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terça-feira, 27 de junho de 2017

VALORIZAÇÃO DA CULTURA POTIGUAR MARYED FERREIRA (Maria Edi Ferreira) PROFESSORA - ESCRITORA - POETISA - CORDELISTA. Por: Franci Dantas

Por Franci Dantas

Natural do Sítio Ema, município de Mossoró - Pedagoga com habilitação em Supervisão (aposentada) UERN - (Universidade do Estado do Rio Grande do Norte) - escreve poemas, sonetos e Cordel - Acadêmica da AMLC (Academia Mossoroense de Literatura de Cordel), ocupando a cadeira da Norte-rio-grandense, Escritora, Poetisa e Trovadora Maria Natividade Cortez Gomes.

MARYED FERREIRA (Maria Edi Ferreira)


ARQUIVOS DE MARYED

- 180 Poesias
- 51 Codéis
- 02 Antologias (criação dos alunos do Curso de Poesia Popular Nordestina, ministrada pelo Professor e Poeta Aldaci de França.

OBRAS

- Dia Internacional da Mulher (2004/2016)
- Fundação do Abrigo Amantino Câmara (1936/2016)

Franci Dantas

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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FORROZINHO! FORROZINHO!

Cerisvaldo B. Chagas, 26 de junho de 2017
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.689

Atirei no que vi, matei o que não vi, diz o jargão popular. Pesquisando para encerrar meu recente romance do ciclo do cangaço, fui para 1927. Deparei-me de repente com um artigo que considero histórico e sagrado para a música alagoana, nordestina e brasileira, muito embora não faça parte desse seguimento.


Foi em um texto de Renata Arruda, Agência do Governo, com o título “Choveu na Minha Roça”, acompanhado do subtítulo: “Primeiras manifestações de forró em Alagoas surgiram em 1927, diz presidente da Associação dos Forrozeiros”.
Após falar sobre a festa atualizada do período junino em Maceió, diz o texto apresentando José Lessa como presidente da Associação dos Forrozeiros, em foto, com suas declarações importantíssimas. Veja:
“Para José Lessa, presidente da Associação dos Forrozeiros, as primeiras manifestações de forró surgiram em Alagoas em 1927, com a música ‘Choveu na minha roça’, de Gerson Filho, sua primeira composição quando tinha apenas 12 anos de idade, gravada somente em 1953”.
Veja outras declarações para a história da música forró:
“Eu já ouvi diversos artistas como Joci Batista, Gennaro, Chameguinho, Benício Guimarães, Afrísio Acácio, Sandoval, entre outros, e todos concordam que Gerson Filho foi o percursor do forró como gênero musical”, afirma.
Veja mais:
“Segundo Lessa, Gerson Filho também foi o precursor da sanfona de oito baixos e o músico que introduziu o forró nas quadrilhas, uma vez que a polca, ritmo de origem alemã, era quem balançava até então as quadrilhas juninas”.
Mais:
Outros artistas alagoanos de relevância no forró foram Jararaca, Augusto Calheiros e Zé do Bambo, com a composição de rojão ‘Do Pilá’, gravada em 1938.
Mais ainda, essa maravilha:
“Alagoas é o estado que mais influenciou o forró no Brasil. São muitos os alagoanos que contribuíram com o movimento e nós temos que assumir o papel de precursores no país”, enfatizou José Lessa.
E de quebra, termina o artigo:
Ainda conforme o presidente da Associação dos Forrozeiros, a palavra forró deriva do Francês “faux-bourdon”, um tipo de composição musical que deu origem ao termo “forrobodó”, usado em alusão a baile popular, arrasta-pé, festança, bagunça, confusão, como consta no Dicionário do Folclore Brasileiro, de Luís da Câmara Cascudo.


