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sábado, 27 de outubro de 2012

História do Cangaço em AURORA

Por: José Cícero

De repente no esquisito daquela caatinga enbrabecida, rompeu um grito seco e abafado cheio de terror e medo como um rosnado de bicho quebrando o silêncio sagrado daquele ambiente. Chão de brasa. Sol a pino cozinhando os miolos e o juízo dos valentes sertanejos em seu eito diário.

Pouco depois som de besouros apenas... E um cancão ligeiro em ziguezague cruzara o caminho como que também desorientado estivesse. Logo em seguida, um gemido extremo de moribundo, atravessou os ares escaldantes daquele fim de mundo. Grotões imensos de pedras, costurados por um gracioso emaranhado natural de espinhos. Touceiras enormes de cactáceas. Como se fossem elas, sentinelas da terra que os homens sertanejos insistem tanto em dominá-la há séculos pela vida adentro.Um pequeno lapso de tempo. Um quarto de hora mais ou menos. Seguido de um novo grito. Possivelmente o derradeiro.

Um som ribombeou por todos os lados como um tiro de espigarda a se precipitar entre os rochedos repletos de macambiras, coroa-de-frade, rabo de raposa, mandacarus e xiquexiques. Tudo aquilo estava carregado de estranhamento. Podia-se a partir daquele crucial instante, ouvir nitidamente as pisadas fortes, como a galope de muitos cavalos, entre os arvoredos quebrando os garranchos secos daquele ambiente semi-árido. Os cascos dos animais tiniam como ferro sobre as pedras soltas e os lajedos imensos. Supersticiosos decerto diriam se tratar de caipora em seus desmandos dentro da mata caririense.

Mas, logo ficariam sabendo que estavam errados. Caipora mesmo naquela Aurora dos anos 20 era a vida que se levava naquele sertão adusto perdido e desprezado a se derramar numa sequidão sofrível. Bem ao contrário do rio Salgado, léguas distantes escorrendo tranquilamente na vastidão do vale como uma jararaca gigante e preguiçosa quase cochilando. Aquele sertão era isso: um literal inferno de tanta precisão, perigos e outras contrariedades. Aqui acolá, também o bizarro insistia em compor aquele panorama cheio de segredo, mandinga, misticismo e outros mistérios. Lugar onde o gênero humano, tinha por certa condição atávica, a ligeira necessidade de também ser bicho na busca incessante de também sobreviver a desdita, o sofrimento e as injustiças.

Eis o sertão. Uma extensão do mundo tetricamente abandonado pelos poderosos aliados do poder central. O sertão era uma ficção posta no mapa simplesmente para fechar uma laguna espacial e geográfica. Do outro lado, o fértil vale que descambava para o pé da serra tinha lá seus donos e seus negócios enigmáticos. Coronéis indolentes do latifúndio. Velhacoutos de diversos grupos de jagunços e bandoleiros sanguinolentos. Bandidos de toda espécie. Criminosos da pior índole. Péssimas criaturas, cuja definição de gente e de cristão era no mínimo uma afirmação temerária.

Naquele dia quase sonolento de uma sexta-feira a caatinga seca quebrara seu silêncio característico. Momento em que o imponderável da vida parecia se aninhar nas mãos calejadas dos homens sertanejos. Tanto que ali mesmo naquele exato instante, se tornou possível ouvir muitas vozes onde até pouco, a solidão reinava pelos quatro cantos. Os cangaceiros mais uma vez se perderam nas traiçoeiras bibocas do mar do sertão que eles pouco ou quase nada conheciam pelas redondezas.

Eram jagunços perigosos... Rasgando o oco do mundo. Demônios terrenos em carne e osso. Talvez por isso os bichos da mata também estivessem em pavorosa correria. Mas por sorte, os bandoleiros atingiram o caminho certo. Mas sem antes, friamente assassinarem mais um cristão inocente. Um pobre guia: Seria Zé Alves, o jovem leiteiro do Jatobá, sangrado barbaramente nos rincões inóspitos da Catingueira? Não. 


Este crime ficaria para quase um mês depois. Quando Massilon se separaria de 


Lampião, não no riacho do sangue na fazenda Letrado como disseram. Mas de fato, no entroncamento dos sítios Brandão e Gerimum da Aurora. Covardia a qual os seus parentes da família Arara, jamais esqueceria...

