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quinta-feira, 24 de maio de 2018

BULHÕES, O REVERENDO

Clerisvaldo B. Chagas, 24 de maio de 2018
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.908

Ontem conversamos com um grupo de amigos sobre o padre Bulhões. E para que essa conversa fosse prorrogada e sólida, resolvemos abrir este espaço para os irmãos Araújo, do livro “Santana do Ipanema conta sua história”, cujo texto é mostrado na íntegra:

INTERIOR DA MATRIZ DE SENHORA SANTA ANA. FOTO: (B. CHAGAS).

“O Cônego José Bulhões dedicou-se de corpo e alma à salvação do seu rebanho bem numeroso, espalhado por regiões bem distantes da sua Paróquia. Costumava viajar para elas semanalmente, montado numa burra que o compreendia tão bem, que, ambos, no rnodo de dizer popular ‘se falavam’... Frei Damião fazia pregações tão vibrantes e convincentes no combate aos preguiçosos e, sobretudo, aos unidos sem as bênçãos de Deus, que aos sábados, acorriam à Catedral de Nossa Senhora Santa Ana para se casarem pelas mãos do padre Bulhões bom e generoso. O povo sertanejo é por índole católico e temente aos castigos de Deus, e não quer assim, morrer, penar nas profundas do Inferno...
É voz corrente que o reverendo viera dirigir os destinos de nossa Paróquia pelos idos de 1921, e nunca mais se separara dela; aqui viveu e aqui morreu na mesma santidade por todos reconhecida e respeitada. Era um homem enérgico e de grande coração, e sua maior alegria era ter sua casa cheia de pessoas às refeições, viessem de onde viessem; nunca perguntava de onde vinham e para onde iam. Era comum não haver acomodações para abrigar caixeiros viajantes e pessoas que se destinavam a outras regiões e, por isso, ele os convidava para sua casa, que era um casarão onde não faltava nada. Gostava de fazer amigos e os tinha às centenas; daí, o grande prestígio no seio do povo e nos meios políticos. Fora até convidado para dirigir os destinos da cidade e não aceitou. Pedia pelos pobres de alma que, vez por outra, estavam às voltas com a polícia, e era sempre atendido. Ao morrer, cidade e povo lhe tributaram imorredoura homenagem e, para perpetuar sua memória, foi erigido um busto defronte da Igreja (hoje Catedral), onde ele trabalhou durante toda sua vida”.
MELO, Darci de Araújo & MELO, Floro de Araújo. Santana do Ipanema conta a sua história. Rio de Janeiro, Borsoi, 1976. Págs. 54-55.


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DA MARANDUBA A JUAZEIRO (UMA INACREDITÁVEL HISTÓRIA CANGACEIRA)

