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segunda-feira, 11 de julho de 2016

O MORRO DAS SILENCIOSAS VENTANIAS

*Rangel Alves da Costa

Um dia, lá pelos idos de 1847, uma jovem britânica de nome Emily Brontë, pegou na pena e escreveu uma das belas e comoventes páginas da literatura mundial: O Morro dos Ventos Uivantes. Na paisagem sombria e brumosa que permeia a história de amor, vingança e traição, sempre a sensação de angústia, desalento e silenciosa aflição.

Os ventos uivam no morro como a simbolizar os gritos aflitos, os murmúrios entristecidos, as palavras que chegam sem nenhuma pronúncia, mas, principalmente, os medos que se escondem e de repente ressurgem nas ambientações sombrias e tristes. É como se do alto de um monte um lobo anunciasse as tragédias e os sofrimentos entrecruzando as vidas dos personagens.

Ante a leitura, não há como não sentir a sensação de caminhar entre cerrações e nevoeiros, à mercê dos sopros uivantes e suas surpresas angustiantes. E sopros e sombras que acabam envolvendo os personagens, entremeando suas vidas, turvando os seus destinos. De repente, quando a paz parece fazer companhia, quando a felicidade se mostra possível, eis que novamente os ventos começam a uivar.

Também na vida real, o ser humano não vive distante de paisagens assim, de silêncios gritantes e brumas tormentosas, de morros uivantes no seu caminhar. A pessoa, nas angústias e melancolias do dia a dia, também possui o seu morro das silenciosas ventanias. Silenciosas por que forjadas na ilusão de a tudo suportar sem bradar para o mundo. Silenciosas por que aprisionadas na garganta, no âmago, nos labirintos da alma.

Verdade é que há em cada ser e ao seu redor, um morro de ventos uivantes que silencia até o instante do grito. Grita-se ao já não mais suportar o dolorido silêncio. Um vulcão que adormece até o dia do terrível despertar. Da garganta presa, irrompem-se verdades muito mais aterradoras que um fumegante rio vulcânico. Ou assim se faz – explodindo para resistir – ou se findará pelo próprio fogo.


Engana-se, pois, quem imaginar que o monte sempre adormece e que jamais despertará do seu sofrimento interno. Sua simples presença já é terrível ameaça. Do alto e dos escondidos deste monte sopram açoites, saem lufadas desconhecidas, despontam refegas lacrimosas e tempestades terríveis. O ser, frágil por natureza, apenas uma folha seca em meio ao açoite, refém vai se tornando das cruéis ventanias. Assim acontece antes de a lava escaldante começar a jorrar.

Por mais escondido que esteja, por maior crença de segurança que sinta, ninguém se distancia do morro das ventanias silenciosas. Na verdade, o seu cume de repente se mostra à janela, dentro do quarto, na sala, dentro da própria pessoa. O cume alto, o mais alto do mundo, mas tão acessível ao olhar que mais parece estar abaixo dos pés. Tudo suportável até que o seu sopro, o seu açoite, a sua ventania, a sua tempestade, começa a esvoaçar toda alma. Então a folha seca humana se vê à mercê de seus chicoteios incontidos.

A menina triste sempre avista o morro das ventanias silenciosas. No seu umbral, na janela do entardecer, vai mirando adiante, levantando o olhar aos espaços vazios, mas de repente se vê completamente tomada de recordações e saudades. Entristecida, relembrando mais do que desejaria lembrar, se faz chorosa, tomada de martírios e agonias. Nem sente sua chegada, pois aflita demais, mas já envolta pelos açoites torturantes do morro das silenciosas ventanias.

A moça saudosa, de um amor desamado, sentindo-se órfã dos afagos, carinhos e abraços, levanta no quarto escuro e olha pela fresta da janela: tudo em turbilhão. Assim na viúva aflita e sua cruz de saudade e de não aceitação do destino. E desde o amanhecer os terríveis sopros vindos das montanhas do pensamento. Do entardecer em diante, quando as sombras da noite chamam as presenças ausentes, então os uivos gritantes se tornam tempestuosos.

Tudo sopra num terrível açoite. Os lobos se sacodem por dentro, despontam vorazes. Os olhos entristecidos e a boca trêmula, o coração aflito e a garganta presa. Os sinais de que se está diante do morro dos ventos uivantes e das silenciosas ventanias.

Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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PEDRO LABATUT

 Por Armando Lopes Rafael
General Pedro Labatut

O general Pedro Labatut  nasceu, em   1768, em Cannes, França,  e faleceu, em 1849, em Salvador,  na  Bahia. Este militar francês participou das Guerras Napoleônicas, entre 1807 e 1814, tendo atuado na Península Ibérica. Labatut combateu também na Guerra da Independência dos Estados Unidos da América, ao lado do Marquês de La Fayette.  Atuou, ainda,  na Colômbia,  ao lado de Simón Bolívar. Finalmente, veio para o nosso país – contratado no posto de brigadeiro pelo imperador Pedro I – dada a  escassez de  oficiais experientes no exército brasileiro recém-organizado e para ajudar na guerra da independência do Brasil. Aqui, Labatut ordenou o Exército Pacificador, que  combateu as tropas leais a Portugal, na Província da  Bahia e lutou na Revolução Farroupilha, já no período regencial.

Em 7 de julho de 1832, a Regência nomeou-o para chefiar uma expedição ao Ceará,  com o objetivo de prender Pinto Madeira e devolver a paz aos habitantes da província. Chegou Labatut ao Ceará, no dia 23 de julho, trazendo 200 homens, quase todos negros. Mas somente em 31 de agosto, veio ele ao teatro da Guerra do Pinto, iniciando sua missão pela Vila de Icó. Encontrou a revolta praticamente encerrada, graças ao empenho do presidente da província, José Mariano de Albuquerque. Em setembro, Labatut já estava no Cariri, fazendo seu quartel no Sítio Correntinho, (localizado este entre Crato e Brejo Grande, segundo Gustavo Barroso, ou no município de Barbalha, propriedade de Pinto Madeira, segundo historiadores caririenses). Dali ele lançou uma  proclamação aos revoltosos convidando-os à rendição, mediante promessa de clemência. Ofereceu garantias a Pinto Madeira e ao padre Antônio Manuel de Souza para estes se entregarem, o que ambos fizeram, em 12 de outubro de 1832, com a promessa de serem enviados ao Rio de Janeiro, onde teriam um julgamento imparcial.

 Pedro I

Militar experiente, Labatut logo sentiu o exagero das notícias chegadas à capital do Império sobre a Guerra do Pinto. Acampado no Cariri, constatou ele que Pinto Madeira, mesmo obtendo algumas vitórias, nunca ultrapassou os limites de Icó. A capital da província, os portos cearenses, a rota entre Aracati e Icó nunca saíram das mãos do governador da Província e da Regência. Além do mais, Labatut não precisou derramar uma gota de sangue cearense, pois a Guerra do Pinto já havia sido vencida pelo governador da província, José Mariano. Tudo isso tranquilizou o general Labatut, pois sua missão não necessitava promover lutas e sim viabilizar o apaziguamento da população. 

Foi o que ele fez, tendo oportunidade de cumprir, com isenção, sua missão. Para evitar que os dois chefes rebeldes fossem massacrados por seus inimigos do Ceará, enviou-os a Recife, sob a guarda de um oficial de sua plena confiança. Em 14 de outubro, Labatut fez um equilibrado e sereno ofício ao Ministro da Guerra da Regência, do qual destacamos os tópicos abaixo:

“(...) Tenho a honrosa satisfação de ver quase concluída a comissão que a Regência do Império, em nome do Imperador, me há encarregado, sem derramar uma só gota de sangue brasileiro. Remeto a V.Excia., por intermédio do presidente de Pernambuco, o ex-coronel Joaquim Pinto Madeira e o vigário de Jardim, Antônio Manoel de Sousa que, sob condição de conservar-lhes as vidas, e remetê-los  para essa Corte, se me vieram apresentar no acampamento de Correntinho, em virtude de minha proclamação de 22 de setembro próximo passado, cuja cópia ofereço a V.Excia. Eles vieram acompanhados de muitas famílias que foram ao seu encontro nos desertos e montanhas por onde passavam. Estes dissidentes, em número de 1.590, prontamente me entregaram as armas da nação que empunhavam. Exmo.Sr., a maior parte das intrigas durante o reinado do terror, que felizmente passou, compeliu estes povos a hostilizarem-se de modo tal que geme o coração mais duro, à vista dos incêndios, mortes arbitrárias e roubos praticados até pelas tropas do presidente desta província (...)