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NOITE DE TANTAS BOCAS

*Rangel Alves da Costa

O dia vai fechando os olhos e abrindo a boca. O pôr do sol vai deixando sonolenta a claridade. Quando o candeeiro do sol se apaga e a lua vai mansamente surgindo, então a boca da noite se abre. E se abre para beber da fresca da hora, para saborear o cheiro do cuscuz ralado, para gozar do prazer de um tiquinho de café torrado em pilão.
Assim essa boca noturna lentamente se abrindo. Mas começarei a falar dessa boca noturna através de outras bocas. Eis que a boca é a porta de tudo, é por onde se segue adiante, é onde começa outra vida ou realidade. Na boca do ventre, na boca da mata, na boca do rio, na boca da morte. E tantas bocas entreabertas esperando o momento chegar.
A boca está no poema: “Calei a boca e tomei o corpo, e como não houve mais qualquer resposta, me apossei de tudo. Do grito, do céu da boca, da boca cheia de minha boca vazia de tanto voar em beijos...”. E também no epitáfio: “Oh, lábios que agora emudecem a tristeza de não ter dito adeus!”.
No meio da noite a criança abre a boca chorosa e ecoa toda sua vontade de aporrinhar o silêncio. Ela, apaixonada, mirando o luar imenso que surge, começa soluçando para em seguida querer gritar. E mais adiante, e por todo lugar, as bocas trêmulas conversam com suas saudades, os tempos idos, as boas e dolorosas recordações.
E mais tarde, quando a solidão chega agonizante, a noite se transforma num labirinto cheio de bocas enormes, desdentadas, horripilantes, querendo sugar a quem sofre por merecer. Mas eis que chega um lábio, que chega um carinho suave fechando a boca medonha da noite e selando num beijo a felicidade do reencontro. 
Dizem que o peixe morre pela boca; o guloso também. A boca bebe a água da vidraça molhada e poeticamente deixa estampado o lábio sedento. E as tantas bocas esquecidas quando as palavras raivosas ou apressadas saem pelos ouvidos e as narinas. Cale a boca já morreu, quem manda na sua boca sou eu. Por isso vou navegá-la. Mas se a boca der a permissão, a licença. 


Mas de todas as bocas, não nego, sempre preferi a boca da noite. Desde o amanhecer ao entardecer que vou me preparando para a chegada do momento mágico, misterioso, cativante, delicioso e também assustador. Porque a boca tem face, e também a outra; é verso e reverso. E nela há uma cortina, um palhaço e uma lágrima.
Tão bela e necessária é a boca da noite que a sua chegada exige um rito todo especial. Como ritual de passagem, não é qualquer um que poderá recebê-la sem que a alma e o espírito, e tudo o mais que envolva o ser, estejam devidamente preparados. A noite doa, agracia, mas exige muito de quem irá recebê-la. Sob pena de sumir na sua boca.
Quando a tarde toma em sua mão o pincel de cores avermelhadas, e logo mais, parecendo angustiada, vai sombreando toda a tela, toda a paisagem, então logo pressinto que a noite chegará. E o horizonte vai se abrindo para o negrume descer, tudo vai sombreando ainda mais, e toco no lábio do tempo para sentir a boca. A boca da noite.
Como ainda é apenas boca quase fechada, apenas entreaberta, sem que a noite tenha chegado completamente, então passo a imaginar o que quero encontrar mais tarde. Contudo, há uma imensidão de tempo entre o sombreado da noite e o seu abraço inteiro. E o que acontecerá mais tarde certamente estará na dependência do que o corpo, a mente e o espírito sintam antes de tudo acontecer. Na boca da noite.
Por isso que a boca da noite é bela e feia, é alegre e triste, é amiga e hostil. Vem trazendo uma saudade boa, uma recordação cativante, uma vontade danada de estar ao lado de alguém importante ao coração, um desejo profundo de um diálogo amoroso, um abraço apertado, um deitar no colo da pessoa amada. Mas também o medo terrível da solidão, da certeza que novamente sofrerá olhando a lua, mirando as estrelas, viajando sem sair do lugar.
Boca da noite que vai chamando outras bocas a se abrirem para a prece, para a oração, para o diálogo sagrado perante o oratório no canto da casa. Diante da vela acesa, a boca se move em gritos silenciosos, em sussurros de fé, em palavras santas pela busca de salvação. E tudo parece ser ouvido por Deus.
Boca de uma noite faminta, de lábio vermelho, de lábio carnudo, de lábio sem cor, de lábio apenas lábio. E sonha em se abrir para receber um beijo, se sentir molhada, amada, apaixonada. Ou talvez para a palavra, para dizer que espera da noite o que o ser consciente espera da existência: ter o que merecer.
E por isso mesmo espera a felicidade. Ainda que a boca trêmula e o coração apertado pressintam que ainda não será naquela noite. Nem com outra boca.

Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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ÉPOCA DE SÃO JOÃO.

 Por Verneck Abrantes

Época de São João.

Na zona rural de Pombal, que fosse à luz dos candeeiros, sob céu estrelado do sertão, lua cheia, fogueiras acesas... Fazia-se o melhor São João, com comidas de milho, ornamentos em bandeirolas, brincadeiras de adivinhações, músicas ao som do triângulo, sanfona e zabumba. Na cidade, balões subindo aos céus, passeios nas praças, uma festa de clube, marcação e dança de quadrilhas, a confraternização compartilhada entre as famílias e amigos. Era o viva ao São João de Pombal.


