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quarta-feira, 10 de maio de 2017

O GALEGO COMEDOR DE ANGU E BATATA DOCE...

Material do acervo do pesquisador Giovane Gomes 

O Galego Comedor de Angu e de batata doce do Riacho do Ambrósio foi o apelido que Euclides Flor colocou em Altino Gomes quando ele foi senta praça na Volante Pernambucana.

Da esquerda para direita Altino Gomes de Sá, Pedro Aleixo de Carvalho e Sebastião Sobreira. Foto tirada no ano de 1928 na cidade Rio Branco, hoje Arco Verde. O Coronel Altino foi ferido no rosto no grande combate de Caraíbas, no Navio ,contra Lampião, em fevereiro de 1926.

Contrariando seu tio e padrinho Macário Gomes de Sá, Altino Gomes de Sá alista-se na temida Volante Nazarena na década de 20. Indo persegui o Rei do Cangaço, sua justificativa para entra na Polícia Militar de Pernambuco era luta do lado dos seus parentes e amigos Florestano.

Do Clã dos Gomes de Sá do riacho do Ambrósio ,uma numerosa família que habitava aquela região a séculos. 

Altino Gomes de Sá um homem de olhos azuis ,alto , forte e de uma valentia incomum.

O ferimento trouxe grandes transtornos físicos e emocionais pelo resto de seus dias, inclusive com formação de edema e constantes dores de cabeça. Os outros dois soldados também prestaram relevantes serviços no combate ao banditismo no Nordeste.

Livro O Canto do Acauã 2° Edição. Marilourdes Ferrez

A escritora Marilourdes Ferraz disse: 


Resultado de imagem para Marilourdes Ferraz

Agradeço a Giovane a citação do livro O Canto do Acauã (2a. edição) sobre o bravo Cel Altino Gomes de Sá. Acrescento que o Combate de Caraíbas foi considerado pelas Forças Volantes como o maior em Pernambuco.

Antes, houve um combate, o do Enforcado, dos Nazarenos contra os cangaceiros, que foi um exemplo de heroísmo e perseverança. Mas os combatentes que se ressaltaram a luta ainda não integravam as Forças Volantes. O Combate do Enforcado foi no ano de 1923.

O Combate da Serra Grande foi considerado um grande equivoco pelos experientes Nazarenos, que tiveram que seguir ordens dos comandantes, resultando em grande perdas para os sertanejos. O Cel. Manoel Flor não participou do Combate da Serra Grande.

https://www.facebook.com/
Página: Giovane Gomes
Grupo: Ofício das Espingardas


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OUTROS PÉS DE LARANJA LIMA

*Rangel Alves da Costa

Na vida, da janela e da porta adiante, nos afazeres do dia a dia, no quintal da memória e no silêncio dos desejos escondidos, tudo está cheio de pés de laranja lima imponentes perante o olhar, mas também já em escombros pela dizimação dos sonhos. E bem ao modo daquele pé de laranja lima tão amado pelo menino Zezé no romance primoroso de José Mauro de Vasconcelos, exatamente O Meu Pé de Laranja Lima.
Tão grandiosa e simbólica é a história do menino Zezé e seu pé de laranja lima, servindo como verdadeira metáfora ao amor e à perda, à esperança e à desilusão, ao apego e ao distanciamento, que muitos avistam na obra nada mais que a síntese da vida humana e seus sentimentos aflitivos. Com efeito, o menino Zezé simboliza toda a esperança da vida enquanto sua amiga árvore representa o pêndulo entre a conquista e a perda. Gosto tanto dessa história contada pelo autor que muito já escrevi sobre ela. Num texto, assim relatei:
“Quem já leu “O Meu Pé de Laranja Lima”, de José Mauro Vasconcelos, certamente jamais se esquecerá da seguinte passagem, já no finalzinho do livro, quando o pai do menino tenta esconder a verdade sobre o que foi feito com sua árvore: - Depois tem mais. Tão cedo não vão cortar o seu pé de Laranja Lima. Quando o cortarem você estará longe e nem sentirá. Agarrei-me soluçando aos seus joelhos. - Não adianta, Papai. Não adianta... E olhando o seu rosto que também se encontrava cheio de lágrimas murmurei como um morto: - Já cortaram, Papai, faz mais de uma semana que cortaram o meu pé de Laranja Lima”.
É o instante em que o menino Zezé relata sua tristeza com o que fizeram com o amigo de toda vida, que outro não é senão o seu pé de laranja lima. Tinha aquela árvore como fiel companheira, verdadeira amiga e confidente nas horas alegres e tristes, um tronco com folhas e frutos alimentando suas esperanças adolescentes. Não encontrava refúgio melhor que no quintal de sua casa e ao lado daquele sombreado bom, conversando, segredando seus mistérios juvenis. E o pé de laranja lima com ele dialogava como somente os grandes amigos conseguem”.