“Como, pois, poderão ser julgados os réus por juízes inçados da mesma opinião dos partidos que assolam a província? Por isso rogo a V.Excia. se digne de atender ao meu último oficio do Icó, em que, conhecendo cabalmente os males que acabrunham a nova comarca do Crato, eu pedia juízes íntegros, justos e sábios por não haver um só letrado, em toda ela, os de paz e ordinários são mui leigos e pertencem a um e outro partido. (...)
   
“Estou pronto a executar as ordens do governo supremo, conservando-os submissos como ora se acham, em vista da brandura com que os tenho tratado, mas necessito de juízes com hei demonstrado. (...) A intriga, desgraçadamente, deu vulto a cousas em que nada ofendiam as leis. É falso, como aqui se dizia, que Joaquim Pinto Madeira proclamara e defendia a restauração e queria reproduzir aqui as cenas sanguinolentas  do S. Domingos francês (referia-se à revolta dos escravos negros no Haiti). O governo mandando juízes letrados imparciais conhecerá a fundo os verdadeiros culpados. O coronel de milícias Agostinho Tomás de Aquino e o tenente  de primeira linha Antônio Cavalcante de Albuquerque (ambos das tropas do presidente da província) cometeram horrorosos atentados contra os direitos civis, vidas e propriedades de seus concidadãos, sem escapar sexo nem idade. Seria um grande benefício para a humanidade atrozmente ofendida, e para a tranquilidade da Província, que V. Excia. os mandasse recolher à Corte e devassar as suas condutas. Fez-se guerra de bárbaros, mataram-se prisioneiros, queimaram-se casas, legumes, mobílias, roubaram-se gados, confiscaram-se os bens dos dissidentes.

“Deus guarde a V.Excia. Sr. brigadeiro Bento Barros Pereira, Ministro da Guerra – Pedro Labatut, general comandante das tropas do Ceará. Crato, 14 de outubro de 1832”.

Como se viu, a carta do general Labatut ao Ministro da Guerra do Brasil constituiu-se numa defesa de Pinto Madeira. Desnecessário detalhar o quanto isso desagradou aos liberais de Crato, ao presidente da Província do Ceará, José Mariano, e ao padre José Martiniano de Alencar, no Rio de Janeiro. Entretanto, os fatos históricos demonstram que foram cruéis tanto as forças legais como as tropas lideradas pelo caudilho do Cariri.

Citações do trabalho “Um general francês em terras do Crato”
FIGUEIREDO FILHO, José de. História do Cariri–Volume III. Edição da Faculdade de Filosofia do Crato, 1966. pags. 34-35.
Texto e Postagem: Armando Lopes Rafael
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O IMPÉRIO DOS RIFLES

Bárbara de Alencar

Considerado pelo jornal New York Times dos Estados Unidos como a mais longa, sangrenta e famosa luta familiar da América do Sul, a “síndrome de Exu”, “hecatombe de Exu” ou simplesmente “Guerra de Exu”, protagonizada pelas famílias Alencar, Sampaio e Saraiva e seus agregados, surgiu durante as primeiras lutas nativistas no interior do Nordeste em um duelo travado pelo general Sampaio, governador das Armas do Ceará e Bárbara Pereira de Alencar, cognominada heroína da Revolução Pernambucana de 1817. 

Esse histórico pugilato, se estendeu até meados da década de 80, ganhando notoriedade no meio do jornalismo policial mundial, graças à intervenção de Luiz Gonzaga, o mais famoso sanfoneiro do Nordeste, natural de Exu.

Embora seja o 5º livro publicado sobre essa contenda, “Império dos Rifles”, de autoria do escritor Francisco Robério Saraiva Fontes (Bibi), lançado pela Editora Multifocos, do Rio de Janeiro é sem dúvida o mais detalhado, se aproximando nitidamente do que ocorreu no vasto território violento de Exu e fora dele. 
  


O primeiro livro sobre a “guerra de Exu” é de autoria Dr. Abdias Pires de Almeida, a época juiz de Direito da comarca de Exu e foi publicado em 1951. Aí vieram os seguintes: Almir Arnaldo de Alencar, em 1988; Ronildo Maia Leite em 1997, vencedor do Prêmio Esso de jornalismo e por fim, “Guerra de Exu” do jornalista paulistano Jorge Palermo.