Seu Bandeira e Dona Rosa em trajes típicos, deram um referencial da Festa do São João em Pombal no ano de 1958.

Verneck Abrantes.

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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IGREJA DE SÃO VICENTE DE PAULO EM MOSSORÓ


Esta igreja está localizada na Avenida Alberto Maranhão, no centro da cidade de Mossoró. Na tarde de 13 de junho de 1927, ela foi lugar apropriado para acomodar os defensores que lutavam contra o bando de facínoras da "Empresa de Cangaceiros Lampiônica & Cia", tendo como proprietário e dirigente Virgolino Ferreira da Silva o então já afamado cangaceiro capitão Lampião.

Segundo alguns pesquisadores do tema cangaço, ao ver esta igreja naquela tarde de derrota em Mossoró, o cangaceiro Lampião teria a chamado de igreja da bunda redonda. 

CONHEÇA A HISTÓRIA DA CAPELA DE SÃO VICENTE
Por Sabatta Soares

A Capela de São Vicente de Paula, localizada na Avenida Alberto Maranhão, no Centro, é muito conhecida pela população mossoroense por ser o marco da resistência do povo da cidade a invasão do bando de Lampião. A igreja serviu como trincheira para os resistentes e até hoje ostenta as marcas da “Chuva de Bala” ocorrida em 1927. Todos os anos revivemos essa história de bravura e resistência através do espetáculo Chuva de Bala no País de Mossoró na Capela, palco real da batalha.

A casa do prefeito Rodolfo Fernandes (hoje Palácio da Resistência) rodeada com fardos de algodão e, ao lado esquerdo, a Capela de São Vicente. Essa foi a trincheira armada para defender a cidade contra a invasão do bando de Lampião.

Porém, a igreja, que passou recentemente por uma reforma, é mais antiga que esse episódio célebre e carrega mais histórias. De acordo com o pesquisador Geraldo Maia, a capela foi inaugurada em 20 de julho de 1919 e sua pedra fundamental foi lançada em 1915, a partir da ideia das confrarias vicentinas.

A igreja foi idealizada pelo arquiteto Francisco Paulino e, no ano do início da construção, o Nordeste vivia uma seca severa, e isso marcou a história do lugar. O serviço foi conduzido por muitos retirantes que chegavam na cidade e o pouco que ganhavam garantiam seu sustento.

A torre da Capela ainda é marcada pela “chuva de bala” que marcou o confronto entre cangaceiros e resistentes. Veja as marcas de balas.

Alguns pesquisadores publicaram trabalhos e memórias sobre a construção, como o professor Almeida Barreto. “Aquele templo é uma dádiva de suor, sangue e lágrimas dos retirantes de 1915” e complementou: 

O corpo incorrupto de São Vicente de Paulo - PresbíteroCapelão-Geral e Real da França

“Mossoroenses, quando passardes diante da Igreja de São Vicente de Paulo, prestai o vosso culto, não só ao orago do templo, como aos seus construtores, quase todos desaparecidos já, porém, ainda mais rendei o vosso preito àqueles humildes grandes, que fabricaram, de graça, o material para o citado templo”.

Saudoso escritor Raimundo Soares de Brito o Raibrito

O historiador Raimundo Soares de Brito também falou sobre o fato. “Os serviços da construção do templo serviram para amenizar o sofrimento das numerosas levas de retirantes que aqui chegavam tangidos pelo flagelo da grande estiagem”.

Em junho, a cidade reconta a história da resistência a invasão do bando de Lampião através do espetáculo Chuva de Bala no País de Mossoró, no adro da Capela de São Vicente.

Anos após sua inauguração, em 13 de junho de 1927, a cidade de Mossoró foi invadida pelo bando de Lampião e a Capela foi trincheira para defesa. Os resistentes se abrigaram em sua torre, de onde muitos tiros partiram, de modo que foi dito que “até os santos atiraram” e houve uma “chuva de bala” na cidade, frase que nomeia uma obra e com a qual foi batizado o espetáculo que reconta essa história.

