Seguidores

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

COMO SURGIU O GRANDE TENENTE ARLINDO ROCHA.


Filho de Joaquim Pedro de Aquino Rocha e Isabel Matias Rocha, nasceu em 1883, e veio a falecer em 1956. Era delegado em Salgueiro-PE, quando o indivíduo Antônio Padre é absolvido de algumas acusações. Solto, pede ajuda a Arlindo Rocha, que deixa morar em sua fazenda barrocas. Lá estando, em vez de cuidar de seus afazeres diários, seu coração endoida por uma donzela, Antônio Padre tenta conquistar a filha mais velha do patrão, Generosa Leite da Rocha, convidando-a irem viver juntos. Achando ter sido desrespeitado, Arlindo expulsa Antônio Padre, que vai embora para o Ceará. Ficando sobre a proteção do fazendeiro Chico Chicote. De onde manda recado pra Generosa, com a intenção de vir roubá-la, que ela estivesse pronta que era a qualquer hora e qualquer dia. Antônio Padre organiza um grupo de oito cabras, e juntando-se a Lampião, parte para o sítio Pilões, no município de Salgueiro. Avisado, o fazendeiro Arlindo Rocha ataca o bando de Lampião, matando Antônio Padre e o cabra Gavião. Em seguida dirige-se ao chefe de polícia em Recife-PE, solicitando armas e munição. É nesse momento que recebe o convite para fazer parte das volantes. Aceita e é contratado como sargento. Junto com familiares e amigos, formam um grupo de sete pessoas, que são contratados como soldados. Está formada nesse modo, a volante do sargento Arlindo Rocha, são eles: Vicente Pereira Matias e Masculino Matias Leite (cunhados de Arlindo), Antônio Matias de Santana ( genro de Arlindo), Manoel Matias Rocha e João Matias Rocha, este conhecido como João Lica (primos), Acilon Faustino (amigo), e Pedro Aureliano (morador de sua fazenda, melancia).

Os cabras de Antônio Padre, juntos a Lampião, conseguiram convencê-lo que fossem para Salgueiro, sua intenção, era "enterrar a barroca e partir a melancia", que eram duas fazendas de Arlindo Rocha. E assim começou a luta com os cangaceiros que correu rios de sangue, onde Arlindo Rocha soubesse que Lampião estava, partia à sua procura, pra destruí-lo na bala.

Arlindo Rocha já promovido tenente, foi ferido no queixo, no grande tiroteio da Serra Grande, município de Serra Talhada-PE, no dia 26 de novembro de 1926, onde morreram dez soldados e trinta saíram feridos. A salvação dos outros foi o tenente Gino, que temeu entrar na luta e ficou na ponta da serra. Quando Antônio Ferreira, irmão de Lampião, junto com outros cangaceiros se aproximou para sangrar o tenente Arlindo Rocha, que estava sendo socorrido pelos seus companheiros. Tenente Arlindo, muito ligado aos Nazarenos, era comum brigarem juntos, enfrentando Lampião e seu assustador grupo, como no tiroteio da Serra Grande, onde se reuniram as volantes, de Euclides Flor, Arlindo Rocha, Higino Belarmino (Gino) e Mané Neto.

Fonte: facebook

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

HOJE NA HISTÓRIA DE MOSSORÓ - 27 de Janeiro de 2015

Por Geraldo Maia do Nascimento

No dia 27 de janeiro de 1866 o vapor Maranguape, da Companhia Pernambucana de Navegação Costeira, chegava ao local Roncadeira, do Rio Mossoró, bem próximo do porto da Jurema, apenas distando 18 quilômetros de Mossoró. 
               
Na época o nosso rio era francamente navegável, principalmente no período das chuvas. Essa rota ligava a cidade a orla marítima.
               
Com a construção das barragens, não é mais possível navegar pelo rio.

Todos os direitos reservados

É permitida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, desde que citada a fonte e o autor.

Fonte:
http://www.blogdogemaia.com

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

COMEÇA O CARIRI CANGAÇO 2015: PRINCESA ISABEL EM MARÇO

Emmanuel Arruda, Manoel Severo e Prefeito Domingos Sávio em Juazeiro do Norte

O último final de semana marcou a reunião de trabalho entre o Cariri Cangaço e Princesa Isabel para o fechamento final do evento, que sem dúvidas se configura como um dos mais esperados do ano: Cariri Cangaço Princesa 2015. Estiveram reunidos na cidade de Juazeiro do Norte, no Ingra Premium; hotel oficial do Cariri Cangaço; o curador do evento, Manoel Severo, o prefeito municipal de Princesa, Domingos Sávio, o assessor Emmanuel Arruda e o secretário de infraestrutura Valmir Souza.

