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terça-feira, 12 de junho de 2012

Causos dos Xavier no Tempo do Cangaço

Por: Antonio Xavier

Após o combate dos Xavier contra Lampião e seu bando, o coronel Pedro Xavier, mandou pendurar o corpo do cangaceiro pelos cabelos (Tempero tinha uma longa cabeleira), em um pé de Joazeiro que ficava próximo a casa grande. Maria Nogueira Sampaio (Maroca), quando tomou conhecimento do fato, foi interceder pelo cangaceiro. Se dirigiu ao seu cunhado cel. Pedro Xavier, com as seguintes palavras: "Mesmo ele sendo um cangaceiro, merece ser sepultado, pois é um ser humano, agir dessa maneira é contra as leis de Deus! " O coronel atendeu o pedido da cunhada, mandou enterrar Tempero na baixa próximo a ladeira que dava acesso a casa grande. Até os dias de hoje o lugar é conhecido por baixa do Tempero.

Antônio Xavier


NOTA CARIRI CANGAÇO: O recorte do relato acima se refere a um dos épicos do cangaço da era lampiônica; quando Virgulino Ferreira foi rechaçado pela família Xavier, no lugar Ipueira dos Xavier, no município de Serrita, Pernambuco. Configurando-se como uma das mais heróicas ressistencias ao bando do Rei do Cangaço.

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GUERRA E CANGAÇO EM FERNANDO DE NORONHA

Por: David de Medeiros Leite (*)

A ilha de Fernando de Noronha, no litoral nordestino, durante a Segunda Guerra, por sua estratégica posição geográfica, acolheu considerável aparato militar. Aldemar Duarte Leite, meu pai, que servia ao Exército brasileiro, ali esteve por quase dois anos. De vez em quando, ele contava algumas histórias daquele tenso período de sua vida.

Lembro-me de uma delas que tem muito a ver com nossa Mossoró, principalmente agora quando se comemoram os oitenta anos da resistência ao bando de Lampião. Os dias de folga da rotina militar na ilha não ensejavam maiores opções de lazer. As restrições limitavam os momentos de descontração que, invariavelmente, ficavam resumidos a jogos e outros passatempos improvisados. Certo dia, houve uma espécie de torneio de tiro ao alvo, onde o sargento Duarte — nome de guerra — terminou vencendo.

Em meio a abraços e cumprimentos festivos dos colegas, um prisioneiro — a ilha abrigava, então, prisioneiros políticos e do cangaço — aproximou-se e, a pretexto de felicitá-lo, entabulou um rápido diálogo:

— Atirando bem desse jeito, já sei que seu Duarte é de Mossoró... Qual é seu parentesco com Manoel Duarte?

— Sou sobrinho dele, por quê?

— O que ele conta a vocês sobre o “acontecido”?

— Ele não gosta de falar do assunto, e nós respeitamos seu silêncio.

Mas, hoje, por minha formação militar, vejo que ele agiu como agiríamos, por exemplo, aqui, em caso de ataque.
Papai, que nem estava preparado para a situação, foi muito feliz ao responder com admirável desembaraço, pois, além de não escamotear o assunto, sob pretexto de um possível medo de vingança, já que os prisioneiros conviviam soltos com eles, deixou claro que não iria acrescentar detalhes e, talvez, o mais importante, delimitou que “o acontecido” teria que ser visto sob um ângulo, ou raciocínio, de guerra, onde matar ou morrer são, infelizmente, inevitáveis conseqüências.

Por outro lado, mesmo considerando que à época do diálogo já havia sido transcorrido cerca de quinze anos do episódio, percebe-se que a derrota e as baixas do grupo, ocorridas no chão mossoroense, ainda permaneciam fortemente acesas para os remanescentes do cangaço.

A reserva que Manoel Duarte sempre mantinha em torno do assunto foi, no mínimo, sábia. Jamais aceitou fanfarrices, alardeando que cangaceiros tinham tombado sob sua mira, como muitos fariam.

Levou, ou melhor, continuou com sua discreta e honrada vida, após ter aceitado a convocação do destemido prefeito Rodolfo Fernandes, para que se entrincheirasse em defesa de sua gente, numa enorme demonstração de coragem e desprendimento.

Aliás, sempre que falo ou leio sobre este tema, termino me questionando: quantos desses nomes tão festejados e repetidamente homenageados em nossa cidade deixariam as chamadas “áreas de conforto” e arriscariam suas vidas em uma empreitada como essa?

Por isso, viva Manoel Duarte e todos aqueles verdadeiros heróis da resistência!...