Essa foi a primeira grande derrota de Lampião e ele nunca mais voltou a invadir terras potiguares. A “Igreja da bunda redonda”, como chamou os cangaceiros, virou ponto turístico da cidade e recebe visitantes o ano todo, principalmente no mês de junho quando esse feito é recontado através do teatro. Mais que um ponto turístico, ela é marco da coragem e pioneirismo de um povo.

http://outrasvibes.com/index.php/2017/03/13/conheca-a-historia-da-capela-de-sao-vicente/

A foto foi enviada pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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A ‘MORTE’ DE LAMPIÃO NO FOGO DAS CARAÍBAS

Por Sálvio Siqueira

Desde 1925 que a Coluna Prestes vinha percorrendo o vasto território brasileiro, no sentido Nordeste. Adentra a região e começa a percorrer o vasto território do Estado do Piauí.

Em princípios de 1926, nem os comandantes das volantes e seus comandados da região do Pajeú dos Flores e do Navio, nem o “Rei dos Cangaceiros”, Virgolino Ferreira da Silva, o chefe cangaceiro Lampião, com sua cabroeira, sabiam nada sobre o que estava acontecendo, principalmente sobre esse levante das tropas contra o Estado brasileiro. Os primeiros estavam a pensar em como agiriam para darem cabo de Lampião que há vários anos, junto com seus ‘cabras’, transformam o sertão numa área de terror. E o segundo, como esconder-se e armar emboscadas para seus perseguidores, dando sequências em suas extorsões, roubos e assassinatos, protegendo sua vida.

Coronel João Nunes

No mês de fevereiro de 1926, os comandantes de volantes, os, na época, tenentes Optato Gueiros e Higino José Belarmino ficam cientes de que Lampião andava próxima a Vila de Nazaré, no município de Floresta, PE, com um pequeno grupo de cangaceiros. Juntando seus homens, partem para aquela localidade a fim de perseguirem o bando. 


No caminho as volantes se encontram com o comandante Geral da Força Pública de Pernambuco, coronel João Nunes, na estrada que liga São Serafim a Vila Bela, hoje Calumbi e Serra Talhada, que, viajando de carro com sua comitiva, ia com destino à divisa com o Estado do Piauí, a fim de montarem uma barreira para combaterem os Revoltosos, a Coluna Prestes.


A Coluna Prestes, quando em confronto com as Forças Federais, sempre se saíra bem. Melhor dizendo, são mínimos os combates em que os Federais toparam os Revoltosos. Na Região Nordeste, pelo menos, se não fossem os componentes dos Batalhões Patrióticos - BT, aí se destaca o baiano, a Coluna dos Revoltosos não teria tido empecilho algum. O governo Federal, na pessoal do Presidente Arthur Bernardes, financia a fundação e formação dos BTs – Batalhões Patrióticos. Esses Batalhões foram formados, tendo em suas fileiras, a maioria, civis, pistoleiros, jagunços e cangaceiros que atuavam na região sede onde foram montados. Como exemplo, citamos o de Juazeiro do Norte, CE, montado pelo então deputado Floro Bartolomeu, onde dois mil jagunços fizeram parte de suas fileiras. E entre o jagunço e o cangaceiro, a diferença é mínima. O jagunço ‘trabalha’, exercendo sua ‘profissão’ de extorquir, roubar, descer a madeira, maltratar, humilhar e matar sempre sob as ordens de alguém. ‘Trabalhando’ exclusivamente para seu “patrão”, que poderia ser um ‘coronel’, grande latifundiário e/ou político da região, etc... Já o cangaceiro, que também fazia tudo quanto o jagunço praticava, só que com uma diferença, não tinha patrão. ‘Trabalhava’ para si.

Em cada volante havia um rastejador. O trabalho desse homem, de um rastejador, era, é e sempre será de primordial importância, pois é aquele que leva os perseguidores diante dos perseguidos, do caçador diante da caça. Ele ‘vê’ sinais, ‘lendo o terreno’, que, com toda certeza, passariam despercebidos para o restante da tropa. Além de descobrir os raros sinais, tem-se que saber a direção tomada dos perseguidos. Se não, em vez de saírem no encalço, se distanciariam mais ainda da ‘caça’. Sabedor disso, Lampião ficava dando voltas em um determinado trecho de terra. Indo e vindo por entre serras, dificultando mais ainda os rastejadores lerem os vestígios de sua passagem.

Virgolino Ferreira da Silva o Lampião. Essa imagem fora capturada quando da sua ida ao Ceará, em março de 1926, receber a patente de capitão do Batalhão Patriótico, inclusive já está usando a indumentária militar, para dar combate aos revoltosos. Colorida pelo professor e pesquisador do cangaço Rubens Antônio

Lampião tinha em mente um combate contra a Força pernambucana, pois tinha perdido seu irmão, o cangaceiro “Vassoura”, Livino Ferreira, e era necessário vingar sua morte. Sabedor de que o tenente Higino Belarmino estava nas redondezas, procura fazer com que chegue ao mesmo, através da sua ‘malha’ de informantes, a notícia da sua presença, pois era sabido que o mesmo estivera na tropa que participou do combate onde morrera seu irmão. 

