Por Geraldo Maia do Nascimento
Podemos
dizer que a radiodifusão sonora foi apresentada ao Brasil em 1922. Naquele ano,
o Brasil estava comemorando o centenário de sua Independência. E como parte da
comemoração foi montado um pavilhão na Praia Vermelha, Rio de Janeiro, onde
cada país amigo apresentava em um stand uma novidade. Os Estados Unidos foram
representados pela empresa Westinghouse Electric, que montou em seu stand um
estúdio, onde faria demonstração de como funcionava uma emissora de rádio.
Através dessa estrutura, ocorreu a primeira transmissão radiofônica do Brasil,
em caráter experimental, quando no dia 7 de setembro de 1922 transmitiu o
discurso do Presidente da República, Epitácio da Silva Pessoa, em alusão ao
evento. Alguns privilegiados ouviram a mensagem através de aparelhos receptores
de rádios, trazidos pelos americanos, enquanto que o grande público ouviu por
intermédio de um sistema de alto-falantes instalados pelas ruas. O mesmo
discurso foi ouvido em São Paulo, Petrópolis e Niterói, graças a instalação de
uma potente “estação transmissora” (torres, transmissor, etc.) no alto do
Corcovado.
Mossoró
veio a conhecer a radiofonia através das ideias inovadoras do padre Luís da
Mota, então Prefeito da cidade, que inaugurou em 04 de julho de 1938 a
Amplificadora Mossoroense.
A
Amplificadora foi instalada na Rua 30 de Setembro, no trecho que faz parte da
atual Praça Vigário Antônio Joaquim Rodrigues, num pequeno sobrado que era a
extensão do sobrado principal de Hemetério Leite, na Rua Dr. Almeida Castro.
Tratava-se de uma emissora de rádio com som aberto. No pequeno sobrado estavam
instalados os equipamentos, os estúdios e a administração da mesma. O som era
gerado por um amplificador de 25 watts e distribuídos por três alto-falantes,
cujas localizações eram: o primeiro em frente ao próprio prédio da
amplificadora, na Praça Vigário Antônio Joaquim, o segundo próximo à Cadeia
Pública, atualmente o Museu Histórico Municipal da cidade, e o terceiro na Rua
Desembargador Dionísio Filgueira com a antiga Rua 13 de Maio.
Uma
curiosidade é que a programação da amplificadora iniciava-se às 18:00 horas e
encerrava-se às 21:00 horas. Músicas, notícias e curiosidades eram diariamente
transmitidas. Nessa hora todos colocavam suas cadeiras nas calçadas para
ouvirem as últimas novidades e se deliciarem com “lindas páginas musicais”. O
slogan anunciado era: “Amplificadora Mossoroense, a Voz da Cidade”.
Apesar
da emissora ser mantida pelos cofres municipais, era possível fazer comerciais
de empresas locais. Segundo o Prefeito, era uma forma de arejar o orçamento do
município.
A
Amplificadora Mossoroense foi testemunha de muitos fatos do cotidiano local, e
alguns tiveram até desdobramentos internacionais. Citamos um: notícia
transmitida em janeiro de 1942, quando Getúlio Vargas, (1882-1954), então
Presidente da República, logo após a III Reunião de Consulta dos Ministros das
Relações Exteriores das Repúblicas Americanas, declarou o rompimento de
relações diplomáticas do Brasil com os países do Eixo – Alemanha, Itália e
Japão, isto significou a entrada do Brasil na II Guerra Mundial, oficializada
pelo Decreto nº. 10.358, de 31/08/1942.
Raimundo
Soares de Brito em seu livro “Páginas Arrancadas – Memória”, registrou que “nas
noites em que não havia a retreta do Mestre Artur Paraguai na Praça Vigário
Antonio Joaquim, a Amplificadora Municipal, pelas vozes de Jim Borralho
Boavista, Genildo Miranda, José Leite e outros, faziam a alegria do ambiente
com programações de músicas variadas.”
Através
Amplificadora do Padre Mota, como era conhecida, Mossoró entrou na onda da
radiodifusão, trazendo informações e alegria a terra de Santa Luzia do Mossoró.
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