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sábado, 15 de março de 2014

Foto do cinema em Capela Sergipe e do Sílvio Bulhões


Este prédio era onde funcionava um casa de cinema, onde Lampião e sua cabroeira assistiram um filme na cidade de Capela, no Estado de Sergipe, no dia 25 de Novembro de-1929.


Esta foto é do economista Sílvio Bulhões, filho dos cangaceiros Corisco e Dadá. Corisco faleceu no dia 25 de aio de 1940 e Dadá faleceu no ano de 1994.

Fotos do pesquisador do cangaço Governador do Sertão 

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“JORNAL DA TARDE” (Do “O Estado de S. Paulo”) – 31/07/1973

Por Antonio Corrêa Sobrinho


COITEIRO É HOMEM QUE NÃO MORRE, DIZ EUFRÁZIO, 82 ANOS, COITEIRO DE LAMPIÃO 

“Acoitar”, na linguagem sertaneja, significa “proteger participando”. Não é só calar a boca, fechar os olhos à passagem de algum bandido ou dar pistas falsas à polícia. O coiteiro também servia de moleque de recados e era ele quem abastecia de roupas e alimentos os grupos de cangaceiros. 

Mas talvez a melhor definição de coiteiro tenha sido dada por um deles, Eufrázio Carlos do Amazonas, 82 anos, homem que nunca levou um empurrão, nem da polícia nem de cangaceiro.

- Coiteiro – diz ele rindo – é um homem como eu, que não morre.

Eufrázio, que nem apelido recebeu durante a primeira fase do cangaço, a mais violenta, de 1914 a 1928, quando Lampião se mudou para a Bahia, orgulha-se de sua intimidade com Virgulino Ferreira, com todos os fazendeiros do Pajéu e se diz amigo íntimo dos mais famosos caçadores de cangaceiros da primeira fase: os tenentes Mané Neto e Higino.

Um homem virava coiteiro, naquela época, por cinco razões básicas: medo de morrer; vingança (usar o cangaceiro para vingar algum parente morto pela polícia); gratidão (recebia favores e dinheiro dos cabras, e tinha de pagar); interesse comercial (cangaceiro não dava muito valor a dinheiro) ou polícia (como enviado especial de algum fazendeiro ou chefe político esperto).

O negro Eufrázio, gordo, risonho, deve ter usado todas essas razões. Segundo ele, nunca viu ninguém morrer.

- E eu vou dar gosto de ver coisa feia?

Antonio Corrêa Sobrinho é pesquisador do cangaço. 

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40 ANOS SEM ZÓZIMO LIMA

Por Antonio Corrêa Sobrinho


Todos os relatos históricos sobre a visita de Lampião, na noite do dia 25 de novembro de 1929, à cidade de Capela, Sergipe, terra a 67 km da capital Aracaju, referem-se a Zózimo Lima como o encarregado dos Correios e Telégrafos desta cidade e a pessoa que esteve com o famoso e temível cangaceiro Lampião.

Muitos desconhecem, porém, que este mesmo Zózimo Lima, um simples protagonista de um grande momento do Cangaço: a marcante presença, pela vez primeira, do bandoleiro-mor das caatingas nordestinas, à zona da mata sergipana, aos tabuleiros da Capela, exitosa visita, pois lucrativa e conseguida sem maiores esforços, sem derramamento de sangue, numa quase festa, numa quase apoteose - foi um grande homem de letras, escritor e jornalista renomado.

Zózimo Lima, este mesmo homem que esteve efetivamente à mercê do instinto e da razão do grande saqueador, que viu a sua vida sob um fio, aquele punhal assassino a lhe espreitar, a visitar com o bandoleiro lojas e residências da sua própria cidade-berço, naquela inesquecível noite de novembro de 1929, além de telegrafista concursado, era, sobretudo, um dos notáveis jornalistas sergipanos, com experiência trazida da imprensa paulista, onde foi revisor no “Correio Paulistano”, e repórter e colunista da “Tribuna” de Santos. Em Uberaba, Minas Gerais, foi correspondente do citado diário santista, e escreveu no “Jornal do Comércio” e no “A Lavoura”. Na década de 30 escreveu para o “Diário de Noticias” e “O Imparcial”, de Salvador. Em Aracaju, foi correspondente da “A Tarde” da Bahia, e cronista do “Correio de Aracaju” e da “Gazeta de Sergipe”, respectivamente, de 1928 a 1974, período em que escreveu mais de 4 mil crônicas, na sua famosa coluna “Variações em Fá Sustenido”. Escreveu Zózimo Lima para a revista da Associação Sergipana de imprensa e para a da Academia Sergipana de Letras, instituições em que foi membro e a ambas presidiu. Zózimo Lima, como servidor dos Correios e Telégrafos, foi seu presidente na década de 1960. No final de sua brilhante carreira jornalística, em maio de 1971, foi agraciado pela Associação Brasileira de Imprensa, com a “Medalha do Mérito Jornalístico”, conferida a brasileiros e estrangeiros que se distinguem por méritos jornalísticos sobremodo reconhecidos. Zózimo, que continua sendo um dos maiores cronistas de todos os tempos da imprensa sergipana. No próximo dia 19 de janeiro, completa 40 anos do seu falecimento, ele que nascera em 4 de abril de 1899.