Na ocasião, Lampião tinha sob suas ordens um pequeno grupo de cangaceiros num total de 19 homens. Ao passar por as terras da fazenda Saco, propriedade dos remanescentes do famoso cangaceiro do Navio, Cassimiro Gomes da Silva, Cassimiro Honório, encontra-se com o não menos famoso “Manoel Pequeno”. “Manoel Pequeno” era um chefe cangaceiro cujo bando era todo, ou quase todo, completo por indígenas, caboclos da Serra do Umâ ou da região denominada Jacaré, tendo em suas fileiras um total de vintes caboclos. Os dois grupos se juntam e o bando parte em direção indicada pelo “Rei dos Cangaceiros”.

Chegam às terras da fazenda Caraíbas, montam acampamento em localidade escondida, matam uma rês e fazem a carne para assarem, para comerem de imediato e para levarem em seus bornais junto a farinha. Enquanto isso, a tropa está seguindo seus passos. Se os sinais ficarem sempre muito as vistas, é lógico que os soldados desconfiariam por isso Lampião, vez por outra, encontrava uma forma de escondê-los.

Assim, O soldado Manoel Flor de Nazaré, Manoel de Souza Ferraz, que também era rastejador, encontra os vestígios da passagem da cabroeira já nas terras da fazenda Maravilha, e os mesmo ‘diziam’ que os perseguidores foram com destino às terras da fazenda Caraíbas. A tropa se agita, colocando os pés no caminho, doidinha para encontrarem seu grande inimigo, Lampião. 

Virgolino divide seu bando em três frentes, uma sob o comando do cangaceiro “Esperança”, seu irmão Antônio Ferreira, que se especializara em combater pelos flancos, outra ficando com o comando do cangaceiro “Manoel Pequeno”, que se posicionou para atacar a retaguarda da tropa, essa posição ficava sempre sob a responsabilidade de “Vassoura”, seu Irmão Livino que já estava morto, e, por fim, a parte que ficaria com ele, aquela que estaria na vanguarda tropa, de frente para o inimigo. Ordena que permaneçam em suas posições, que devem deixar os ‘macacos’ passarem pela ‘brecha’ deixada entre eles. Determinando para aqueles que estariam para atacar a retaguarda da volante, que só atirassem, entrassem em ação, depois que, acossados por dois flancos, partissem em retirada.


A tropa adentra na arapuca. O estrago só não fora maior, só não ocorreram mais baixas devido a um imprevisto. Os soldados, ao chegarem à margem do riacho Maravilha, entram pelo leito do mesmo e, antes que todos estivessem no ‘miolo’ do leito, veem três cabras do grupo de “Manoel Pequeno”, porém, os soldados também foram notados pelos caboclos. Automaticamente as duas partes abriram fogo. Mesmo o ataque tendo perdido a surpresa, aqueles que estavam nas outras posições, abrem fogo causando grande estrago nos homens da volante. A coluna se ver ataca por três frentes ao mesmo tempo. A vida de cada um está por um triz.


De cara, três soldados, Antônio Benedito Mendes, Aristides Fontes da Silva e Benedito Bezerra de Vasconcelos, tombam sem vida. O tenente Higino José Belarmino, o cabo Manoel de Souza Neto, os soldados Antônio Joaquim dos Santos, o rastejador “Batoque”, João Pereira dos Santos, Altino Gomes de Sá, João Cavalcanti, João Pinheiro Costa e outro soldado são feridos. Deixando um buraco enorme nas linhas da Força.

A valentia dos homens que nasceram nas terras pertencentes à Vila de Nazaré, Distrito de Florestas, PE, e que saíram em perseguição ao cangaceiro mor daquela região, é conhecida por todo aquele que estuda o Fenômeno Social Cangaço. Valentia essa, que por inúmeras vezes, é confundida pela loucura. Porém, por força dessa valentia, quando em ação, que foram salvas, em muitas ocasiões, as vidas de vários daqueles que fizeram parte das linhas volantes combatentes ao banditismo regional. 