(*) Advogado e Professor da UERN. - 
david.leite@uol.com.br

Enviado pelo poeta, escritor, pesquisador do cangaço e sócio da SBEC:
Kydelmir Dantas

O CANGAÇO NO AGRESTE PERNAMBUCANO

Por: Antonio Vilela de Souza (*)

Quando se fala no cangaço vem logo na mente das pessoas o sertão nordestino e a figura lendária de Lampião. Porém, o cangaço é muito mais do que sertão e Lampião. É agreste, é Paizinho Baio - o homem que atuou com seu pequeno grupo no agreste meridional de Pernambuco, em especial nas cidades de Garanhuns, Correntes, Brejão, Bom Conselho, São João e São Bento do Una, levando o terror por mais de 20 anos a esse pequeno mundo. Foi assassinado em 1939 pelo delegado Raimundo Urquisa.

A cidade de Brejão era o pólo do cangaço no agreste meridional de Pernambuco. Além de Paizinho, “o Lampião do agreste”, teve os sanguinários Capitão Américo e Vicentão, que foi o responsável pela chacina conhecida como hecatombe de Garanhuns, fato esse, acontecido no dia 14 de janeiro de 1917, onde 13 inocentes foram trucidados pelo rifle deste sicário e seu bando de aproximadamente 300 homens. Já o capitão Américo agia mais como um justiceiro vingador.

Quando em junho de 1935 Lampião tem suas ações no agreste de Pernambuco, manda um bilhete ao povo de Brejão pedindo a importância de 20 contos de réis recebe o ultimato dos cangaceiros Capitão Américo e Paizinho Baio: “Se você for homem, venha buscar.” Lampião como sabia da fama dos cangaceiros e do povo de Brejão, não ataca a cidade, distante 25 km de Garanhuns. Outro cangaceiro independente do agreste que teve atuação no município de Correntes e divisa com Alagoas foi o Pinga-fogo.

AÇÕES DE LAMPIÃO NO AGRESTE PERNAMBUCANO

A noticia da aproximação de Lampião à região no final de maio de 1935 causou um verdadeiro pandemônio na população de Garanhuns, ele esteve em Mimoso, a poucos quilômetros de Garanhuns, passou e tomou rumo desconhecido. Com medo do possível ataque de Lampião, muitos habitantes da terra de Simoa Gomes deixaram a cidade.

No dia 20 de maio, passou pelos sítios Minador, a poucos quilômetros de Garanhuns, Pedra e Buíque. No dia 2 de julho, ataca Santo Antonio do Tará. Em sua trajetória de sangue, no dia 12 de julho aparece na localidade de Santo Antonio, no município de Bom Conselho. Como um raio destruidor, Lampião aparece na manhã do dia 19 de julho na localidade de Azevém. Já na madrugada do dia 20 ataca o sítio Queimada do André, onde o bando mata o Sr. José Gomes Bezerra.

Em seguida segue para Serrinha do Catimbau (Paranatama), onde o bando é recebido à bala. A resistência ao bando é feita por João Caxeado, inspetor de quarteirão e seu auxiliar Oséias Correia. Nesta ocasião, Maria Bonita e Maria Ema foram baleadas e o cachorro Dourado morreu crivado de balas.

O bando que invadiu Serrinha era composto pelos cangaceiros: Virgulino Ferreira da Silva (Lampião), Fortaleza, Cabo Velho, Medalha, Maçarico ou Juriti, Gato, Moita Braba, além de Maria Bonita e Maria Ema. Estes foram os cangaceiros processados pela invasão de Serrinha, conforme o Processo nº. 795 da comarca de Garanhuns, estado de Pernambuco.

Portanto, Mossoró e Serrinha foram os locais que botaram o rei pra correr, ambos com prejuízo para a horda do rei do cangaço. Em Mossoró, Colchete e Jararaca tombaram sem vida. Em Serrinha, Maria Bonita e Maria Ema saíram feridas e o cachorro de Lampião, Dourado, morto crivado de balas.

(*) Natural de Garanhuns-PE, professor de História, pesquisador e escritor do cangaço, escreveu o livro "O Incrível Mundo do Cangaço – vol. 1 e 2". Membro da SBEC.

Enviado pelo poeta, escritor, pesquisador do cangaço  e sóco da SBEC:
KydelmirDatas

A PITORESCA HISTÓRIA DE UM POTIGUAR QUE VOOU EM COMBATE NOS CÉUS DA EUROPA DURANTE A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

Por: Rostand Medeiros

Durante a Segunda Guerra Mundial, até onde eu sei,  nenhum dos filhos do Rio Grande do Norte que atravessaram o Atlântico para combater em terras italianas foi piloto de combate do 1º Grupo de Aviação de Caça, o famoso “Senta a Pua”.


Mas na houve um ser vivo, oriundo das plagas potiguares, que foi membro da 15ª Air Force da USAAF – United States Army Air Force e chegou a ter 50 horas de combate em céus europeus.