Seria o proprietário do sítio Caboclo, vitimado por ter se negado a doar um boi para o banquete dos criminosos? Não. Este havia sido muito antes pela jagunçada dali mesmo, da Ipueiras e Missão Velha. Para aquela alma em seu martírio ainda agora existe um grande cruzeiro de Penitentes no local exato onde a vítima foi assassinada.

Seria o velho Catita que quando novo havia experimentado igualmente a vida de jagunço, mas se arrependera? Talvez, demasiado tarde. Lá pras bandas da Malhada Vermelha... Mata fechada onde nenhum caminho por lá passava. Mais uma cruz seria fincada na rês do chão. A pilhagem e o crime rondavam assim, a boa gente dos sertões, como um cão danado, enraivecido, mordendo tudo. Viver e sobreviver nos sertões naqueles tempos era uma aventura de valentes. Por isso a frase Euclidiana que virou máxima: “O sertanejo é antes de tudo um forte”.

De tal sorte que, a justiça também era ali, por uma questão de definição prática, apenas mais uma das tantas vítimas daquele sistema desumano. E de certa forma, até hoje a velha história ainda continua...

- Mas que diacho será aquilo. Que zuada dos seiscentos diabos, meu Deus!


Resmungou o vaqueiro de Zé Cardoso e Isaías Arruda – respeitado coronel prefeito, filho de Aurora. Pensativo o velho tangedor de gado seguia montado em seu burrico. Caminhava a passos lentos, buscando uma bezerra desgarrada. Andara naquele dia léguas tiranas e nada... Até se deparar finalmente com aquela cena. Sentira medo. Porém de certo modo, a curiosidade o dominara. Por fim se acalmou quando viu que era Massilon Leite – o cangaceiro – esperto e sanguinolento. Aventureiro potiguar-paraibano que sonhara enriquecer num passo de mágica. Trilhando os rumos do cangaço pelo aquele mundo adentro. Pra ele Mossoró era uma mina fácil. Uma questão de tempo, tão somente. Estava ali de volta as terras da Aurora com o seu pequeno bando de celerados. Não estava ali à toa. Tinha lá o seu propósito sob a alcunha de Mossoró.

Naquele dia cinzento pisava de novo com certa pressa o solo aurorense. Riscava ele com seu bando de facínoras intrépidos agora o descampado da mata solitária d’Aurora de Cândido do Pavão. Trazia, além de um sorriso largo no rosto, alforjes e embornais cheios de dinheiro e ouro. Produto da rapina que realizou dias antes pras bandas da Paraíba e do Rio Grande.

Sol a pino. Início do mês de maio – ano cangaceiro de 1927. Como que combinado, todo o bando em ato contínuo passava o lenço encardido sobre a testa como em continência. Não tinham sede. Tinham o calor dos trópicos. Há pouco passaram por um farto açude. Água boa, terra boa...

Depois do sobressalto e do medo do desconhecido, o vaqueiro agora estava um tanto aliviado. Pois viu que era Massilon - velho conhecido de outros tempos. Mesmo de relance, deu até para lobrigar alguns outros bandoleiros de casa, filhos da terra das bandas do riacho das Antas.

- Bom dia Massilon! Como você voltou cedo... o combinado num era pro mês que entra? - Disse o vaqueiro com certa intimidade.

- De fato Seu Vicente, nós havia acertado com Zé Cardoso e o coroné pro começo do mês de julho. Mas sê sabe como é, a gente num domina os acontecimentos. – Continuou:

- Por isso tô aqui. E também já sei que o capitão Virgulino já tá chegando aí por perto. Tá pras bandas das porteiras ou nas terras de Antoin da Piçarra dando uma descansada -

Explicou Massilon sentado de lado sobre a lua da sela, como que descansando as nádegas da longa viagem.

- É bom prevenir o capitão. Vi dizer que os macacos de Arlindo Rocha e Mané Neto estão fechando o cerco por aquelas bandas. É bom num facilitar. Aqui na Aurora estamos mais protegidos sob os cuidados do coroné Arruda.

Depois emendou: - Mas seu Vicente, me diga, onde está seu Zé Cardoso? –Perguntou:

- Trago a encomenda do coroné Izaías Arruda e tenho um bilhete de Décio Holanda sobre aquele assunto de Mossoró. Neste instante o vaqueiro do Diamante pareceu que tinha fogos nos olhos.

- Ora Massilon, você devia ter mandado dizer antes pelo pessoal das Antas. Zé Cardoso foi pra Missão Véia inda hoje no trem da feira pra tratar de assunto particular com o coroné Izaías. Depois a gente precisa de pagamento né. Disse ele que tinha pressa e tinha urgência. O vaqueiro continuou na sua longa explicação:

- Mas pelo jeito a amanhã cedo já deverá está de volta pelas Ipueiras. – explicou.

