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segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

LAMPIÃO, LAPIAL E O GAGO

Por Clerisvaldo B. Chagas, 30 de dezembro de 2013 - Crônica Nº 1114 (Inédito)

O assassino, bandido, gênio militar, Lampião, gostava de cortar caminho por Alagoas. O costume era entrar pela região serrana do estado ─ Mata Grande e Água Branca ─ e depois seguir por um dos dois roteiros: descia em direção ao rio São Francisco e dali subia para Pernambuco, entre Cacimbinhas e Palmeira dos Índios ou descia dos dois municípios primeiros e tirava direto. Quer dizer, marchava pelo raso de caatinga que correspondia a Inhapi, Carié, Olho d’Água do Chicão (atual Ouro Branco), até Águas Belas e região do Pau Ferro (hoje Itaíba). Naqueles lugares tinha protetores de peso como os coronéis Audálio e Gerson Maranhão.

 

A três léguas do Pau Ferro, no sítio Saco, morava o senhor João Leite de Carvalho e sua esposa Maria Leite de Carvalho. Quando precisava, o senhor João ajudava no trabalho da fazenda Angico Torto, de Gerson Maranhão. 

Quando Virgolino se separava da companheira, Maria Bonita acoitava-se na casa do senhor João Leite, onde nunca lhe faltou nada. Mas Lampião não conhecia João Leite que por ser gago e tato, também era conhecido como João Gago. 

Certa feita João foi ao mato extrair varas para fazer uma casinha de taipa. Durante o seu trabalho foi cercado por um grupo de Virgolino Ferreira, comandado por ele mesmo. O chefe prendeu imediatamente o agricultor e começou a interrogá-lo. Gago e tato e ainda mais, nervoso, o senhor João com sua fala emperrada, distorcida e incompreensível, irritava Lampião que pensava que o homem estava espionando a área para levar informações às volantes. Então, o bandoleiro começou a bater no agricultor, aplicando-lhe tremenda surra com a folha do punhal. O gago durante o aperreio gritava que “parasse com aquilo, Lapial!”. Quanto mais implorava, mas Lampião batia. 

Maria Bonita que estava na casa do agricultor, ouviu os gritos, justamente com as outras pessoas, quando dona Maria Leite disse correndo em direção à mata: “Aquilo é João e eu vou lá”. Quando Maria Bonita riscou em cima da bagaceira, berrou para o amante que não batesse no homem que a vítima era o dono da casa onde ela costumava se hospedar. Lampião ficou atônito, guardou o punhal e ele mesmo disse: “Pois ele escapou por um triz, já ia sangrá-lo”.

João Gago viveu muito tempo ainda e, dentro do seu conformismo, continuou agora servindo aos dois, Maria Bonita e Lampião.

O neto do senhor João Leite, Lourival Carvalho, contou o episódio, mas não soube dizer se depois das lapadas de punhal o gago conseguiu o milagre de ficar bom da língua. 

* IMPRESSÃO EM LIVRO SÓ COM AUTORIZAÇÃO DO AUTOR. DIREITOS AUTORAIS.

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Lampião e outras histórias - Os coronéis do sertão


Por Doizinho Quental


Os coronéis do sertão foram figuras lendárias de título adquiridos através do peso do ouro. Homens rudes, de pouquíssimas instruções, contudo, tinham força política e administravam os seus bens  com austeridade.
             
Viviam em casas de fazenda rodeados de “cabras,” que lhe garantiam o poderio, ministrados com autoridade e arrogância. Estes homens, a quem ele garantia a vida de qualquer forma, eram considerados fiéis a toda prova, mostrando, em determinadas ocasiões, que dariam a vida para salvar o coronel. Por esta e outras razões, estes “cabras” não demoravam nas cadeias, sendo libertos imediatamente por ordem expressa do todo poderoso. E tinha mais, nenhum delegado ou juiz era nomeado sem a sua permissão.
            
Foram grandes latifundiários, proprietários de muitas terras devolutas, onde nada se realizava sem o seu consentimento. Ricos, a eles pertenciam as melhores fazendas. Comerciavam de diversas e múltiplas formas. Possuíam engenhos de rapadura, pequenas indústrias de beneficiar algodão e casas comerciais.

O rico senhor, geralmente descendente de Português, foi respeitado por todos. Para qualquer festa de batizado ou de casamento que acontecesse, ele tinha de ser o primeiro convidado de honra. Se isto não acontecesse, os organizadores das festas ficavam sob sua mira, uma vez que ele considerava desfeita. Esta força social e econômica constituía herança do tempo do Brasil colonial.
 