O ponto alto do encontro foi a definição da data do evento: 19 e 20 de março, próximos. Data em que se comemora o aniversário de um dos mais talentosos artistas do nordeste, filho de Princesa Isabel: Francisco Soares de Araújo, o nacionalmente conhecido "Canhoto da Paraíba". Para o Assessor Emmanuel Arruda "será uma grande alegria ter o Cariri Cangaço nessa data em que Princesa celebra um de seus mais destacados filhos, que é Canhoto da Paraíba". 

Domingos Sávio, Valmir Souza e Emmanuel Arruda na Meca Juazeiro do Norte

O prefeito Domingo Sávio conclui: "É uma honra receber o Cariri Cangaço, sem dúvidas Princesa Isabel é uma terra de muita história e tradição e foi decisiva em um dos episódios mais marcantes deste século XX que foi a Revolução de Trinta, vamos ter a grande oportunidade de recontar essa história e receber os filhos de Princesa que moram fora, além dos muitos e muitos convidados do Cariri Cangaço, pesquisadores de todo o Brasil."

Para Manoel Severo, curador do Cariri Cangaço: "Hoje estamos fazendo história aqui em Juazeiro do Norte, sob as bênçãos de Padre Cícero! Fechamos a parceria entre o Cariri Cangaço e o município de Princesa Isabel, nesta honrosa visita do Domingos, do Emmanuel e Valmir, e ainda ter nosso Cariri Cangaço numa data tão significativa, quando Princesa Isabel realiza uma grande festa reunindo seus filhos de todos os cantos do Brasil, é uma grande honra, vamos sim nos esforçar para realizar um espetacular Cariri Cangaço, sem dúvidas já temos uma competente equipe trabalhando nisso, sob a coordenação de nosso confrade Emmanuel Arruda, vamos em frente".


Dias 19 e 20 de Março a terra do Coronel Zé Pereira, de Marcolino Diniz e Xanduzinha; 
o "Território Livre" de Princesa recebe 
em grande estilo o Cariri Cangaço, 
seja bem vindo.

Em breve programação completa.

 http://cariricangaco.blogspot.com.br/2015/01/comeca-o-cariri-cangaco-2015-princesa.html

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

LAMPIÃO EM RIBEIRA DO POMBAL

Lampião e seu bando na Vila de Pombal em 17/12/1928 - (Hoje, Praça Getúlio Vargas) Ribeira do Pombal - BA

Já se tinha notícias da presença do maior cangaceiro do século XX, Virgulino Ferreira da Silva, vulgo Lampião, considerado o rei do cangaço - 1927/1940 - à Bahia no ano de 1928. A possibilidade de ter levado Lampião a cruzar o Rio São Francisco rumo aos Sertões da Bahia, seria, a que tudo indica, a falta de opção. Em todo o Nordeste só restavam Bahia, Sergipe e *Piauí, onde poderia hospedar-se com o resto dos seus cabras.

O ataque a grandes centros urbanos, acirrou os ânimos das policias de alguns estados nordestinos, visto que houve repercussão nacional dos episódios. Daí por diante, Lampião não teria trégua; o jeito era dispensar muitos de seus cabras. Para facilitar a fuga da furiosa perseguição policial, quanto menos gente, melhor.

Nessa altura, coligaram-se as policias de Pernambuco, Ceará, Paraíba, Alagoas e Rio Grande do Norte e durante vários meses investiram numa perseguição implacável a todo o bando. Não existia outra alternativa senão um dos três estados restantes do nordeste.

Para Piauí, Lampião jamais iria, primeiro porque lhe era terra desconhecida e segundo porque era o estado mais pobre, entre os pobres do nordeste. O bandoleiro sabia por experiência que na Bahia iria encontrar condições favoráveis.

Se o Capitão Virgulino não tivesse tentado ocupar Mossoró pela força, então o maior município do interior do Rio Grande do Norte, ou tivesse conseguido, provavelmente a Bahia jamais o tivesse hospedado em seu território.

Quando desembarcou aqui na Bahia, em 21 de agosto de1928, Lampião se quisesse, poderia ter tentado reconquistar a sua condição outrora de homem livre, trabalhador, honesto, produtivo. Não o fez. A índole de bandido calava mais forte.