- Mas me diga onde vosmicê quer se arranchar? Aqui no Diamante na minha morada ou lá na casa das Ipueiras? Quis saber o vaqueiro. Pensativo Massilon demorou um pouco com o olhar enigmático voltado para o norte. Depois respondeu de chofre:

- Seu Vicente agradeço a sua hospitalidade. Mas quero ficar com meus homens até Zé Cardoso me trazer o coroné, lá na gruta da serra dos Cantins se o amigo não fizer caso pela escolha. – disse ele.

- O amigo acaso podendo me dispor do necessário é lá que eu queria me acoitar pelo tempo devido que for. Tenho coisas importantes para o coroné e naquele esconderijo de Lampião me sinto mais seguro. Sê sabe como é né? Munição e arma nós tem pra qualquer precisão.

- Bom, se o amigo deseja assim. Assim será feito. O resto pode deixar por minha conta.

Após este diálogo o vaqueiro que vinha do Coxá acenou para o resto do bando. Dizendo alto:

- Cambada vamo então lá pra casa para gente cumer qualquer coisa, pois as caras de vocês num nega. Vocês tão é lascado de fome e de sede num é?

Em seguida trocou algumas palavras com os jagunços do bando de Izaías Arruda que vez por outra serviam a Massilon nas suas incursões regionais. Eram eles: Zé Lúcio, José Roque, Zé Coco. Depois de comerem na casa do vaqueiro, Massilon com seu bando seguiu para o esconderijo da serra dos Cantins a cerca de apenas meia légua da Ipueiras onde aguardaria o coronel e Lampião com relativa segurança.

Era inegável. Ele temia alguma perseguição pela pilhagem que praticara dias antes. Com toda aquela dinheirama obtida nos últimos saques, Massilon repartiria com o coronel Izaías Arruda. Este era o trato – a partilha seria na base do meio a meio. E de quebra, por conta desse lucro aparentemente fácil tentaria convencer, o arguto Lampião para a sonhada empreitada da invasão de Mossoró. Seria o xeque mate para subir de vez na vida.

Dias depois, num final de tarde na casa grande da Fazenda Ipueiras – propriedade do coronel Izaías Arruda - arrendada ao seu cunhado Zé Cardoso, ocorreria o célebre encontro com vistas a traçar as estratégias para o ataque de Mossoró no Rio Grande do Norte. Da qual participaram, além de Massilon, o cangaceiro aurorense Júlio Porto que servia à Décio Holanda do Pereiro, Zé Cardoso, Lampião, Sabino e o coronel Izaías Arruda, este último como o grande patrocinador da empreitada. Igualmente, o principal responsável pelo convencimento de Virgulino que a princípio não concordou em participar do acerto, por conta do seu total desconhecimento da geografia do lugar e a ausência de coiteiros que o auxiliasse. Não costumava fugir do seu modus operandi de agir. Nestas coisas certas mudanças nunca são bem-vindas porque não surtem efeito positivo.

Não diretamente na sala de jantar onde a trama acontecia, estavam na sala da frente o vaqueiro Miguel Saraiva e o jovem Asa Branca, que mais tarde ingressaria no bando de Lampião com destino à Mossoró. Por conta da sua pouca idade, 15 anos, Asa Branca inicialmente foi recusado por Lampião, pois segundo ele, ‘não trabalhava com menino’. Não pela a insistência do jovem e do próprio Zé Cardoso, Lampião terminou aquiescendo após assistir na frente da Casa Grande uma sessão de tiro ao alvo realizada por Asa Branca. Ficou maravilhado e até confidencio para o coronel que o menino era mais um bom de vera...

“Este é igual uma Asa Branca, a gente só se ver a marca quando ela voa e estica as assas”, disse o capitão baixinho ao coiteiro-amigo Izaías Arruda.

Era ele, o tal menino, um atirador dos mais exímios. Um caçador renomado no sítio.. Tanto que conseguia a proeza de não errar um só tiro, mesmo os de olhos vedados(mirava antes e em seguida pedia para vedar seus olhos) como também os que foram executados de costas. Naquele final de tarde começava a ser planejada nos seus mínimos detalhes a empreitada para a invasão de Mossoró. Um projeto ousado, cujos riscos sequer foram devidamente avaliados. Aquilo de certa maneira intrigou o rei do cangaço.