Já estava por esquecer que, no dia 29 de novembro de 1929, o "Correio de Aracaju" publicou a reportagem escrita pelo próprio Zózimo, "Lampião em Capela, com o subtítulo - Informações interessantes colhidas pelo correspondente do "Correio" - a atitude digna do intendente Antão Corrêa - Lampião acha que a vida do cangaço é bem divertida - outras notas. Texto referência quando se quer dizer deste grande acontecimento que foi a ataque de Lampião a Capela, e que Zózimo, com certa frequência em suas muitas crônicas fez registrado aquele momento em que compartilhou experiências com o grande bandoleiro das adustas terras nordestinas.

Ao seu filho remanescente, Zózimo Lima Filho, dedico esta lembrança

Antonio Corrêa Sobrinho é pesquisador do cangaço. 

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MARIANO E SEU GRUPO - FOTO INÉDITA

Foto do acervo do pesquisador Volta Seca - facebook

Mariano entrou para o cangaço em 1924. Era muito perverso. Tinha uma palmatória de baraúna dependurada na cintura. Acompanhou Lampião por muito tempo, inclusive, quando esse, em Agosto de 1928, saiu de Pernambuco e passou a atuar na Bahia.

Em 1934, em tiroteio com Zé Rufino, Mariano foi ferido na perna, no mesmo dia em que sua companheira OTÍLIA foi presa.

Após a prisão da sua companheira Otília, Mariano passou a viver com Rosinha, filha do afamado vaqueiro Lê Soares.

Mariano foi morto no ano de 1937, no Combate do Cangaleixo, no município de Porto da Folha, no Estado de Sergipe, pela volante do Tenente. Zé Rufino. 

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“UM TIRO, DUAS PAIXÕES E TRÊS VIDAS CEIFADAS”

Por cabo Francisco Carlos Jorge de Oliveira


Nordeste  brasileiro,  sertão pernambucano tarde de outono do ano de 1937, após três dias  de raras e inesperadas chuvas intensas   um  sol fraco de raios quase extintos entre as nuvens carregadas; caminha  morosamente para sua alcova por trás das serranias do Rio São Francisco  baiano, para embelezar ainda mais o cenário, um bando de periquitos em algazarra revoa  e  pousa  suavemente sobre os galhos  tenros e  floridos de uma frondosa  barriguda onde após se alimentarem dos brotos das flores, ali pernoitarão.

Os caldeirões nas rochas estão transbordando  com a abundância das  águas fluviais  que embora  límpidas, ainda encontra-se mornas pela quentura  e o mormaço, um velho jaboti  lentamente se desloca sobre  as pedras em busca de uma poça d’água para se refrescar, sem perceber  que o terrível cascavel  que na espreita, sibilando lhe desfere um bote certeiro, mas; as presas mortíferas da serpente crotalus apenas deslizam  na carapaça dorsal do inofensivo quelônio que ignorando o perigo e sem esboçar qualquer reação, segue seu destino aprazível, ameno, moroso e sereno.

O cangaceiro Mané Moreno 

Um subgrupo de cangaceiros comandados por Mané Moreno  descem com cutela uma ladeira de pedras úmidas e escorregadias ao todo são quatro, Áurea, Cravo Roxo e o cabra Gorgulho  contando também com chefe. Após se abrigarem do temporal em uma tapera escusa em um horto abandonado, no momento estão se deslocando  com destino a um lugarejo onde pretendem encontrar  com mais três comparsas conforme combinado.

