sergipeemfotos.blogspot.com.br/2014/03/ilha-do-ouro-municipio-de-porto-da-folha.html

O escritor Alcino Alves Costa diz no seu famoso livro que após ter assassinado o vaqueiro Antonio Canela nos Camarões, o cangaceiro Mané Moreno com o seu poderoso bando de marginais, tomam rumo a Porto da folha. Com o grupo está um jovem chamado Chiquinho de Aninha, sendo que este serviu para trazer os animais volta que os cangaceiros levaram consigo. 

O bando faz parada em Jaramataia para descansar, e naquela localidade, trabalha um senhor conhecido por Pedro Miguel sendo este pai do futuro cangaceiro Elétrico. A presença do grupo de cangaceiros ali, deixa Pedro Miguel chateado, e resolve procurar o proprietário da "Empresa de Cangaceiros Lampiônica  Cia" o afamado e perverso capitão Lampião e faz sua queixa contra aqueles malfeitores, e dele recebe apoio, prometendo-lhe que os cangaceiros não iriam mais atanazá-lo. 

Mas mesmo assim, o cangaceiro aparece com os seus comandados, talvez ainda não havia sido encontrado pelo capitão para proibir a sua visita naquela região. E lá, permaneceu com os seus homens por alguns dias, e depois foram para Porto da Volta, na intenção de passarem o São João por lá. 


Odilon Flor, Euclides Flor, Manoel Jurubeba e Pedro Tomaz - cariricangaco.blogspot.com

O comandante de volante policial Odilon Flor está na região à procura de cangaceiros, e conversa com Pedro Miguel sobre paradeiros de malfeitores, e ele informa que os cangaceiros estão no Poço da Volta.

Nessa região um riacho passa entre Poço da Volta e Palestina. É na fazenda Palestina que está havendo um baile, e lá, os bandidos estão na maior farra, bebendo e dançando. Mané Moreno rodopia no salão com a sua amada Áurea; os outros aconchegam às mulheres, que não faltam no momento. A bebida é franca. 

Na calada da noite e escura, Odilon Flor vem chegando ao forró. De longe, ele ouve os gritos dos festeiros, o fole ronca e demais instrumentos fazem a algazarra, divertindo os dançarinos, festa na base do candeeiro, que a luz avermelhada, faz com que a volante descubra o local do forró. A noite está mais para volante do que para cangaceiro. Os malfeitores brincam despreocupados, e a morte está por ali, só observa e imagina qual será a melhor maneira de ataque.  

E sem muita dificuldade, a volante se aproxima, e de imediatamente coloca-se em posição de extermínio ao grupo. Escolhido o primeiro alvo, o casal de cangaceiros Mané Moreno e sua querida caem já sem vida. Os festeiros gritam em pânico e correm sem direção. Todos que querem sair o mais rápido possível daquele inferno.



O cangaceiro Gorgulho mesmo com a perna quebrada, consegue furar o cerco dos policiais, e se salva, e aos poucos, se arrastando, desaparece na escuridão da noite, sem nenhuma perseguição policial contra a ele. 


Alcino Alves Costa ladeado pelo escritor João de Sousa Lima e o pesquisador e colecionador do cangaço Dr. Ivanildo Alves da Silveira

Segundo o escritor Alcino Alves Costa os escritos afirmam que Gorgulho foi morto neste combate, mas na verdade, quem foi assassinado foi o cangaceiro  Cravo Roxo. Gorgulho foi se tratar nos altos do Cajueiro, onde recebe a ajuda de Lisboa, um dos irmãos Félix. Quando se recuperou, deixou o cangaço e foi embora para a sua terra Salgado do Melão


Segundo a fonte "Lampião Além da Versão..." a cabeça do meio não é a de Gorgulho. É a de Cravo Roxo. Foto extraída do livro "Lampião entre a Espada e a Lei" Autor Sérgio Augusto de Souza Dantas

A vitória do policial Odilon Flor e seus comandados foi muito valiosa, agora era só tomar para si os pertences dos cangaceiros Mané Moreno, Cravo Roxo e Áurea. 


O facínora Mané Moreno era primo legítimo dos cangaceiros Zé Baiano e Zé Sereno. Zé Sereno era primo carnal de  Zé Baiano.