Ao pisar em terras baianas, Virgulino Ferreira da Silva, já tinha 31 anos de idade, ostentava a patente de capitão, título de que muito se orgulhava e fazia alarde. Além de Mossoró (1927), assaltara, em lance de grande atrevimento, Água Branca (1922) em Alagoas, quando saqueou a baronesa Joana Viana de Siqueira Torres, despojando-a de jóias e moedas de ouro do Império, com as quais passou a enfeitar-se. Esse episódio, somado ao frustrado assalto a Mossoró, à patente de Oficial do Exército e às inúmeras batalhas em que se envolvera (Baixa Grande, junho de 1924; Serrote Preto, fevereiro de 1925; Serra Grande, novembro de 1926), bem como ao saldo de mortes que lhe vinha no rastro, davam-lhe prestigioso renome em todo o Brasil e até no exterior.
Recorte de Jornal da Época

Um dos primeiros contatos de Lampião em terras baianas foi em Santo Antônio da Glória. Lampião partira da Serra Negra (em Floresta, Pernambuco, seu estado Natal), ladeou Riacho dos Mandantes de onde passou para as margens do Rio São Francisco. Em seguida avançou pelas propriedades Sabiuçá e Roque, cruzou o Velho Chico e ganhou as terras baianas. Aqui seu itinerário foi o seguinte: Serra Tona, Fazenda Salgado e o povoado Várzea da Ema, município de Glória.

Após várias andanças e as notícias ocultas, somente em dezembro é que Lampião ressurge no cenário baiano, exatamente no dia 15 de dezembro de 1928, na vila do Cumbe (atual cidade de Euclides da Cunha). De lá partiram rumo a Tucano, onde concede uma entrevista a um jornalista da terra e recebe a notícia que mandaram buscar reforço policial na cidade de Serrinha, o que apressou a saída do bando do município. Partiram de lá às onze horas da noite, aproximadamente, em destino a Pombal.

Antigo Mercado de Ribeira do Pombal - Década de 50

Desde aqueles sábado, 15 de setembro de 1928, que já se sabia que Lampião encontrava-se no município de Tucano, pois todos os viajantes, que lá procediam, noticiavam aos habitantes de Pombal da visita do então cangaceiro.

Lampião e mais sete cabras do seu bando chegaram à vila de Pombal por volta das seis horas da manhã, um domingo do dia 16 de dezembro de 1928.

O Sr. Paulo Cardoso de Oliveira Brito, mais conhecido como "Seu Cardoso", narrou, detalhadamente, como foi a visita de Lampião na Vila de Pombal:

"Eu era intendente, na época. Desde o sábado à noite se corria o boato na rua que Lampião estava na cidade de Tucano, mas de paz.
Eles chegaram de manhã, bem cedinho, eu estava deitado e o empregado estava varrendo o terreiro da casa (o velho sobrado dos Britto), abordaram o empregado e mandaram me chamar. Com certeza eles já haviam se informado quem era o administrador da vila. O empregado subiu e me avisou, mas não soube dizer quem era; fui até a porta às presas e perguntei a ele o que queria. Ele se identificou por Coronel Virgulino.

Tomei um susto ao perceber que estava diante do mais temido bandido do sertão. Eram oito homens, sete ficaram encostados no carro e só o capitão tinha se aproximado.

Disse que queria tomar café. Mandei logo providenciar. Perguntou quantos soldados havia na vila; respondi que apenas três; mandou avisá-los para não reagir, pois estaria ali apenas de passagem ".
O próprio empregado foi até o quartel levar a tranquilizadora notícia, transmitindo-a ao cabo Esmeraldo, comandante e chefe do destacamento.

Lampião em Ribeira do Bombal - BA
Lampião e seus cabras de deliciaram com o café com cuscuz que lhe ofereceu o anfitrião. Mas tarde, o bando chegou até o quartel, desarmaram os militares, intimando-os a acompanhá-los até a cidade mais próxima para onde iam. Lampião disse em tom sarcástico: “... assim vou mais garantido porque estou com a força".

Antes de saírem, Lampião e seus cangaceiros foram conhecer a Vila Alegre com a boa hospitalidade a eles oferecida. Para deixar uma ótima impressão de sua visita à Vila de Pombal, perguntou se havia um fotógrafo; mandaram chamar Alcides Franco, alfaiate e maestro da Filarmônica XV de outubro, que possuía uma máquina fotográfica. Pediu que batesse uma chapa do bando para ali ficar de recordação (essa foto é uma das mais nobres no acervo sobre o cangaceiro, presente em quase todos os livros, sobre o bandoleiro).

Praça. Getúlio Vargas (Atualmente) - Cenário da fotografia de Lampião (Acima) - Ribeira do Pombal - BA

Por volta de oito horas da manhã o bando saiu da vila, partindo espalhafatosamente com destino a Bom Conselho (atual cidade de Cícero Dantas).

A partir daí Lampião continua suas andanças por terras baianas. Em 22 de dezembro de 1929, vindo de Capela, interior do Estado de Sergipe, passando por Cansanção, interior da Bahia, o Capitão Virgulino chega a Queimadas, cidade próxima a Monte Santo. No cumprimento de mais uma de suas façanhas, Lampião, nessa cidade, realizou um dos maiores saques cometidos na Bahia, acompanhado de gravíssimos crimes e orgias de sangue.