Tal pé de laranja lima representa, assim, o apego, o afeto, a afeição, ao que cultivamos dentro de nós com amor e carinho. É como se houvesse necessidade de aquela árvore frondosa estivesse sempre cultivada, presente em nossas vidas. Verdadeiros laranjais que guardamos nas memórias e nas relembranças. Frutos que nos afagam como se ainda estivéssemos diante de pessoas que tanto amamos e já partiram. Doces pomares familiares, quintais que avolumam as saudades que sempre queremos ter. Um alimento que nos permite estar sempre diante do que foi cultivado em vida.
Mas outros pés de laranjas lima também por todo lugar e cada pedaço de nós. Preservamos, intimamente, muitos e imensos laranjais. Pequenas coisas que mesmo irrelevantes para outros, tornam-se da própria essência existencial. Eis que ninguém vive sem ter desejos, sem sonhar, sem ter esperanças. São como frutos que acostumamos na expectativa de um dia saborear. E chega a doer somente em pensar que nada daquilo colheremos ou mesmo que nossa colheita seja infrutífera demais para qualquer prazer, para qualquer realização.
Nos casebres rústicos, empobrecidos, quase caindo, estão imponentes laranjais. Nenhum pai de família deseja perder aquelas paredes de barro que dão guarida aos seus. Uma coisa tão ínfima perante aquele da mansão dou do castelo, mas a própria vida perante aquele que só tem o chão entre o cipó e o barro para sobreviver. Igualmente ocorre com a vaquinha magra e ossuda do sertanejo em época de seca grande. Há pé de laranja lima igual ao bem que se tem? O apego é tamanho ao único animal que talvez possua que passa a sofrer a mesma dor do bicho sedento e faminto. Gasta o que não tem, esforça-se como um titã, mas jamais quer que seu bicho de cria arrie para não mais levantar.
Muitos meninos não aceitam de jeito que seus pais se desfaçam de suas bolas furadas, de seus carrinhos de madeira, de seus bois de barro. Muitas meninas não trocam sua boneca de pano antiga por nenhuma Barbie ou Susie. Menino há que prefere o seu magricela cavalo de pau a qualquer bicicleta. Certa feita um menino sertanejo se negou a ir morar na cidade por que não queria perder a lua de toda noite. Por que assim acontece? Todas as respostas estão no coração daqueles cujo apego é sempre bem mais valioso do que qualquer outra coisa que surja.
Muitos são os nossos pés de laranja lima e todos a nos acompanhar desde a infância. As calças encurtam, rasgam, desbotam, mas só nos sentimos bem vestidos nelas. Travesseiros e cobertas são como braços a nos esperar ao afetuoso abraço. Por isso não nos sentimos bem dormindo em outra cama. Velhos e distantes amigos nos atiçam na saudade. Tudo o que temos ao redor não nos conforta, não nos compraz igual ao que está preservado no coração. São estes pés de laranja lima que verdadeiramente nos faz sorrir e cantar, chorar e sofrer.


Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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ENTERREM MEU CORAÇÃO NA CURVA DO RIO PIANCÓ.

Por Jerdivan Nóbrega de Araújo

O rio Piancó é o Tejo que passa na mina aldeia, mesmo o Tejo não passando na minha aldeia.

Eu não conheço um filho de Pombal que não tenha deixado em alguma curva do velho Piancó, enterrado para sempre, o seu cansado coração.

Sempre que eu encontro filhos ou agregados da terrinha em outras brenhas desse imenso Brasil, a primeira pergunta que escuto é: ainda existe aquele rio em Pombal?

Essa pergunta nos remonta à muitas histórias vividas naquelas águas correntes e frias, onde muitos corações afloram a cada curva, e a cada cheia. 