*Rangel Alves da Costa

Naqueles idos de 32, ano do famoso Fogo da Maranduba, em cujo mês de janeiro as volantes comandadas pelo baiano tenente Liberato de Carvalho e pelo pernambucano Manoel Neto, arremeteram contra o bando de Lampião acoitado nos arredores da Fazenda Maranduba, sendo aquelas derrotadas pela astúcia estratégica do Capitão, o até agora pouco conhecido aconteceu. E com consequências realmente inacreditáveis.
Pois bem. Rumbora. Àquela época as terras da Fazenda Maranduba, na povoação sergipana e sertaneja de Poço Redondo (então distrito de Porto da Folha), pertenciam à família Soares, tendo sua matriarca Dona Maria da Invenção Soares o seu comando, ainda que sua residência familiar fosse situada em Curralinho, nas beiradas do Rio São Francisco. Sua residência ficava numa das esquinas da Rua da Frente, defronte ao rio, nas proximidades da capelinha de Santo Antônio.
Era, na verdade, uma vida dividida entre Curralinho e Maranduba, passando temporadas num ou noutro lugar. Mas seus filhos homens, dentre os quais Lé Soares, Pedro Soares, Josias Soares e Antônio Soares, nomes ainda hoje afamados pelo tino vaqueiro e pelas proezas na lida da terra e do gado, geralmente permaneciam mais tempo na propriedade familiar, na Maranduba. Não se sabe muito bem se já eram conhecidos de Lampião e seu bando, mas a verdade é que no dia do famoso fogo, a 9 de janeiro, um dos filhos de Dona Invenção estava no lugar errado e na hora errada. Seu nome: Antônio Soares.
Quando Lampião chegou às terras da Maranduba o sol já estava alto. Depois de pernoitar nos arredores da Fazenda Queimada Grande (sem saber que a volante de Liberato de Carvalho estava por perto, pois o comandante baiano havia passado a noite na casa da fazenda, de propriedade de seu irmão Piduca da Serra Negra), o bando seguiu em direção às terras de Dona Invenção, certamente apenas como passagem rumo aos limites baianos. A parada foi para o descanso e o preparo do regabofe. Os cangaceiros sequer imaginavam que em tão pouco tempo seriam surpreendidos não por uma tropa volante, mas por duas.
Estrategicamente precavidos, espalhados debaixo de umbuzeiros, encobertos por tufos de matos e arvoredos sertanejos, mesmo assim foram surpreendidos com os assombros que começaram a surgir nas sombras distantes: os homens das volantes. Corre e corre, toma posição defensiva e de ataque, protege-se, espera-se um momento ideal para atacar. Só havia um problema: Antônio Soares estava ali. O filho de Dona Invenção estava reunido com um dos grupos cangaceiros debaixo de um umbuzeiro quando as volantes chegaram. Foi quando Maria Bonita gritou: “Corre Tonho Soares!”.
O grito de Maria Bonita e o eco do nome Tonho Soares tiveram consequências devastadoras. Aquele nome seria cobrado muito caro pelas volantes, principalmente pelo ódio escorraçado e derrotado do comandante Liberato de Carvalho. E assim porque, não conseguindo superar e vencer as forças cangaceiras, o comandante baiano prontamente lançou seu ódio sobre a família Soares, dona da Maranduba. Acreditava-se que a presença de Antônio Soares junto ao bando era a comprovação de que a família dava apoio e guarida ao bando do Lampião.
Com efeito, assim que Liberato de Carvalho chegou a Curralinho transportando em redes os feridos da batalha, a primeira providência tomada foi mandar que seus comandados prendessem todos os filhos de Dona Invenção. Mas queria um troféu chamado Antônio Soares. Este, porém, não estava. Fugindo da batalha foi parar nas terras de Canindé. Os irmãos Soares então foram levados presos em canoas até Canindé, mas forçosamente liberados após não terem encontrando a caça maior. Aqueles não interessavam, apenas Antônio, aquele mesmo avisado por Maria Bonita: “Corre Tonho Soares!”.
E daí em diante entra o inacreditável da história. Avisado do ocorrido, Antônio Soares permaneceu escondido na mata por mais de ano. Todo rasgado, faminto, barbudo e cabeludo, parecendo um bicho. Comia do que encontrava no mato e do bicho que conseguia matar. Calçava chinelo feito de couro de boi morto na caatinga e adormecia nos escondidos. Até que um dia recebeu uma inesperada visita. Avistou um pássaro estranho pairando no alto e sentiu algo como uma revelação. Teria que ir urgentemente a Juazeiro do Norte, pois Padre Cícero lhe esperava.
E foi. Andando pelo meio do mato, mas chegou à sagrada terra nordestina já muito entrado o ano de 33. Sem se importar com a aparência que causava espanto às pessoas, postou-se numa praça e ali ficou imaginando o que fazer. De repente viu um padre de batina escura se aproximar e logo percebeu que era o Padre Cícero. As primeiras palavras do padre: “Você é Antônio Soares, não é?”. Espantado com aquele reconhecimento, só tomou prumo de si quando Padre Cícero colocou dinheiro em sua mão e pediu para que providenciasse logo a mudança naquela aparência, comprando roupa, fazendo o cabelo e a barba e se alimentando.
Depois disso, já no encontro marcado para o dia seguinte, ouviu do padre: “Tome aqui esse dinheiro e agora já pode retornar. Tem dinheiro suficiente para que dê esmola a quem precisar até a chegada ao seu destino. Mas não vá para outro lugar. Volte para as terras de onde veio, para a casa de sua família”. Então Antônio Soares retornou a Maranduba e nela viveu sem ser mais incomodado por ninguém.

