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segunda-feira, 16 de abril de 2012

A GRANDE VAQUEJADA DE NOVA CRUZ NAS COMEMORAÇÕES DO CENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA

Autor: Rostand Medeiros
Photo

A GRANDE VAQUEJADA DE NOVA CRUZ NAS COMEMORAÇÕES DO CENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA
Foto – Alex Gurgel
Você imaginaria que atualmente alguém conseguiria realizar uma vaquejada defronte à Igreja Matriz da cidade de Nova Cruz?
Mas já aconteceu.
A corrida de bois em Nova Cruz em 1922
Nas fotos que apresento é possível visualizar que no dia 7 de setembro de 1922, a cidade potiguar de Nova Cruz comemorou o centenário da independência do Brasilcom uma tradicional “pega de boi”, que hoje convencionamos chamar de vaquejada.
Este material foi publicado na clássica revista “O Malho”, do Rio de Janeiro, na edição de número 1.061, de 23 de janeiro de 1923, quatro meses depois da festa.
E corre a vaqueirama...
E tudo ocorreu em pleno centro da cidade, defronte a Igreja Matriz da Imaculada Conceição, na rua que já naquele tempo era chamada Pedro Velho.
Carro na Rua 13 de maio
Nesta foto é possível ver um antigo veículo entrando na cidade em rua que a revista denomina como 13 de maio e que se apresentava embandeirada.
Já em outra foto estão os vaqueiros montados em seus alazões e todos colocados lado a lado. A revista chamou pomposamente a vaqueirama de “Guarda de Honra”.
Vaqueiros perfilados
Provavelmente este material fo0tográfico foi enviada para o Rio por algum filho da terra que morava, ou estudava, na então capital do país.
Para os cariocas de “O Malho”, ao invés de terem colocado a referência como “Pega de Boi”, ou ”Corrida de Bois”, preferiram “Corrida de Touros”, em um termo que evoca as famosas touradas espanholas. Eu fico imaginando se alguém da redação achou que o povo de Nova Cruz era descendente de pessoas vinda daquele país da península Ibérica?
Foto conseguida do alto da torre da igreja, mostra a corrida de bois
No material de “O Malho”, temos uma foto que mostra uma cruz, ou cruzeiro, como chama o sertanejo, em meio a uma verdadeira multidão. A revista informa que a cruz era um monumento que estava sendo inaugurado devido às comemorações do centenário da independência.
Esta seria a inauguração do cruzeiro em comemoração ao centenário da independência do Brasil. Será?
Mas, segundo o material existente no site da prefeitura de Nova Cruz, informa que no início do século XVII quando surgiu um núcleo populacional às margens do Rio Curimataú, resultado da instalação de uma hospedaria pertencente aos primeiros moradores que ali chegaram.
A hospedaria destinava-se ao descanso dos boiadeiros quando passavam pela região com seus rebanhos. Com o crescimento da povoação esta foi chamada de Urtigal. Logo depois seu nome foi mudado para Anta Esfolada, em virtude de uma tradição que era narrada na localidade. Diziam que existia no território uma anta com espírito maligno, então um astuto caçador conseguiu prender o animal numa armadilha. Na ânsia de tirar o feitiço da anta, o caçador partiu para esfolar o animal vivo. Mas  logo no primeiro talho a anta conseguiu escapar, deixando para trás sua pele e penetrando mata adentro, tornando-se o terror daquelas paragens e o povo passou a denominar o arruado como Anta Esfolada.
Assim continuou até que um missionário, provavelmente percebendo que aquela história em nada ajudava aquele povo, fez uma cruz e a fincou no ponto mais alto da vereda por onde supostamente o animal costumava passar. Como este não apareceu novamente o povoado foi denominado definitivamente de Nova Cruz, e no dia 15 de março de 1852, pela Lei Provincial n° 245, foi criado o município de Nova Cruz.
A Matriz de Nova Cruz em reforma, ou ampliação em 1922
Seria aquela cruz existente na foto uma inauguração, ou uma “reinauguração” da antiga cruz ali fincada pelo padre para espantar o malassombro?
Não sei, mas é um interessante material sobre o nosso Rio Grande do Norte, publicado em uma revista de circulação nacional.
Infelizmente as fotos estão realmente em baixa resolução e foi que recebi, e assim vou passando.
Todos os direitos reservados
É permitida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, desde que citada a fonte e o autor.
Extraído do blog: "Tok de História",
 do historiografo Rostand Medeiros

