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sexta-feira, 9 de março de 2012

Hitler e Lênin jogando xadrez em Viena



Uma imagem inédita que mostra Adolf Hitler ainda jovem jogando xadrez com Vladimir Lênin, há 100 anos, foi recentemente revelada e está sendo leiloada por cerca de R$ 122 mil. A foto, que teria sido tirada pela professora de arte do ditador alemão, a judia Emma Lowenstramm, em Viena, no ano de 1909, no verso, o retrato está assinado por ambos.

Na ocasião em que a gravura foi feita, Hitler tinha perto de 20 anos e Lênin, aproximadamente o dobro de sua idade. O alemão era um artista amador e Lênin encontrava-se exilado na capital austríaca. A casa, onde foi retratado o encontro entre os dois, pertenceria a uma importante família judia e serviria de palco para discussões políticas no período. Com a Segunda Guerra Mundial, a família precisou fugir e acabou dando muitos dos seus bens, incluindo a foto em questão, para os seus empregados. E é justamente o tataraneto da governanta desta família que agora tenta vender tanto o registro histórico, quando as peças do antigo jogo de xadrez.

Embora ele afirme ter documentos comprovando a autenticidade do quadro, intitulado "Um jogo de Xadrez: Lênin com Hitler - Viena 1909", especialistas questionam a autenticidade da obra, em especial a presença de Lênin. Porém, de acordo com Richard Westwood-Brookes, que está negociando as peças. As assinaturas a lápis no verso da foto têm cerca de 80% de chance de serem verdadeiras. - Admito que parece bom demais para ser verdade, mas temos evidências muito fortes de que os itens são genuínos.

Polêmicas a parte, a gravura irá à venda em 1º de outubro, na casa de leilões inglesa Mullock’s.
Extraído do blog: Saiba História, do professor e pesquisador Adinalzir Pereira Lamego

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Tonni Lima

Por: Tonni Lima
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"Muitos  dizem Eu Te Amo, mas só os desinteressados e nus de tudo, 
estarão  do seu lado durante toda a vida, esses não te deixam no caminho..."

Tonni Lima

 Extraído do blog:
http://frasesubntendida.blogspot.com/


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Mudas Enxertadas de Cajueiro Anão Precoce

http://www.cajunor.com.br/img/logo.gif


A Cajunor, empresa especializada na produção e comercialização de mudas enxertadas de cajueiro anão precoce, vem até V.Sa. informar que as dispõe do produto para pronta entrega, atendendo assim às demandas de implantação de pomares comerciais desta cultivar.
Primeira e única empresa da América do Sul a firmar Parcerias Internacionais no fornecimento de mudas enxertadas de cajueiro anão precoce;
Venda permanente de mudas enxertadas de cajueiro anão precoce, com produção média de 1.500 a 5.200 kg de castanhas por hectare;
Atuamos na Cajucultura há mais de 12 anos;
Média anual de produção: 600.000 mudas;
Enxertadores treinados na Embrapa;
Nossas mudas são produzidas em nossas propriedades localizadas no município de Pio IX-PI. O material genético utilizado é proveniente de nosso próprio plantio de 1.050 ha de cajueiro-anão-precoce;
Adotamos procedimentos de controle de qualidade, através de pulverizações regulares contra pragas e doenças, assim como adubação periódica enquanto as mudas estão nos canteiros com acompanhamento de responsável técnico;
Possuímos frota própria para entrega de nossas mudas em qualquer parte do território brasileiro e países da América do Sul;
Prestamos assistência técnica no plantio;
Empresa devidamente registrada no Ministério da Agricultura/Renasem;
Mudas entregues acompanhadas de Nota Fiscal e Atestado de Garantia.
CONSULTE-NOS SOBRE O “CAJUNOR PRONTO”, PACOTE QUE INCLUI DESMATAMENTO, ENLEIRAMENTO, GRADAGEM, FORNECIMENTO E PLANTIO DAS MUDAS, ENTREGANDO O POMAR IMPLANTADO PARA O PRODUTOR, PRONTO PARA SER EXPLORADO.
Entre em contato:
Vendas e entregas: 89-3422-0082 ou 89-9405-7199, falar com Ricardo Barreto
Essa mensagem é enviada em consonância da nova legislação sobre correio eletrônico, Seção 301, Parágrafo (a) (2) (c) Decreto S.1618,Titulo Terceiro aprovado "105 Congresso Base da Normas Internacionais sobre SPAM". Este e-mail não poderá ser considerado SPAM, quando inclua uma forma de ser removido. Para ser removido de futuros correios,  envie um e-mail com o assunto REMOVER para cajunor@cajunor.com.br

Enviado por: Cajunor

Pilão Deitado de Manoel Perigo

Por: Maristela Mafuz
Maristela  Mafuz e Alfredo Bonessi
Severo, conheci um xará seu na Superintendência do Trabalho, que faz telas muito bonitas. Hoje ele me enviou foto de uma tela, daí resolvi enviar para que todos pudessem conhecer.

Tela: Pilão Deitado
Autor: Manoel Perigo Neto
contato:manoel.perigo@mte.gov,br

Maristela Mafuz

Cariri Cangaço

Dilma Roussef

Dilma Roussef ainda na juventude


Não adianta dizer que Dilma Roussef, a nossa presidenta, vem governando o país sem rumo e sem planos. Nós pobres, devemos agradecer o que Lula fez e o que a Dilma está fazendo.

Você ainda diz:
 "Se não fosse Henrique Cardoso, nós estaríamos passando fome". Você quer que entre governo e saia governo e nada faça por nós?

O real veio para ficar, mas se ninguém se interessar em tentar melhorar para nós pobres, o que será de nós?

