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sábado, 28 de janeiro de 2012

Enquanto não vem cangaço - A Maior estrela do universo


A maior estrela conhecida do Universo é a VY Canis Majoris, também conhecida como VY Cma, que fica a 5 mil anos-luz da Terra e tem 2,9 bilhões de quilômetros de diâmetro, porte 1 800 a 2 100 vezes maior que o do Sol. O diâmetro da superstar equivale a nove vezes a distância da Terra ao Sol! Mas pode haver astros ainda maiores, já que hoje se conhecem "apenas" 70 septilhões de estrelas no Universo. A VY Canis Majoris fica na constelação de Cão Maior, na Via Láctea, e ganhou o nome da mitologia grega. A constelação representava o cachorro de Órion, o caçador gigante. Apesar do tamanho descomunal da Cma, não é possível vê-la da Terra - ela está morrendo e despejando parte de sua massa em uma nebulosa que encobre nossa visão. O posto de vice-campeã vai para a VV Cephei, com diâmetro de 1 600 a 1 900 sóis. "Os valores variam porque os dados são coletados a partir de aproximações e comparações, são sempre cálculos indiretos", explica Augusto Damineli, professor do Instituto de Astronomia e Geofísica da USP. No quesito peso, a vencedora é a Eta Carinae, 150 vezes mais pesada do que o Sol (1,9891 x 1030 quilos do Sol, contra 298,365 x 1030 quilos de Eta Carinae). Tamanho nem sempre significa brilho - a mais brilhante daqui da Terra é o Sol - nem luminosidade - em que a LBV 1806-20 é campeã. O brilho está relacionado àquilo que podemos observar aqui da Terra; e a luminosidade é o brilho de fato, como se as estrelas fossem colocadas lado a lado e pudéssemos comparar sua intensidade. Depois do Sol, a estrela mais brilhante para nós é a Sirius, distante 8,57 anos-luz.

Calçada da fama estelar
Comparado com as maiores estrelas em algumas categorias, o Sol perde o trono de astro rei
Se o Sol fosse... - Uma bolinha de tênis
A maior estrela da categoria seria... - Um campo de futebol
TAMANHO
VY CANIS MAJORIS - 2 100 vezes maior que o Sol
DIÂMETRO - 3 bilhões de quilômetros
ONDE FICA - Constelação de Cão Maior
Se o Sol fosse... - Um homem de 85 kg
A maior estrela da categoria seria... - Dois elefantes africanos
PESO
ETA CARINAE - 150 vezes mais pesada que o Sol
PESO - 298,365 x 1030 quilos
ONDE FICA - Constelação de Carina
Se o Sol fosse... - Uma lâmpada
A maior estrela da categoria seria... - Três vezes o show de luzes da Fremont Street, em Las Vegas
LUMINOSIDADE
LBV 1806-20 - 38 milhões de vezes mais brilhante que o Sol
LUMINOSIDADE - 38 milhões de unidades
ONDE FICA - Constelação de Sagitário
Se o Sol fosse... - Um passo distante da terra...
A maior estrela da categoria seria... - ... a outra estrela mais próxima da terra estaria a 90 km de nós
PROXIMIDADE DA TERRA
PRÓXIMA CENTAURO - 4,2 anos-luz
SOL - 8 minutos-luz
ONDE FICA - Constelação de Centauro

Cangaço: Glauber Rocha entrevista Zé Rufino em Jeremoabo

Zé Rufino começou a sua narrativa afirmando que “Não queria matar Corisco”.

Pesquisa Pedro Son/wwwjeremoabo.com.br
Navegando pela internet deparei-me com artigo interessante postado no site tok de história organizado por Rostand Medeiros e que trata de resgate e análise de entrevista concedida por Zé Rufino, nosso famoso caçador de cangaceiros e Glauber Rocha, e que pode ter influenciado diretamente no filme “Deus e o Diabo na Terra do Sol”, marco da cinematografia de Glauber e do Cinema Novo.
Por outro lado, a visita de Glauber Rocha à nossa cidade pode ser destacada pela importância de nosso município no cangaço, reconhecido por autores e pela história, e que estamos deixando escorrer pelos dedos. A entrevista foi publicada em 21.02.1960, no antigo jornal Diário de Notícias.
“A ENTREVISTA DE GLAUBER ROCHA COM ZÉ RUFINO, O MATADOR DE CORISCO”.
Autor – Rostand Medeiros
Como um grande apreciador da sétima arte e um curioso sobre a história do cangaço, seria inevitável que um dia eu viesse a assistir as obras cinematográficas de Glauber Rocha, onde este baiano utilizou o cangaço como parte de suas temáticas.
Obras como “Deus e o Diabo na Terra do Sol” e o “Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro”, se não foram os primeiros filmes a mostrar este fenômeno de banditismo, certamente foram películas marcantes, principalmente fora do Brasil.