O livro “Império dos Rifles” já comercializado pela Editora Multifocos terá lançamento nacional no próximo dia 30 de Julho no Centro Cultural Miguel Arcanjo no centro histórico de Piranhas no interior de Alagoas no encerramento do Seminário Cariri Cangaço. O livro poderá ser adquirido através do E-mail: imperiodosrifles@yahoo.com.br

O Império dos Rifles
Bibi Saraiva
Lançamento dia 30 de Julho de 2016
Cariri Cangaço Piranhas

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FRASES DE LAMPEÃO


"O CANGACEIRO DEVE SER DESCONFIADO E ARDILOSO COMO RAPOSA, TER AGILIDADE DO GATO, SABER RASTEJAR COMO COBRA E DESAPARECER COMO O VENTO"

(Lampião costumava dizer aos seus comandados)

Fonte: livro "Ecologia do Cangaço" de Melquíades P. Paiva
Pedro Ralph Silva Melo (Administrador)


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QUEM DERA PODER FALAR DE POMBAL DE ANTIGAMENTE

Por Jerdivan Nóbrega de Araújo

Quem dera poder falar de Pombal da Rua do Comercio, do Rio Piancó, das Oiticicas que já foram sinônimos de progresso, da Praça do Centenário, da Igreja Matriz, do São Cristóvão entrando em campo com “nego” Adelson no gol, para enfrentar o Pombal Esporte Clube, que tinha como “quipa” Cachorra Velha.


Quem dera poder falar da Pombal do Cine Lux e suas matinês aos domingos, da Semana Universitária quando havia, dos seus esquecidos grupos folclóricos e da procissão do Rosário serpenteando pelas ruas na fé inconteste do nosso povo. Pombal da “Rádio Difusora Maringá” na locução do Zé Hilto Trajano, ou dos serviços de difusora de “A voz da Cidade” nos anúncios do Imperador das Novidades de Zuza Nicácio.


Quero relembrar a SAOB e o Bloco dos Sujos nos Carnavais, o Arrubacão nas ingazeiras e o bandolim de Bideca acalentando os corações sofridos num magistral dueto com as águas mansas do meu Rio Piancó.


O trem cargueiro fazendo manobras para recolher o óleo quente fabricado pela Brasil Oiticica, enquanto que a chaminé de tijolos aparentes expelia a sua fumaça preta, em nome de empregos para o nosso povo. Os caminhões descarregando fardos de algodão na porta da Usina e as fábricas de macarrão Matocir, café Dárcio, Sal Adonai e Fubá Piragibe, sendo o exemplo maior desse progresso. “Da choupana ao palácio todos tomam café Dárcio.


Os Águias de Dé, Chaguinha, Tico, Mestrinho, Zé Ary Valdeci, Geraldo, Xavier, Edson, Chico de Maroquinha e Delso, animando as tardes de domingo no Pombal Ideal Clube. Quero contar as histórias das suas ruas, do seu povo humilde dos acontecimentos pelo menos nos últimos quarenta anos, ressuscitando seus loucos, pés descalça terra quente.

Os bons carnavais nas ruas centrais da cidade, e os assustados da Boate da Brasil Oiticica, da Sede Operária, do Pombal Ideal Club, a Associação Atlético Banco do Brasil e da AEUP.


A nossa gente nos comícios, da Ala das “Garças” e das “Frasqueiras” e o boi esquartejado no galpão da Brasil Oiticica para alimentar os eleitores do velho Chico Pereira. As cheias na Rua de Baixo, os alunos do Arquidiocesano e as alunas da Escola Normal Arruda Câmara com suas saias plissadas, levando colado ao peito o livro da admissão: quantas vezes quis ser aquele livro.


A banda de música na maestria de Saturnino e a tuba inesquecível de Zé Vicente, brilhando aos primeiros raios de sol nas nossas alvoradas festivas. A chegada da televisão e a viagem do homem à lua vistam por Godor, Crocodilo, Zé da viúva, Natercio, Cizenandro e outros que habitaram a Pombal do meu tempo.


