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quinta-feira, 28 de julho de 2022

SBEC - SOCIEDADE BRASILEIRA DE ESTUDOS DO CANGAÇO, PELO PROF. BENEDITO VASCONCELOS MENDES

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JORNAL DE NOTÍCIAS (SE) - 30 DE MARÇO DE 1932 LAMPIÃO, VERDADEIRO GENTLEMAN, É UM GALÃ DE FINAS QUALIDADES

 Como um cronista parisiense vê o terrível bandoleiro galantear, com sentimentalismo, as senhorinhas.

Transcrito por Antônio Corrêa Sobrinho

Léon Treich é um dos mais curiosos cronistas parisienses. Ele é o tipo autêntico do cronista de sucesso, que adultera os fatos e fantasia de tal modo os assuntos, a ponto de afastar-se da verdade dos fatos, só para dar expansão ao seu jornalismo sensacional tão apreciado na França. E, nesse objetivo comete os maiores desatinos que a imprensa pode comportar. Os sertões brasileiros, bem mais civilizados que os da velhíssima África que aterrorizaram o pacatismo Landor (Savage), não podiam escapar à sanha jornalística do mal avisado repórter.

E Lampião, o vulto de maior expressão do Nordeste, foi o homem escolhido para personagem do cronista do Gringoire, onde Léon Treich emprega a sua atividade de “touriste mental”.Mas o jornalista Léon é um bicho! Adultera tudo. A começar pelo nome de Lampião.

Lampião, para o jornalista francês é “Lampeô”. E o nome do bandido não é Virgulino Ferreira e sim Virgulino de Oliveira. Escondendo, porém, o nome e o vulgo do bandoleiro, Léon descobre coisas notáveis. Descobre, por exemplo, que Lampião é um “gentleman na extensão do termo”. Passa, então, a contar o noticiarista francês coisas excepcionais: os traços característicos dos enormes óculos de vidro negro que abrigam seus olhos incendiados e sapolitesse meticuleuse, raffinée. Isso de polidez com Lampião, cujo acervo de assassínios já sobe a 160, só como pilhéria e da boa. Mais adiante, Lampião, para o cronista, comanda vinte “gentils garçons”.

Corisco – “gentil garçom”...

Continua, porém, o jornalista Léon chamando a Lampião “belle Virgulino”. Quase “cheirosa criatura”...
E acentua: “Porque o belo Virgulino é grande amante de mulheres”, prognosticando, em seguida:
E isto é quase certo, será o que o perderá um dia – como já aconteceu a tantos outros”.
Conta ainda o episódio amoroso, salientando as “belas maneiras de Virgulino:

Uma moça apertada em seus braços, ameaçou-o, um dia, meio sincera, meio gracejadora:
- Eu tenho vontade de vender você à polícia. Ele a apertou fortemente contra o peito, prendeu seus lábios e simplesmente:
- Não me vendas. Eu valho mais. Entrega-me simplesmente!”
Outra aventura galante descoberta pelo gênio novelesco de Léon Treich:
Foi no Piauí. Lampião assalta uma pequena casa do comércio local. E uma senhora, a proprietária do estabelecimento:
- O dinheiro – ou eu atiro –, bandidos.
- Nunca! Respondeu a mulher.
O dinheiro – ou eu atiro –, retrucou um outro, metendo-se no diálogo.
- Se o Lampião estivesse aqui, você não falaria assim.
Virgulino tomou a dianteira:
- Eu sou Lampião, senhorinha. Que deseja?
- O Lampião não desampara as mulheres sós, disse a pobre moça, concentrando a sua coragem e tornando-se pálida como cera.

O bandido inclinou-se e descobriu-se:
- É verdade, senhorinha, algumas vezes. Entretanto, quando elas têm a imprudência de não ser bonitas...
E depois de ter beijado a mão da jovem comerciante, ele ordenou aos seus homens que se retirassem”.

Para as nossas sentimentais a figura de Lampião galanteador, beijando a mão das damas fazendeiras suplicando, terno e amoroso: “Entrega-me, simplesmente”, deve assumir proporções imprevistas.