Após sair de Queimadas, tem-se notícias do bando dos cangaceiros no arraial de Triunfo (atual cidade de Quijingue), onde festejaram e saquearam o pequeno comércio local.

Ao amanhecer do dia 25 de dezembro de 1929, portanto três dias após o acontecido na cidade de Queimadas, mais uma vez Lampião e seus cabras chegam às redondezas de Pombal.

Nesta mesma manhã, o Sr. Cardoso recebeu um bilhete, mandado por Lampião, pedindo uma quantia exorbitante de dinheiro. A quantia era tão grande que se reunisse todo dinheiro da Vila, não pagava.

O Sr. Cardoso temendo uma represália por parte do cangaceiro, se não enviasse pelo menos uma boa parte de dinheiro e uma desculpa bem, convincente, conseguiu o equivalente à metade do pedido, mandando pelo mesmo portador que trouxe o bilhete.

Não se registrou nenhuma agressão ou tentativa de saque na Vila de Pombal, certamente o Capitão Virgulino aceitou as desculpas do administrador local ou imaginou outra hipótese, como por exemplo, a essa altura, talvez já se encontrasse ali reforço policial e o bilhete que enviara dava testemunho de sua presença nas imediações. Dava tempo muito bem da força preparar uma emboscada caso ele tentasse invadir a vila. O certo é que Lampião dotado de muita astúcia e arquiteto das mais engenhosas proezas, sem dúvida tivesse pensado inúmeras desvantagens em tomar a Vila de Pombal para assalto.

Na mesma manhã do Natal de 1929, o bandoleiro chega ao distrito de Mirandela. Foi previamente informado que o destacamento era constituído de apenas cinco praças e um comandante; envia então uma intimação ao sargento, com os seguintes termos:

"Sargento arretire daí levando sua pessoa que preciso intra neste arraiá agora se você não sai ajusta conta com eu Capitão Virgulino vurgo Lampião".

Certamente o comandante do destacamento ignorava o recente acontecimento de Queimadas, onde Lampião enfrentou muito mais soldados do que os ali existentes. O sargento Francisco Guedes de Assis demonstrou disposição e evitou acatar ao utimato, contrariando ao desejo do cangaceiro, mandou-lhe resposta num outro escrito, com os seguintes dizeres:

"Bandido Lampião, estou aqui com a edificante missão de defender a população do Arraial contra a sua incursão e do seu bando. Se você entrar lhe receberemos a bala".

Pouca gente sabe desse episódio que aconteceu em Mirandela, porém, não só foi contado por moradores que vivenciaram o caso, como também foi encontrado um registro escrito por um dos cangaceiros, por nome de Ângelo Roque, confirmando o fato. O registro manualmente escrito dizia:

"Seguimo para Mirandela.
Mandemo dizer ao sargento, qui tava distacado lá, que nóis, ia passa ali, sem arteração.
Ele arrespondeu pelo portado qui nóis pudia passa pru fora da rua que ele num botam persiga atraiz.
Mais si nóis intrasse dento da rua levava tiro.
Isso foi num dia vinte i cinco di dezembro.
Nóis arrezorveu ataca.
Um pade tava na igreja dizeno missa.
Era um sargento Guedes.
Disparemo as arma pra dento da rua qui istrondô i avanecemo pra frente".

O destacamento de seis militares, recebeu espontaneamente, a adesão de dois civis: Manoel Amaral do Nascimento e Jeremias de Souza Dantas.

Guedes divide sua pequena tropa em três grupos, colocando-os em três pontos diferentes e estratégicos. Eram dezessete bandidos contra seis militares e dois civis. Os bandidos invadem o arraial, atirando em todas as direções; Mirandela é heroicamente defendida.
A luta dura duas horas e meia, aproximadamente, apesar da desvantagem dos defensores. Em determinado momento, o fogo dos sitiados começa a decrescer. Os bandoleiros sentiram que estavam ganhando a batalha e acirraram o ataque.

Manoel Amaral do Nascimento foi ferido e, enquanto era conduzido pelo sargento para o interior de uma casa, é morto à queima-roupa por um bandido que se presume ter sido Alvoredo. Guedes ainda atira no cangaceiro, que pede socorro aos companheiros. Ao notar que os cangaceiros atendem ao apelo de socorro, Assis corre e se refugia no mato. Jeremias de Souza Dantas, popular Neco, o outro civil, também é assassinado.