Antes do real, o pobre, inclusive eu, comíamos uma vez por dia. Hoje, comemos três, quatros vezes, e ainda sorrimos felizes. 

Nos dias de hoje, somos ricos...

Deixa a Dilma governar para nós.

Curso de História da UNIASSELVI recebe o professor e coordenador do curso Evandro de Souza

Por: João de Sousa Lima

Professor da UNIASSELVI realiza formação com os professores-tutores da FASETE EAD.
Hugo Leonardo - Coordenador de Polo | André Luiz - ASCOM
Crédito: FASETE EAD

Professores-tutores da FASETE EAD são capacitados constantemente.
Nos dias 02 e 03 de março, a FASETE EAD recebeu a visita do Prof. Evandro de Souza, coordenador do curso de História do NEAD UNIASSELVI, com o objetivo de apreciar as atividades exercidas pelo Centro Universitário em Paulo Afonso-BA, e para realizar mais uma etapa da formação continuada dos professores-tutores do Polo local.
Na oportunidade, o Prof. Evandro conheceu as instalações do Polo, se reuniu com a Coordenação e Diretoria da FASETE EAD e fez questão de visitar algumas das turmas de graduação, sendo uma delas, a do curso de História, a qual é coordenada pelo próprio.
O professor Alcivandes Santos, tutor da turma, e o acadêmico e escritor João Lima, presentearam o coordenador do curso com alguns livros publicados por eles. Estes narram parte da história de Pedro Batista, líder religioso que fundou a cidade de Santa Brígida-BA, e sobre Lampião e Maria Bonita, no tempo do cangaço. Aliás, João Lima, é conhecido mundialmente como um dos maiores estudiosos sobre a história do cangaço e temas afins. “É muito gratificante perceber o potencial existente nos alunos deste Polo”, frisou o Prof. Evandro.
No dia seguinte, ocorreu a formação com os tutores que versou sobre aspectos envoltos ao projeto pedagógico da UNIASSELVI, seu processo metodológico e avaliativo. Também se discutiu sobre problemáticas locais, o novo AVA e as novas ações que serão implementadas ao longo deste semestre letivo. Todas elas, no intuito de potencializar ainda mais o processo de ensino-aprendizagem exercitado pela UNIASSELVI, em seus 48 polos parceiros distribuídos em todo o Brasil.
 “As atividades foram dinâmicas e fundamentais na dissolução de pontos que irão fortalecer as atividades realizadas em Paulo Afonso-BA, tanto nas questões que envolvem as ações pedagógicas quanto em nosso gerenciamento administrativo. Particularmente, fiquei muito feliz com a visita do Prof. Evandro”, comentou Hugo Leonardo, Coordenador do Polo FASETE.
Alunos atentos as palavras do Prof. Evandro de Sousa, coordenador do curso de História

Turma de história da UNIASSELVI que tem por tutor Alcivandes Santos

Enviado pelo escritor e pesquisador do cangaço:
João de Sousa Lima

20 de dezembro de 1926, no “A Tarde”

Por: Rubens Antonio

PARA ACABAR COM O BANDITISMO
Uma conferencia dos chefes de policia da Bahia, Alagôas, Pernambuco, Parahyba, R.G. do Norte e Ceara
O SR. MADUREIRA DE PINHO IRÁ, NO GELRIA, A RECIFE

Desde sexta–feira que circula a noticia de que o sr. Madureira de Pinho, chefe de policia, vae viajar. Do logo tivemo a sua confirmação com este telegramma que nos foi dado ler, dirigdo pelo novo governador de Pernambuco ao seu collega bahiano a proposito da repressão do banditismo annunindo a Bahia em representa–se na dita conferencia por intermedio do seu secretario da Securança Publica, que deve embarcar no “Gelria”, no dia 24. O despacho em questão é po seguinte:
“RECIFE, 15 – Após verificar a situação real da zona sertaneja, depredada por diversos grupos de bandidos, cujo numero não é exaggerado calcular em quatrocentos e ser impossivel combatel–os efficazmente sem a acção conjuncta e bem orientada dos Estados limitrophes, tambem por elles frequentados, estou augmentndo a força volante commandada pelo major Theophanes Torres, incumbido da perseguição aos bandoleiros, estando regularmente guarnecidas as principaes cidades e villas da zona infestada. mpossivel, entretanto, evitar os assaltos ás fazendas e comboios de estradas e aos viajantes e bem assim impedir a facil movimentação dos bandidos bem montados, não contando com a condescendencia ou protecção. Nessas condições apello para V.Ex. afim de organizarmos uma acção simultanea contra o banditismo, devendo mesmo ser estudado e assnetado em reunião dos chefes de policia Bahia, Alagoas, Pernambuco, Parahyba, Rio Grande do Norte e Ceará.
Contando com a acquiescencia de V.Ex. e sendo urgente as medidas energicas entendo que a reunião si poderá effectuar aqui, no dia 28 do corrente. Aguardando resposta, saudo V.Ex. cordialmente. (a) Estacio Coimbra”.