DE VOLTA AO PASSADO DO HOMEM PÚBLICO ANTÔNIO PIANCÓ SOBRINHO

 
O QUE SOMOS SEM PASSADO?
Hoje me dei conta que a última postagem do " ANTÔNIO PIANCÓ O HOMEM PÚBLICO", data de 20 de novembro de 2010, ao acessar, reacendeu em mim o desejo de continuar registrando essa história, devidamente documentada, sobre a trajetória de um homem que tanto quis o bem de sua terra natal.
Devo pedir desculpas a algumas pessoas para as quais, inadivertidamente,  direcionei a recente postagem, pois infelizmente esqueci que elas tinham seus e-mails cadastrados por mim, no campo "enviar essa postagem".
Portanto peço desculpas e espero que desconsiderem o envio, não foi minha intenção desrespeitar os seus direitos de não desejarem mais, como o fizeram em tempos passados, conhecer a história de um dos homens que fizeram parte da história da minha terra de forma tão intensa e positiva (não tenho dúvidas, sem falsa modéstia).
Enfim, agradecendo aos amigos que quiserem acompanhar a trajetória política de Antônio Piancó Sobrinho (in memoriam), indico o link abaixo:
Extraído do blog: Raízes, de Lusa Vilar

Christiano Câmara de corpo e alma - Parte I

 
Cariri Cangaço
 

Um presente do Cariri Cangaço - GECC

Hoje temos a satisfação de trazer no "post" abaixo, a toda família Cariri Cangaço - GECC , a primeira parte da extraordinária Conferência com o musicólogo cearense Christiano Câmara, no último encontro do Cariri Cangaço-GECC no espaço Raquel de Queiroz da Saraiva Mega Store do Shopping Iguatemi, com eletrizante e supreendente tema:
"A História na Música".
É acompanhar e aplaudir.

Imagens da FGF Tv
Jonas Luis da Siva de Icapuí
Enviado por: ADERBAL NOGUEIRA

Benjamin Abrahão Botto

 
Benjamin Abrahão Botto nasceu no ano de 1890, em Zahlé, Líbano e foi assassinado durante o Estado Novo, no dia 10 de maio de 1938, em  Serra Talhada. Como fotógrafo, foi  responsável pelo registro iconográfico do cangaço e de seu maior líder, Virgulino Ferreira da Silva – o Lampião.
 Migrou para o Brasil em 1915, a fim de fugir à convocação obrigatória pelo Império Otomano de lutar durante a Primeira Guerra Mundial, Foi comerciante (mascate) de tecidos e miudezas, além de produtos típicos nordestinos.
Deu início ao comércio, primeiro em Recife, depois foi para Juazeiro do Norte, levando consigo,  dois burros, ambos de nomes:  Assanhado e Buril, e além destes, um cavalo nomeado  Sultão. Sua decisão de negociar em Juazeiro, foi pela grande freqüência de romeiros que lá visitavam o Padre Cícero, que era o maior religioso na época.
No Juazeiro, Abrahão cegou a ser  secretário do Padre Cícero, e conheceu o cangaceiro Lampião em 1926, quando este foi até a cidade religiosa, a fim de receber a bênção do célebre vigário e a patente de capitão, para auxiliar na perseguição da Coluna Prestes. Uma vez que não se encontrou com Lampião em 1924, quando de outra de sua visita à cidade, apesar de lá se encontrar.
A nomeação fora feita, a mando do padre, pelo funcionário federal Pedro de Albuquerque Uchoa, segundo uma autorização dada ao deputado Floro Bartolomeu pelo próprio presidente Artur Bernardes - ordem que em nada adiantou, pois não foi respeitada nos demais Estados, resultando que Lampião e seu bando jamais efetuaram perseguição a Prestes. Em 1929 Abrahão fotografou o líder cangaceiro ao lado do padre.
Após a morte de Padre Cícero, Abrahão solicitou e obteve do "Rei do Cangaço" a permissão para acompanhar o bando na caatinga e realizar as imagens que o imortalizaram.
Para tanto teve a parceria do cearense Ademar Bezerra de Albuquerque, dono da ABAFILM que, além de emprestar os equipamentos, ensinou o fotógrafo seu uso. Por ao menos duas ocasiões esteve junto ao bando de Lampião, realizando seu mister.
Abrahão teve seus trabalhos apreendidos pela ditadura de Getúlio Vargas, que nele viu um antagonista do regime. Guardada pela família de libaneses Elihimas, em Pernambuco, a película foi analisada pelo Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), um órgão de censura.
Morreu esfaqueado (quarenta e duas facadas, sem que o crime jamais viesse a ser esclarecido, tanto na autoria como na motivação, donde se especula ter sido mais uma das mortes arquitetadas pelo sistema, como outras ocorridas em situação análoga, a exemplo de Horácio de Matos (embora exista a versão de que o fotógrafo sírio-libanês teria sido alvo de roubo, por algum ladrão, apesar de com este nada de valor haver.
Parte do todo extraído:

Novo Livro na praça

 
Iconografia do Cangaço de Ricardo Albuquerque

 
Com as notícias, que se produziam ora enaltecendo os feitos de bravura, ora narrando enfaticamente a crueldade dos crimes dos cangaceiros, as personagens dessa história foram se encorpando no imaginário do povo. Daí para as canções populares, os cordéis e as lendas sertanejas foi um pulo.

Reunir essas fotografias com qualidade gráfica e sistematização é produzir, além de um documento para a posteridade, uma nova chance de avaliar a importância histórica desse movimento. As fotografias, sobretudo as de Benjamin Abrahão, revelam detalhes das vestimentas, pormenores do cotidiano, costumes e hábitos disso que se convencionou chamar de estética do cangaço. Da riqueza estética ao interesse histórico, este livro propõe uma reflexão sobre o papel da iconografia para a criação de mitos populares, e como, a partir dela, o povo opera seu próprio imaginário de construção de um mito.

Por fim, um brinde ao leitor: o DVD que acompanha o livro traz imagens em movimento produzidas por Benjamin Abrahão, agora numa nova montagem feita por Ricardo Albuquerque, que privilegia as cenas tematicamente e foge à caricatura impressa ao filme Lampião: o rei do cangaço, que reuniu em 1955 as imagens censuradas no final da década de 1930. Além de uma nova montagem, esta nova edição traz também aproximadamente 5 minutos a mais, recuperados, em 2002, pela Cinemateca Brasileira.

Organizador Ricardo Albuquerque - Páginas 216 - Projeto gráfico Delfin – Studio DelRey - Formato 23 x 25 cm - Acabamento Capa dura - Patrocínio Banco Volkswagen - Apoio Ministério da Cultura - R$120,00

Fonte:
Terceiro nome

Adquiri no Lampião Aceso
http://lampiaoaceso.blogspot.com.br/2012/04/novo-livro-na-praca_16.html
A história do cangaço brasileiro ganhou o imaginário popular como poucos outros casos de revoltas populares na História do
Brasil. Lampião, o grande responsável por tirar o movimento do sertão profundo e levá-lo para os jornais das grandes cidades, soube valer-se dessa grande invenção que se popularizou no início do século XX: a fotografia.

Através dos registros fotográficos, feitos, num primeiro momento, por fotógrafos ocasionais espalhados pelo sertão e, depois, pelo libanês Benjamin Abrahão – autor da série mais significativa dessas imagens –, o cangaço ganhou as páginas dos jornais e a imaginação popular.

Morre a mulher mais velha do RN

 
Há exato um mês de completar 113 anos de idade, a mulher mais velha do RN perdeu a briga com o tempo e faleceu na manhã do Domingo (15/04) na comunidade Cachoeira, há 3 km do centro da cidade de Currais Novos.
Trata-se da Senhora MARIA ALEXANDRINA, considerada a mulher mais velha do Rio Grande do Norte e uma das mais velhas do Brasil.
Nascida no dia 15 de Maio 1899, a idosa era mãe de 22 filhos, aos quais conhecia e chamava a todos pelo nome. O filho mais velho de Dona Alexandrina, Sr. José Alexandrino, é vivo, mora em Rio Verde, interior de Goiás, e está com 96 anos. Já sua filha mais nova tem 68 anos de idade.
Não se tem a quantidade exata de netos, mas, calcula-se que tenha em torno dos 180, já bisnetos podem ser 50 e 20 tataranetos. A família acredita que Dona Alexandrina seja ainda mais velha, visto que segundo uma das filhas, sua mãe foi registrada quando já tinha 05 anos. Caso essa informação seja concretizada, Dona Alexandrina poderia ter sido a mulher mais velha do Brasil.
Tendo sido lavadeira de roupas de famílias importantes do município, onde trabalhou por vários anos na casa do Desembargador Tomaz Salustino, ela contava que foi o saudoso senador potiguar Agenor Nunes de Maria quem a recompensou com uma pequena aposentaria.
Em conversa com este blogueiro há cerca de um ano atrás, Dona Alexandrina confirmou que conheceu o cangaceiro Lampião na época em que morou no brejo paraibano.
Ainda no município de Currais Novos, reside outra senhora de quase 113. Francisca Tereza da Conceição (Dona Chiquinha) completará 113 anos no próximo dia 16 de julho.