A tropa se ver cercada e fica desnorteada. Alguns homens são vítimas do desespero da hora do fogo. Colocam suas caras na areia do riacho e não respondem aos tiros dos cangaceiros. Outros, vendo a bagaceira que está para acontecer com todos, começam a gritar, incentivando seus companheiros a voltarem a lutar. O tenente Higino pede auxilio ao soldado nazareno David Jurubeba, para que esse desse incentivo aos homens, no entanto, Davi diz que nem ateando fogo onde eles estavam eles voltariam a erguerem-se para combaterem. Até mesmo o tenente Higino, ferido em um dos braços, vendo a coisa como estava, prepara-se para dar no pé no que é impedido por Davi Jurubeba, onde ameaça atirar nele se o mesmo deixa-se o campo da luta.

Tenente Higino José Belarmino

“(...) Davi Jurubeba notou o tenente Higino se preparando para abandonar o combate, que se tornava cada vez mais acirrado, com os bandidos envolvendo a força, e falou pra ele:

-“Tenente Higino, não abandone o comando da tropa! Seja homem, que eu sou homem e só sou comandado por homem. Bota galão no ombro quem é homem. Não tente retirar-se da linha de frente. Se isto fizer, atiro pelas costas.”


Sabendo o tenente da valentia de Davi Jurubeba, que não hesitaria em cumprir com a promessa, virou para o soldado e respondeu:

_”Davi, agora se morre até o último homem, mas não se corre! Vamos todos agora morrer como homem no campo da luta” (...).” (As Cruzes do Cangaço” – SÁ, Marcos Antonio. E FERRAZ, Cristiano Luiz Feitosa. 1ª Edição. Pg 77. Floresta, PE. 2016).

Manoel Flor - encontrando-se na Vila de Nazaré, distrito de Floresta, PE.

Em determinado momento do combate, os irmãos Euclides e Manoel flor, separam-se com alguns homens e começam a darem combate aos cangaceiros em frentes distintas. A coisa fica melhor para os soldados após essa decisão deles. No entanto, havia muitos feridos e mortos, além da separa e deserção de alguns, deixando apenas 17, de uma tropa de 40, dando combate ao fogo. Euclides chega junto a esses homens com bastante raiva por ter tido que deixar seu inimigo lá, no meio das pedras dizendo lorotas, falando que os tinham colocado para correr. Nesse momento, após dizer que Lampião estava falando que eles correriam com medo, os homens se erguem, pegam novamente nas armas e se destinam a voltarem ao campo da luta. Os soldados, sob as ordens de Euclides Flor, Manoel Flor e Davi Jurubeba, dividem o restante da tropa em dois pelotões. Um ficaria com Davi, e o mesmo iria dar combate a “Manoel Pequeno” e seus caboclos, enquanto Euclides, juntamente com Manoel e alguns soldados, entraram na caatinga e foram botar um cerco no “Rei dos Cangaceiros”. Euclides Flor deixa seu irmão em um canto, abrigado e lhe dando cobertura, e junto com alguns outros soldados, partem para a ofensiva, atacando e encostando-se ao serrote onde se encontrava os cangaceiros. Essa investida de Euclides Flor foi decisiva para o combate. Ou morreriam ou matariam os cangaceiros. Mataram alguns e feriram outros. Lampião vendo que estava ficando em desvantagem, pois havia perdido cinco dos seus homens e outros estavam feridos, ‘deu linha na pipa’, sumiu no meio do mato. No caminho para um coito seguro, os cangaceiros enterraram seus companheiros mortos.

Euclides Flor

Outra versão, conta-nos que quem deu ordem para que Euclides Flor com seus homens contornasse o serrote, na tentativa de pegar os cangaceiros pelas costas, fora o comandante Optato Gueiros. Só que, fazendo o contorno pela caatinga, esse grupo dá de cara com outro comandado por Davi Jurubeba que havia ido levar alguns soldados feridos, inclusive Manoel Neto, na fazenda São Silvestre e, como não existiam rádios e as vestimentas eram idênticas, atiraram uns nos outros. Diante disso, Lampião aproveita-se e parte em retirada com seus homens.

Lampião ordena que transportem o cangaceiro morto, nessa versão só um ‘cabra’ morreu, e, manda que cortem seu pescoço, escondendo a cabeça em outro local distante. O corpo desse cangaceiro é encontrado, porém, não pode ser reconhecido por não ter a cabeça.

É nesse momento que a cobiça humana mostra-se através da vaidade do tenente Optato Gueiros. O tenente, quebrando a hierarquia militar, comunica diretamente ao governado do Estado de Pernambuco, através de telegrama, de que o corpo encontrado na mata da caatinga na região do semiárido sertanejo era do famigerado cangaceiro Lampião, e que o mesmo tinha sido morto no combate das Caraíbas. Tudo em busca de uma promoção em sua carreira.