Eu sempre me perguntei de onde veio a inspiração para Glauber Rocha ter criado estas obras. Perguntava-me que tipo de envolvimento ele teve com livros clássicos sobre o assunto? Ou quantas outras películas cinematográficas sobre o cangaço marcaram a sua mente para realizar estes trabalhos?
Um tempo atrás chegou as minhas mãos a edição número 30, da “Revista da USP”, onde nas páginas 290 a 306, a professora Josette Monzani, da Universidade Federal de São Carlos, trás um interessante artigo intitulado “Glauber e a Cultura do Povo” e eu encontrei uma parte da resposta que desejava.
Glauber Jornalista?
A acadêmica aponta que para Glauber Rocha realizar as suas obras ele teria reunido um levantamento da visão popular do cangaço. O cineasta teria utilizado cordéis, recortes de jornal e cantigas para compor personagens marcantes como Corisco, interpretado por Othon Bastos e Antônio das Mortes, conduzido pelo ator Mauricio do Valle.
Além do material documental, a autora do artigo apontava que Glauber Rocha utilizou de “entrevistas” para criar seus trabalhos. Mas que entrevistas eram estas?
Então descobri que em 1960, o irrequieto Glauber Rocha, então com 21 anos de idade, enfrentou os ainda duros trajetos em direção a cidade baiana de Jeremoabo, como repórter do jornal “Diário de Notícias”, de Salvador, onde realizou uma interessante entrevista com um dos mais eficientes caçadores de cangaceiros, o oficial da polícia baiana José Rufino.
Achei que realmente eu precisava ler este material. Havia no artigo da professora uma reprodução fotográfica da reportagem do jornal “Diário de Notícias”. Mas, infelizmente, como é comum em obras de cunho acadêmico, a foto estava com uma resolução tão ridícula que impossibilitava a visualização. Assim desisti de conhecer momentaneamente um pouco mais daquele trabalho.
Entretanto, mesmo sem ter acesso ao material, achei fantástico descobrir que Glauber havia largado o conforto da beira mar de Salvador e encarou poeira, sol, desconfiança e inúmeras dificuldades para entrevistar o próprio José Rufino, ou Zé Rufino, o comandante de volante que matou o cangaceiro Corisco.
Tempos depois fui a Salvador, cidade que adoro, onde tive a oportunidade de procurar com calma o exemplar do jornal “Diário de Notícias” e finalmente foi possível ler e digitalizar a dita reportagem. Chama logo a atenção no texto que Glauber não seguiu para este trabalho jornalístico com no máximo um fotógrafo, como seria de esperar na função de repórter. Ele foi a Jeremoabo com mais três amigos. Além do futuro diretor de “Deus e o Diabo na Terra do Sol”, estavam juntos o cineasta Trigueirinho Neto, um paulista radicado na Bahia que naquele ano lançaria seu único longa-metragem, “Bahia de todos os santos”. [1] Outro membro era o ator Geraldo Del Rey, um baiano da cidade de Ilhéus, que em 1960 já tinha participado de dois trabalhos cinematográficos e era considerado um dos mais promissores atores que atuavam no chamado “Ciclo Baiano” de cinema.[2] Finalmente entre os membros da comitiva de Glauber em Jeremoabo estava o jovem acadêmico Antônio Guerra.[3]
Não é para menos que os quatro amigos fossem inicialmente recebidos com muita reserva e desconfiança por parte de Zé Rufino. Enfim, depois de tudo que Rufino havia feito na vida de caçador e matador de cangaceiros, receber a visita de um grupo de quatro homens desconhecidos, certamente faria o ex-policial imaginar que aquilo poderia ter mais jeito de ser uma emboscada do que uma entrevista. [4] A desconfiança foi desfeita quando Glauber falou que tinha como um amigo comum do antigo lutador das caatingas, um membro da família Sá, de forte influência e tradição política na região de Jeremoabo. A partir daí o guerreiro sertanejo “Deu confiança”, nas palavras de Glauber e desandou a contar sua incrível história.
Rufino é descrito como sendo “Alto, queimado pelo fogo do sol nordestino, corpo rijo, dobrando a casa dos cinquenta (anos)”. Foram encontrar a lendária figura na salinha de sua casa, de calça, paletó sem gravata e fumando um cigarro atrás do outro. Afirmou o irrequieto cineasta que Zé Rufino era um homem bem estabelecido em Jeremoabo, “Com boas fazendas e duas mil cabeças de gado”. O cineasta nascido em Vitória da Conquista afirmou que a patente do pernambucano Zé Rufino era a de major e assim o designou durante toda a entrevista.