Quero lembrar a Pombal romântico que paquerava em volta do Bar Centenário e tomava sorvete na sorveteria de Bernardo, comprava cigarro no Barraco Padre Cícero, de Zé de Lau e tirava o chapéu no trajeto das almas encomendadas pelo nosso amado Padre Andrade, ou colecionavam figurinhas na “Banca de Revista do Escurinho”.


A feira aos sábados ainda tinha cordelistas vendendo folhetos e a Marinete de Lauro Paixão ou de seu Mizim disputavam com a Viação Gaivota os passageiros que iam à Patos, pela rodagem poeirenta. A “barata” de Zé Tambor e o “manguinha” de João Terto, na coronel José Avelino, e o ronco do avião da sambra, assombrando o sono de seu Inácio, velho ex combatente da segunda grande guerra.


A quermesse na Rua dos Pereiros fazia do São Pedro a Festa Junina mais comemorada e, no mês de outubro, as Lojas Paulistas, na voz de João Fanhonhon, cantando Perfídia, vendia “volta ao mundo” e “bolom” para roupa nova dos matutos que vinham acompanhar o Rosário.


. Doutor, Dona Valmira e Diasa no jogo do bicho e o caminhão de Zé Birro sendo empurrado ladeira abaixo quando este perdia a manivela.


Preciso ressuscitar gente do povo através de textos e histórias; recolocando-os nas ruas e nos seus ofícios, como Pedro Corisco ou seu Inácio colocando fogo no rabo dos foguetões na saída do Rosário. Narrar às peripécias de Cícero de Bembém, e remontar frases de efeito de Pedro Corisco e João Lindolfo e reensebar o pau de sebo no São João de frente a casa de professor Arlindo para ouvir a gargalhada gostosa de seu Antônio Marciel em sua cadeira de balançar.


A Bodega de Toinho e a de Severino Pedro, onde se pode ouvir as historias futebolística de “meu Cesar”. Chico de Ernesto contando uma mentira que jura ser verdade mas que e bem maior do que as de Raulino, e Zé de Bu discutindo politica com Dr Nelson.

Estas histórias estão registradas na minha memória como fragmentos que preciso recompô-los.

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso.

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Luiz Ruben F. de A. Bonfim
Economista e Turismólogo
Pesquisador do Cangaço e Ferrovia

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ERA O CORONEL POR TRÁS DE LAMPIÃO OU LAMPIÃO POR TRÁS DO CORONEL?


Meus amigos, para poderem manter-se ‘intocáveis’, vários chefes de grupos de cangaceiros ‘partilham’ amizades, conluios e troca de favores mútuos com grandes latifundiários, os ‘coronéis’, dos sertões nordestinos.

Lampião

As perguntas são inúmeras sobre o, ou ‘os’, por que (s), que Lampião demorou tanto tempo para ser abatido, pondo fim ao seu reinado sangrento.

A sua maneira de agir, sua habilidade com guerra de movimentos, é sem dúvida alguma, um grande colaborador para tanto. Porém, a sua outra forma de agir, talvez muito mais eficaz, eram os ‘acordos’ que fazia com grandes ‘coronéis’...

Coronel João Sá

Em terras baianas, precisamente no sertão daquele Estado, um dos maiores latifundiários existentes, e coiteiro de Lampião, foi, sem dúvida alguma, o coronel João Sá.

João de Sousa Lima

Em uma séria pesquisa, o renomado pesquisador/historiador João de Sousa Lima, nos relata parte dessa façanha do coronel. Em uma, das tantas, fazendas do coronel João Sá, a fazenda Espaduada, o ilustre pesquisador encontra vasto material documental que nos revela como agia esse latifundiário para obter, possuir, formar, seu império territorial.

Relata o escritor:

“(...) No vasto material documental colhido na Fazenda Espaduada, de propriedade do Coronel João Sá, há vários registros de processos criminais, correspondências entre políticos, pedidos e citações de políticos baianos famosos como Oliveira Brito, General e político Renato Teixeira, tenente Zé Rufino, major Felipe Borges de Castro, Pedro Calmon, João Borges, Petronilho de Alcântara Reis, João Maria de Carvalho, Octávio Mangabeira, Josefa Marinho, Juracy Magalhães, Antônio Balbino, Lafayete Coutinho, Manoel Novais, Jayme Ayres, Liberato de Carvalho(...).” (“Lampião – O Cangaceiro”. LIMA, João De Sousa. Editora Fonte Viva. 1ª edição, pg 156. 2015. Paulo Afonso, BA)

Como outros ‘maiorais’ donos de imensas e variadas propriedades, com poderes regionais, fornecido, aceito e patrocinado pelas autoridades governamentais, o coronel segue adquirindo seu monumental território, a custo de sangue, lágrimas e sacrifícios daqueles que não tinham proteção alguma.