O danado é que vários Jornais escritos da época, único meio de comunicação em massa existente, publicam a morte do cangaceiro: o “Jornal Pequeno”, em 13 de fevereiro de 1926, o “Diário de Pernambuco” em 14 de fevereiro de 1926, em sua página de número 3, ambos da cidade do Recife, PE, e o “Jornal do Commercio”, de Fortaleza, CE, em 15 de fevereiro de 1926.

“(...) Optato Gueiros, que então era tenente, doido por uma promoção, assegurou aos superiores que o corpo encontrado sem cabeça era de Lampião. No Recife, o Jornal Pequeno apressou-se em publicar o que chamava de “uma das notícias mais alvissareiras”, dizendo que havia posto em campo a sua reportagem para que pudesse dar ao público “notícias oficiais absolutamente verídicas”, de fonte insuspeita. A “fonte insuspeita’ era o tenente Optato Gueiros. A “notícia alvissareira” foi dada também pelo Diário de Pernambuco, do Recife, e pelo Jornal do Commercio, de Fortaleza(...).” (Lampião – a Raposa das Caatingas – IRMÃO, José Bezerra Lima. 2ª Edição. Pg 187. Salvador, BA. 2014)

Esses mesmos vespertinos, ou periódicos, viriam, no mês seguinte, março de 1926, noticiarem o encontro entre Lampião e Padre Cícero, na cidade de Juazeiro do Norte, CE, onde o chefe bandoleiro recebe a patente de Capitão. Fato que comentaremos em outra oportunidade.

Fonte Obs Cts.
Foto As Cruzes do Cangaço” – SÁ, Marcos Antonio. E FERRAZ, Cristiano Luiz Feitosa. 1ª Edição. Floresta, PE. 2016
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OS COMBATES DE LAMPIÃO E AS BALAS..!


Segundo o próprio rei do cangaço falou em entrevista que concedeu, ele e seu grupo realizaram mais de 200 (duzentos) combates com as forças policiais.

(...)

A respeito do número de seus combates e de suas vítimas disse:

L: "Não posso dizer ao certo o número de combates em que já estive envolvido. Calculo, porém, que já tomei parte em mais de duzentos. Também não posso informar com segurança o número de vítimas que tombaram sob a pontaria adestrada e certeira de meu rifle. Entretanto, lembro-me perfeitamente que, além dos civis, já matei três oficiais de polícia, sendo um de Pernambuco e dois da Paraíba. Sargentos, cabos e soldados, é impossível guardar na memória o número dos que foram levados para o outro mundo". 

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GOMA DE MANDIOCA: IMPORTANTE PRODUTO INCORPORADO À CULINÁRIA NACIONAL, FRUTO DOS AVANÇOS TECNOLÓGICOS IMPLEMENTADOS PELOS COLONIZADORES PORTUGUESES

José Romero Araújo Cardoso

Quando aportaram em costas brasileiras, os colonizadores portugueses começaram a observar que um dos suportes da alimentação indígena era a farinha obtida com o rudimentar beneficiamento da mandioca.
          
O processo de obtenção da farinha da mandioca era extremamente simples e pouco sofisticado, constando da imersão das raízes em água, para amolecer, as quais posteriormente eram raladas em pedras ou no arenito.
          
Para liberar o potente Ácido Cianídrico presente nas raízes da planta, a qual provavelmente é originária do Brasil, os indígenas inventaram um artefato que deram o nome de tipiti, o qual tinha por função espremer a manipueira rica em ácido, evitando intoxicações nas tribos.
          
A fim de dinamizar a produção de farinha de mandioca, os colonizadores introduziram equipamentos que revolucionaram o processo de obtenção do produto herdado da cultura indígena, tendo em vista que há mais de quatro mil anos os nativos brasileiros dedicavam-se à rudimentar produção do que fez parte de forma indelével da culinária nacional nos dias de hoje.
          
A invenção de diversas bolandeiras, primeiro à tração humana, depois animal e culminando nas movidas a óleo diesel e a eletricidade, também foram responsáveis pela exponencialização da produção de farinha de mandioca.


O caititu e a prensa foram os dois equipamentos que impulsionaram a produção de farinha de mandiocas, bem como de beijus, resultando, através da observação empírica, no aproveitamento da fécula despejada em gamelas colocadas abaixo das prensas.
          
A introdução do caititu, um cilindro de metal dotado de hastes de aço em seu exterior, permitiu que a mandioca fosse ralada com maior velocidade e precisão, aumentando extraordinariamente a produção de farinha e, atendendo assim, a dinâmica da demanda pelo produto que em determinado tempo tornou-se símbolo do semiárido brasileiro.
          