FONTE CONSULTADA: http://blogdoedmilsonsousa.blogspot.com.br/
Adquii no blog do Neto

4 de janeiro de 1927, no “Diario de Noticias”

Por: Rubens Antonio
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4 de janeiro de 1927, no “Diario de Noticias”:
Não se dá treguas a Lampeão!...

A policia pernambucana fe–lo penetrar o Ceará – A perseguição continúa – A policia cearense vae entrar em acção

RECIFE, 3 – Argos – Graças á campanha iniciada, directamente, pelo actual governo, e orientada pelo dr. chefe de policia, os nossos sertões já se encontram livres co terrivel grupo de Lampeão, que tanto males tem causado á pacata população sertaneja.
Assumindo a chefia da Segurança Publica, o sr. chefe de Policia logo fez remetter para toda a região frequentemente assaltada por bandoleiros numerosa força, com ordens terminantes de dar–lhes combate sem treguas. Lampeão e seu grupo, a principio, offereceram forte resistencia, mas, finalmente, foram cedendo aos poucos, devido á violencia do ataque, deixando sem vida, no campo de luta, dois seus mais dedicados elementos
– Antonio Ferreira, irmão de Lampeão, e Manoel Marcellino, vulgo “Bom, devéras”.
Rechassados em frequentes ataques, demandaram os bandidos ás fronteiras do Ceará, sempre perseguidos pela policia pernambucana, sob o comando do major Theophanes Torres. Dahi seguiram para a Serra do Matto, onde actualmente estão, achando–se de caminho para Joazeiro. A nossa policia, de accordo com o estabelecido no convennio, penetrou o territorio cearense, a fim de não perder o rastro de Lampeão.
Segundo fomos informados, a policia cearense teve tambem ordem de ir ao encontro dos bandidos que, é bem possivel, muito breve estarão cercados por seus perseguidores.
Hontem, chegaram de villa Bella, presos e devidamente escoltados, quatro fazendeiros alli residentes, tidos como agenciadores e protectores de Lampeão.
Podemos adeantar foram elles recolhidos á Penitenciaria, e estão sendo ouvidos pelo chefe de policia, em declarado interrogatorio.

O padre Cicero solidario com o goveno de Pernambuco

O “Jornal Pequeno” diz: – Soubemos, de segura fonte, que o padre Cicero, a pessoa de maior influencia politica nos sertões cearenses, acaba de hypothecar seu inteiro apoio ao governo de Pernambuco, na campanha em que está empenhado contra os bandoleiros.
Folgamos em registrar essa nova, pois a nossa policia estava agindo sem nenhum auxilio, e já agora, tem a valiosa cooperação da policia cearense, bem como a de numerosos amigos daquelle influente politico nortista, tornando–se, assim, menos espinhosa a sua tarefa.
Enviado pelo professor e pesquisador do cangaço:
Rubens Antonio

MEMÓRIA CATIVA (Crônica)

