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segunda-feira, 11 de julho de 2016

QUEM DERA PODER FALAR DE POMBAL DE ANTIGAMENTE

Por Jerdivan Nóbrega de Araújo

Quem dera poder falar de Pombal da Rua do Comercio, do Rio Piancó, das Oiticicas que já foram sinônimos de progresso, da Praça do Centenário, da Igreja Matriz, do São Cristóvão entrando em campo com “nego” Adelson no gol, para enfrentar o Pombal Esporte Clube, que tinha como “quipa” Cachorra Velha.


Quem dera poder falar da Pombal do Cine Lux e suas matinês aos domingos, da Semana Universitária quando havia, dos seus esquecidos grupos folclóricos e da procissão do Rosário serpenteando pelas ruas na fé inconteste do nosso povo. Pombal da “Rádio Difusora Maringá” na locução do Zé Hilto Trajano, ou dos serviços de difusora de “A voz da Cidade” nos anúncios do Imperador das Novidades de Zuza Nicácio.


Quero relembrar a SAOB e o Bloco dos Sujos nos Carnavais, o Arrubacão nas ingazeiras e o bandolim de Bideca acalentando os corações sofridos num magistral dueto com as águas mansas do meu Rio Piancó.


O trem cargueiro fazendo manobras para recolher o óleo quente fabricado pela Brasil Oiticica, enquanto que a chaminé de tijolos aparentes expelia a sua fumaça preta, em nome de empregos para o nosso povo. Os caminhões descarregando fardos de algodão na porta da Usina e as fábricas de macarrão Matocir, café Dárcio, Sal Adonai e Fubá Piragibe, sendo o exemplo maior desse progresso. “Da choupana ao palácio todos tomam café Dárcio.


Os Águias de Dé, Chaguinha, Tico, Mestrinho, Zé Ary Valdeci, Geraldo, Xavier, Edson, Chico de Maroquinha e Delso, animando as tardes de domingo no Pombal Ideal Clube. Quero contar as histórias das suas ruas, do seu povo humilde dos acontecimentos pelo menos nos últimos quarenta anos, ressuscitando seus loucos, pés descalça terra quente.

Os bons carnavais nas ruas centrais da cidade, e os assustados da Boate da Brasil Oiticica, da Sede Operária, do Pombal Ideal Club, a Associação Atlético Banco do Brasil e da AEUP.


A nossa gente nos comícios, da Ala das “Garças” e das “Frasqueiras” e o boi esquartejado no galpão da Brasil Oiticica para alimentar os eleitores do velho Chico Pereira. As cheias na Rua de Baixo, os alunos do Arquidiocesano e as alunas da Escola Normal Arruda Câmara com suas saias plissadas, levando colado ao peito o livro da admissão: quantas vezes quis ser aquele livro.


A banda de música na maestria de Saturnino e a tuba inesquecível de Zé Vicente, brilhando aos primeiros raios de sol nas nossas alvoradas festivas. A chegada da televisão e a viagem do homem à lua vistam por Godor, Crocodilo, Zé da viúva, Natercio, Cizenandro e outros que habitaram a Pombal do meu tempo.


Quero lembrar a Pombal romântico que paquerava em volta do Bar Centenário e tomava sorvete na sorveteria de Bernardo, comprava cigarro no Barraco Padre Cícero, de Zé de Lau e tirava o chapéu no trajeto das almas encomendadas pelo nosso amado Padre Andrade, ou colecionavam figurinhas na “Banca de Revista do Escurinho”.


A feira aos sábados ainda tinha cordelistas vendendo folhetos e a Marinete de Lauro Paixão ou de seu Mizim disputavam com a Viação Gaivota os passageiros que iam à Patos, pela rodagem poeirenta. A “barata” de Zé Tambor e o “manguinha” de João Terto, na coronel José Avelino, e o ronco do avião da sambra, assombrando o sono de seu Inácio, velho ex combatente da segunda grande guerra.


A quermesse na Rua dos Pereiros fazia do São Pedro a Festa Junina mais comemorada e, no mês de outubro, as Lojas Paulistas, na voz de João Fanhonhon, cantando Perfídia, vendia “volta ao mundo” e “bolom” para roupa nova dos matutos que vinham acompanhar o Rosário.


. Doutor, Dona Valmira e Diasa no jogo do bicho e o caminhão de Zé Birro sendo empurrado ladeira abaixo quando este perdia a manivela.


Preciso ressuscitar gente do povo através de textos e histórias; recolocando-os nas ruas e nos seus ofícios, como Pedro Corisco ou seu Inácio colocando fogo no rabo dos foguetões na saída do Rosário. Narrar às peripécias de Cícero de Bembém, e remontar frases de efeito de Pedro Corisco e João Lindolfo e reensebar o pau de sebo no São João de frente a casa de professor Arlindo para ouvir a gargalhada gostosa de seu Antônio Marciel em sua cadeira de balançar.


A Bodega de Toinho e a de Severino Pedro, onde se pode ouvir as historias futebolística de “meu Cesar”. Chico de Ernesto contando uma mentira que jura ser verdade mas que e bem maior do que as de Raulino, e Zé de Bu discutindo politica com Dr Nelson.

Estas histórias estão registradas na minha memória como fragmentos que preciso recompô-los.

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso.

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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