Falta, entretanto, a visão do repórter do Gringoire, o it dos cronistas elegantes e modernos.
Tivesse o jornalista Léon essa visão um pouco mais apurada e descobriria “Lampeô” nas caatingas cearenses ou nos altos sertões baianos, não chefiando, de fuzil em punho, vinte gentils garçons, mas guiando uma luxuosa barata, do mais recente modelo a convidar as incautas e jovens sertanejas para um passeio à praia mais próxima, ou um “aperitivozinho”, às 5 horas nas elegantíssimas restingas por entre os mais lindos e evocativos suspiros e beijos apaixonados e quentes, como na mundaníssima Biarritz, que o jornalista do Gringoire, preocupado com os sertões brasileiros, não teve tempo ainda de conhecer...
(Do Diário da Bahia)

Notas:
1. Gringoire – Jornal francês fundado em 1928 por Horace de Carbuccia. Foi um dos grandes semanários entre as duas grandes guerras mundiais.
2. Léon Joseph Marie Eugene Treich (17 de março de 1889 – 13 de junho de 1974), foi um jornalista, autor e escritor francês.
3. Biarritz (raramente aportuguesada para Biarriz) – é uma comuna francesa da região administrativa da Aquitânia, no departamento dos Pireneus Atlânticos.
4. Walter Savage Landor (30 de janeiro de 1775 - 17 de setembro 1864) – foi um escritor e poeta Inglês.

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LIVRO - LAMPIÃO NO DIÁRIO OFICIAL

 Por Gildeci de Oliveira Leite [*]

Gravuras da capa e contracapa é de Leonardo Alencar.

Virgulino Ferreira da Silva continua a dividir opiniões. Para alguns, Lampião continua sendo nosso Capitão, representante do povo nordestino, contestador de agruras impostas aos sertanejos desta parte de cá. Outros, investem na afirmação de que seria Lampião o assassino sanguinário a promover desordem por onde passou. Diversas narrativas tratam de enaltecer e/ou demonizar a imagem do esposo de Maria Bonita e de seu bando. Por onde o bando de Lampião passava, fazia a terra e homens tremerem, alguns sorriam!

Entendo ser necessária uma abordagem menos tendenciosa, mais despossuída de amores e desamores. Afirmar que Lampião e seu bando eram uns santos aureolados é tão duvidoso, questionável, risível quanto afirmar que, por exemplo, os coronéis e seus bandos possuíam as áureas dos anjos em todas as suas ações. O que quero chamar atenção é para o tendencioso construir de algumas histórias. Ao mesmo tempo em que se criminaliza Lampião, por suas ações bélicas, diz-se que coronéis são heróis por iniciativas do mesmo gênero, recheados ou não de maior potencial sanguinolento, conforme o contar dos próprios julgadores ou chefes de torcidas.

Fico a imaginar, que talvez queiram afirmar serem as lâminas e as armas de fogo de Lampião emprestadas pelo diabo, já as de alguns coronéis seriam abençoadas, representantes de cruzadas sertanejas, ungidas por Cristo. Prefiro olhar o Capitão Virgulino como alguém, que resolveu seguir o caminho das armas, quase como um Robin Hood, ora a enfrentar o estado, ora a cumprir missões desse próprio poder estatal contra desafetos políticos. É razoável o questionamento sobre os porquês da criminalização de Virgulino, esquecendo de adotar ao menos critérios parecidos para interpretar ações coronelísticas? Com isso, não afirmo que este ou aquele coronel é ou foi um criminoso, só peço mais reflexões! Entretanto, resguardo-me e não me arrisco a emitir mais opiniões por ainda não ter adentrado o suficiente na vasta bibliografia sobre estes líderes do sertão.