Escritor
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MORRE EX-DEPUTADO ALOYSIO PEREIRA DE PRINCESA ISABEL


O deputado estadual João Henrique (PSDB) lamenta a morte do ex-deputado estadual Aloysio Pereira, 95 anos, ocorrido nesta quinta-feira (24) devido a problemas cardíacos. De acordo com o parlamentar, “ele era uma referência da boa política praticada ao longo de toda a sua trajetória no município de Princesa Isabel e em toda Paraíba”.

João Henrique afirma que Aloysio Pereira orgulhou toda população princesense durante seus seis mandatos na Assembleia Legislativa da Paraíba, atuando como médico e também nos cargos que assumiu ao longo de sua vida pública. “Um grande amigo que sempre abriu as portas para nos atender. Com a vivência que tinha nos guiava e acolhia a todos”. João Henrique acrescentou que este é um momento de grande tristeza para a cidade de Princesa Isabel e todo estado.

O deputado destacou ainda que Aloysio Pereira deixará eternas saudades à família, que ele tanto amava e aos seus conterrâneos por quem ele tanto lutou. “A cidade de Princesa Isabel e a Paraíba estão de Luto. Minha solidariedade aos seus filhos José Pereira e Gláucia, aos netos e bisnetos. Comigo ficará a lembrança de um grande amigo, um homem digno, honrado, profissional exemplar que tanto dignificou a política e a profissão de médico”, disse João Henrique.

O velório acontece na Funerária São João Batista, na capital paraibana, a partir das 14h.
Perfil de Aloysio Pereira e sua história

Filho do Coronel José Pereira Lima, médico formado pela Universidade Federal de Pernambuco, ex-deputado estadual, ex-secretário estadual de saúde e um dos líderes políticos mais importantes da Paraíba, o princesense Dr. Aloysio Pereira Lima acumulou importantes cargos ao longo da carreira profissional, foi assistente Técnico do Hospital dos Servidores, no Estado do Rio de Janeiro (1949), Delegado do Instituto de Previdência e Assistência dos Servidores do Estado, em Recife – PE (1955), compôs a direção do Hospital Alcides Vieira Carneiro, em Campina Grande – PB (1956), Primeiro Secretário da Associação de Casas de Saúde e Hospitais da Paraíba, Fundador da Associação Médica do Estado da Paraíba, Membro do Conselho de Administração Hospitalar Napoleão Laureano, Diretor Suplente da Fundação Laureano, Membro da Diretoria Lyons Clube, em Campina Grande e Presidente da Lyons Club, em João Pessoa. Em 1979, à convite do então governador Tarcísio Burity, assumiu o cargo de secretário de estado da saúde, onde, entre dezenas de ações, construiu quatro hospitais (Catolé do Rocha, Sousa, Pedras de Fogo e Princesa Isabel).

Eleito para o cargo de deputado estadual em 1958 ocupou a cadeira na Casa de Epitácio Pessoa por seis legislaturas: 1958, 1962, 1966, 1982, 1986 e 1990. Na ALPB, foi membro de várias comissões técnicas e presidente da Comissão de Saúde por duas vezes. Autor de inúmeros projetos nas áreas de Educação, Saúde, Eletrificação, Abastecimento d’água e Estradas, foi também autor da propositura que resultou na emancipação política das cidades de Água Branca, Tavares e São José de Princesa. No âmbito partidário, foi membro estadual dos partidos PFL (hoje DEM), PSD, MDB e PDT. Reconhecidamente, um político de destaque, recebeu importantes homenagens, entre elas, a Medalha Epitácio Pessoa (ALPB, 2008), Medalha Constituição Cidadã Ulisses Guimarães (ALPB, 2009), Título Fundador Emérito da Academia Paraibana de Medicina (2010), Título Personalidades 2011 (Princesa AM 970), Comenda Natália do Espírito Santo (CMPI) e Medalha Ad Meritum Felipe Kumamoto (2011). (Política24h)

http://www.politicaetc.com.br/2018/05/morre-ex-deputado-aloysio-pereira-de-princesa-isabel/

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ÚLTIMA IMAGEM DO COLÉGIO DIOCESANO SANTA LUZIA

Por Assis Nascimento

Bom dia meus queridos amigos e familiares. 