Depois do acontecido, um cangaceiro por nome de Labareda, documenta o fato em uma folha de papel, reproduzindo o que se passou no local:

"Lampião entro pulo cento da rua, junto com Zé Baiano, Luiz Pedo e outros. Zé Baiano tinha sumido de nóis dois dia só i tomo partido das disgracera de Queimada. Us macaco de mirandela inda brigam muito mais porem terminaro debandano. I si escondero pru perto cum pirigo pra nóis di tiro imboscados. Morreu nessa brigada um camarada pru nomi Manoé de Mara. Matemo uns dento di casa i um macaco materno pruquê pidiu paiz cum lenço branco na boca du fuzi i ninguém intendeu ou num quis intendê. Tamem cangacero num tinha esse negoço di faze as paiz nu meio das brigada. Ele teve di morre pois teve brigano. Tumemo us dinhero pussive nu começo i nas casa”.

O saldo da guerra: morreram os dois civis, um dos militares, sendo que os outros, inclusive o sargento Guedes, fugiram, embrenhando-se no mato; também foi ferido um cangaceiro por nome de Luiz Pedro. O bando sai de Mirandela, carregando o cangaceiro ferido, e vitoriosos, ganham o mato, como sempre, sem destino. Tem-se notícias do bando, mais tarde, de que estariam num esconderijo, perto de Pinhões, povoado de Euclides da Cunha, em um sítio é denominado Olho D'água.

*Fernando Amorim é autor do livro "Memória histórica de Pombal". Capítulo concebido em entrevista ao então intendente da época, o Sr. Cardoso.

http://memoriasdepombal.blogspot.com.br/2013/06/lampiao-em-ribeira-do-pombal-por.html

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

A Amplificadora de Mossoró - 25 de Janeiro de 2015

Por Geraldo Maia do Nascimento

Podemos dizer que a radiodifusão sonora foi apresentada ao Brasil em 1922. Naquele ano, o Brasil estava comemorando o centenário de sua Independência. E como parte da comemoração foi montado um pavilhão na Praia Vermelha, Rio de Janeiro, onde cada país amigo apresentava em um stand uma novidade. Os Estados Unidos foram representados pela empresa Westinghouse Electric, que montou em seu stand um estúdio, onde faria demonstração de como funcionava uma emissora de rádio. Através dessa estrutura, ocorreu a primeira transmissão radiofônica do Brasil, em caráter experimental, quando no dia 7 de setembro de 1922 transmitiu o discurso do Presidente da República, Epitácio da Silva Pessoa, em alusão ao evento. Alguns privilegiados ouviram a mensagem através de aparelhos receptores de rádios, trazidos pelos americanos, enquanto que o grande público ouviu por intermédio de um sistema de alto-falantes instalados pelas ruas. O mesmo discurso foi ouvido em São Paulo, Petrópolis e Niterói, graças a instalação de uma potente “estação transmissora” (torres, transmissor, etc.) no alto do Corcovado.
               
Mossoró veio a conhecer a radiofonia através das ideias inovadoras do padre Luís da Mota, então Prefeito da cidade, que inaugurou em 04 de julho de 1938 a Amplificadora Mossoroense.
               
A Amplificadora foi instalada na Rua 30 de Setembro, no trecho que faz parte da atual Praça Vigário Antônio Joaquim Rodrigues, num pequeno sobrado que era a extensão do sobrado principal de Hemetério Leite, na Rua Dr. Almeida Castro. Tratava-se de uma emissora de rádio com som aberto. No pequeno sobrado estavam instalados os equipamentos, os estúdios e a administração da mesma. O som era gerado por um amplificador de 25 watts e distribuídos por três alto-falantes, cujas localizações eram: o primeiro em frente ao próprio prédio da amplificadora, na Praça Vigário Antônio Joaquim, o segundo próximo à Cadeia Pública, atualmente o Museu Histórico Municipal da cidade, e o terceiro na Rua Desembargador Dionísio Filgueira com a antiga Rua 13 de Maio.
               
Uma curiosidade é que a programação da amplificadora iniciava-se às 18:00 horas e encerrava-se às 21:00 horas. Músicas, notícias e curiosidades eram diariamente transmitidas. Nessa hora todos colocavam suas cadeiras nas calçadas para ouvirem as últimas novidades e se deliciarem com “lindas páginas musicais”. O slogan anunciado era: “Amplificadora Mossoroense, a Voz da Cidade”.
               
Apesar da emissora ser mantida pelos cofres municipais, era possível fazer comerciais de empresas locais. Segundo o Prefeito, era uma forma de arejar o orçamento do município.
               