Patch da Fifteenth Air Force (15th AF).

Tal como o “Senta a Pua”, coincidentemente este potiguar combateu nos céus da Itália. Mas a sua base ficava na cidade de Bari, na região da Puglia, sul daquele belo país. Já a sua unidade aérea de combate era designada como 154Th Weather Recon Squadron, sendo este o único esquadrão de reconhecimento da 15ª Air Force que utilizava o poderoso caça bimotor Lockheed P-38 Lightning.

O belo e poderoso Lockheed P-38 Lightning. Fonte – NARA

Este potiguar era muito querido pelos seus companheiros estadunidenses, saiu da Cidade do Sol através de Parnamirim Field e já foi entrando na cabine de um P-38 e ganhando os céus italianos.

Até porque de céu este conterrâneo nosso entendia bastante, pois ele era um simpático papagaio.

É sério!

Esta é a incrível história de “Jock”, um papagaio potiguar comprado por um dos milhares de aviadores militares americanos que passaram pelo Rio Grande do Norte durante a Segunda Guerra Mundial e que, por obra do destino, participou de missões de combate e ainda foi notícia em vários jornais americanos.

Para que os “doutores” em história da aviação potiguar não digam que o que eu escrevo é mentira, vejam a reprodução da matéria do jornal carioca  ”A Noite”, edição de quarta-feira, 19 de janeiro de 1944.

Jornal “A Noite”, edição de quarta-feira, 19 de janeiro de 1944.

Não vou nem reproduzir o que está descrito na reportagem, ela fala por si.

Acredito que pelos dados que encontramos na matéria, informando que o louro tinha um tamanho de 10 polegadas (26 cm), hábito de repetir palavras e bico forte que quebrava lápis, deveria ser da espécie Papagaio Verdadeiro (Amazona aestiva), que é um bicho bem sociável.

Os mais velhos me narraram que este pássaro era fácil de encontrar no Rio Grande do Norte, principalmente no agreste. Mas isso em uma época quando a nossa natureza era muito mais preservada e não existia nem o IBAMA e o ICMBIO para controlar a venda de nossos emplumados psitacídeos aos aviadores gringos.

Seria “Jock” um Papagaio Verdadeiro como o da foto? – Fonte – http://www.kakatoo.com.br/FotoAve1.html

Mas será que “Jock” era mesmo potiguar?

Bem, como não existe registro de nascimento lavrado em cartório e nem carteira de identidade para papagaio, vale o lugar onde ele foi comprado.
Procurei saber mais sobre os P-38 Lightning”da 15º Air Force e descobri que eles eram subordinados ao 305th Fighter Wing, com base em Salsola, Italia. A esta grande unidade estavam subordinados três grupos de caças P-38, com três esquadrões cada. Já o 154Th Weather Recon Squadron, pela espinhosa função de reconhecimento, era como uma unidade a parte no organograma da 15ª Air Force.

Bom, fiz uma pesquisa rápida na internet sobre algum piloto chamado Clark, dono de um louro brasileiro, servindo na Itália, etc. Descobri que a notícia publicada no jornal carioca foi também reproduzida em vários jornais americanos. Pesquei a primeira página do jornal “Charlotte News”, de Charlotte, North Caroline e outro de um jornal nova-iorquino, onde a notícia é bem mais detalhada.

Matéria sobre “Jock” publicada no jornal Evening Leader, da cidade de Corning, Nova York.

Soube que o dono do psitacídeo potiguar era o piloto Donald L. Clark, de 28 anos, natural de Oakland, Califórnia. Daí encontrei a foto do pessoal do 154Th Weather Recon Squadron e o Senhor. D. L. Clark está lá na segunda fila, mas nada do penoso.

Oficiais do 154Th Weather Recon Squadron. O piloto Clark está na segunda fila dos que estão sentados, sendo o terceiro da direita para a esquerda. Fonte – NARA

Já em relação à história transmitida ao repórter Hal Boyle, da Associated Press, pelo piloto Clark, eu posso entender que “Jock” dormisse durante muitos dos voos, pois eram missões de reconhecimento, onde o melhor é o piloto não chamar atenção e fazer suas fotos bem quietinho, que depois seriam enviadas para o alto comando da 15ª Air Force. Mas esta história que o penoso louro da terra “Papa Jerimum” dormia em missões de bombardeamento e não acordava nem com “artilharia antiaérea”, aí tenho minhas dúvidas.

Pode ser que as alterações de pressão e de temperatura devem ter ajudado o bicho a esticar as pernas e tirar um ronco após cada decolagem, mas só um biólogo, ou um ornitólogo, para definir se esta história tem fundamento.