Fonte de pesquisa: Lampião Além da Versão Mentiras e Mistérios de Angico".
Página: 203 e 204
Autor: Alcino Alves da Costa

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UMA LIVRARIA NA INTERFACE GEOGRÁFICA DAS UNIVERSIDADES EM BRASÍLIA: LIVRARIA SEBINHO

Por Luiz Serra

DIA D de Drummond (CONVITE). .. . No concorrido Espaço Cultural do Sebinho, terça-feira, 31 de outubro de 2017 (Brasília, Asa Norte, 407N).

Estarei com alegria nesta noite memorável à poesia drummondiana, no louvor às participações dos membros da Associação Nacional de Escritores, estimando a mesa poética com o presidente da ANE, Fábio Coutinho.

Lateral da espaçosa livraria Sebinho do Distrito Federal (Ambiente crítico e inovador).

Nesta oportunidade, um concurso de poesias: o Dia de Drummond.

Este ano, o Dia D, de Drummond, será comemorado pela Livraria Sebinho com a inovação de um concurso de poemas alusivo à vida e obra do poeta, com prêmios para os três primeiros colocados.

Esta sétima edição do Dia D, a 31/10, data de nascimento de Drummond, em 1902. Serão lembrados também os 30 anos de seu falecimento, em 17 de agosto de 1987.

Painel do evento

O Sebinho montará palco e telão na parte externa da livraria, onde serão anunciados os vencedores do concurso, após a récita de poemas do poeta de Itabira e de um sarau, com a ativa participação do público. O evento terá início às 19h.

O restaurante oferecerá almoço e jantar com cardápio mineiro, prato principal e sobremesa.

Os prêmios do concurso, para candidatos residentes no Distrito Federal, serão pagos em vales-compras a serem usados na própria Livraria Sebinho, no valor de R$ 500,00, R$ 300,00 e R$ 200,00 para o primeiro, segundo e terceiro colocados, respectivamente.

Capa da extraordinária narrativa biográfica de Fábio Coutinho, alusiva à, não menos, meritória escritora Lúcia Miguel Pereira. Uma biografia.

Integram a comissão julgadora o escritor Fabio de Sousa Coutinho, o jornalista Danilo Gomes, e a poeta Noélia Ribeiro, membros da Associação Nacional de Escritores (ANE).

O regulamento e o formulário de inscrição ao concurso estão disponíveis no site: http://sebinho.com.br/site/dia-d/

A observar, ressalto com satisfação, que nas prateleiras do Sebinho está bem acolhido o nosso ensaio histórico brasileiro O sertão anárquico de Lampião, com expressivas vendas nestes quatro meses.

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LEÔNIDAS PEREIRA DE MENEZES

Filho de Né da Carnaúba publicado em 08/09/2016 

Leônidas Pereira de Menezes se destacou na política de São José do Belmonte-PE, exerceu o cargo de vice-prefeito no período de 10/11/1963 à 31/01/1969, foi também vereador no período de 31/01/1983 à 31/12/1988, chegando a ocupar a presidência da câmara, sua esposa Zuleide exerceu 04 legislaturas como vereadora no período de 01/01/1989 a 31/12/2004, a sua filha Cícera Pereira foi vereadora por 02 mandatos, o seu filho Marcelo Pereira é o atual prefeito de São José do Belmonte, eleito para o período de 01/01/2013 a 31/12/2016.

Essa tradição política vem desde seu pai Manoel Pereira Lins (Né da Carnaúba) que exerceu o cargo de prefeito de Belmonte no período de 18/07/1902 a 14/11/1904, foi também um dos fundadores do distrito de Bom Nome. O seu irmão Argemiro Pereira de Menezes, foi vereador em 03 mandatos de 1947/1958 em Serra Talhada-PE, além de ter exercido 08 mandatos como deputado estadual na Assembleia Legislativa de Pernambuco.

Por Cicero Aguiar Ferreira
Fontes:
Washington Pereira Lins 250 anos de história, 150 anos de Emancipação Política (Luiz Lorena) e Genealogia Pernambucana.

http://familiapereira.net.br/leonidas-pereira-de-menezes/

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