A Amplificadora Mossoroense foi testemunha de muitos fatos do cotidiano local, e alguns tiveram até desdobramentos internacionais. Citamos um: notícia transmitida em janeiro de 1942, quando Getúlio Vargas, (1882-1954), então Presidente da República, logo após a III Reunião de Consulta dos Ministros das Relações Exteriores das Repúblicas Americanas, declarou o rompimento de relações diplomáticas do Brasil com os países do Eixo – Alemanha, Itália e Japão, isto significou a entrada do Brasil na II Guerra Mundial, oficializada pelo Decreto nº. 10.358, de 31/08/1942.
               
Raimundo Soares de Brito em seu livro “Páginas Arrancadas – Memória”, registrou que “nas noites em que não havia a retreta do Mestre Artur Paraguai na Praça Vigário Antonio Joaquim, a Amplificadora Municipal, pelas vozes de Jim Borralho Boavista, Genildo Miranda, José Leite e outros, faziam a alegria do ambiente com programações de músicas variadas.”
               
Através Amplificadora do Padre Mota, como era conhecida, Mossoró entrou na onda da radiodifusão, trazendo informações e alegria a terra de Santa Luzia do Mossoró.

Todos os direitos reservados

É permitida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, desde que citada a fonte e o autor.

Fonte:
http://www.blogdogemaia.com

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

A Casa de Pedra e Otávio Maia

José Otavio Maia e Professor Pereira na Casa de Pedra

Caro amigo Severo, estamos juntos neste que será um grande ano para nós, se Deus quiser. Tenho um convite do amigo José Otávio Maia para você conhecer a Casa de Pedra de Jesuíno Brilhante, sendo seu hóspede na Fazendo Olho D'água, de sua propriedade. 

Essa Fazenda fica em Catolé do Rocha, na divisa da PB com RN. Seria num final de semana; sábado e domingo; e poderia reunir alguns amigos do Cariri Cangaço, para um bate papo sobre Jesuíno Brilhante. Ele quer reunir um grupo, nesse dia

O recado está dado, o convite é dele.

Abraços. 
Professor Pereira

http://cariricangaco.blogspot.com.br/2015/01/a-casa-de-pedra-e-otavio-maia.html

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

“O GLOBO” – 26/06/1957 - PARTE FINAL

Material do acervo do pesquisador Antonio Corrêa Sobrinho

FORNECENDO A PISTA DEFINITIVA

- Aí eu perguntei: “Os cangaceiros estão por aqui?” Ele, antes de proferir qualquer frase, olhou para o irmão, que o encorajou: “Diga tudo, meu irmão, senão nós vamos se acabar!” Ele virou-se, então, para mim e se abriu: “Estão, sim, seu tenente. Os cangaceiros estão lá”. E eu: “Como é que você sabe que estão lá?” E ele, rápido: “Porque eu estive lá, na boquinha da noite, para ver uma máquina de costura que o capitão (Lampião) me prometeu, mas dona Maria (Maria Bonita) estava cosendo e ele me disse que eu fosse buscá-la bem cedinho, devendo eu, então, procurá-la no pé da pedra, debaixo das macambiras, onde ele, se não estivesse mais lá, deixaria o aparelho escondido”. Sorri: “Então vamos ver logo, senão você perde a sua máquina”. E o cabra, tremendo: “Ave Maria! Nesse caso, eu preferia perder!” Fiquei, por motivos óbvios, com esse coiteiro, entregando seu irmão ao aspirante. Sentenciei, logo depois: “A camisa é branca; se correr, é um bom alvo”.

PREPARANDO A TROPA PARA O COMBATE

Perguntamos ao coronel João Bezerra qual era o seu estado de espírito, naquele momento. Ele nos olha de lado: “Nenhum nervosismo. Eu tinha a tranquilidade de quem vai para um batizado de cabra que acaba de nascer”. Reintegra-se na história:

- Voltamos para junto da tropa: clareando-os com uma pilha elétrica, acordei os praças que já dormiam: “Vamos embora”. Subimos a margem do São Francisco, num lugar muito íngreme, pelo lado, justamente, em que não esperavam a tropa, pois me julgavam já em Moxotó. Na chegada, esperei todo o contingente, que vinha em coluna por um, e, após reuni-lo, em círculo, 3h30m da madrugada, dei-lhes ciência de que, se Deus ajudasse, dentro de mais trinta minutos, se decidiria a parada entre a força e os cangaceiros. Grande parte dos presentes respondeu, de uma só vez: “Já andamos desesperançados de brigar; essas pestes são encantadas”. E num segundo tempo: “E porventura qual é o grupo a que o senhor se refere?” E eu, lacônico: “O de Lampião”. Ao que eles se admiraram: “É o cego?” Confirmei: “Ele mesmo”.

EM MARCHA RASTEJANTE

- O coronel João Bezerra poderia mencionar o número de homens que tinha a seu dispor, naquela noite? – indagamos.