O jornalista e escritor GILFRANCISCO
O jornalista e escritor GILFRANCISCO

Agora, surge mais uma oportunidade para leituras a respeito de Virgulino Ferreira. O livro “Lampião no Diário Oficial” foi construído graças à teimosia do baiano-sergipano GILFRANCISCO. Desobediente, o pesquisador adentrava o arquivo da imprensa oficial de Sergipe, ao invés de ficar quieto, esperando as horas passarem, conforme orientações de seu chefe. O livro seria publicado desde 2010, quando recebeu do artista plástico Leonardo Alencar a gravura para a capa e contracapa. 

Vindas do Diário Oficial de Sergipe ou de qualquer outro estado, as notícias sobre o cangaceiro são oficiais, nem sempre mentirosas e/ou verdadeiras. 

Vamos às leituras miradas aos diversos lugares de fala. Viva o sertão!
 

Para adquirir:gilfrancisco.santos@gmail.com ou (79) 99115-1758 / 998812-7542

[*] É escritor, sócio do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia e professor da UNEB.

Pesquei em Evidencie-se

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JORNAIS - A PROVÍNCIA, RECIFE, 20/12/1928

 Por Arq. Joaquim P. da Silva.


Ex-cangaceiros presos na Casa de Detenção

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SAINDO DO FORNO!

  Novidades literárias que estarão na ´latada´ do "Cariri Cangaço Piranhas - 2022"


"Lampião e Benjamim Abraão - Uma das mais importantes reportagens fotográficas dos últimos tempos" de Angelo Osmiro Barreto.

 

O historiador, pesquisador e escritor Angelo Osmiro Barreto, nos brinda a todos com mais um importante trabalho literário saído da sua talentosa lavra.

Publicação com o prestigioso selo da Editora Sebo Vermelho, de Natal, RN. Adquira entrando em contato com o autor: (85) 99987-1646

Ângelo Osmiro, entre inúmeras outras atribuições, é presidente do insigne Grupo de Estudos do Cangaço do Ceará - GECC.


"Manoel Neto no rastro de Lampião"de Leonardo Ferraz Gominho.
 

Interessado? Pode enviar mensagem via zap (82) 99949 - 9831R$ 60,00 (incluso correio), pagamento por PIX ou depósito em conta corrente Banco do Brasil ou Caixa Econômica.

 

“Lampião e a aliança de Gonzaga”Novo livro de Valdir Nogueira

No alvorecer do dia 20 de outubro de 1922 a pacata cidade de São José do Belmonte teve a sua paz abalada ante a invasão e um massacre impiedoso, impetrado por um bando de cangaceiros que tinha como objetivo específico dar um fim a vida do industrial e bem sucedido coronel Luiz Gonzaga Gomes Ferraz. Envolvendo as duas tradicionais famílias do lugar, Pereira e Carvalho, esse triste episódio por muito tempo permaneceu velado na cidade, deixou cicatrizes profundas. Até hoje, há quem se emocione ou evite falar sobre o fato que espalhou sangue e dor pelo município.

Assim como outros pesquisadores, desvendando mistérios, Valdir Nogueira, tenta elucidar, através dessa sua nova obra literária, a grande trama que foi o cruel assassinato, daquele que tentou desenvolver São José do Belmonte: Luiz Gonzaga Gomes Ferraz, empresário ousado e empreendedor, um homem que ascendeu socialmente por esforço próprio, e que, infelizmente, teve a sua vida ceifada pelas balas assassinas do famigerado banditismo.

Sobre o novo livro de Valdir comentou o historiador e escritor Sérgio Augusto de Souza Dantas, prefaciador da referida obra:

“O presente trabalho chega em excelente hora. Pretende o autor – e o consegue com êxito – analisar devidamente um dos icônicos eventos protagonizados por Lampião, quando ainda incipiente chefe de grupo de cangaceiros e recém egresso da confraria capitaneada pelo célebre Sebastião Pereira, o “Sinhô”. Sem dúvida, cuida o presente trabalho do mais ousado episódio do início da carreira do hoje famoso cangaceiro pernambucano. Evento importante, mas que tem sido repetidamente desconsiderado pelos estudiosos do controvertido personagem. O assalto a Belmonte e o consequente assassinato de importante figura política do lugar – não nos custa destacar – são marcos em sua turbulenta vida de crimes. Será através destas duas ações que o apelido “Lampião” se consolidará em definitivo pelos sertões”.