Um investimento de curto prazo que ajudara a cegar os seus protagonistas. Toda trama foi arquitetada na fazenda Ipueiras no município de Aurora no Cariri cearense. Mas a história não terminaria ali. Depois do malogro, Aurora seria novamente palco de uma nova saga cangaceira, além de ponto culminante da fantástica e polêmica perseguição e marcha de Lampião e seu bando na direção da fazenda Ipueiras de Zé Cardoso e o coronel Izaías Arruda.

Sem ela, qualquer narrativa sobre o reio do Cangaço estará fatalmente comprometida, posto que não estará completa.

José Cícero
Professor e Pesquisador do Cangaço.
Secretário de Cultura de Aurora-CE.

http://jcaurora.blogspot.com.br/

UM HERÓI MOSSOROENSE

Por Honório de Medeiros(*)
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Então um preciso tiro de fuzil ecoou no final de tarde nublado do dia 13 de setembro de 1927, e, aproximadamente cem metros além, atingiu o meio-da-testa de um caboclo puxado para o negro aparamentado com a indumentária típica do cangaceiro, prostando-o na terra nua, de barriga para cima, a contemplar com olhos fixos e vazios o céu acima, ali onde a Avenida Rio Branco cruza a Rua Alfredo Fernandes, bem onde, na quina, fica a famosa Igreja de São Vicente cuja efígie, do seu nicho decenal, tudo contemplava. Era o começo do fim. No alto da casa do Prefeito Municipal - o líder que começara a epopéia, no telhado, o atirador viu quando um outro cangaceiro, de um trigueiro carregado, aproximou-se rastejando e disparando da vítima e começou a rapiná-la, retirando freneticamente, de seus bolsos, munição, dinheiro e jóias.

Manoel Duarte

Calmamente, mirou e aguardou. Pressentindo o perigo iminente o feroz bandoleiro ergueu o tronco elevando os olhos até o telhado fatídico da casa cuja frente fora tomada por fardos de algodão prensados. Foi apenas um momento, mas foi fatal. Outro tiro de fuzil ecoou e, no mesmo local onde seu companheiro jazia sem vida mais um cangaceiro foi atingido. O violento impacto da bala derrubara-o momentaneamente e desenhara, em seu tórax, uma rosa de sangue. Começou a debandada. Enquanto os resistentes começavam a perceber que a ameaça fora sustada e o recuo dos cangaceiros era generalizado, o atirador recolhia o fuzil e fitava a cidade no prumo que tinha a Igreja de Nossa Senhora da Conceição como limite. Olhava e pensava. 

Igreja de Nossa Senhora da Conceição

Ele tinha morto um cangaceiro e ferido mortalmente outro. Não havia dúvida quanto à importância desse fato para a vitória. Mas cangaceiros são vingativos, cangaceiros são ferozes, cangaceiros são cruéis. Cangaceiros são dissimulados e não esquecem nunca, matutava ele com seus botões. Se ele aceitasse passivamente as homenagens que lhe seriam tributadas a partir daquele momento tudo poderia, no futuro, desandar no gosto amargo causado pela retaliação de algum anônimo, talvez até mesmo em algum parente, como era prática comum na vida cangaceira. Não que fosse medroso. Ao contrário. Todos quantos lhe conheciam podiam atestar sua coragem e perícia com as armas, que já ficavam lendárias. Mas era melhor precaver-se. Era melhor silenciar. Não seria o caso de negar veementemente, por que não era homem para esse tipo de extroversão. Mas ia silenciar. Não ia comentar nada. O que estava feito estava feito e era de acordo com seu temperamento reservado. Se lhe perguntassem, mudaria de assunto. Se comentassem de alguma roda da qual estivesse fazendo parte, sairia de mansinho. Guardaria a verdade consigo e a contaria apenas para alguns escolhidos, por muito e muito tempo. Até que...