O PAPEL DA BAHIA
Faltariamos á justiça de não lembrarmos aqui que, á Bahia, ao seu actual governo, coube á iniciativa de acabar com o banditismo nordestino, combinando providencias com os estados que lhe são limitrophes tendentes ao reciproco fechamento de fronteiras. Nesse sentido, o sr. Mario barbosa, official de gabinete dpo sr. governador executou este anno delicada commissão, indo á varias capitaes do Norte em prosseguimento de trabalhos aqui iniciados, concluindo pela obtenção de alguns convenios iner–estadoaes que seriam depois sanccionados pelos respectivos orgãos de goevrno como effectivamente o foram. Foram estes os accordos officialisados:
decreto bahiano 4.241 de 21 de janeiro deste anno, referenado pelo sr. Madureira de Pinho e assignado pelo sr. Góes Calmon, approvando convenios; idem decreto pernambucano n.16, de 5 de janeiro de 1926, referendado pelo sr. Luiz Cabral de Mello e assignado pelo sr. Sergio Loreto; idem decreto alagoano n.5 de 8 de janeiro, com as assignatuas do governador e respectivo chefe de policia; idem, idem sergipano, dec. n.917, de 12 de janeiro de 1926, com as assignaturas dos srs. Carlos Alberto Rolla e Graccho Cardoso.
Isto posto, a Bahia, pelo menos não se deixou ficar no papel, o que incontestavelmente representa uma grande medida de repressão á desordem e de tranquilidade publica. E provou–o em successivas providencias, algumas das quaes por guardarmos de memoria, aqui vão: enviou um destacamento de cem praças, commandado pelo capitão Arthur Cortes, para guarnecer Santo Antonio da Gloria; outro commandado pelo capitão Hermogenes Pires para defender Curaçá; ainda outros commandados pelos tenentes Romão e Alfredo Antunes para pontos ameaçados do nordeste e, mais recentemente, uma força de 130 praças, sob o commando do tenente Pedro Dorea, para Petrolina, força essa que se encontra hoje guardando as cidades pernambucanas de Cabrobó e Boa Vista.
Accrescente–se que essa movimentação de soldados da Força Publica bahiana foi em sua maior parte determinada pela actividade do celebre bando de Lampeão que algumas vezes se approcimou de nossas fronteiras, de onde logo se affastava pelo conhecimento de que o castigo não demoraria.
O rebate, portanto, que agora dá o governo pernambucano não é original. poderá reforçar o trabalho feito, dando execução obrigatória integral na parte do guarnecimento das fronteiras e negociando novos convenios que acabem de fechar o circulo de ferro dentro do qual o banditismo terá fatalmente que morrer asphixiado.
Enviado pelo professor e pesquisador do cangaço:
Rubens Antonio

Padre Cícero no panteão dos homens

Por: Wescley Rodrigues
Novamente o grande mestre Alcino, homem de fibra e arguição sem precedentes, nos brinda com um dos seus textos (ver postagem abaixo) , agora abordando um tema que para nós, estudantes da história nordestina, é muito caro e gera dificuldades em ser abordado devido o grau de polêmica e contradições que o envolve. Falar da figura do Pe. Cícero é debruçasse sobre toda uma realidade social e cultura que passava o Nordeste brasileiro em fins do Império e início da República.

Assim como o amigo Alcino, sou um pouco suspeito a falar do personagem do padre, pois por muito tempo despojei-o da áurea de santidade para colocá-lo no panteão dos homens de sua época que davam suporte a República Velha e ao poder das oligarquias. No entanto, como nenhuma concepção é cristalizada na história, porque pode cair no risco de se tornar dogma, atualmente estou revendo o meu conceito a respeito do dito “santo de Juazeiro” e como Alcino mesmo falou, o maior milagre do padre foi o Juazeiro do Norte.

Pedindo licença ao nobre amigo escritor, só faria uma ressalva. Discordo plenamente da ideia apresentada a respeito da Teologia da Libertação, pois essa imagem foi a imagem que uma elite nacional ligada a Igreja Católica quis proliferar. A Teologia da Libertação antes de tudo foi um grito dos excluídos, uma nova forma de vivenciar o catolicismo sem as amarras de cultos pomposos, vestes cobertas de requetrefes. Pregavam que a fé deveria se aproximar mais dos populares, que a Igreja deveria ser mais atuante nas causas populares, que o Cristo não é somente o dos altares, mas o Cristo se fazia vivo na figura de cada irmão que sofre e necessita de amparo e ajuda. Era necessário essa opção preferencial pelos pobres, coisa que a Igreja Católica só fará após o movimento da Teologia da Libertação. Sendo assim, demonizar esse movimento renovador é continuar realimentando um distanciamento entre a Igreja e os seus fiéis, proibindo que os pobres tenham o seu lugar dentro dessa instituição.