Hoje, visitando páginas da net encontrei o texto abaixo transcrito, e de autoria de Luiz Berto, mas, que muito bem poderia ter sido escrito por um filho de Pombal que, como eu, deixou o seu coração enterrado nas curvas do velho Rio Piancó. Ei-lo;

"...é incrível esse coração terno e arrebatado que pede para ser enterrado na curva do rio. Eis aqui o outro mistério da frase, pois nada de mais poético e encantador que uma curva. E, ainda por cima, uma curva de rio. Doce e apaixonado coração que exige não menos que a sinuosidade de uma corrente, possivelmente silenciosa, de onde fitará para sempre, em seu repouso, uma beleza que só mesmo um coração sensível e terno pode divisar.” 

Acredito que só os nascidos ou criados às margens de um rio de interior são capazes de perceber as sutilezas que se escondem atrás do correr das águas num leito que a natureza levou milhões de anos para moldar. E, pensando nisso, me dei conta de que meu próprio coração está firmemente enraizado, não apenas em uma curva, mas em toda a extensão do rio que banha nossa cidade.

Fui enterrando-o aos poucos, desde que nasci, nos remansos barrentos de suas margens, até que chegou o dia em que me dei conta de que, por mais longe que fosse um pedaço de mim estaria para sempre fincado nesse misterioso chão que me serviu de berço.

O meu coração, como o coração de todos que se encantam com a magia dessa terra que recebeu um rio de presente, e de um rio que deu vida a essa cidade.

Ao contrário do índio norte-americano, poupo aos pósteros o trabalho de enterrar meu coração numa curva que dê boa vista para a paisagem e tranquilidade para um bom repouso...

O que eu lamento é ter que sempre responder aos filhos de Pombal que o nosso rio Piancó não mais existe. Nós, não sem muito esforço, conseguimos matá-lo e entregar os seus restos mortais as novas gerações que, até tentaram ressuscitá-lo sem muito êxito.

Resgato da minha memória os acordes perdidos do bandolim de Bideca e violão de João Espalha, fazendo dueto com as correntezas do Piancó, bem ali na “Panela”.

Volta e meia a minha mente já esquecida traz aos meus ouvidos o grito dos vendedores de água e suas tropas de jumentos. Zé Capitula e Godô, Pedro Jágues ou Daniel, que cruzavam as ruas levando a água limpa e azulada para abastecer os potes das residências para matar a sede do nosso povo.

Vejo os fantasmas dos matutos do Rosário sentados às margens do rio, lavando seus pés calejados e os moleques jogando bola nos bancos de areia, disputando espaço com as lavadeiras de roupas, e os bêbados tomando cachaça ás sombras das ingazeiras.

É por estas e outras lembranças perdidas e achadas que eu já enterrei nas curvas do rio Piancó, bem a assombra de uma oiticiqueira, onde eu possa ver o meu pai passar para a “Outra Banda” o meu sofrido coração.

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Bideca e Chico de Dôra em momento antológico às margens do rio Piancó
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José Ribeiro no rio Piancó
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José Ribeiro no rio Piancó

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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ATOR NELSON XAVIER MORRE AOS 75 ANOS

Foto: Vinícius Roratto / Especial

Conhecido por atuar na TV e no cinema, artista foi vítima de um câncer. O ator Nelson Xavier morreu na madrugada desta quarta-feira, em Uberlândia (MG). O ator tinha 75 anos e lutava contra um câncer. O corpo será levado ao Rio de Janeiro, onde deve ser cremado nesta quinta.

Nelson Xavier atuava há cerca de cinco décadas, sendo conhecido por inúmeros trabalhos na TV, no cinema e no teatro. Em 2010, ganhou notoriedade ao protagonizar a cinebiografia sobre Chico Xavier.


No Festival de Gramado de 2014, Nelson Xavier recebeu o  prêmio de melhor ator pelo filme "A Despedida"Foto: Cleiton Thiele / PressPhoto, Divulgação.

O ator nasceu em São Paulo, em 1941. Participante do Teatro de Arena e do Movimento de Cultura Popular de Recife, Xavier começou a se destacar nos anos 1960, no Rio de Janeiro, em encenações dos textos de Plínio Marcos.

Nos anos 1970, dedicou-se com intensidade ao cinema. Atuou em filmes como Os Deuses e os Mortos (1970), de Ruy Guerra; A Culpa (1972), de Domingos de Oliveira; Dona Flor e seus Dois Maridos (1976), de Bruno Barreto; e A Queda (1978), também de Ruy Guerra. 

Nas décadas seguintes também teve trabalhos marcantes em filmes como O Mágico e o Delegado (1983) e O Testamento do Sr. Nepomuceno (1994). Chico Xavier - O Filme, no qual Nelson foi protagonista, tornou-se um fenômeno popular.