Esta é uma das últimas imagens do velho Colégio Diocesano Santa Luzia, fundado em 1901, e vendido ao Banco do Brasil, para construção da agência da Vigário Antônio Joaquim em 1974.

Acredito, que a foto foi feita pouco tempo antes da sua demolição, já que víamos ao fundo, a estrutura onde seria a sede da EMBRATEL em Mossoró.


Aqui fica o registro, para meus velhos amigos "velhos" matarem a saudade, da nossa Mossoró pacata dos anos setenta. 

Quanto a demolição do velho prédio, não entrarei no mérito da questão, pois sou voto vencido.


Trabalhei durante trinta anos, no prédio construído pelo banco; do velho diocesano ficou apenas uma tamarindeira centenária no pátio interno, hoje nem mais ela existe.

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A COTA


Por Junior Almeida

No município de Capoeiras, Pernambuco existem três comunidades remanescentes de quilombos: Fidelão, Cascavel e Imbé, sendo que nessa última existe o “pé de serra” e o “Imbé de cima”. As pessoas do pé de serra são em sua maioria descendentes de Angola, são negras, com a cor de pele bem mais escura do que os moradores da parte mais alta do sítio, onde existe até “galegos”. Alguns moradores do pé de serra são um pouco arredios na convivência das demais pessoas.

Dentro da comunidade existe até certa rivalidade entre os dois Imbés, que parece não se misturar, mas existem muito mais coisas em comum, como por exemplo, o gosto por festas, de dançar e de beber. Tem morador do Imbé que a “pequena” dose de cachaça que toma é no copo americano cheio até a boca. Toma, enxuga a boca com as costas da mão, e segue normalmente, como se nem tivesse bebido.


Nas redondezas desses lugares existem as fazendolas, que utilizam desde que surgiram, a mão de obra das pessoas do lugar. Homens, mulheres e até crianças. No tempo que não existiam as ajudas do Governo Federal, muita gente se sujeitava ao trabalho na roça apenas “pela boia”, que nada mais é do que trabalhar um dia inteiro sem receber salário, apenas por um prato de comida.

Na festa da padroeira do Imbé, Santa Quitéria, de tempos atrás muita gente do lugar aproveitou para atualizar sua obrigações com a Igreja, nas confissões, batizados e casamentos, mas outras, porém, aproveitaram mesmo foi pra cair na farra, dançando ao som da tradicional bandinha de pífanos do Imbé e enchendo a cara nas barraquinhas de bebida e tira gosto. A cana de cabeça também naquele ano não faltou. Patrocínio de alguns políticos do município. Sobras da última campanha.

Um morador do pé de serra que parecia ser o mais animado para os festejos, começou a beber e dançar no final da tarde da sexta feira, logo após largar o serviço em uma das fazendas da região. Emendou o sábado, queimando seu dia de serviço no roçado, e entrou pelo domingo. Foi até tarde da noite tomando todas e mais algumas. Na segunda feira cedinho o cabra estava com a mãe de todas as ressacas. Não tinha ânimo pra nada, mas precisava capinar um bom pedaço de terra do seu patrão.

Era trabalhador do alugado, necessitava disso pra viver. Ganhava pouco, mas esse pouco lhe servia e muito. Junto com outros peões o sujeito começou cedinho a “puxar cobra para o s pés”, mas naquele dia a disposição lhe fugia. Ele estava em tempo de cair de tão grande sua ressaca. De vez em quando queria vomitar, mas não nada saia. Parecia que o dia iria se comprido pra ele. Para descontrair os colegas de trabalho, que a essa já estavam de cara feia pela falta de produção, o cabra começou a contar os detalhes da festa, e foi fazendo graça, pegando sua enxada como se fosse uma mulher e começando a dançar. Com a boca imitava o som da banda de pífanos. O beiço virado do sujeito do pé de serra tocava todos os instrumentos da bandinha num autêntico beatbox.