A apresentação é do artista plástico Manuel Dantas Vilar Suassuna, e Orelha do historiador e escritor Igor Cardoso, ora editado sob a chancela do Centro De Estudos De História Municipal - CEHM, que promete trazer luz a um dos mais polêmicos episódios do cangaço, que no dia 20 de outubro do corrente ano completará 100 anos.

Para adquirir entre em contato com o autor pelo (87) 99652-9650

"Lampião: a construção de um mito" ; de Maria Otilia Souza.

Nesta obra, da  professora e escritora capelense Maria Otília Cabral Souza, que tem apresentação do ilustre Dr. Manoel Severo, curador do Cariri Cangaço; a autora aborda a criação da imagem de Lampião como elemento simbólico do Nordeste, e por esse viés semiótico mostra os elementos que influenciaram esse processo, a exemplo da fotografia e seu caráter simbólico na construção e perpetuação do mito Lampião, a literatura de cordel como gênero épico na construção do herói popular, a visão midiática que o cinema propõe e sua postura crítica, a visão romanceada do herói bandido no romance e na música e por último, o papel da cultura de massa na descaracterização de Lampião.

Segundo a autora, "O desejo de transformar pessoas complexas e lendárias como Lampião em imagem símbolo torna-se cada dia mais forte, e na fronteira entre o passado e o presente quando impera o desconhecimento predomina a necessidade de reinventa-lo. Não importa ser, importa parecer. É nesse momento que o passado histórico doloroso se perde ancorado em novas interpretações. Destroem-se os valores históricos e se refaz uma nova imagem de Lampião. Ele se transforma em um produto de consumo exótico, extravagante e deixa para trás sua história, sua verdade.

Nesta obra a autora dá relevante destaque a dois importantes episódios de Lampião em Capela. História que há mais de 90 anos encontrava -se esquecida.

Após árdua tarefa de compilar informações, dirimir dúvidas, filtrar narrativas passadas, na incessante busca da verdade comparada, procurou narrar com extrema fidelidade fatos já conhecidos e vários outros inéditos com riqueza de detalhes e registros fotográficos desses dois episódios: Uma entrada inesperada em 1929 e uma tentativa frustrada em 1930 graças a coragem dos capelenses que lutaram com heroísmo em defesa da cidade.

A obra está à venda ao preço de R$ 50,00 + R$ 13,00 = 63,00 para qualquer parte do Brasil. Pix (79) 9 9909-6309.

"Quem Matou Delmiro Gouveia?"de Gilmar Teixeira.
 

A obra que está em sua segunda edição, traz um dos mais polêmicos episódios do começo do século passado, quando o um dos mais ousados empreendedores da história do nordeste, o cearense de Ipu, Delmiro Gouveia é alvejado a bala na varanda de seu chalé, no final da tarde, na localidade de Pedra, atual Delmiro Gouveia.

O livro é uma verdadeira odisseia na busca da elucidação dos fatos, confrontando depoimentos e notícias da época, rastreando fatos que passaram despercebidos quando ainda no calor dos acontecimentos. Vale a boa leitura e o conhecimento dos registros. Agora é esperar o lançamento do livro de Gilmar Teixeira e colocar mais lenha na fogueira das "mentiras e mistérios" das histórias do nordeste.

Para adquirir entre em contato com o autor pelo (75) 99199-1601

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LAMPIÃO NA BAHIA

Por Cangaço Eterno
https://www.youtube.com/watch?v=TOkPQ3ZMDvg&ab_channel=Canga%C3%A7oEterno

VirgOlino Ferreira da Silva vulgo Lampião foi sem dúvidas o maior expoente da história do cangaço, até hoje as façanhas do capitão desperta interesse de pesquisadores e curiosos. 