Nelson Xavier interpretou Chico Xavier nos filmes "Chico Xavier" (2010) e  "As Mães de Chico Xavier" (2011)Foto: Downtown Filmes / Divulgação.

Entre as novelas, Nelson Xavier esteve em Sangue e Areia (1967), de Janete Clair; Pedra sobre Pedra (1992), de Aguinaldo Silva; e Renascer (1993), de Benedito Ruy Barbosa.

https://www.youtube.com/watch?v=WBZmRkaE89U

Além disso, ficaram notórias suas participações nas minissérie Lampião e Maria Bonita (1982) e Tenda dos Milagres (1985), dirigidas por Paulo Afonso Grisolli; O Pagador de Promessas (1988), dirigida por Tizuka Yamasaki, com autoria de Dias Gomes.

Nelson Xavier foi entrevistado no Jornal do Almoço, em 2010, para divulgar o filme "Chico Xavier"Foto: Vinícius Roratto / Especial

http://zh.clicrbs.com.br/rs/entretenimento/gente/noticia/2017/05/ator-nelson-xavier-morre-aos-75-anos-9790215.html

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LAMPIÃO A RAPOSA DAS CAATINGAS


Você leitor, e eu, vamos participar do casamento de José Ferreira da Silva (Santos) com a dona Maria Sulena da Purificação (Maria Lopes) pais dos irmãos Virgolino Ferreira da Silva, Antonio Ferreira da Silva , Levino Ferreira da Silva e Ezequiel Ferreira Silva? 

Vamos chegar devagarinho! Pés às alturas, como se nós estivéssemos flutuando em um picadeiro de circo, silêncio total, sem pigarrearmos em momento algum, para vermos o que irá acontecer durante esta união familiar. Não se preocupe, os irmãos Ferreiras não estão aqui entre nós, eles ainda irão nascer, primeiro Antonio Ferreira, depois Levino Ferreira, depois Virgolino Ferreira e por último (dos homens) Ezequiel Ferreira da Silva.

 José Ferreira da Silva e Maria Sulena da Purificação

O casamento destes famosos e futuros pais de 4 cangaceiros você irá adquirir toda história no livro: "Lampião a Raposa das Caatingas", do escritor José Bezerra Lima Irmão - a partir  da página 70. 

Esta maravilhosa obra você irá encontrá-la através deste e-mail: franpelima@bol.com.br, com Francisco Pereira Lima, o professor Pereira, lá de Cajazeiras no Estado da Paraíba. 

A maior obra já escrita até hoje sobre cangaço e sobre a família Ferreira do afamado Lampião.

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DISCUSSÃO SOBRE O TOPÔNIMO ATUAL DA ANTIGA SÃO SEBASTIÃO: GOVERNADOR DIX-SEPT ROSADO/RN

Dr. Hugo Carlos

Desde os primeiros anos de minha vida escolar, percebo que parte da população de Governador Dix-sept Rosado nutre certa discordância em relação ao nome da cidade. Hoje, é possível descobrir, mediante simples olhar, que essa perceptível discordância evoluiu para insatisfação, a ponto de induzir alguém a admitir que os problemas estruturais vivenciados passam pela mudança do nome de origem.


Ninguém amou mais São Sebastião do que Jerônimo Dix-sept Rosado Maia.


Dix-sept, martirizado em acidente aviatório, adentrava as casinhas humildes dos cassacos da pedreira com a mesma desenvoltura que subia as escadarias do Palácio Potengi. Homem simples e humilde, não fazia distinção entre ricos e pobres. O topônimo, na minha opinião, foi merecido. Precisa-se, imediatamente, dizer à população mais jovem quem foi Jerônimo Dix-sept Rosado Maia. Havia um quadro com a foto dele em todas as casas. Os mais jovens não imaginam como foi triste o pranto em São Sebastião quando a notícia do falecimento de Dix-sept chegou à localidade. Meu pai e tio Lourenço contavam que foi um dia de juízo final.


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ZÉ LINS SABIA O QUE DIZIA... SOBRE LAMPIÃO

Material do acervo do pesquisador Antonio Corrêa Sobrinho

Um simpático amigo e patrício, oficial do Exército, me escreve uma carta para me censurar pelas minhas afirmações em conferência proferida na Faculdade de Direito, a propósito de cangaceirismo. Adianta o meu patrício que é forçar os fatos atribuir gênio militar a um bandido que sempre agiu como bandido.