Cordial abraço

Prof. Ms. Wescley Rodrigues
Brasília - DF
Cariri Cangaço

FAMILIARES NARRAM A IMPRENSA SOBRE A MARIA DO CAPITÃO LAMPIÃO

Por: Rostand Medeiros
Photo

Estamos na semana do Dia Internacional da Mulher. Uma data muito positiva para glorificar aquelas as quais os homens devem muito. Pois sem elas, para começo de conversa, nem sequer veríamos a luz do nosso caliente sol nordestino.
Maria Bonita - Fonte - http://raimundopajeu.blogspot.com/
Em minha opinião, pela força, garra, capacidade e muitos outros adjetivos positivos, todo dia é dia das mulheres.
Sobre mulheres, mais especificamente sobre mulheres nordestinas, acredito que para o imaginário da grande maioria dos habitantes da nossa região, quando por aqui desejamos facilmente visualizar a figura de uma mulher batalhadora, lutadora, normalmente projetamos em nossas mentes a imagem das cangaceiras.
Evidentemente que não foram as cangaceiras as únicas mulheres de luta de nossa região. Nem vale a pena caracterizá-las apenas como companheiras de fora-da-lei que seguiam armados pelos sertões nordestinos, com suas roupas características, suas armas, sua valentia, seus cabelos grandes, suas apragatas. Igualmente em relação à entrada das mulheres no cangaço não podemos dizer que elas desejavam tão somente a busca de uma certa liberdade.
Os pesquisadores do assunto enumeram vários motivos que levaram as mulheres a se tornarem cangaceiras. Mas certamente em termos de liberdade, as cangaceiras estavam muito mais avançadas que a grande maioria das mulheres que viviam naquele Nordeste extremamente machista.
E entre estas mulheres de cangaceiros, a figura maior é indubitavelmente Maria Gomes de Oliveira, a Maria do Capitão Lampião, Maria Déia, ou Santinha, mas que ficou conhecida em todo o mundo como Maria Bonita.
 A NARRATIVA DE ZÉ FELIPE 
Sobre esta mulher sabemos que se chamava Maria Gomes de Oliveira, que nasceu no dia 8 de março de 1911, na fazenda Malhada do Caiçara, no Estado da Bahia e seus familiares chamavam-na de Maria Déia. Já seus pais eram os fazendeiros Maria Joaquina da Conceição e José Gomes de Oliveira.
Muito já foi escrito, muito já foi analisado e muito já foi comentado sobre ela. Mas não custa nada trazer para o público do nosso blog “Tok de História” duas antigas reportagens jornalísticas realizadas com familiares da famosa cangaceira.
O Jornal, Rio de Janeiro, 7 de setembro de 1958
Vinte anos após a morte de Lampião e Maria Bonita na Grota do Angico, o repórter A. C. Rangel e o fotógrafo Rubens Boccia seguiram para o sertão a serviço do periódico carioca “O Jornal”. Este era autodenominado o “órgão líder dos Diários Associados”, sendo o primeiro veículo jornalístico adquirido pelo poderoso Assis Chateaubriand e se tornou o embrião do que viria a ser a empresa jornalística Diários Associados. O objetivo dois profissionais da imprensa era realizar uma entrevista com o pai de Maria Bonita, José Gomes de Oliveira, mais conhecido como Zé Felipe. [1]
Na edição de domingo, 7 de setembro de 1958, o periódico carioca estampava a manchete “Maria Bonita era tão má quanto Lampião” e informava sobre a entrevista junto ao pai da famosa cangaceira.
Para o jornalista Rangel, o seu entrevistado estava “na casa dos setenta”, mas mostrava-se forte e lúcido. O homem do jornal ficou surpreso ao descobri que Maria Bonita havia habitado cinco anos debaixo do mesmo teto com outro homem, o sapateiro José Miguel da Silva, apelidado Zé de Neném (ou “Zé de Nenê”).
O pai de Maria Bonita nada narrou sobre a esterilidade do sapateiro e nem sobre o primeiro marido da sua filha, mas comentou que ficou arruinado com a união de Maria e o “Rei do Cangaço”. Ele afirmou ao jornalista que em consequência daquela união passou oito anos andando pelo norte do país, verdadeiramente como um “cão escorraçado e sem sossego”.
Zé Felipe comentou que após Maria decidir seguir os passos de Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, nas poucas vezes que pode estar frente a frente com a sua filha, buscou convencê-la a deixar aquela vida. Atitude bastante razoável para um pai diante daquela situação. Comentou que Lampião vivia como um “alucinado” e que não parava em parte alguma. Mas como bem sabemos, ele não conseguiu convencer a filha.
Grande parte da entrevista procura mostrar Maria Bonita como uma mulher muito valente, até mesmo violenta, que encarava Lampião sem medo.
O jornalista Rangel informa que Zé Felipe lhe narrou que em uma ocasião em meio a uma caminhada forte, com a polícia seguindo nos calcanhares, Maria Bonita foi ficando cada vez mais para trás, pois trazia embalada uma criança sua, com pouco tempo de nascida. Sem explicar como, a reportagem informa que a cangaceira com seu filhinho pegou um cavalo e conseguiu chegar próximo ao bando. Como a criança chorava muito, Lampião se exasperou e, para evitar que o bando fosse encontrado pela polícia, quis “sangrar” com um punhal seu próprio filho.  Mas Maria saltou de punhal na mão e encarou o chefe cangaceiro frente a frente e este desistiu de sua ação. Noutra ocasião Zé Felipe narrou ao jornalista Rangel que Maria tinha ficado raivosa com o companheiro e chegou a quebrar-lhe uma cabaça d’água na cabeça. [2]
Em outra parte da narrativa, o velho Zé Felipe narrou uma desobediência de sua filha perante Lampião.
Sem dizer a data, afirmou que em uma ocasião o bando chegou a um lugar denominado Girau do Ponciano após haver praticado saques. Por alguma razão que Zé Felipe não detalhou, Maria passou a pegar várias peças de pano, de várias cores, jogando-as para cima e depois pisando no pano. Daí media até o alto da sua cabeça e depois mandava cortar aquele pedaço e entregava aos mais pobres do lugarejo dizendo “-Quem tá noiva prá casar ganha uma peça”. O pai da cangaceira afirmou que apenas ela podia fazer aquele tipo de coisa e que Lampião estava zangado com ela na ocasião por alguma “Ruga” (Rusga), mas não comentou a razão. [3]
Maria Bonita - Fonte - http://umas-verdades.blogspot.com/
Zé Felipe aos periodistas que até comentou que até aquela data não conseguia compreender o desejo irascível de Maria seguir atrás de Lampião. Mas quem pode explicar as razões do amor?
É sempre interessante ler antigas reportagens ligadas aos participantes do cangaço, com informações transmitidas por seus próprios parentes, por aqueles que conviveram com a figura pesquisada debaixo do mesmo teto. Mas interessante ainda é quando estas opiniões foram relatadas a jornalistas anos depois do fim do cangaço, quando muito da apreensão de se falar sobre os personagens deste assunto havia desparecido. Mas esta matéria de 1958 se mostrou bastante limitada, pouco detalhista e tendenciosa ao sensacionalismo. Mostrando uma extrema limitação do jornalista, que a nosso ver perdeu uma grande oportunidade de conhecer mais detalhes da vida da companheira de Lampião através do relato do seu próprio pai.
UM POLÍTICO DESCOBRE A IRMÃ DE MARIA BONITA
Publicada no periódico soteropolitano “Diário de Notícias”, edição de domingo, 4 de novembro de 1970, trinta e dois anos depois da morte do mais famoso casal de bandoleiros do país, trás a assinatura do jornalista Renato Riella e fotos de Aristides Baptista e a principal entrevistada foi a Senhora Amália Oliveira, a irmã de Maria Bonita. [4]