- Eu tinha 45 homens.

E adivinhando o nosso quesito seguinte:

- Lampião tinha 48 homens. A minha tropa, eu a dividi em quatro grupos: três de 10 homens e um de 15, sendo este o meu, pois dele partiria o ataque. Assim foi que ao grupo capitaneado por Ferreira de Melo eu ordenei que seguisse com o coiteiro Pedro de Cândida, que conhecia toda a disposição do adversário, e rumasse em direção ao riacho, onde se achava o sentinela, colocando-se entre o mesmo e o grupo. Em sequência, seguiria ainda riacho acima, em marcha rastejante, até avistar os cangaceiros, que dormiam ao ar livre. Ali deveriam aguardar o aviso da minha metralhadora.

CANGACEIROS EM PILHÉRIAS

- Segui margeando o riacho pela direita – chovia ainda torrencialmente e, meia centena de metros adiante, mandei descer outro grupo de 10, para ficar à direita de Ferreira de Melo, aguardando as mesmas ordens. Segui com 25 homens, realizando prodígios de equilíbrio, pelos bicos das pedras, e abaixando-me pelos matos. Aí eu já batia com a testa em celas dos cangaceiros, as quais, juntamente com as dos coiteiros que com eles foram ter, estavam dependuradas. Lembro-me que um cavalo, que se achava apeado e tinha um grande chocalho ao pescoço, espantou-se com a tropa e deu um formidável sopro pelas narinas. Tive que recuar quase uns trinta metros para que o animal não corresse, espavorido, balançando o chocalho. Os cangaceiros já estavam acordados, pilheriando uns com os outros, falando em trocar o bornal e reclamavam contra o café, que estava frio. O ataque de surpresa já iria desencadear-se.

DEFLAGRA-SE O COMBATE

O coronel João Bezerra chega ao ponto culminante da entrevista:

- Disposta toda a tropa, quando eu me preparava para transpor uma pedra comprida, da altura de 1 metro, ouvi diversos disparos pelo lado em que colocara a tropa do aspirante e outros tentos para o nosso lado. Recebi, nesse momento, uma pancada na perna e outra na mão: vi o sangue descer, o que provava que eu tinha recebido umas balinhas. Porem, quando me levantei, fazendo força na perna, constatei que o osso estava íntegro. Olhando para a direita, vi sair fogo de quatorze fuzis, cadenciadamente, na altura de metro abaixo. Gritei, então: “Avancem!” Cinco minutos depois, notei, com satisfação, que a tropa se misturava com os cangaceiros, que, desse modo, tiveram que passar a lutar em várias frentes.

PISANDO SOBRE CADÁVERES

O coronel Joao Bezerra ainda alisa a lâmina da faca, mas tem os olhos postados sobre as notas do repórter. Acompanhemo-lo:

- Fui passando, então, por cima dos cangaceiros mortos, cujas vestes estavam ensopadas de sangue e de água de chuva. Lembro, também, que um soldado meu, de nome Adriano, exclamou: “Estou baleado, tenente!” E, antes que eu pudesse auxiliá-lo, ele estava com a barba serenada.

- Que significa barba serenada, coronel?

- Morto. Logo a seguir, outro soldado, Antônio Jacó, me preveniu: “Seu tenente, o cabra lhe mata!” E, de fato, o cabra atirou, mas, como o mosquetão estava descalibrado, a bala foi alojar-se num toco de catingueira, ao meu lado. Apontei a metralhadora para ele, mas logo o vi caindo por cima das macambiras, pois Antônio Jacó – cuja pontaria parecia uma olhada de machado – já o havia alvejado.

O GRITO DE VITÓRIA: “O CEGO MORREU!”

O chão e as macambiras cobriam-se de sangue. Luiz Pedro, cabra valente pra danar, vinha ao nosso encontro, sem nos ver. Fui, de dentro do riacho, enquadrando-o na mira da metralhadora, até 10 metros. Quando me preparava para matá-lo, vi, com tristeza, que um soldado atirou primeiro. Com mais vinte metros, vimos quatro cangaceiros caídos. Junto a eles, um soldado gritava: “O cego morreu!” Eu respondi que o cego (Lampião) não morreria assim. E ele, convicto: “Se este não for Lampião, quero ser cabra da peste, pois eu fui coiteiro dele durante dois anos”. E eu, ainda desconfiado: “Verifiquei se o olho direito dele é cego”. Ao que ratificou o praça: “É cego, sim, tenente”. Mandei trazer o cangaceiro, no caso Lampião, mas o praça trouxe a cabeça. Alguns cabras, entrementes, conseguiam escafeder-se, enquanto as cabeças de seus comparsas rolavam pelo barro.