Sem que ele visse, o patrão chegou por trás dele, e assistiu toda a sua apresentação. O fazendeiro, que estava de frente para os outros trabalhadores, cruzou o indicador nos lábios, pedindo o silêncio dos empregados. Alguns riram, sabendo que o roceiro dançarino ia se lascar. O animado homem nem se atentou pra nada, achou que os colegas de roçado riam motivados por suas mungangas.

Ao final do dia, hora do pagamento, um a um dos trabalhadores iam ao fazendeiro, sentado sob um frondoso umbuzeiro, receber seu dia de serviço. Na hora de pagar ao festeiro, o patrão entregou-lhe o pagamento faltando uma parte. Esse estranhou e perguntou:

Oxente meu patrão. Tá faltando dinheiro aqui...

Tô descontando o dinheiro da cota. Você quer passar o dia dançando sem pagar nada, por acaso? Respondeu o fazendeiro, para a alegria com gosto de vingança do resto dos peões.

*Figura meramente ilustrativa pintada por Portinari.

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CONVITE LANÇAMENTO DO LIVRO "DO FUNDO DO MEU CORAÇÃO"


O presidente da Academia Maçônica de Letras do Rio Grande do Norte - AMLERN, acadêmico Judas Tadeu de Azevedo tem a máxima satisfação em convidar Vossa Senhoria e a Excelentíssima Família para prestigiarem o lançamento do seu novo livro "DO FUNDO DO MEU CORAÇÃO" em evento que será realizado a partir das 19h30 do próximo dia 25 (amanhã à noite) de maio de 2018 - tendo como espaço o auditório da Biblioteca Municipal Ney Pontes Duarte, Centro de Mossoró.

Mossoró, RN, 09 de Maio de 2018.

Judas Tadeu de Azevedo
Autor - Presidente da AMLERN 

LAMPIÃO NA BAHIA 30 ANOS DE SUCESSO DEZ EDIÇÕES. PALMAS, MINHA GENTE!


Como adquiri-lo:

Entre em contato com o professor Pereira lá em Cajazeiras no Estado da Paraíba através deste e-mail: franpelima@bol.com.br

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WASTERLAND FERREIRA RECEBE LIVRO DO ESCRITOR JOÃO DE SOUSA LIMA


Este é o terceiro livro que recebi nesta quarta-feira do meu amigo, historiador e professor João de Souza Lima, de Paulo Afonso, Bahia.

O Rei e o Baião, organizado por Bené Fonteles e numa edição em capa dura, de luxo e publicada pela Fundação Athos Bulcão, Fundo Nacional de Cultura (Ministério da Cultura) e Ministério da Cultura. 


Segundo João falou-me, esta é a obra mais completa já publicada sobre a trajetória histórica e musical daquele pernambucano de Exu e que veio a tornar-se mundialmente conhecido como o "Rei do Baião"!

Sem dúvida alguma que é uma obra indispensável na biblioteca de todo historiador e pesquisador que se ocupa com os temas voltados para a História e Cultura de nossa região: o Nordeste!

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=206111733337680&set=pcb.206111796671007&type=3&theater

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LÍDIA... AMOR E DESDITA DO CANGACEIRO ZÉ BAIANO.

Por José Bezerra Lima Irmão

No segundo semestre de 1931, depois de uma viagem por Alagoas e Pernambuco para se reabastecer de munição, Lampião havia escondido a munição excedente na fazenda Maranduba, perto da Serra Negra, indo descansar nas imediações do povoado Poços, na entrada do Raso da Catarina. Ele conseguira também com seus amigos em Pernambuco algumas armas, porém a maior parte apresentava defeitos. Decidiu então levá-las para o seu amigo Venâncio Teixeira, residente em Olhos d’Água do Sousa, nas imediações de Santo Antônio da Glória – Venâncio era muito bom nesse negócio de armas velhas, deixava-as novinhas em folha.


No caminho, Zé Baiano começou a sentir dor de cabeça. Tinha febre. Tremia de frio em pleno meio-dia. Estava saindo um caroço no pescoço. Não suportava nem o chapéu na cabeça.

Lampião conhecia um velho chamado Luís Pereira, que morava no Salgadinho, ao lado da Serra do Padre. A mulher dele, Maria Rosa (dona Baló), era costureira e já havia feito muitas roupas para os cangaceiros. Lampião pediu ao velho que cuidasse do doente, enquanto o resto do bando prosseguia a viagem.