Naquele ano de políticas ditadas pelos militares que dominavam Brasília e a euforia do tricampeonato de futebol, o jornalista Riella tratou a irmã da cangaceira respeitosamente como Dona Amália. Já no começo do relato esta senhora informou que Maria tinha era “Muito medo de Lampião antes de conhecê-lo”. Mas completou afirmando que ela era “Uma mulher comum, com sentimentos bastante humanos”.
Diário de Notícias, Salvador, ed. 4 de novembro de 1970
O jornalista Renato Riella encontrou Dona Amália hospedada em Salvador, na casa de um cidadão por nome de José Augusto, então candidato a deputado estadual. Ela havia chegado a esta casa quando em um dia de 1970, este aspirante a um cargo político visitou um pequeno povoado denominado Riacho, na região próxima a cidade de Paulo Afonso, Bahia, em plena campanha eleitoral. [5]
Nesta localidade o candidato foi lanchar em um bar e soube que ali morava um cidadão que tinha graves problemas de saúde e que necessitava de ajuda e José Augusto foi então visitar esta pessoa. Nesta casa ele conheceu Dona Amália e descobriu que seu marido se chamava Manuel Silva e era a pessoa que precisava de apoio. Em meio a conversa, o candidato soube que aquela senhora era irmã de Maria Bonita. [6]
Depois de conhecer a situação o casal seguiu para a residência do candidato na capital baiana. No momento em que era feita a reportagem, José Augusto ainda não havia conseguido vaga na rede hospitalar para Manuel Silva. Imaginava-se que ele estava acometido de reumatismo, mas descobriu-se que era câncer no pulmão, em avançado grau. [7]
Diário de Notícias, Salvador, ed. 4 de novembro de 1970
Ao ler a reportagem e ver as fotos que trazem Dona Amália, aparentemente ela estava bastante tranquila quando respondeu aos questionamentos do jornalista Renato Riella. Logo o repórter descobre que o marido de Dona Amália era irmão do sapateiro José Miguel da Silva, o Zé de Neném, ex-marido da famosa cangaceira.
A SEPARAÇÃO DE MARIA BONITA
Ela informou que era alguns anos mais jovem que Maria Bonita, mas que havia sido criada junto a ela. Já em relação a razão da separação do casal a Dona Amália contou ao jornalista Riella uma interessante história.
Ela informou que era alguns anos mais jovem que Maria Bonita, mas que havia sido criada junto a ela. Já em relação a razão da separação do casal, Dona Amália em nenhum momento fez algum comentário sobre a provável infertilidade do seu cunhado. Mas narrou ao jornalista Riella uma interessante história.
Um dia Maria encontrou no bolso da calça do esposo um pente de pedra. Um pente de pentear cabelo de mulher. Sabendo que o marido tinha o hábito de realizar “aventuras” fora do leito matrimonial, ao inquiri-lo sobre a existência daquele objeto o diálogo azedou, logo se transformou em bate boca e culminou em uma agressão física. Segundo a irmã de Maria Bonita, Zé de Neném feriu sua esposa três vezes no braço, com um canivete do tipo “corneta”. [8]
Segundo Dona Amália o diálogo que levou a agressão, textualmente reproduzido na reportagem, se desenrolou desta maneira;
- Onde achou este pente? Perguntou Maria.
- Não lhe interessa.
- Não me interessa por quê? Retrucou a esposa.
- Porque não. Foi a resposta dura de Zé de Neném.
Diante da violência vergonhosa, Maria seguiu para a casa dos seus pais no Sítio Malhada da Caiçara. Zé Felipe ao saber do ocorrido teria sentenciado “-Daqui a dois dias você esquece tudo”.
Segundo a versão transmitida por Dona Amália, a sua irmã Maria não esqueceu e passados oito dias do entrevero conjugal estourou a notícia:
-Lampião vem aí!
Dona Amália comentou que todos ficaram com medo, inclusive Maria. A irmã mais nova da “Rainha do Cangaço” informou ao repórter que estava gripada e tossindo muito. Maria avisou que ela deveria parar de tossir “-Por que ele (Lampião) pode lhe matar”.
Dona Amália, irmã de Maria Bonita - Diário de Notícias, Salvador, ed. 4 de novembro de 1970
Ela afirma que Lampião e seus homens ficaram em um local próximo a propriedade da família e que seu pai matou um bode para alimentar os cangaceiros. As moças do lugar, diante do acontecimento anormal, resolveram fazer uma visita ao local. Dona Amália afirma que Maria primeiramente tinha bastante medo de se aproximar dos cangaceiros, mas acabou seguindo para o coito. Lá conheceu o chefe do bando, sendo por ele bem tratada. Aos poucos, segundo sua irmã mais nova, foi se aproximando do grande cangaceiro.
Lendo a versão transmitida por Dona Amália, é fácil deduzir que certamente Maria estava bastante magoada com a agressão realizada por seu marido. Consequentemente a ideia (e depois a decisão) de abandonar o esposo foi uma reação natural de defesa. Neste sentido, baseado no relato da reportagem, é possível conceber que a aproximação com Lampião poderia ter sido iniciada tanto pela admiração natural que a vida de cangaceiro exercia nas sertanejas, como por uma ideia de ter um homem que a protegesse?
Independente desta questão, logo após este encontro Dona Amália afirma que receberam a notícia que a polícia logo viria “visitar” a casa de Zé Felipe, para saber da sua relação com Lampião. Em pouco tempo todos estavam arrumando seus pertences, inclusive Maria. Seguiram em direção ao estado de Alagoas e transportavam poucas coisas, alguns membros da família praticamente sairam apenas com a roupa do corpo.
Quando o grupo familiar chegou à casa de uma das avós das meninas, no lugarejo Rio do Sal, a jovem Maria Déia decidiu ficar nesta casa. [9]
Oito dias depois a família tomou conhecimento que ela estava acompanhando Lampião.
ÚLTIMO ENCONTRO
Dona Amália recordou em 1970 o último encontro que teve com a irmã famosa.
O fato se deu no lugar Salobro e nesta ocasião Dona Amália encontrou sua irmã “muito alegre”. O seu relato aponta que Maria Déia estava realmente muito bem com a sua nova vida.
Ela conta que a irmã chegou até mesmo a fazer uma brincadeira “até certo ponto infantil”. Ela colocava dentro de uma rede vários objetos tipo pentes anéis e outras joias.  Daí quem saltasse mais alto sobre a rede ganhava os prêmios. Dona Amália afirmou que não ganhou nada, mas que uma moça do lugarejo ficou com vários dos regalos. Ela lembrou que sua irmã mais velha lhe falou que estava gostando da vida ao lado de Lampião e revelou uma grande admiração por ele. Mas também lhe disse que não queria ninguém de sua família naquela vida.
Com o passar do tempo Dona Amália só tomava conhecimento da vida da irmã através da narrativa de pessoas vindas de fora. E foi desta forma que ela soube da morte de Maria Déia em 1938.
Fim de Lampião, Maria Bonita e seu bando. Fonte - http://blogdathayanne.blogspot.com/
Ao ler o trabalho do jornalista Renato Riella percebi que este se apresenta com uma narrativa muito mais detalhista e aberta, mostrando que esta entrevista foi muito bem conduzida, trazendo alguns fatos sobre a vida da mulher de Lampião.
Infelizmente esta reportagem de 1970 não informou maiores detalhes do destino de Dona Amália e seu esposo. Já o pesquisador e escritor da cidade de Paulo Afonso, João de Sousa Lima, em seu ótimo livro “A trajetória guerreira de Maria Bonita, a Rainha do cangaço”, 1ª ed., 2005, na página 90 informa que Amália nasceu em 10 de julho de 1916,era conhecida na família como Dondon. O autor informa que ela e seus seis filhos seguiram para a cidade de Osasco, no estado de São Paulo, aonde veio a falecer no dia 12 de maio de 1996, em decorrência de um infarto.