A compactação fenomenal, cuja pressão faz escorrer o líquido leitoso riquíssimo em ácido cianídrico, deposita uma massa fina que ficou conhecida por goma, a qual, tendo em vista que o ácido cianídrico é volátil a altas temperaturas,  depois de submetida ao fogo, a fim de liberar quantidades ácidas exorbitantes, é a matéria-prima para a produção de tapiocas,  as quais, juntamente com os beijus, transformaram-se no pão de cada dia de boa parte da população das zonas ermas e esquecidas do Nordeste Brasileiro, bem como de outras áreas marcadas pela presença de Casas de Farinha marcando a formação das paisagens humanas.
          
Prato sofisticado e bastante requisitado em Restaurantes e outros ambientes especializados em comida regional, espalhados em inúmeras cidades pelo Brasil, a tapioca passou e vem passando por inovações consideráveis, principalmente no que tange à oferta de múltiplos recheios à disposição dos consumidores.

José Romero Araújo Cardoso. Geógrafo (UFPB). Escritor. Professor-adjunto do Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. Especialista em Geografia e Gestão Territorial (UFPB) e em Organização de Arquivos (UFPB). Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente (UERN). Membro do Instituto Cultural do Oeste Potiguar (ICOP), da Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço (SBEC) e da Associação do Escritores Mossoroenses (ASCRIM)

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ESTE POTIGUAR ESCAPOU POR UM MILAGRE DE MORRER NAS GARRAS DE LAMPIÃO


Em 1927 o sertão do Rio Grande do Norte era “visitado” pelo maior cangaceiro da história do Brasil, o pernambucano Virgulino Ferreira da Silva, o famoso Lampião, de quem já mostrei aqui um vídeo inédito.

Seu ataque às terras potiguares, junto com um numeroso e feroz bando de cangaceiros, aconteceu em 27 de Junho, e tinha como principal objetivo a crescente cidade de Mossoró.

Ao longo do trajeto do cangaceiro várias comunidades e propriedades foram invadidas, roubadas e saqueadas. Foi um imemoriável frenesi de medo, terror, gritos, sangue e mortes.

Nestas comunidades o ataque nunca será esquecido, e em alguns destes locais existe uma luta muito interessante e louvável para preservar a memória daqueles dias estranhos e intensos. Um destes locais é a cidade de Antônio Martins, que na época se chamava Boa Esperança.

É lá onde mora Vicente Teixeira de Lira, o corajoso homem que escapou por um milagre de morrer nas garras de Lampião e de seus capangas:

O caso começou quando o seu Vicente deu uma resposta que o chefe cangaceiro pernambucano considerou insolente e foi “convocado” por Lampião.

Vicente foi então obrigado a seguir à frente do bando, segurando na correia do cavalo de Lampião. Em dado momento ele escorregou no chão de terra e o cavalo do chefe dos bandidos quase lhe colocou no chão.

Foi o que bastou para o pobre aldeão levar uma extensa cutilada de punhal. Para piorar sua situação, em frente à igreja de Santo Antônio, outros bandoleiros fizeram pouco caso de sua má sorte e o obrigaram a beber cachaça. O homem quase morreu.


https://curiozzzo.com/2016/05/20/o-potiguar-que-escapou-por-um-milagre-de-morrer-nas-garras-de-lampiao/

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POR RESPEITO À HISTÓRIA

Por Kydelmir Dantas

Em 1977, nos 50 anos da vitória de Mossoró sobre o bando de cangaceiros comandado por Lampião, houve um programa de homenagens aos cidadãos que estiveram nas trincheiras da resistência


Foi o TARCISIO GURGEL quem montou o texto da peça sob o título de ESPETÁCULO DA RESISTÊNCIA, encenado pelo Grupo de Teatro da UFRN, dirigido por CARLOS FURTADO e com participação de alguns atores mossoroenses no Adro da Capela de São Vicente, com seu ápice no dia 13 de junho daquele ano. 


Resgatamos isto nos impressos do centenário jornal O MOSSOROENSE, do mês de junho de 1977, encontrado na hemeroteca do acervo do Museu Histórico Lauro da Escóssia. 

Este texto foi o mesmo que gerou o espetáculo CHUVA DE BALA NO PAÍS DE MOSSORÓ, de 2002 até 2017, fechando com brilho os 90 Anos da Resistência de Mossoró ao ataque do bando de Lampião.

https://www.facebook.com/josedepaivareboucas?ref=br_tf

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