As questões eram solucionadas  simplesmente através do bacamarte ou do rifle “cruzeta”, como escreveu Antônio Bezerra: “ Os homens mais influentes pela posição e pelo dinheiro percorriam, com bandos armados, da serra ao vale e do vale à serra, decidindo de tudo e sobre tudo a lógica do bacamarte.”

Afoitos e mandões, não respeitavam nem delegado nem juiz. Naquele tempo valia mais o direito da força do que a força do direito.

Nenhum empregado seu se dava o luxo de esquentar o banco dos réus. A sentença vinha da sua própria boca: “cabra meu num esquenta cadeia!”

A prepotência era uma marca registrada dos coronéis do sertão.

Conta-nos Aglae Lima de Oliveira em seu livro “Lampião, cangaço e Nordeste”, edição de 1970, o seguinte fato, para demonstrar o poderio  deles.

As empregadas tremiam de medo ao abordar as senhoras dos coronéis.

Certa feita, uma senhora de engenho empregou uma mocinha para os serviços caseiros. A sua primeira recomendação foi a seguinte: 

- A partir de agora tudo que você for  chamar aqui nesta casa tem o nome de senhora ou dama, ouviu?

- Inhora sim!
             
No outro dia o gato da casa defecou na sala de visitas. A garotinha procurou a vassoura por todos os lugares, andando de um lado para outro fazendo barulho, sem, contudo encontrá-la. A dona da casa incomodada com tanto barulho pergunta:

- Ama? 

- Inhora.

- Que procuras tanto, andando de lá para cá?

- Inhora, eu procuro a dona vassoura, pra mode varrer a dona merda, qui a dona gata, cagou na dona casa!


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Um livro para ler e guardar – Casa Grande e Senzala

Publicado em 25/12/2013 por Rostand Medeiros
 

Este é um daqueles livros que são imprescindíveis para o conhecimento da história deste país. É daqueles para ler e guardar.

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O livro Casa Grande e Senzala, de Gilberto Freyre, trata de abordagens inovadoras de vida familiar, dos costumes públicos e privados, das mentalidades e das inter-relações étnicas e revela mum painel envolvente e deliciosamente instigante da formação brasileira no período colonial.

O livro foi relançado em 2003 (o original foi publicado em 1933) e conta com 736 páginas.

Ao ler, você vai conferir

* Da arquitetura real e imaginária da casa-grande e dos fluxos e refluxos do cotidiano da família patriarcal, emergiram traços da convivência feita de intimidade e dominação entre senhores e escravos e entre brancos, pretos e índios que marcaram para sempre a sociedade brasileira.

* Valorizando o papel do negro na história brasileira, exaltando a miscigenação racial, desmistificando preconceitos e reconhecendo a originalidade de nossa cultura, tipicamente tropical, o livro caiu como um meteoro nos meios intelectuais.

* O autor tenta desmistificar a noção de determinação racial na formação de um povo e, com isso, refuta a ideia de que no Brasil se teria uma raça inferior, dada a miscigenação que aqui se estabeleceu.

* A linguagem do autor tinha uma irreverência desconhecida nas letras brasileiras, por vezes um tom de gozação, que chegou a provocar protestos de algumas correntes mais conservadoras.

* Para compor a obra, foram utilizados diários esquecidos, receitas de bolos e doces, análise de práticas cotidianas como o cafuné e a retirada de bichos-do-pé, nas quais se revelavam um exacerbado sensualismo.

* Setenta anos e muitas edições depois, o livro continua repercutindo. Menos por sua consagração como uma das obras fundamentais do pensamento brasileiro e mais porque o livro, como queira o autor, mantém-se vivo e contemporâneo.

Fonte - https://www.facebook.com/historiadigital

Extraído do blog Tok de História do historiógrafo Rostand Medeiros

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Este Maravilhoso Conselho ; Feliz 2014 !