[1] Sobre o jornalista A. C. Rangel nenhuma referencia encontrei. Mas em relação ao fotógrafo Rubens Boccia temos várias informações (Ver - http://terceirotempo.bol.uol.com.br/quefimlevou_especial_foto.php?id=2288&sessao=f&galeria_id=2052&foto_id=19532  /  http://edemarannuseck.blogspot.com/2011/04/wilson-de-freitas.html
[2] Existem algumas obras sobre o tema cangaço que apontam situações parecidas como as narradas pelo pai de Maria Bonita nesta matéria. Mas no caso da criança, por mais bruto que fosse Lampião quanto bandoleiro, havia uma relação muito positiva entre ele e Maria Bonita e não acredito que ele chegasse a este tipo de atitude em relação ao seu próprio filho.
[3] Em contato com o amigo Ivanildo Silveira, competente Promotor de Justiça em Natal-RN e grande conhecedor do tema cangaço, me informou que este fato nunca foi comentado por cangaceiros sobreviventes. Entretanto existe um município no sul do estado de Alagoas denominado Girau do Ponciano, a vinte e seis quilômetros da cidade de Arapiraca. Segundo o pesquisador Kiko Monteiro, em artigo publicado neste blog “Tok de História”, um comerciante deste local de nome Eloy Mauricio, tive os seus armazéns saqueados pelo bando de lampião em abril de 1938, três meses antes da morte de Maria Bonita e seu companheiro. Teria sido nesta ocasião e neste local que se deu o fato narrado por Zé Felipe aos jornalistas em 1958? Infelizmente não conseguiu confirmação. (Ver - http://tokdehistoria.wordpress.com/2011/08/06/canhoba-em-sergipe-e-rota-do-cangaco-os-carvalhos-lampiao-e-o-estado-menor/). Já sobre o pai de Maria Bonita, segundo o pesquisador e escritor João de Sousa Lima, no seu livro “A trajetória guerreira de Maria Bonita, a Rainha do cangaço”, na pág. 87 temos a informação que Zé Felipe faleceu em 5 de março de 1965, sete anos após a entrevista aos jornalistas de “O Jornal”.
[4] João de Sousa Lima, no seu livro “A trajetória guerreira de Maria Bonita, a Rainha do cangaço”, na pág. 90 informa que o nome desta irmã de Maria Bonita seria Amália Oliveira Silva e Amália Gomes de Oliveira seria provavelmente seu nome de solteira. Sobre o jornalista Renato Riella ver - http://riella.blog-se.com.br
[5] O Povoado riacho dista vinte e cinco quilômetros de Paulo Afonso. (Ver - http://www.juraemprosaeverso.com.br/HistoriasDasCidadesBrasileiras/HistoriaDaCidadeDePauloAfonso.htm)
[6] Sobre o candidato a deputado estadual José Augusto informo que nada encontrei. A Assembleia Legislativa do Estado da Bahia possui em seu site na internet uma interessante página com pequenas biografias dos vários deputados que atuam e atuaram na casa. Mas não encontrei nenhuma referência a algum político com este nome. É certo que em 1970 houve um pleito onde os eleitores dos estados da federação escolheram diretamente seus candidatos ao senado, a câmara federal, para as assembleias legislativas, prefeituras e câmara de vereadores. (Ver - http://www.al.ba.gov.br/v2/deputados.cfm /   http://www.tse.jus.br/eleicoes/cronologia-das-eleicoes)
[7] João de Sousa Lima, livro “A trajetória guerreira de Maria Bonita, a Rainha do cangaço”, na pág. 90 confirma que Dona Amália havia casado com Manuel Oliveira Silva.
[8] Este canivete “Corneta”, comentado na reportagem pela Dona Amália seria o que atualmente é conhecido popularmente como canivete de “Eletricista”. Também era conhecido antigamente como “Pica Fumo”. Já o nome como esta peça de cutelaria era conhecido naquela época vem da tradicional fábrica Indústria e Comércio Corneta S.A., implantada a mais de 70 anos no Brasil por imigrantes alemães na cidade de São Paulo. Ver - http://www.corneta.com.br/
[9] João de Sousa Lima, livro “A trajetória guerreira de Maria Bonita, a Rainha do cangaço”, na pág. 30 informa que esta avó era a materna e se chamava Ana Maria. O autor aponta que Maria Déia decidiu ficar neste local para cuidar da saúde da avó e teria sido dali que ela seguiu definitivamente com Lampião.
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Extraído do blog "Tok de História", do historiógrafo e pesquisador do cangaço, Rostand Medeiros