P-38 em voo. Fonte – NARA

E o danado do “Jock” fez bonito no meio da gringalhada, pois aprendeu, além do português materno, mais quatro idiomas, até mesmo o árabe. Pena que só servia para repetir palavrões.

Agora os pilotos americanos erraram quando inventaram de dar brandy misturado com água ao danado do emplumado potiguar e ele não quis mais beber em uma colher. Tivesse sido cachaça ele beberia até em cálice de igreja. Afinal, quem já ouviu falar em um norte-rio-grandense bebendo brandy?

Pilotos e um P-38 do 154Th Weather Recon Squadron. Fonte – NARA

Apesar de saber que papagaios em geral vivem muito, acredito que no ritmo meio amalucado que o piloto Clark descreve como era a vida deste emplumado norte-rio-grandense e ainda mais com os pilotos baforando fumaça na cara do infeliz, ele não deve ter durado muito.

É uma pena não ter encontrado nada mais sobre este valoroso combatente potiguar que cumpriu tantas missões nos céus da Europa.

Com a história pitoresca de “Jock”, agora posso orgulhosamente afirmar que o Rio Grande do Norte teve um representante em uma cabine de pilotagem durante a Segunda Guerra Mundial.

Para aqueles que vivem nesta terra banhada de sol e admiram com enorme respeito à participação dos nossos conterrâneos no maior conflito da história mundial, podem agora se ufanar de ter um potiguar nesta listagem tão nobre e distinta.

Afinal, é melhor se orgulhar de “Jock” do que da maioria dos políticos desta minha bela terra.

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Extraíddo blog:
"Tok de História", do historiógrafo Rostand Medeiros

A CAMPAINA CAMPAINHA (Crônica)

Rangel Alves da Costa

Achava a maior chateação do mundo quando estudantes passavam diante do seu portão e tocavam a campainha. Xingava, esculhambava, dizia que ia prestar queixa à polícia, que ia diretamente perante a diretoria da escola reclamar, mas não tinha jeito. No outro dia toques e mais toques, e a mesma meninada.

Algum tempo depois começou a acordar assustada ao ouvir tocarem na campainha em plena madrugada. Muitas vezes duas, três horas e aquele som terrível tomava conta da sala, corria pela casa e entrava no quarto onde dormia. Levantava apavorada, sempre pensando em coisa ruim, seguia até a cortina, olhava de soslaio e não avistava ninguém.

Os estudantes continuavam importunando, porém muito mais aqueles toques na madrugada ou quando o dia já começava a clarear. Conhecia os meninos, sabia a hora que costumavam passar, contudo jamais havia visto um só rosto daqueles que escolhiam a madrugada para importunar sua vida.

Depois de uma noite mal dormida, repleta de chateação e sustos, vez que tocaram a campânula por quatro ou cinco vezes, assim que o dia clareou procurou a escada e veio com ela em direção à sala, local onde estava fixado o dispositivo que não suportava mais. Lá em cima, de alicate à mão, cortou um dos fios e se deu por satisfeita. Por mais que tocassem não conseguiriam aborrecê-la mais. Pensou.


Cantiga de namorar (Poesia)

Por: Rangel Alves da Costa(*) 

Cantiga de namorar


O olho
olha
o outro
olhar
que olha
o olho
um espelhar
um olho
pisca
o outro
olho
quer namorar

a face
em face
da outra
face
quer disfarçar
farsa
que é falsa
passo
de valsa
boca
que alça
a outra boca
para beijar

eu
e você
brincando
assim
sim
e não sim
brinquedo
anjo
um querubim
voo alado
céu
ao seu lado
amor
sem fim.


Poeta e cronista
e-mail: rac3478@hotmail.com
blograngel-sertao.blogspot.com

Noite Cariri Cangaço-GECC nesta quarta-feira com a Musica no Cangaço !


Excepcionalmente nesta quarta-feira,
dia 13 de Junho, teremos nosso encontro na Noite Cariri Cangaço-GECC
no Espaço Raquel de Queiroz, na Saraiva Mega Store do Shopping Iguatemi, em Fortaleza.
Sempre as 19 Horas.

Nesta quarta-feira teremos a espetacular Conferência sobre a Música no Cangaço com um dos mais respeitados conhecedores de nossa musicalidade e de nossa música:
Miguel Ângelo de Azevedo, ou simplesmente...NIREZ

NOITE CARIRI CANGAÇO-GECC
Dia 13 de Junho - Quarta-Feira
19 horas
Saraiva Mega Store
Shopping Iguatemi - Fortaleza

Ângelo Osmiro
Presidente do GECC

Manoel Severo
Curador do Cariri Cangaço

Cariricangaco.blogspot.com