E o major foi logo adiantando que;
-Conheço esse mundo com a palma da mão. Tirava 18 léguas na perna e nunca soldado meu se deitou para fazer fogo. A briga era em pé e eu gostava de lutar com o velho – o velho é Lampião, cuja sombra lendária continua a desfilar pelas serras e campos do Nordeste-.
Um Repórter, ou Diretor de Cinema? Apesar de fazer a função de repórter, Glauber sempre foi um cineasta e nas letras da reportagem ele já qualificava Zé Rufino como um “-Um ator perfeito”.
A conversa fluía aberta e franca e o entrevistador viajava com a mente de cineasta diante da verdadeira lenda viva. Para ele, a narrativa de Zé Rufino foi totalmente realizada na melhor linguagem de um autêntico “Western” e deixaria um John Ford “Suspirando de emoção”. [5] Esta emoção vinha principalmente da qualidade do narrador. Rufino descrevia os combates com voz vibrante, repassando detalhes dos campos de luta, narrando biografias e voltando sem receio a um passado em que muito sangue jorrou no sertão. Interessante foi que Zé Rufino descreveu que na sua juventude detestava a polícia e os policiais. Comentou que isso se devia à violência que alguns militares praticavam de forma desenfreada contra os civis. Por conta desta opinião, mesmo tendo vários parentes como membros do aparato de segurança do Estado, Rufino quase chegou a fazer parte do bando de Lampião, cujo nome real era Virgulino Ferreira da Silva.
Para o antigo guerreiro havia uma admiração pelo seu maior inimigo, que Rufino descreveu como sendo “-Magro, boa estatura, sempre de óculos, com uma lágrima escorrendo no olho quase cego e usando dois galões de capitão nos ombros”. Ele narrou que em algumas ocasiões se encontrou com Lampião frente a frente. Em um destes momentos, quando o chefe cangaceiro estava acompanhado com cerca de 80 homens, Lampião vez chamou Rufino para lhe acompanhar pela terceira. O convite foi assim descrito:
-Rufino, já duas vezes lhe chamei para ser meu cabra e você nunca quis. Agora é hora Rufino!
Rufino afirmou que em um primeiro momento recusou, mas viu que Lampião não havia gostado nada de sua decisão. Para sair daquela situação disse que seguiria com o “Rei do Cangaço”, mas não naquele momento. Informou que tinha “Uns negócios” para resolver junto a sua mãe. Por incrível que pareça, a demonstração de responsabilidade de Rufino em relação a sua genitora fez o cangaceiro refrear seu ímpeto e Lampião deixou o jovem seguir seu caminho. O ex-militar afirmou a Glauber que o grupo partiu devagar, com Lampião transmitindo ordens aos seus chefes de subgrupos para que partissem ordenadamente, tal como uma força militar tradicionalmente organizada. O próximo encontro entre os dois valentes pernambucanos seria de fuzil na mão e cada um do seu lado mandando bala.
Glauber Rocha recordou (sem referenciar) o paraibano José Lins do Rêgo, que dizia que no Nordeste daqueles tempos “Quem não era cangaceiro, soldado, ou beato, padecia na seca, ou sofria de fome, ou de violência”. Rufino afirmou que preferiu ser policial a cangaceiro. Pois estes “Faziam miséria com o povo, tendo o fuzil na mão e o nome de Deus na boca”. Narrou sem desassombro que deu muito prejuízo a Lampião e seus cangaceiros, pois quando pegava um deles “Cortava a cabeça, botava num saco e trazia nas costas para Jeremoabo”. Afirmou que nesta época a cidade baiana tinha cerca de 800 policiais de prontidão. Segundo o ex-militar, Lampião esteve em uma serra próxima, mas não entrou em Jeremoabo. [6]
Quando saía para a luta Rufino afirmou que sempre a frente de sua volante de policiais seguia o rastejador “Bem-te-vi”, que nunca perdia o rastro. Havia longas caminhadas, com os espinhos dilacerando tudo, rasgando roupas, mas logo que a volante topava com os cangaceiros a luta era dura. Para Rufino seus soldados deveriam de lutar em pé, mesmo que fosse a cinco metros de distância dos oponentes. Tinham de mostrar valentia, pois os inimigos eram fortes, conheciam o terreno e nos confrontos os cangaceiros pareciam fantasmas saltando para fugir das balas, com as suas “Cabeleiras voando”.
Em uma ocasião, no meio da refrega violenta, um policial gritou e caiu no chão. Os cangaceiros recuaram, o tiroteio diminuiu gradativamente de intensidade e finalmente cessou. Ao retornar para junto dos companheiros, Zé Rufino narrou que sentiu alguma coisa mole no rosto e nos braços. Eram os “miolos”, a massa encefálica do soldado caído. O morto era seu primo carnal, que havia levado um balaço de fuzil bem no meio da testa.