A casa de Luís Pereira tinha uma sala ampla, 3 quartos, cozinha espaçosa, e no fundo ficava o chiqueiro dos bodes, pegado a um tanque. Zé Baiano passou uns 15 dias ali. O tumor era tratado com remédios dos matos – chás e emplastros de ervas. Era bem cuidado por todos, inclusive pela filha caçula de Luís Pereira, chamada Lídia, uma linda garota de 15 anos. Quando ficou bom, o cangaceiro fugiu com a menina.

Lídia não foi propriamente raptada, mas, muito jovem, não sabia o que estava fazendo, e no mesmo dia, ao perceber a vida que teria pela frente, tendo de dormir nos matos e viver se escondendo como bicho, se arrependeu de ter saído de casa. Mas aí já era tarde.

Zé Baiano fazia de tudo para agradá-la. Cobria-a de presentes. Quando iam comer, ele reservava os melhores pedaços de carne para ela, cortava a carne em pedacinhos e punha-os na boca de sua beldade. Só tinha olhos para ela.

Nada, porém, era capaz de tirar da mente da garota a mágoa por ter sido arrancada do convívio de sua família. Não escondia de ninguém a revolta com o seu destino. No fundo, odiava Zé Baiano, o causador de sua desgraça.

Havia no bando um cangaceiro chamado Ademórcio, que Lídia conhecia desde criança, nascido e criado no Arrastapé. No bando, ele recebera o apelido de Bentevi. Aquele era o rapaz com quem ela gostaria de viver, e se ambos não tivessem sido arrastados para o cangaço poderiam, quem sabe, ter casado, pois seus pais eram amigos. Com o tempo, Lídia e Bentevi passaram a corresponder-se. Encontravam-se às escondidas sempre que Zé Baiano estava viajando.

Lídia Pereira de Sousa foi possivelmente a mais bonita das mulheres que participaram do cangaço. Era uma morena cor de canela, de cabelo liso, rosto bem delineado, lábios carnudos, olhos negros, com uma dentadura que parecia um colar de pérolas.

Um cangaceiro chamado Coqueiro apaixonou-se por ela. Vivia seguindo-lhe os passos. Certo dia, viu-a mantendo relações sexuais com Bentevi. Coqueiro deixou que os dois terminassem o ato. Bentevi vestiu-se, foi embora. Lídia ficou só. Então, Coqueiro apresentou-se, dizendo:

– Eu vi tudo, do cumeço até o fim. E eu quero tamém...

Lídia refugou:

– Vai-te pros inferno, cabra nojento! Nun tá veno qui eu nun me passo pra um canaia da tua marca? Nun seja besta!

– Ou resorve ou vou contá tudo a Zé Baiano... E tem qui sê agora...

– Pode ir contá até pro diabo! Eu já diche qui não, e pronto!

Isto foi na segunda semana de julho de 1934. O bando estava acoitado perto de Poço Redondo, nas Pias das Panelas, junto ao Riacho do Quatarvo, em terras da fazenda Paus Pretos do coronel Antônio Caixeiro. 

Uma imagem inédita na literatura. Foto artística de Antonio Caixeiro quando prefeito. A original não existe, pois fora consumida por um incêndio na década de 70. (Cortesia de Lauro Rocha para o Lampião Aceso) do pesquisador do cangaço Kiko Monteiro.

Lampião tinha chegado de Alagadiço, onde havia matado um filho de Cazuza Paulo. Zé Baiano havia ficado por lá para fazer umas “cobranças” junto a fazendeiros daquela região. Quando ele chegou às Pias das Panelas, Coqueiro decidiu contar o que tinha visto. À noite, os cangaceiros estavam sentados no chão, uns vinte ou trinta, inclusive as mulheres, em volta do fogo onde assavam carne de bode. O delator expôs o que viu, omitindo, porém, a parte que o comprometia. Zé Baiano franziu a testa, os olhos arregalados, como se não estivesse escutado direito, e rosnou para a companheira:

– O qui esse sujeito tá dizeno é verdade, Lida?

