Por Jerdivan
Nóbrega de Araújo
Quem dera
poder falar de Pombal da Rua do Comercio, do Rio Piancó, das Oiticicas que já
foram sinônimos de progresso, da Praça do Centenário, da Igreja Matriz, do São
Cristóvão entrando em campo com “nego” Adelson no gol, para enfrentar o Pombal
Esporte Clube, que tinha como “quipa” Cachorra Velha.
Quem dera
poder falar da Pombal do Cine Lux e suas matinês aos domingos, da Semana
Universitária quando havia, dos seus esquecidos grupos folclóricos e da
procissão do Rosário serpenteando pelas ruas na fé inconteste do nosso povo.
Pombal da “Rádio Difusora Maringá” na locução do Zé Hilto Trajano, ou dos
serviços de difusora de “A voz da Cidade” nos anúncios do Imperador das
Novidades de Zuza Nicácio.
Quero relembrar a SAOB e o Bloco dos Sujos nos Carnavais, o Arrubacão nas
ingazeiras e o bandolim de Bideca acalentando os corações sofridos num
magistral dueto com as águas mansas do meu Rio Piancó.
O trem cargueiro fazendo manobras para recolher o óleo quente fabricado pela
Brasil Oiticica, enquanto que a chaminé de tijolos aparentes expelia a sua
fumaça preta, em nome de empregos para o nosso povo. Os caminhões descarregando
fardos de algodão na porta da Usina e as fábricas de macarrão Matocir, café
Dárcio, Sal Adonai e Fubá Piragibe, sendo o exemplo maior desse progresso. “Da
choupana ao palácio todos tomam café Dárcio.
Os Águias de
Dé, Chaguinha, Tico, Mestrinho, Zé Ary Valdeci, Geraldo, Xavier, Edson, Chico
de Maroquinha e Delso, animando as tardes de domingo no Pombal Ideal Clube.
Quero contar as histórias das suas ruas, do seu povo humilde dos acontecimentos
pelo menos nos últimos quarenta anos, ressuscitando seus loucos, pés descalça
terra quente.
Os bons carnavais nas ruas centrais da cidade, e os assustados da Boate da Brasil Oiticica, da Sede Operária, do Pombal Ideal Club, a Associação Atlético Banco do Brasil e da AEUP.
A nossa gente
nos comícios, da Ala das “Garças” e das “Frasqueiras” e o boi esquartejado no
galpão da Brasil Oiticica para alimentar os eleitores do velho Chico Pereira.
As cheias na Rua de Baixo, os alunos do Arquidiocesano e as alunas da Escola
Normal Arruda Câmara com suas saias plissadas, levando colado ao peito o livro
da admissão: quantas vezes quis ser aquele livro.
A banda de música na maestria de Saturnino e a tuba inesquecível de Zé Vicente,
brilhando aos primeiros raios de sol nas nossas alvoradas festivas. A chegada
da televisão e a viagem do homem à lua vistam por Godor, Crocodilo, Zé da
viúva, Natercio, Cizenandro e outros que habitaram a Pombal do meu tempo.
Quero lembrar a Pombal romântico que paquerava em volta do Bar Centenário e tomava sorvete na sorveteria de Bernardo, comprava cigarro no Barraco Padre Cícero, de Zé de Lau e tirava o chapéu no trajeto das almas encomendadas pelo nosso amado Padre Andrade, ou colecionavam figurinhas na “Banca de Revista do Escurinho”.
A feira aos sábados ainda tinha cordelistas vendendo folhetos e a Marinete de
Lauro Paixão ou de seu Mizim disputavam com a Viação Gaivota os passageiros que
iam à Patos, pela rodagem poeirenta. A “barata” de Zé Tambor e o “manguinha” de
João Terto, na coronel José Avelino, e o ronco do avião da sambra, assombrando
o sono de seu Inácio, velho ex combatente da segunda grande guerra.
A quermesse na Rua dos Pereiros fazia do São Pedro a Festa Junina mais
comemorada e, no mês de outubro, as Lojas Paulistas, na voz de João Fanhonhon,
cantando Perfídia, vendia “volta ao mundo” e “bolom” para roupa nova dos
matutos que vinham acompanhar o Rosário.
. Doutor, Dona Valmira e Diasa no jogo do bicho e o caminhão de Zé Birro sendo
empurrado ladeira abaixo quando este perdia a manivela.
Preciso ressuscitar gente do povo através de textos e histórias; recolocando-os
nas ruas e nos seus ofícios, como Pedro Corisco ou seu Inácio colocando fogo no
rabo dos foguetões na saída do Rosário. Narrar às peripécias de Cícero de
Bembém, e remontar frases de efeito de Pedro Corisco e João Lindolfo e
reensebar o pau de sebo no São João de frente a casa de professor Arlindo para
ouvir a gargalhada gostosa de seu Antônio Marciel em sua cadeira de balançar.
A Bodega de Toinho e a de Severino Pedro, onde se pode ouvir as historias futebolística de “meu Cesar”. Chico de Ernesto contando uma mentira que jura ser verdade mas que e bem maior do que as de Raulino, e Zé de Bu discutindo politica com Dr Nelson.
Estas
histórias estão registradas na minha memória como fragmentos que preciso
recompô-los.
Enviado
pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de
Araújo Cardoso.
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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