Como de costume,  Mané Moreno sempre  aperreado com Áurea por qualquer motivo, mas agora é caso sério, desta vez ela esta  agindo de forma estranha pois vem   rejeitando seu homem  já a  vários dias, e  isso é gravíssimo para a reputação e honra de um cangaceiro macho.Mané Moreno se sentiu tão humilhado com a tal situação que pensando dar cabo na companheira, a levou para um lugar afastado e estando a sós; num gesto brusco perguntou irado á sua amada:

- Fala mulé! Pruquê qui tu não ta mi querendo mais? Ocê tem outro cabra é?

A mulher ficou calada por alguns segundos e num sorriso, ela lhe acariciou o rosto soado e abraçando lhe disse:

- Ôxente! Num é nada disso seu bobo, é qui eu isto prenha, ocê vai ser pai.

De tanta felicidade Mané Moreno mudou de cor, de negro ficou fula e abraçando ela a beijou loucamente como se fosse aquele o ultimo momento de sua vida, e daí então o cangaceiro turrão, mesmo na sua mais profunda  ignorância  compreendeu o porquê de sua cônjuge não se encontrar receptiva  por aqueles dias mas; daí por diante foi só galanteio pois o cangaceiro a tratava como uma deusa, não ficando um só momento sem a bajoujar.

Chegando ao determinado lugar, com todo o cuidado o subgrupo adentrou no povoado e de imediato foram bem recebidos ao  chegarem na casa de um amigo por nome Rosalino Prudêncio Vilela, então eles tomaram banho, trocaram as roupas e se alimentaram com fartura e após, foram convidados a participar de um baile de aniversario da filha mais nova do farmacêutico do lugar, mas para isso teriam que ir sem a indumentária de cangaceiro, e assim todos em traje a paisana porém armados com armas de porte, foram para o evento e lá festejavam muito comendo, bebendo e dançando sem perceber que naquele exato momento, uma volante da policia com doze militares fortemente armados comandada pelo intrépido
  
Odilon Flor, Euclides Flor, Manoel Jurubeba e Pedro Tomaz

Odilon Flor, se movimentavam sorrateiros  posicionando-se  estrategicamente cercando a casa, e  com o fuzil na posição de disparo, por uma fresta na parede um dos soldados que já o conhecia, localizou o supracitado cangaceiro, daí  então; visando seu alvo totalmente exposto, deflagrou um tiro certeiro e fatal. No momento do disparo, Mané Moreno estava transbordando de felicidades, naquela  alucinante volúpia, o casal dançava e se beijava bem juntinho  quase colado ah! Que delícia! Pareciam levitar o salão. O projétil Do fuzil Mauser calibre  7 X 57mm atingiu as costas de Mané Moreno traspassando seu tórax e também o peito  de  Áurea transfixando lhe o coração, o cangaceiro ainda segurou sua amada não a deixando cair de uma vez, e após; desfalecendo caiu sobre ela e num derradeiro  gesto beijou seus lábios já sem vida, e ali ao lado dela morreu também no salão da casa, sobre um tapete púrpuro de sangue no assoalho de madeira. O cangaceiro Gorgulho embora ferido conseguiu furar o cerco e fugir, Cravo Roxo já não teve a mesma sorte e também fora alvejado recebendo vários tiros desferidos pelos militares da implacável força policial volante.

Áurea, Cravo Roxo e Mané Moreno - A legenda diz ser Gorgulho, É o Cravo Roxo

Em meio á muita gritaria, todos surpresos e apavorados abandonaram o estabelecimento festivo, ficando somente ali deitados três corpos inertes rodeados pela milícia. Um dos volantes arranca da bainha um facão jacaré nº 12 e desferindo vários golpes fatídicos, secciona as  cabeças  das vítimas e agarrando-as pelos cabelos as transporta como troféus para fora do recinto.

No alvorecer do dia seguinte, o sol agora ardente ilumina sobre as escadas da capela, um trio de faces horrendas  com  olhos opacos, obumbrados pelo véu negro da morte, o fiel cachorro de Mané Moreno que fora capturado e encontrava se na peia ali ao lado, se aproxima da cabeça  de seu dono e começa a lamber seu rosto  ensanguentado num ato de carinho ou despedida talvez, mas neste instante é açoitado violentamente por um soldado da volante, e no ímpeto o cão enfurecido avança saltando sobre o seu agressor desferindo-lhe uma mordida descomunal, arrancando seu dedo polegar da mão direita, caindo morto em seguida abatido por um tiro de winchester cal. 44-40, findado assim  mais um valente membro daquele extinto grupo de cangaceiros.                              

“Saudações militares”.
CB. PM  Francisco Carlos Jorge de Oliveira  PMPR-RR 
Enviado pelo o autor. 

Ilustração:
José Mendes Pereira 

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