SABINADA

INTRODUÇÃO
O Período regencial é visto tradicionalmente como um período de crise, tendo de um lado a elite moderada do sudeste pretendendo consolidar seu modelo de independência, e de outro, as elites regenionais e as camadas populares contestando a centralização, com projetos variados, ou até mesmo sem um projeto político definido. Nesse quadro encaixa-se a SABINADA, ocorrida na Bahia entre 1837 e 38.
O texto que se segue, de Júlio José Chiavenato, procura explicar esse movimento de contestação, comparando-o inclusive com outros movimentos da época.
O MOVIMENTO
A independência oficial do Brasil, prevalecendo sobre a libertação sonhada pelos patriotas – para usar uma palavra em voga na época – frustrou grande parte da população. A independência oficial sedimentou uma estrutura econômica e política herdada da Colônia, pouco alterando a situação das massas e, por adotar um centralismo autoritário, pressionava também o sistema político nas províncias.
A oportunidade perdida de democratizar a prática política, de um lado, e a insistência em manter inalterado o instituto da escravidão, de outro, praticamente fizeram aflorar todo o anacronismo do Estado brasileiro, provocando várias reações. Entre elas a Sabinada, na Bahia, e a Farroupilha, no Rio Grande do Sul.
Os sabinos, mesmo manifestando fidelidade monárquica, proclamaram uma república provisória. Marcavam seu desejo de separação do govemo central respeitando o rei-menino, como demonstra seu programa, proclamado quando tomam Salvador em 7 de novembro de 1837:
“A Bahia fica desde já separada, e independente da Corte do Rio de Janeiro, e do Govemo Central, a quem desde já desconhece, e protesta não obedecer nem a outra qualquer Autoridade ou ordens dali emanadas, enquanto durar somente, a menoridade do sr. dom Pedro II.”
Apesar da aparente participação popular na Sabinada, prevalecia entre os revoltosos a classe média. Foi a insurreição mais discutida da história do Brasil, enquanto se processava. Curiosamente, apesar de tanta discussão nos inúmeros jomais baianos da época, hoje é geralmente desprezada pelos historiadores.
Há pontos em comum entre os sabinos e os farrapos. O líder farroupilha Bento Gonçalves esteve preso em Salvador, onde influiu sobre o ânimo dos baianos. Ao contrário dos gaúchos, porém, os baianos agiram menos e falaram mais.
Esta constatação não diminui os sabinos: marca o tom das duas revoltas. Identificavam-se principalmente com o anticentralismo imperial: os sabinos, mais retoricamente ideológicos, e os farrapos, mais pragmáticos.
É sintomático que um dos motivos imediatos da eclosão do movimento baiano seja a fuga de Bento Gonçalves da cadeia, facilitada por seus companheiros de idéias em Salvador. É que o líder baiano, o médico Francisco Sabino Álvares da Rocha Vieira, que deu o nome à insurreição, cumprira pena no Rio Grande do Sul: um degredo por assassinar o político conservador Ribeiro Moreira, em 1834. No Rio Grande, Sabino conviveu com as idéias farroupilhas e ficou amigo de Bento Gonçalves, que, por sua vez, seguiu preso para a Bahia em 1837.
Imagem do seculo XI, mostrando Salvado ao fundo - Fonte - http://multirio.rio.rj.gov.br/historia/modulo02/rev_norte.html
Só em 1836 é que Sabino voltara à Bahia. Se as idéias se assemelham, a prática é outra. Os baianos são letrados e propagam seu ideário pelos jornais. Tentam convencer o povo da justiça de sua causa. E lutam, pode-se dizer, com uma elegância revolucionária clássica – se isso existe… Os gaúchos falam para justificar suas ações, as palavras pouco têm que ver com a realidade e, na guerra, desprezam tudo o que impede a vitória.
Paradoxalmente, são os gaúchos que conseguem mais povo na sua guerra: talvez pela visão senhorial da sociedade, encarando os pobres, especialmente os negros escravos, como massa de manobra a quem não devem explicações e obrigam a seguir seus donos.
A Sabináda obtém a vitória em 7 de novembro de 1837, com a adesão de parte das tropas do govemo. As autoridades imperiais fogem de Salvador e é proclamada a república. Os sabinos não conseguem, porém, convencer o interior da Bahia, especialmente o Recôncavo, a aderir ao movimento. São os grandes senhores do Recôncavo que ajudam o govemo imperial a sufocar a insurreição.
O Império contra-ataca e vence, em 15 de março de 1838. O comandante Crisóstomo Calado excede-se na repressão, deixando mais de mil mortos e três mil feridos. Incendeia Salvador e joga nas casas em fogo os defensores da república baiana. Muitas vezes armavam fogueiras para queimar vivos os vencidos. Os que escapam com vida são julgados pelos grandes senhores rurais, os júris de sangue.
Se gente do povo é queimada, só três dos líderes são condenados à morte. Mas ninguém é executado: o próprio Sabino tem a pena comutada para degredo intemo e morre pacificamente em Mato Grosso.
Para alguns historiadores parece estranho que um movimento como a Sabinada, que não chegou a apresentar o perigo de autonomia popular como a Cabanagem, por exemplo, tenha merecido tão violenta repressão. Bem mais violenta que a dedicada aos farrapos, que ameaçaram mais gravemente a coesão do Império.
Porém, se na Sabinada não houve a mesma participação popular da Cabanagem, nem o vigor da Farroupilha, ela foi muito mais nítida ideologicamente. As idéias que a nortearam, quase todas da Revolução Francesa, eram veiculadas nos jomais por intelectuais competentes, dentro de uma tradição retórica que ensaiava impor-se na práxis política. Com os farrapos era possível um acordo – Porongos à parte, como veremos – mas com os sabinos era diferente: eles tinham convicção ideológica.
Talvez a “vingança” se explique pela perda de controle dos líderes sobre os setores mais “franceses” da insurreição. No decorrer da luta surgiram correntes agredindo a aristocracia, divulgando na imprensa suas perigosas idéias. Estas idéias são bem marcadas num dos hinos publicados:
Defende o altar e o trono,
Derruba a aristocracia.
Porém essa confusão ideológica – altar e trono sem aristocracia – não significa ascensão do povo. É uma reação contra o apoio que a aristocracia baiana dá ao lmpério, fornecendo gente para sufocar a rebelião. Nem por isso deixou de assustar as classes dominantes, que agiram para “cortar o mal pela raiz”.
Mais uma vez a história repete-se como tragédia: uma lição do poder, com sua pedagogia do terror, para que seu núcleo ideológico não seja posto em questão.
Os fatos, às vezes, são menos importantes que sua interpretação – como ousadamente propôs Edward Carr, em um dos seus ensaios sobre histórias. As idéias perrnanecem; os fatos podem ser sepultados em documentos… que pouco dizem, se não são severamente interrogados, como ensina o historiador Marc Bloch.
Será que por falarem melhor do que agem, os sabinos deixam uma lição mais profícua ao povo?
Será isto que o Império, melhor que os historiadores, entendeu?
Texto extraído do livro “As lutas do povo brasileiro” Júlio José Chiavenato da Ed. Moderna
Fonte 