Por: Manoel Severo
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Manoel Severo curador do Cariri Cangaço

Ao longo de minha vida trilhei inúmeros caminhos; trilhas fáceis e algumas extremamente árduas aprendi muitas vezes e a muito custo que não nos bastam apenas a boa vontade e as boas intensões. Na verdade a vida acabou me ensinando que é necessário o caminhar, o agir, a atitude, e dai transformar verdadeiros sonhos em realidade, fica fácil. Ah Vida! Essa tal de vida... Essa verdadeira universidade cheia de tantas lições, engrandecedoras, desconcertantes, magnânimas! A ela me entrego com todas as minhas forcas, com uma paixão e um entusiasmo que muitas vezes me assusta, me toma de assalto. Ah vida! Quanta coisa boa, quanta Gratidão.

Lições, e quantas lições, e ai aprendi que nada se constrói só e que a verdadeira harmonia se consolida na união equilibrada e respeitosa de elementos opostos, numa teia de talentos e força, muita força e ai... Nasceu o Cariri Cangaço. Todo o corpo possui cabeça, tronco, membros... E cérebro. Todo o movimento nasce a partir do sincronismo perfeito entre todos esses componentes, e tudo acaba acontecendo, ganhando vida, mas... o que seria dos movimentos se não fosse a vibração de seu grande mentor, o cérebro? 

 Alcino Alves Costa, o patrono do `cérebro` 

Em nosso caso temos um espetacular cérebro, tão cheio de talentosos e valorosos neurônios, que fica difícil acreditar que conseguimos reunir dentro dessa humilde caixa craniana... A esse cérebro chamamos de Conselho...  E a esse Conselho estabelecemos uma Missão e a ele demos um Patrono: Alcino Alves Costa, e na tarde do ultimo dia 21 de setembro de 2013, na cidade de Barbalha, uma das anfitriãs do Cariri Cangaço realizamos a posse de seus ilustres membros.

Parece ter sido a toa a escolha da cidade de Barbalha, mas como poderia ter sido? Ali, na terra dos verdes canaviais está o primeiro, aquele a quem buscamos no primeiro de todos os momentos para irrigar todo esse cérebro, todo esse sonho, seu nome: Napoleão Tavares Neves.

Napoleão Tavares Neves

E assim o Conselho Consultivo Cariri Cangaço Alcino Alves Costa, assume novamente o desafio de pensarmos juntos os próximos passos de nosso sonho, 2014, 2015... 2016. De seu berço o Ceará, tomamos emprestado na capital, Ângelo Osmiro e Aderbal Nogueira, lá do centro roubamos uma menina valente pra peste: Juliana Ischiara, descemos para nosso amado cariri e chegamos a Crato com Pedro Luiz Camelo, de Aurora veio o determinado José Cicero, do Barro, o sensacional Sousa Neto, do portal Missão Velha , reverendíssimo padre Bosco Andre, da terra de Fidera, mais uma mulher arretada, Cristina Couto que unidos ao Mestre Napoleão Tavares Neves formam a seleção alencarina do Conselho.

Teresina nos permitiu o talento de Leandro Cardoso que abriu alas para outra seleção: a potiguar, com os nomes de peso de Honório de Medeiros, Paulo Gastão, Kydelmir Dantas, Ivanildo Silveira e Múcio Procópio, haja folego!!! A Paraíba nos presenteou com Narciso Dias e os incansáveis Wescley Rodrigues, verdadeira revelação  e o professor Pereira, Mestre dos mestres em matéria de literatura do sertão!

 

A terra de Virgulino nos trouxe os Pernambucanos; o volante Geraldo Ferraz e o homem das sete colinas, Antonio Vilela, além da doce Ana Lucia Granja. Cruzando o Velho Chico a trilogia final nordestina com os Sergipanos, Kiko Monteiro o fantástico Lampião Aceso 

Archimedes Marques, Alcino e Elaine

e Archimedes Marques, o alagoano da bela Piranhas, Jairo Luiz e o baiano valente que só a gota, João de Sousa Lima... 


Eita !!!! 25 conselheiros? ou seriam 25 mil? Certamente a ordem dos fatores não altera o resultado, o fato e que esses homens e mulheres se juntam não apenas em torno de um evento, de um projeto, mas em torno de um sentimento, o sentimento de profundo amor as coisas do sertão, do nordeste, amor esse que nasce do fundo de nossa alma, por isso chegamos ate aqui.

Parabéns Nação Cariri Cangaço e abraçando a esses queridos irmãos do Conselho, abraçamos a todos que fazem parte desta grande família espalhada por todo o Brasil; 
Feliz 2014 e que venham 2015,2016,2017...

Manoel Severo - Curador do Cariri Cangaço
Fortaleza, Ceará
Incorrigível Sonhador

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