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sábado, 30 de março de 2013

FALECEU O COMANDANTE MEIRA

Por: Rostand Medeiros
José Rabelo Meira de Vasconcelos – 27/09/1922 – 30/03/2013

Lamentamos informar que  faleceu José Rebelo Meira de Vasconcelos, veterano piloto de caça da Força Aérea Brasileira durante a Segunda Guerra Mundial. O Comandante Meira participou de 93 missões de combate nos céus da Itália.

Tive oportunidade de apertar sua mão e conversar um pouco com ele alguns anos atrás aqui em Natal. Pessoa séria, mas altamente acessível, simples, de ótimo trato e que em nenhum momento se mostrava com algum arroubo de heroísmo.

Em Natal-RN no ano de 2008

Ao lhe comentar que gostaria de escrever sobre a vida de um ex-combatente na época da guerra, elogiou a iniciativa e disse-me uma coisa que não esqueci; “Que as memórias da guerra jamais deveriam ser esquecidas, para que não se repetissem. Mas que jamais deveria ser enaltecido para tornar alguém um herói”.

Conheci alguns pracinhas da FEB que também traziam na mente o mesmo pensamento.

Quando conheci o veterano norte-americano Emil Anthony Petr, que foi navegador de radar de um bombardeiro B-24 da USAAF, que tinha a sua base na Itália, completou 39 missões de combate pela 15ª Air Force e passou oito meses prisioneiros dos nazistas, a primeira coisa que ele me pediu foi que nunca o tratasse como um herói, pois isso ele não havia sido de forma alguma. Deste encontro nasceu o nosso livro intitulado “Eu Não Sou Herói-A Biografia de Emil Petr”, lançado ano passado.

Percebi que as pessoas que participaram e vivenciaram o maio conflito da história da humanidade, conforme a idade avança, possuem o desejo que aqueles fatos sejam conhecidos, para que eles não se repitam. Mas não desejam de forma alguma serem tratados como heróis.

Reproduzo matéria do jornal O Estado de São Paulo, publicada em 25 de agosto de 2012, onde o Comandante Meira comentou sobre a sua experiência durante a Segunda Guerra Mundial.

“Se eles fossem descobertos, seriam fuzilados por alemães” – Depoimento: José Rebelo Meira de Vasconcelos, major brigadeiro da FAB e piloto de caça.

Por que alguém bota sua família em risco por um sujeito que nunca viu na vida? Meu colega foi abatido, saltou em território inimigo e ficou escondido na casa de uma família italiana. Se eles fossem descobertos, seriam fuzilados por alemães. Não consigo entender. Essa pergunta fica até hoje na minha cabeça: por que eles ajudavam? Porque o fascista não perdoava: ia a família inteira. Anos depois, a Franca, que era a jovem que cuidou do meu amigo, veio nos ver no Brasil. Nós éramos todos jovens e voluntários. Todos.

Eu era instrutor de pilotagem da Escola da Aeronáutica quando abriu o voluntariado para o 1.º Grupo de Aviação de Caça. Cumpri 93 missões durante a 2.ª Guerra Mundial. Minha primeira missão foi um passeio. Eu era o número quatro da esquadrilha. Normalmente, o mais novo era o último que mergulhava. Ia sempre atrás do seu líder. É claro que todo mundo sabia que ia levar tiro. Não podia passar pela cabeça de ninguém que você ia para um negócio daqueles (guerra) sem acontecer nada. Mas o tiro a gente não via. Você ouvia o barulho: páááááá. Não dava nenhuma sensação. Naquele momento, sua cabeça estava preocupada com a missão a realizar.

P-47 do Comandante Meira na Itália

Eu me lembro do dia em que fui atingido. Deve ter sido por uma granada de 20 mm. Num determinado momento, o comandante da esquadrilha disse: “See, atenção, vamos fazer um break para a direita de 90°”. O break era uma curva fechada porque estávamos com um campo de vida franca pela frente. Campo de vida franca era um campo de aviação. Era um terror, pois eles eram tremendamente defendidos. Esse break era justamente para sair de lá. Mas me esqueci de que havia uma pista nova nessa base e, quando acabei minha curva, vi na minha frente aquela faixa preta das explosões. Aí eu já levei uma cacetada direto – baaaannnn -, que quase joga o avião no chão. Joguei fora o tanque extra e colei no chão para voar o mais baixo possível e fugir da artilharia antiaérea. O avião (P-47) era um monstro, era uma coisa inacreditável de forte.

Eu voei no último dia da guerra. Tudo já estava praticamente decidido. Sabia-se que ia haver uma parada do alemão. Nesta missão, foram dois pilotos: eu e meu ala. A ordem era fazer reconhecimento armado, como a gente chamava, sem atirar. Só o faríamos se fôssemos alvejados pelo inimigo. Mas, na realidade, quando chegamos estava todo mundo na rua. Todos com lenço, aquela euforia maluca de que a guerra tinha acabado. Milhões de pessoas tinham ido embora, mas o resto estava salvo. Voamos baixo. A gente passava, todos faziam sinal com a mão. Foi como se fosse um 7 de setembro. / M.G. e E.F.

Extraído do blog do historiógrafo e pesquisador do cangaço:
Rostand Medeiros

http://tokdehistoria.wordpress.com/

CANGAÇO E CANGACEIROS: HISTÓRIAS E IMAGENS FOTOGRÁFICAS DO TEMPO DE LAMPIÃO

Por: Marcos Edílson de Araújo Clemente

Este trabalho analisa a relação história e fotografia em seus aspectos teóricos e metodológicos, com enfoque no cangaço da fase de Virgulino Ferreira da Silva (Lampião) entre 1926-38.


Há imagens fotográficas de Lampião e seu bando em pelo menos duas ocasiões: a primeira, em 1926, quando esteve em Juazeiro, Ceará, para encontro com Padre Cícero. 

blog.cancaonova.com

Na segunda ocasião, em 1936, o mascate Benjamim Abrahão Botto filmou Lampião e seu bando no deserto do Raso da Catarina. As fotografias mostram os cangaceiros em cenas da vida cotidiana, em poses de guerra, rezando, lendo. 

Padre Cícero e Benjamim Abraão

Tal aparato fotográfico expõe um conjunto de representações do cangaço. Duas questões são colocadas: qual o lugar da imagem fotográfica enquanto evidência histórica? Quais são os limites e as possibilidades da iconografia fotográfica do cangaço?

http://www.revistafenix.pro.br/vol13MEAClemente.php

http://blogdomendesemendes.blogspot.com