Até que naquele dia banal, sozinho com seu neto de dez anos de idade, sentiu vontade de contar aquilo que nunca contara a ninguém. Era uma necessidade da alma, um anseio de perpetuar um feito honroso, um gesto de heroísmo que o mostrava tão diferente daqueles que tinham fugido em direção ao mar quando os cangaceiros ciscavam nas portas de Mossoró, um gesto que lhe orgulhava por que defendera sua família e sua cidade a um custo alto, que era o de tirar a vida de alguém. Olhou para o neto e compreendeu que ali estava o interlocutor perfeito. Não questionaria, não interromperia, não esqueceria. Guardaria a lembrança do dia e do relato. Assim sendo começou a contar-lhe todo o episódio, detalhe por detalhe. O neto apenas olhava intensamente e sentia que estava sendo transmitido, para ele, algo muito importante e que somente no futuro seria plenamente entendido. Acalmou sua inquietude de menino. Não desgrudou o olho do seu avô, aquele homem reservado e pouco propenso a confidências. No final, quando toda a história havia sido contada, compreendeu que devia guardá-la consigo, até mesmo esquecida, por muito tempo. Guardada até que...

Até que em um final de tarde tipicamente mossoroense, de muito calor, em um café, o neto aproximou-se de uma roda de estudiosos do cangaço e percebeu que discutiam a participação do seu avô na invasão da cidade pelo bando de Lampião. Uns diziam que havia sido ele o autor dos disparos. Outros negavam e apontavam nomes. Quase oitenta anos haviam passado do episódio. O neto, agora, era cinquentão. Sentiu que ali estava o momento certo para contar a história, a sua história, a história do seu avô. Aquela platéia saberia ouvi-lo e entenderia plenamente as razões do silêncio da família. Contou tudo. Fechou-se o ciclo. Dezenas de anos depois já não há mais dúvidas. O atirador postado no alto da casa de Rodolfo Fernandes, o homem que praticamente abortara a invasão lampiônica, o herói entre heróis fora MANOEL DUARTE. Essa é a verdade, como o sabe sua família e a contou seu neto, Carlos Duarte, jornalista, muitos anos depois, a mim, a Kidelmir Dantas e Paulo de Medeiros Gastão, estes últimos dirigentes da Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço – SBEC.

É verdade, dou fé.

Texto do professor, escritor e pesquisador do cangaço: Honório de Medeiros

honoriodemedeiros.blogspot.com 

João de Sousa Lima na V Feira do Livro de Serrinha- Bahia

Por: João de Sousa Lima(*)

João de Sousa Lima foi o convidado especial para participar como palestrante da V Feira do Livro de Serrinha - Bahia (Bienal do Livro), realizada pela COOPEISE – Cooperativa de Educação Integral Serrinhense, trabalho realizado através de sua Diretora Cíntia Caribé e sua capacitada equipe foi um sucesso de público e atrações.
    
O Escritor João Lima além de ser palestrante lançou seus livros sobre o cangaço e sobre o Centenário de Luiz Gonzaga. A noite de autógrafos foi prestigiada por várias personalidades artísticas e culturais da cidade.


João de Sousa Lima e a Diretora Cíntia Caribé.


Cíntia Caribé agradecendo a presença do escritor João de Sousa Lima.


Um grande público prestigiou o evento que foi realizado no Clube da AABB.


A noite de autógrafos.


João de Sousa Lima em companhia de Guilherme Machado (Curador do Museu Gonzagão) e Galeguinho de Subaé (Articulador Político e Pesquisador), dois grandes amigos que sempre prestigiam o trabalho do escritor Pauloafonsino.


João de Sousa Lima, Guilherme e Galeguinho debatendo páginas do novo livro sobre a vida do Rei do Baião.


Galeguinho apresentando para a câmera a segunda edição do livro sobre a vida da cangaceira Maria Bonita enquanto o escritor autografava sua obra.


A mesa de autógrafos sempre repleta de pessoas interessadas em saber das histórias do nosso sertão nordestino.


As presenças ilustres da Diretora Cíntia e da professora Nolay.


A peça teatral Lampião e Maria Bonita foi uma das atrações mais aplaudida da noite.


O Grupo que apresentou a peça Lampião e Maria Bonita tendo por fonte de pesquisa o livro de João de Sousa Lima.


Uma passada sempre de novas descobertas pelo Museu Gonzagão na companhia de seu Curador, o amigo Guilherme Machado.

(*) Escritor, Pesquisador, autor de 09 livros. membro da Academia de Letras de Paulo Afonso e da SBEC- Sociedade Brasileira de estudos do Cangaço. telefones para contato: 75-8807-4138 9101-2501 email: joaoarquivo44@bol.com.br joao.sousalima@bol.com.br


Enviado pelo autor deste.
http://www.joaodesousalima.com/

FRAGMENTOS DO CANGAÇO

Lampião 

Poucos foram os que escaparam da morte na chacina que dizimou o bando de Lampião em 28 de julho de 1938, mostraremos aqui histórias de alguns sobreviventes ainda vivos ou falecidos recentemente.