Coronel João Sá em Jeremoabo - Bahia, junto a população e autoridade eclesiástica.

“(...) Muitos dos meus entrevistados citaram o Coronel João Sá como sendo uma pessoa acostumada a invadir terrenos, roças e fazendas dos seus vizinhos e dos municípios limítrofes a Jeremoabo. Há também várias correspondências que mostram brigas entre o coronel e prefeitos, fazendeiros e políticos (...).” (Ob. Ct.)

O pesquisador encontra entre a documentação “inúmeras escrituras públicas de compra e venda de terrenos, roças e fazendas”, todas com papel com marca d’água, além de citar um maço de notas fiscais, referentes a compra de materiais que, segundo o escritor, “são verdadeiras obras de arte”. 

Abaixo, para os senhores terem uma ideia da quantidade de terras que o coronel João Sá possuía, citaremos os nome de alguns imóveis rurais, os quais sua documentação foi encontrada entre seus pertences:

“RELAÇÃO DAS MINHAS PROPRIEDADES NOS MUNICÍPIOS DE JEREMOABO E GLORIA" (Além de outros municípios)

Sede da Fazenda Caritá. Quando pertencente ao coronel João Sá, era um constante e protegido coito de Lampião e sua cabroeira.

“Bela Vista de Brotas(residência); Fazenda – Damasc. Com três soltas de criar gados e açude; Uma solta – Serra do Cavaleiro, uma dita solta, na fazenda Cana Bravinha; Fazenda Caritá; Fazenda Tingui; fazenda Rangel; Fazenda Cacimba de Pedra; Fazenda Bananeira de Feliciano; Fazenda Catuní; Fazenda Vasi Grande; Fazenda Barriguda; duas de nomes Fazenda Tamanduá, uma em Jeremoabo e outra no sertão, em Paulo Afonso, município de Glória; Duas no município de Nova Olinda; Fazenda Cametá, em Jeremoabo; Fazenda Lagoa do Mato; Fazenda de Dentro; Fazenda Riacho do Meio; Fazenda Poço do Angico; Fazenda Belo Horizonte; Fazenda Barro Branco; Fazenda Caraíba; Fazenda Engenho Velho, produtora de cana; Fazenda Novo Horizonte.”(Ob. Ct.)( Obs.: Transcrição obedecendo a grafia)

Esses relatos, sérios por demais, só vem nos mostrar que não só quem pegou nas armas e atirou, é culpado nas veredas do cangaço. Há relatos, na mesma obra literária, onde vemos claramente a citação do cangaceiro Lampião.

“(...) No rico acervo de cartas encontradas no casarão do coronel João Sá, muitas delas têm um grande valor histórico e algumas fazem referências a Lampião e os cangaceiros (...)”. (Ob. Ct.)

O Coronel João Sá, prestava ‘favores’ sobre processos onde, os réus, solicitavam sua ajuda. Segundo o historiador, esses favores eram repassados ao filho do coronel, o Sr João Gonçalves de Carvalho Sá, que fora Promotor de Justiça em Jeremoabo, BA.

João Gonçalves, “aos 23 anos de idade, inicia sua carreira pública na Magistratura. Em 1937 já é Promotor de Justiça da Bahia, depois, Subprocurador da Fazenda Estadual. Chega a ser Procurador da Prefeitura de Salvador”.

Componentes da família Sá

“(...) Em vários processos, os réus pediam ajuda ao Coronel João Sá, pai do promotor João Carvalho Sá, que politicamente devia favores aos seus correligionários (...)”. (Ob. Ct.)

A História do Cangaço tem que ser vista da maneira e forma que os fatos aconteceram. Não podemos deixar de lado, fazer de conta que não ocorreram determinadas ações, pois, corremos o risco de deixar uma imensa lacuna com um ‘buraco negro’.

Não podemos ‘criar’ fatos, no entanto, temos a obrigação de levarmos aos interessados em estudar o tema o que realmente aconteceu, sem puxação de saco, babamento, esgueiramento ou esconde esconde, na história... das quebradas do sertão, na época do cangaço.