Por: Rangel Alves da Costa*
Rangel Alves da Costa

MEMÓRIA CATIVA

Há muito que deixei de pensar muito. Melhor assim. De uns tempos pra cá se tornou absolutamente indesejável relembrar o passado recente.
Tornei-me, forçadamente, de memória cativa. Transformei-me num cativo, seduzido, escravizado em conservar no memorial da minha mente apenas aquilo que realmente mereça ser recordado.
Não sei mais se vale a pena abrir um jornal de ontem, de anteontem, de um mês atrás. As notícias ruins não envelhecem, não apagam com o tempo seus vestígios de dor e de sofrimento. Tudo parece apenas somado ou multiplicado ao que se tem hoje.
Sim, haveriam de dizer do grito lancinante nos tempos idos, lá nas outras distâncias. Lembrariam do sangue escravo jorrando, dos inocentes mortos nas guerras dos outros, das cabeças que rolaram por causa de ideologias libertárias.
Sim, dor e sofrimento também, mas nada parecido com a violência gratuita que se tem hoje, com as banalidades brutais do dia a dia, com a plena e total desumanização do ser humano. O ser como algo a se merecer.
Por isso me nego, não quero, não admito lembrar dessa cruel construção humana que mais tarde dirão que é história. O que se faz hoje e se fez num passado recente são aqueles pesadelos dos dias que não merecem ser relembrados novamente.
Os livros novos, de lavra recente, pouco têm a dizer sobre conquistas efetivamente boas para os seres humanos. Páginas e mais páginas falam em crises, em períodos difíceis, em eventos que desonram vergonhosamente o novo homem.
O novo homem da tecnologia, do ilimitado conhecimento, do hardware e do software, ainda assim não conseguia vencer as barreiras do ódio, do terror, da covardia. Neste aspecto, a informação só é capaz de dar vazão mais rápida à desumanidade.
Sou diferente, não quero pensar assim, não quero ter tanta informação desse jeito comigo. Prefiro a notícia do vento, do passo do tempo ido, do saudosismo, da relembrança que se encanta com as simplicidades de um dia.
Escravizo minha memória como carta boa que se guarda num baú. Cativo minha memória como louça valiosa em cristaleira de madeira nobre. Escravizo minha memória como carta do amado adormecida no seio da amante. Deixo minha memória aprisionada igual a bilhete guardado na garrafa que vai sendo levada pelas águas eternamente.
Prefiro viver atrelado ao ontem antigo de minha infância, minhas molequices interioranas, minha nudez festiva correndo embaixo da chuvarada, meu cavalo de pau e meu boi misterioso escondido na mata enluarada.
Prefiro lembrar minha calça curta, minha roupinha de suspensório, meu cabelo brilhoso forjado na brilhantina, o passeio no parque, o olhar caminhando atrás da menina bonita de vestidinho florido de chita. Lembro ainda da goiaba roubada nos quintais da vizinhança, do puxão de orelha pela vidraça quebrada.
Minha namorada, minha bela namorada, que doce recordação. Mas qual delas não sei dizer, pois sempre fui namorador demais ainda que elas não soubessem do meu desejo criança. Apenas adolescentes, caminhávamos por estradas que se tornaram diferentes caminhos.
Meu lugar, uma povoação pequenina, mas que encanto de berço. Descalço pelas ruas descalças, em busca do sol pertinho de mim e da lua imensa e bela que ali tinha mais cor. Um dia roubaram minha matutice e me entortaram pelos caminhos da cidade grande. Prefiro o sol quente lá em cima do que esse asfalto queimando embaixo.
Prefiro lembrar do cachimbo e do chapéu do meu avô, vê-lo jogando sinuca ou fazendo medição de terras sem saber ler ou escrever; prefiro lembrar da pequena mercearia, bodeguinha mesmo do meu outro avô. Do oratório de uma avó e da religiosidade fervorosa de minha outra avó.
Prefiro até chorar assim, pois escravo consciente de uma memória cativa que diz do quanto valeu e apena ter vivido.


Poeta e cronista
e-mail: rac3478@hotmail.com
blograngel-sertao.blogspot.com 

Sobre cristais (Poesia)

Por: Rangel Alves da Costa


 Sobre cristais 




Olhos de água límpida
brilho de quartzo azulado
solar fragmento vítreo
sublimazia de leve pureza
cristais que se derramam
num corpo tão forte
e tão frágil pela beleza
infinita superior beleza
numa nascente corporal
veio de água cristalina
doce pedra turmalina
mulher em estado brilho
no toque apenas menina

da rocha bruta que sou
do ferro que ainda restou
não posso ter mágoas
ciúme ou inveja de nada
pois quando imaginam
ter apenas a pedra de sal
deito e adormeço amando
um resplandecente cristal
corpo virgem e perfumado
mulher de paz espiritual.


Poeta e cronista
e-mail: rac3478@hotmail.com
blograngel-sertao.blogspot.com