Os cangaceiros Moreno e Durvalina - falecidos

Moreno e Durvalina "Durvinha" fugiram para Minas Gerais após o ataque. Passaram dois anos fugindo a pé até chegarem em Minas, onde mudaram de identidade e fizeram pacto de silencio, nem mesmo os filhos conheciam sua história. Durvinha entrou no cangaço por conta da paixão que sentia por Virgínio, cunhado de lampião.

Após sua morte, foi tomada como esposa por Moreno, com quem teve seis filhos, e dois com o cangaceiro Virgínio, que foram levados por coiteiros para adoção. Após 72 anos de união e 94 anos de idade, Durvinha faleceu em 01 de julho de 2008. Moreno faleceu no dia 6 de Setembro de 2010. 

G1.globo.com

Aristéia Soares de Lima, a "Aristér", entrou para o cangaço porque os volantes perseguiam sua família, batiam no pai, no irmão e nos tios, tendo um deles morrido após ser espancado pela polícia. “Meu pai apanhou, meu irmão e um tio meu morreu de pisa porque a polícia achava que a gente era ‘coiteiro’, e ninguém era. Ou corria ou a polícia matava; foi por isso que eu entrei para o cangaço”. Era casada com Cícero Garrincha, cangaceiro conhecido como Catingueira, única pessoa que diz ter visto morrer após ser baleado pelos volantes. Perdeu também sua irmã Eleonora, que era casada com o cangaceiro Serra Branca, após esses fatos, recusou a proposta de Cruzeiro para que ela passasse a ser sua esposa e grávida de seu primeiro filho se entregou a polícia, onde presa, viu as cabeças de Lampião e Maria Bonita serem expostas. Seu filho foi dado a umas tias, para que o criassem.

A cangaceira Sila

Ilda Ribeiro de Sousa, a Sila, foi tomada como esposa por Zé Sereno e viveu dois anos no cangaço. Conseguiu escapar do massacre e viveu até 2005, quando veio a falecer no dia 14 de abril em São Paulo. Apesar de ter ido contra sua vontade e não ter noção do que era o cangaço, Sila  acha que  não era  um movimento revolucionário, naquela época ninguém pensava assim, nem Lampião. Era o jeito de sobreviverem sem obedecer aos coronéis. Ela achava que aquilo não era vida de gente, mas não tinha saída. Sila entrou no espírito do grupo, andava com um punhal e uma pistola "máuser" pequenininha, que dava cinco tiros, igual à de Maria Bonita. Mas só usou uma vez, para libertar Zé Sereno, que entrou em uma casa e um homem o derrubou no chão. Por causa do peso do armamento, quando um cangaceiro caía, era difícil levantar. Sila chegou na hora, pegou a pistola e falou: "Se não soltar ele agora, eu mato", "Depois Zé falava para todo mundo que, se não fosse eu, ele tinha morrido".

 
O cangaceiro Gandeeiro

Manoel Dantas Loyola, o Candeeiro, trabalhava em uma fazenda em Alagoas quando um grupo de homens ligados a Lampião chegou ao local. Pouco tempo depois, a propriedade ficou cercada por uma volante e ele preferiu seguir com os cangaceiros para não ser morto. No primeiro combate com os “macacos”, Candeeiro foi ferido na coxa. “Era muita bala no pé do ouvido”, lembra. O buraco de bala foi fechado com farinha peneirada e pimenta. Candeeiro viveu quase dois anos no bando, tinha a função de entregar as cartas escritas por Lampião exigindo dinheiro de grandes fazendeiros e comerciantes. Sempre retornava com o pedido atendido. Mesmo ferido, conseguiu fugir da chacina e dias depois, com a promessa de ser não ser morto, entregou-se em Jeremoabo, na Bahia, com o braço na tipóia. Com ele, mais 16 cangaceiros. Cumpriu dois anos de prisão e em seguida volta para sua terra natal onde se afalbetiza, hoje, Manoel Dantas Loyola, ou somente "Seu Né", vive como comerciante aposentado na vila São Domingos, distrito de sua cidade natal.

Nota: Destes cangaceiros somente Candeeiro ainda está vivo, e mora em Buíque  no Estado de Pernambuco. Além dele ainda estão vivos: Dulce e o cangaceiro Vinte e Cinco, que mora em Alagoas.

Fonte: Revista Muito
Postado por Atemporal, Olhar Cultural

http://atemporarlolharcultura.blogspot.com