Extraído do blog "Tok de História", do historiógrafo e pesquisador do cangaço - Rostand medeiros

Triunfense lança livro sobre Maria Bonita

Por: André Vasconcelos
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Em julho de 2011 tive oportunidade de encontrar com a jornalista triunfense Wanessa Campos, filha de Sigismundo Pinto - fundador de "A Voz do Sertão" - jornal que se destacou no interior de Pernambuco entre as décadas de 30 e 60 do século passado. Durante nossa conversa Wanessa nos adiantou que, concluindo suas pesquisas, planejava lançar um livro a respeito de Maria Gomes de Oliveira, mais conhecida pela alcunha de Maria Bonita. Ontem (08/03), Dia Internacional da Mulher, Wanessa lançou seu título no Centro Cultural dos Correios, no Recife. Almejamos em breve um lançamento na sua terra natal.
Para saber mais a respeito de Wanessa Campos clique aqui. Segue abaixo texto do jornalista Jamildo Melo.
Jornalista do JC lança livro e blog sobre mulheres cangaceiras

A jornalista Wanessa Campos, deste JC, lança, no dia 8 de março, no Centro Cultural dos Correios, no Recife Antigo, a Dona de Lampião, contando a história de vida de Maria Bonita. Maria Gomes de Oliveira, mais conhecida pela alcunha de Maria Bonita, foi o grande amor da vida de Virgolino Ferreira da Silva, vulgo Lampião. Na mesma oportunidade, a jornalista lança um blog sobre mulheres cangaceiras.
Na década de 90, quando entrei no JC, Wanessa assinava a coluna Polígono do Jornal do Commercio, um espaço totalmente voltado para a notícia do interior do nosso Estado. “Amo o interior, o Sertão, tudo de lá. Quando a imprensa quer uma boa matéria vai para o interior. É lá onde as grandes pautas existem”, diz.

Nos dias de hoje, Wanessa cuida da coordenação do setor de pesquisa do Jornal do Commercio, guardiã da memória do jornal.

Jornalista por vocação e advogada, Wanessa é natural de Triunfo, onde teve contato com o jornalismo ainda criança. O seu pai, Sigismundo Pinto, era proprietário do Jornal “A Voz do Sertão”, que circulou durante 28 anos, por toda a região interiorana. Após ser alfabetizada com 5 anos, começou a ter contato com os jornais e adquiriu o hábito de ler.

Com mais de 28 anos de batente, a jornalista iniciou sua trajetória como estagiária no Jornal do Commercio e depois foi para o Diario de Pernambuco. Trabalhou na Assessoria de Imprensa do Governo do Estado e voltou para o JC com uma missão de criar uma Editoria Regional.

Extraí do blog Boom