Lampião é o segundo homem mais biografado da América Latina. No vídeo de hoje que recebi do meu compadre Sandro Lee mostramos que a fama de Lampião continua, a TV Band mostra as andanças do Rei do Cangaço pelo Estado da Bahia. 

Matéria do dia 21/09/2021 TV Band direitos autorais ligados ao escritor e pesquisador Sandro Leite Cavalcanti ( Sandro Lee ).

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NO COITO DO PESQUISADOR... Como vai você, Luiz Ruben?

 Por Aderbal Nogueira

Aderbal Nogueira visita ao acervo do pesquisador pernambucano Luiz Ruben, uma referência no estudo do cangaço no Brasil.



Parte 2



Pescado no pioneiro, canal de Seu Aderbal

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VOLTA SECA UM CANGACEIRO (SERGIPANO) DE LAMPEÃO

 Por: Luis Antônio Barreto

São desencontradas as informações sobre Volta Seca, cangaceiro sergipano e um dos mais conhecidos e destacados cabras do bando de Lampeão. Em 29 de abril de 1929, quando assistiu missa em Poço Redondo, com seus “rapazes,” o próprio Virgulino Ferreira da Silva entrega ao padre Artur Passos, então vigário de Porto da Folha, uma folha de papel pautado, escrita a lápis, com os nomes, os apelidos e as idades dos integrantes do seu grupo de dez cangaceiros.

No precioso papel, que é documento daquela que pode ser considerada a primeira entrada de Lampeão em Sergipe, o último a ser citado, com o nome de Antonio Alves de Souza, e a idade de 18 anos, com a observação “menino,”, e tem o apelido de Volta Seca.

Preso no início de 1932 e levado para a Casa de Detenção da Bahia, Volta Seca foi procurado por alguns sergipanos interessados em recolher informações sobre o cangaço no Nordeste e sua presença em Sergipe.

Joel Macieira Aguiar, representando o Jornal de Notícias, acompanhado de Hernani Prata e de João Prado, estudantes de Direito na Bahia, encontrou Volta Seca tocando realejo, entrevistando-o, em começo de abril de 1932, fixando estes dados pessoais: sergipano, nascido no Saco Torto, povoado de Itabaiana, filho de Manoel Santos, que trabalhou no Engenho Contadouro, de propriedade de Antonio Franco, frequentou o Engenho Central, onde trabalhava Antonio de Engraçia, conheceu Aracaju, e conheceu bem sua terra, Itabaiana, e Malhador. Volta Seca declarou, ainda, que entrou para o cangaço com 12 anos, a convite do próprio Lampeão, em Gisolo, no sertão da Bahia.

12 anos depois, em março de 1944, Joel Silveira, já um jornalista importante no Rio de Janeiro, viaja a Salvador, e na Penitenciária da Bahia entrevista Volta Seca e outros cangaceiros presos, como Ângelo Roque, Deus Te Guie, Caracol, Saracura, Cacheado. Joel Silveira anota o nascimento de Volta Seca em Itabaiana e diz que ele entrou no cangaço com 14 anos. Um documentário sonoro, feito na década de 1950, gravado em 1957, narrado por Paulo Roberto, locutor da Rádio Nacional, afirma que Volta Seca tinha o nome de batismo de Antonio dos Santos, e que entrara para o cangaço com apenas 11 anos.

A Todamérica grava o documentário comercialmente, apresentando Volta Seca como compositor e intérprete de diversas músicas que estão ligadas ao ciclo dos cangaceiros, como: Se eu soubesse; Sabino e Lampeão; Mulher Rendeira; Acorda Maria Bonita e outras.

Há, portanto, divergência de nome, idade e data de entrada de Volta Seca no grupo de Lampeão.

Considerado valente, tendo brigado com o próprio chefe, Volta Seca não mereceu elogios do padre Artur Passos, no encontro de Poço Redondo em 1929. O padre, que demonstrou simpatia com Moderno (Virgínio Fortunato, cunhado de Lampeão) e com o próprio Virgulino, não gostou de Volta Seca, e sobre eles diz: “Não têm, inclusive Lampeão, cara repelente, como imaginamos nos bandidos em geral, devendo frisar, porém, o olhar especial de um deles, o fedelho de 16 a 18 anos, que os acompanha.”