Fonte “Lampião – O Cangaceiro - Sua ligação com os Coronéis Baianos, Raso da Catarina e outras histórias”. LIMA, João De Sousa. Editora Fonte Viva. 1ª edição. 2015. Paulo Afonso, BA

Foto Benjamin Abrahão
Ob. Ct.
João De Sousa Lima

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O VERDE DA POMBAL DO MEU TEMPO

Por Jerdivan Nóbrega de Araujo

Na casa em que nasci, na Rua de Baixo, e lá vivi até mil novecentos e setenta e um, lembro-me apenas de dois pés de cocos, um de ciriguelas e outro de cuité, além da cerca verde feita de Algodão do Pará. Mas, a Pombal dos anos sessenta era pródiga em verde, o que fazia da cidade, mesmo em meio aos seus 34 ou 38 graus, (à noite, quando soprava o vento da serra do Acari, baixava para 25 ou 27 graus), agradável e até despertava a preguiça convidativa a cesta do meio dia, ás sombras dos Fícus Benjamin que rodeavam a Praça Getúlio Vargas.


A Praça do Centenário era de um arvoredo tão esplendoroso e de copas tão fechadas que mal deixavam à luz do sol chegar ao chão. Eram tamarineiras, marizeiras, trapiás e muitas Acácias Ferrugina, além de uma árvore espinhosa, cujo nome foge-me a memória, mas que a chamávamos de “mata fome”, por nos oferecer um fruto de polpa avermelhada que era gostosa de comer. Acredito ser também um tipo das mil e duzentas variações de Acácias existentes no mundo.

As Palmeiras Imperiais só vieram a ser plantadas no início dos anos oitenta.

Outra árvore de igual espécie, havia no pátio do João da Mata, onde hoje está instalado o Hospital Distrital de Pombal e muitas outras sombreavam as calçadas das Ruas: Nova, Joubert de Carvalho e do Comércio, alterando-se com Acácias amarela e ferrugina. Como estas plantas resistem por quarenta anos, ainda deve existir remanescentes naquelas ruas. Tínhamos na RUA José Américo dois "Pau Brasil"

“Meu flamboyant na primavera, que bonito que ele era dando sombra no quintal”.

Sempre que escuto esta música lembro-me do grande flamboyant da casa de Doca de seu Mizim. Na primavera as flores pareciam sangrar em carne viva e no verão as suas vargens, em forma de facão, que usávamos para brincar de guerra de espada.


Em mil novecentos e setenta e dois foi construída uma praça em frente à Prefeitura, Hoje Praça Hermínio Monteiro Neto, ornamentada só com palmeiras Imperiais e Jambeiros, este último não se adaptou ao clima ao ponto de produzir frutos, porém as suas copas deram uma beleza especial ao local.

Nas roças de Mila, Bozó e dona Porcina, valia a pena nos arriscarmos para roubar mangas, carnaúbas, Trapiás e Pinhas ou Fruta do Conde, como preferir.

No centro da cidade, exceto na Rua Padre Amâncio Leite, Leandro Gomes de Barros e Jerônimo Rosado, poucos jardins tínhamos. Porém havia nestes, muitas rosas vermelhas, bugaris brancos, “boa noite”, “boa tarde”, “bom dia” e raramente girassóis. N jardim da casa de Doutor Atêncio outro flamboyant, e na lateral um pé de Araçá, além do Jasmineiro-branco que perfumava toda a rua nos finais de tardes.

Do jardim da casa de seu Saturnino, na Coronel José Avelino, peço que me mandem pelo menos um cheiro daquele Jasmineiro.

Ao lado da Igreja Matriz, na casa de Cícero Gregório, um enorme Fícus Benjamim nos divertia: a ideia era fazer com que os desavisados olhassem para cima, para encher os olhos de micuim ou incensar as vestes com o fedor dos percevejos. Mas, o mais engraçado eram os seis mudos de João Josias, que se aproveitavam da sombra para gozar dos transeuntes com as suas gargalhadas marcantes.


O corredor do rio era ladeado por cercas vivas de Melão de são Caetano, Jerimuns, Algodão do Pará e muita Marizeiras, Trapiás e Cajazeiras, Canafístolas e muitas Oiticicas que outrora fora a redenção financeira da cidade de Pombal.