Se tivesse ouvido a minha conferência não teria escrito a carta o tenente-coronel Mindelo, porque eu pus o problema na sua mais cria e real condição. Não fiz romantismo com Lampião; apenas procurei localizá-lo no tempo e no espaço, para poder expor com fatos a sua terrível e nefasta presença. Afirmei o que ouvi de vários oficiais da Força Pública da Paraíba e Pernambuco: em Lampião havia uma fabulosa capacidade de conduzir-se em combate, uma tremenda improvisação na tática que criava para os combates e retiradas. E mais ainda o sistema de informações que ele inventou, através de seus “coiteiros”, as tais “serpentes de asas”, como os viam os cantadores sertanejos. Negar a sagacidade, a astúcia, a coragem, em Lampião, não seria possível. Tomando-o como chefe, teremos que chegar à evidência de que não foi um homem comum. A sua ferocidade diabólica, a implantar o terror, a sua capacidade de resistência às caçadas de seus perseguidores não poderão ser consideradas somente como um caso simples de criminoso vulgar. Havia no nordestino de coração de pedra uma natureza de chefe à prova de fogo. Conduzido ao crime, deu-se no crime com peixe dentro d’água. Cometeu as maiores atrocidades já registradas no Nordeste. Foi sempre cruel e nunca se bateu pelos pequenos. Nunca houve homem menos romântico; foi sempre um realista sádico, agindo com uma cabeça de diabo. Isto de toma-lo como um vingador de inocentes não tem procedência. Foi exclusivamente um bandido com gênio militar, com a engenharia dos combates traçados no cérebro. Sobre ele muito me falou o coronel Ramalho, da Força Pública da Paraíba, ferido em mais de um combate com o seu grupo: “E ele sabia brigar como ninguém”.

Aí é que está o mal-entendido do amigo coronel Mindelo, em olhar o homem exclusivamente pela sua miséria moral. Houve misérias morais em atos de Napoleão e de Alexandre. Para os alemães e para os persas da época estes dois gênios militares não passariam de monstros. E ainda hoje todos nós falamos de Átila como se fosse ele um Lampião em ponto grande. Os grandes cabos de guerra são gênios que chegaram à grandeza pela arte militar. Se tivesse ficado na Córsega, talvez que Napoleão não passasse de um terrível guerrilheiro perdido nos rochedos. A escola de guerra deu ao seu gênio a universalidade. O que havia em Lampião era o crime. Nunca esteve ele em posição de exprimir qualquer reivindicação do povo. O que havia de errado na sociedade, ele ainda mais agravou pela sua violência inclemente. Mas negar-lhe o poder da inteligência para armar as suas ciladas e derrotar os seus inimigos, seria simplificar por demais as coisas.

Jornal O GLOBO – 25/11/1953 (Matutina, Geral, página 03)

O curioso é que este artigo de José Lins do Rego foi publicado exatamente 24 anos depois da triunfal entrada de Lampião à cidade de Capela, momento em que o cangaceiro-mor portou-se de forma pacífica e educada, permitindo-se, até, ser testado por moradores.

Fonte: facebook
Página: Antonio Corrêa Sobrinho
Grupo: Lampião, Cangaço e Nordeste
Link: https://www.facebook.com/groups/lampiaocangacoenordeste/permalink/642609522614662/

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FIGURA ILUSTRE - Manu ou Manoel Cesar de Alencar.

Por Ignácio Tavares de Araújo

FIGURA ILUSTRE - Manu ou Manoel Cesar de Alencar - Filho de Felix Antonio Cardoso de Alencar e Raimunda Cesar de Alencar. Manu no seu tempo foi um dos melhores atacantes do futebol de Pombal. 


Deixou a sua terra no governo de Ruy Carneiro quando ingressou na polícia e fez parte do comando de segurança do Palácio da ;Redenção. Foi promovido através de concurso, firmou-se como militar atuante no exercício das suas funções ora como tesoureiro geral da polícia, ora como comandante de núcleos regionais. Faleceu em 1972, ainda no exercício de suas funções. Três dos seus filhos, quais sejam, Rubens Alencar, Rutenaldo e Robson seguiram o mesmo caminho do pai. Todos chegaram ao coronelato, - da mesma forma - com relevantes serviços prestados a briosa polícia militar da Paraíba.

Ignácio Tavares de Araújo

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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