Padre Arthur Passos

No contato com Joel Silveira, Volta Seca, sob o testemunho de antigos companheiros, reafirmou sua coragem, disposição, e narrou episódio de uma briga com o chefe, em 1931, por causa de um socorro dado a Bananeira, ferido em combate. Lampeão achava que o atraso poderia ocasionar problemas sérios, de confrontos com a polícia, enquanto Volta Seca agia solidariamente, sem querer deixar para trás o companheiro atingido por tiros. O ambiente ficou tenso, e por pouco os dois cangaceiros não se enfrentaram.

A fama de valentia, contudo, ampliou-se dentro e fora do grupo, apesar de Volta Seca ganhar, também, uma imagem lúdica, de compositor e de cantor, responsável por salvar parte do repertório dos grupos de cangaceiros. O disco da Todamérica é um bom exemplo, e foi reproduzido, em parte, décadas depois, por um álbum, long-play, dos Estúdios Eldorado, de São Paulo, com o título de A Música do Cangaço. Nele, além das canções atribuídas e cantadas por Volta Seca, já citadas, figuram artistas como Luiz Gonzaga, Sérgio Ricardo, Teca Calasans e Antonio Carlos Nóbrega.

Além de tocar realejo, compor e cantar, Volta Seca foi submetido, na prisão, ao trabalho forçado de fazer flores e outras artesanais, predominantemente feitas por mulheres. Ele não se abateu, casado, pai de um filho, ele esperava cumprir sua pena de 20 anos, para deixar a prisão e recomeçar a vida. E o fez pela música, ainda hoje uma referência, tomada por empréstimo por Luiz Gonzaga e por outros artistas nordestinos, que concorreram para fixar uma estética do cangaço, da qual Frederico Pernambucano de Mello é especialista.

Publicado no Portal Infonet em 27/02/2009. 
*Adendo Lampião Aceso: O povoado Saco do Torto hoje é situado no município de Malhador, após a emancipação deste. 

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POR ONDE ANDAM OS NETOS DO CANGACEIRO VOLTA SECA?

Por José Mendes Pereira

Já se passaram alguns anos que uma neta de "Antonio dos Santos o cangaceiro Volta Seca" fez contato comigo. Ela me disse todos os nomes dos filhos de "Volta Seca" que aparecem nesta foto, além do nome desta senhora que era esposa dele. 

Disse-me também que voltaria depois para informar mais algumas coisas sobre o seu avô "Volta Seca". Enalteceu bastante o "vô e vó", afirmando que eram pessoas maravilhosas e do seu coração. Eu pensando que ela retornaria não fiz nenhuma anotação, inclusive o seu nome.  Mas nunca mais ela me falou nada. 

Alguns meses depois apareceu outra e até disse o seu apelido, sendo uma neta mais nova dos vôs, assim escreveu ela. Disse-me também que morava em Leopoldina, deve ser em Minas Gerais. Infelizmente ninguém mais apareceu.

Quando aconteceu este contato comigo e as netas do cangaceiro Volta Seca, o nosso blog http://blogdomendesemendes.blogspot.com ainda recebia comentários, mas infelizmente o blogspot tirou-me este direito de libertar comentários que estão aguardando a liberação. Até hoje eu não entendi esta proibição. Nem os vejo e são todos eles frustrados do meu domínio.

Já tenho tentado novos contatos através do facebook, mas ninguém aparece.

Possa ser que um dia os cineastas Aderbal Nogueira, Geraldo Júnior, Robério Santos e outros, encontrem os familiares do Volta Seca.

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CASA DE MARIA BONITA

Por João de Sousa Lima

 

http://joaodesousalima.blogspot.com/2020/06/joao-de-sousa-lima-casa-maria-bonita.html

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