– É verdade, Zé – sustentou Lídia, com voz firme. – Só qui esse canaia nun diche a histora toda... Ele dexou de dizê o preço quiizigiu pelo segredo. Ele quiriaqui eu desse a ele tamém, pra nun lhe contá. Se eu tenho quimorrê, qui morra, mais um cabra safado desse nun me come!

Um silêncio de chumbo caiu sobre o acampamento. Zé Baiano ficou olhando para Lampião, aguardando ordens.

Lampião levantou-se, andou de um lado para outro, remoendo o terrível problema. Depois, sentenciou:

– O causo dela aí o cumpade Zé Baiano é qui resorve. Ela é dele, faça o quiacháqui deve fazê.

Fez uma pausa, ajeitou os óculos, e continuou:

– Agora, Coquero e Bentevi é cum a gente mermo. Gato, mate esses cabra!

Gato puxou o parabelo, aproximou-se de Coqueiro e deu-lhe um tiro na cabeça. Coqueiro, colhido de surpresa, não esboçou nenhuma reação. Não teve tempo sequer de pedir clemência.

Chegada a vez de Bentevi, percebeu-se que ele havia fugido. Os cabras queriam ir procurá-lo, mas Lampião mandou que tivessem calma:

Zé Baiano mandou que Demudado amarrasse Lídia num pé de imburana. Ele, que já supliciara tantos homens e mulheres com a sua palmatória de baraúna, de repente estava sem saber o que fazer. Lídia era tudo para ele. Passou o resto da noite acordado, sem falar com ninguém. Quando o dia amanheceu, pegou um cacete, foi até o pé de imburana, desamarrou a mulher e matou-a a pauladas, quebrando-lhe vários ossos. Lídia não emitiu uma palavra sequer, não gritou, nem ao menos gemeu. Como arremate, Zé Baiano esmagou a sua cabeça, como se faz com uma cobra. Sangue e massa cefálica esguicharam pela boca, narinas, olhos e ouvidos.

Depois, sem pedir ajuda a ninguém, o cangaceiro cavou uma cova rasa, enterrou-a e, não suportando mais, chorou.

Junto ao pé de imburana, no sangue coagulado, começou a juntar formigas.

Texto: Livro Lampião – A Raposa das caatingas de José Bezerra Lima Irmão.

Fonte: facebook - Transcrição: Geraldo Antônio de Souza Júnior (Administrador).
Grupo: O Cangaço

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A VACA, O CORONEL E O TREM DA GREAT WEST


Por Junior Almeida

Meu parente lá por detrás da serra, mas especificamente por trás da Serra do Ororubá, Leonides Caraciolo, contou em seu "Arcoverde do Cardeal" um causo interessante passado no início do século passado. Foi assim:

A antiga Olho D'Água dos Bredos, depois Rio Branco, em homenagem ao Barão e depois Arcoverde, em homenagem ao seu filho mais ilustre, o primeiro Cardeal da América Latina, recebeu em suas terras os trilhos da famosa Great West. A estação de trem da "Porteira do Sertão" foi inaugurada em 1912.

A estrada do "embuá de ferro" passava por dentre outras terras nas do Coronel João de Brito, nas proximidades da povoação de Mimoso. Eis que certo dia a maria fumaça da firma inglesa atropelou uma vaca do potentado. Furioso com o que achava uma afronta, João de Brito mandou que seus empregados rolassem uma enorme pedra até a linha férrea, no exato local que seu animal tinha morrido.


Seus amigos e filhos tentaram em vão convencê-lo da ideia, argumentando que o trem não teria como parar de repente para não bater na pedra.

Pois vamos ver se ele esbarra ou não esbarra! Disse o coronel.

O fato é que o trem da Great West parou, evitando assim o choque com a pedra. João de Brito se dirigiu ao maquinista dizendo:

Esbarrou, não é, seu filho de uma égua! A vaca você não viu, mas a pedra você bem que enxergou!

O maquinista desculpou-se dizendo não ter sido ele o responsável pelo atropelamento da vaca, prometendo que a companhia indenizaria o fazendeiro pela sua vaca, fato que realmente ocorreu.

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AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL


Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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