MEDIDA ACERTADA

O coronel João Bezerra observa que a lembrança do degolamento de Lampião e de seus sequazes ainda constitui um impacto. Elucida, por isso:

- O degolamento se enquadrou perfeitamente num processo antigo. Demais disso, não poderíamos trazer todas as cabeças. Quando os meus subordinados cortaram as cabeças, não protestei também por um outro motivo: uma falange de dedos amputada não modificaria uma fisionomia. Determinei fosse feito o reconhecimento dos cadáveres, mandando respeitar os mortos.

E repisou o entrevistado:

- O degolamento foi uma medida acertada. Se não tivesse ocorrido, muita gente, até hoje, não acreditaria na morte de Lampião.

VERSÕES QUE DIVERGEM

O nosso entrevistado vai além.

- Um dos ex-combatentes da época, coronel Manuel Neto, da Polícia de Pernambuco, e ex-prefeito de Irajá, escreveu, levantando dúvidas quanto às reais circunstâncias que rodearam o fim de Lampião. Forçou, com isto, os meus colegas das Alagoas a censurá-lo e levou-me igualmente, a lhe escrever uma carta, que dizia, a certa altura, mais ou menos o seguinte: “Deixe, meu bom colega, que os paisanos venham em cima de nós, militares, com seu despeito, sua inveja, não um velho militar, nas suas condições, que, muitas vezes, imitando-me ou tentando imitar-me, se amparou no seu mosquetão, aguardando o pronunciamento da Justiça. Você sabe bem, está bem lembrado, de quando lhe telegrafei, chamando-o, e que você, em lugar de comparecer, para me ajudar, mandou o sargento Davi Surubeba (que ainda hoje é vivo e está lembrado), que chegou retardado, encontrando-me nas mãos de dois médicos, que me pensavam dos ferimentos recebidos no combate meia hora antes. E Davi Surubeba e o sargento Odilon Flores, de saudosa memória, pegaram as cabeças dos cangaceiros, tendo o primeiro, ao erguer a de Lampião, asseverado, chorando: “Queria que fosse eu que tivesse morto Lampião. Mas foi o meu amigo, tenente João Bezerra, quem o matou”.

MEMÓRIAS EM TERCEIRA EDIÇÃO

Perguntamos ao coronel Joao Bezerra sobre Volta Seca, atualmente no Rio de Janeiro, onde até se iniciou como cantor. A resposta é áspera: “É um cachorro!” Narra-nos, então, um episódio, impublicável, marcado pela maior brutalidade, cujo protagonista principal foi aquele ex-integrante do grupo de Lampião. E arremata o entrevistado, após acentuar que a fita “O Cangaceiro”, de Lima Barreto, foi uma pantomima, sem guardar qualquer relação com a verdade histórica, e que pretende figurar, em breve, como ator, num filme sobre a vida e a morte de Lampião, produzido pelo seu amigo, deputado, Tenório Cavalcanti.

- Dessa forma é que vou publicar a terceira edição do livro sob o título “Como dei cabo de Lampião”, com capítulos interessantes para o momento, inclusive o desmentido a algumas notas escritas irrefletidamente por pessoas inescrupulosas.

Terminara a entrevista, quatro horas e dez minutos após se haver iniciado. Conduzimos o entrevistado até à porta do hotel. “Não lhe ficou, portanto, qualquer remorso da liquidação de Lampião e seu bando?” – reinquirimos. E o coronel João Bezerra, firme:

- Nenhum remorso. O degolamento enquadrou-se, como já disse, num processo histórico. Depois, era mais cômodo trazer as cabeças que os corpos, dada a distância em que nos encontrávamos. Trazer os corpos seria impraticável.

O coronel João Bezerra pede que lhe enviemos exemplares do número de O GLOBO em que foi publicada a entrevista. Quando apertava a mão do repórter, um hóspede do hotel, identificando-o, comentou com o companheiro:

- Olhe o degolador de Lampião...

E o coronel João Bezerra, já ganhando a calçada:

- Aí começa a lenda. A verdade termina no que lhe contei. Foram feitas as despedidas e o coronel João Bezerra afastou-se, tranquilo, como se estivesse na santa paz dos céus, sem que lhe angustiassem o espírito aquelas cabeças que rolaram, um dia, pelo chão calcinado dos sertões, há quase duas décadas. Certamente os espectros não transpõem a porteira da sua fazenda, onde se erguem as sombras dos cafezais e dos canaviais e onde o gado muge as suas mágoas – as únicas existentes na queda 

 “O GLOBO” – 26/06/1957

Fonte: facebook
Página: Antonio Corrêa Sobrinho

http://blogdomendesemendes.blogspot.com