As matas ciliares do rio Piancó eram formadas por Ingazeiras e Mufumbus, em sua maioria, onde o passaredo se agasalhava.


No campo de futebol o Aveloz, de tão abundante que era, emprestou o seu nome ao campo de futebol da cidade que, batizado de “Estádio Vicente de Paula Leite”, para nós, porém, sempre foi o bom “Aveloszão” das nossas tardes futebolísticas, assistidas dos galhos das avelozes. 


Depois e só depois vieram as algarobas que substituíram os Fícus Benjamim por se tratarem de plantas resistentes aos ventos fortes na temporada das chuvas de inverno e por resistir a seca quando da escassez da água.

Deixei para o fim a grande castanholeira do João da Mata. Animais e gente disputavam as sombras desta árvore, porém, o mais gostoso para os moleques era se esconder em suas frondosas copas e, de lá atirar castanholas maduras nas pessoas que passavam nas imediações.

Era uma árvore enorme, cuja copa sombreava os dois lados da rua, e tronco não era abraçada senão por três homens de mãos dadas. Por ficar na esquina das duas ruas e um pouco fora da calçada onde os motoristas bêbados batiam com seus veículos no tronco da grande árvore. Lembro-me que seus galhos chegavam até o chão.

Hoje as ruas de Pombal continuam arborizadas e não poderia ser diferente: não há outra forma de suportar o calor dentro de casa e uma arvore na calçada continua sendo necessário.

O que nos falta nos dias de hoje é tempo e disposição para uma boa cadeira preguiçosa a sombra destas árvores, onde podíamos prosear jogar ludo ou baralho, numa boa conversa acalantada pelas difusoras do “Lord Amplicador’ ou sintonizando um rádio de pilhas no programa “Terreiro da Fazendo” da” Rádio Alto Piranhas” de Cajazeiras.

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso.

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JONAIS DA ÉPOCA E O NOSSO MEMORIAL DA RESISTÊNCIA EM MOSSORÓ.....QUEM PUDER VENHA CONHECER E VIAJAR NA HISTÓRIA DO CANGAÇO!!











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Alguns criticam a presença de cangaceiras no Memorial dos cangaceiros de Mossoró, porque no ano de 1927, a mulher, ainda não fazia parte de bandos de cangaceiros. Lógico, a não presença dela no cangaço, mas três anos após, a mulher teve o seu lugar no cangaço. Acho que não tem nenhum problema ela aparecer no Memorial de Cangaceiros de Mossoró.

Se você, leitor, pisar os seus pés no Rio Grande do Norte dê um pulinho até Mossoró para conhecer o Memorial dos cangaceiros. É no centro da cidade, próximo ao Cemitério São Sebastião, onde estão sepultados três cangaceiros: Colchete, Jararaca e Asa Branca.

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FOTO DE DELMIRO GOUVEIA EM 1917, ANO EM QUE FOI ASSASSINADO


Para construção da hidrelétrica de Angiquinho, a primeira do Nordeste, Delmiro Gouveia importa maquinarias da Alemanha, da Suíça e dos Estados Unidos. Contrata um engenheiro italiano, Luigi Borella, e outros europeus. Todos receiam descer na queda de Angiquinho, a oitenta e quatro metros de profundidade, onde vai ser instalada a primeira turbina. Delmiro Gouveia pede que o amarrem pela cintura, desce e orienta pessoalmente a instalação com a naturalidade de um itinerante de abismos. 

Contudo, não faz cavalo de batalha dessa façanha. Proclama que o triunfo pertence a todos os colaboradores, sem qualquer discriminação hierarquia. E a todos recompensa. O seu critério de justiça social leva-o a mostrar-se reconhecido até aos animais. Ele fala aos bichos que haviam transportado, nas pranchas com rodas, os equipamentos da primeira usina hidrelétrica. Compõe uma cena patética quando grita aos bois e aos burros:

- Estão todos aposentados. São também meus operários e meus irmãos!
E manda soltá-los nas pastagens para comer e dormir durante o resto da vida.

Do livro: A "ESTRELA" DE PEDRA: DELMIRO GOUVEIA, CIVILIZADOR DE TERRAS, ÁGUAS E GENTES
De: Mauro Mota

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