O próprio rastejador de Zé Rufino, o veterano “Bem-te-vi” estava presente no encontro com os quatro rapazes vindos da capital baiana. Este demonstrou um enorme respeito pelo feroz adversário. Disse que era mentira em relação a uma versão que afirmava ter sido Lampião ser um “Matador de crianças”. O rastejador disse que Lampião “Tinha remorso de atirar em passarinho, nunca de matar um sujeito ruim”.  “Bem-te-vi” mostrava um respeito sincero pelos seus adversários. Como só os verdadeiros guerreiros que participaram da boa luta, da luta valente, do combate realizado frente a frente, no campo da honra dos nossos sertões.
Interessante foram as afirmações de Rufino em relação à força da religiosidade entre os cangaceiros e mesmo entre seus camaradas de farda. Todos eles sempre tinham “O nome de Deus na boca”. Reconheceu que “Entre todos aqueles que botaram o fuzil no ombro, não tinha um que não se benzia”. Os lutadores foram em suas declarações “Um povo beato até os fios dos cabelos”. Mas indubitavelmente para o major Zé Rufino, o seu maior feito na luta contra os cangaceiros foi a morte de Corisco.
A Caçada e Morte do “Diabo Louro”
Zé Rufino começou a sua narrativa afirmando que “Não queria matar Corisco”. Disse que o eliminou porque foi alvejado primeiro. Tanto assim que, mostrando suas intenções, não deixou que seus homens exterminassem Dadá, onde garantiu a sua vida até Salvador, onde ela foi tratada. Para o antigo caçador de cangaceiros, Corisco e Dadá eram definidos como “Um casal bonito”. Ele via Corisco, conhecido como “Diabo Louro”, como um homem de fibra e achava que ele “Morreu feliz”, pois era um valente que não aguentaria viver em uma penitenciária. Corisco era uma figura que Zé Rufino nutria um enorme respeito, mesmo passados quase vinte anos do confronto que havia provocado a sua morte e o ferimento que fez Dadá perder parte de sua perna direita. Dadá era uma “-Mulher linda e valente” aos olhos de Rufino. Em sua opinião a companheira de Lampião era “Pequena” diante de Dadá.
Glauber aproveita a fundo a conversa com José Rufino, principalmente a descrição do porte físico do cangaceiro e da indumentária, que muito lhe ajudariam no futuro a compor um dos principais personagens de “Deus e o Diabo na Terra do Sol”. Na reportagem Zé Rufino, talvez com exagero, diz que “Os cabelos de Corisco eram grandes, e quando ele jogava as mechas por cima dos ombros pareciam duas bandeiras amarelas. Quando Corisco cortou os cabelos, cada pedaço dava para fazer uma grande trança”. Rufino afirmou que deu muito fogo, muito combate, contra Corisco e que este era doido para lhe matar. Aparentemente nos momentos finais do chefe cangaceiro, que gostava de ser tratado como “capitão”, este não reconheceu Zé Rufino e lhe perguntou o nome. Desejava ir para a eternidade sabendo quem o derrubou. O antigo major afirmou a Glauber Rocha que no momento que Corisco soube quem o pegou, este nitidamente demonstrou irritação e deu o último suspiro. Glauber transcreveu a afirmação do major Rufino contando este fato, e colocou esta parte com destaque no início da reportagem;
-Estou ferida meu velho – gritou Dadá pulando no ar, baleada na perna. Mais fortes são os poderes de Deus – respondeu Corisco e fez fogo feroz contra o Major Rufino. O Major continuava correndo e disparava seguidamente no Diabo Louro que fugia para o horizonte. Uma bala rompeu os intestinos, as tripas de Corisco saltaram. O Major se aproximou, viu o homem no chão, calmo, sem medo, sem dores: – Por que você não se entregou Corisco? – Sou homem de morrer, num nasci pra ser preso. Cumé seu nome? – José Rufino. Então o rosto do capitão se contorceu e ele mordeu os lábios com fúria. Eram 5 da tarde em ponto, no mês de maio, 1940. O que o militar José Osório de Farias, o Zé Rufino se esqueceu de comentar com Glauber Rocha foi que Cristino Gomes da Silva Cleto, o famigerado Corisco, natural de Matinha de Água Branca, nas Alagoas, estava praticamente aleijado de ambos os braços naquele combate. Sua deficiência era fruto de balaços que havia recebido anteriormente. Fraco e debilitado, ele tentava com sua mulher Dadá, como era conhecida entre os cangaceiros a jovem Sérgia Ribeiro da Silva, alcançar discretamente o sul da Bahia, acompanhados do cangaceiro Rio Branco e da mulher deste. Mas em um sábado, 25 de maio de 1940, Zé Rufino e seus homens apareceram em um sítio em Brotas de Macaúbas e a história se desenrolou. [7]
Final de Um Grande Encontro
Independente dos fatos reais eu creio que esta parte da narrativa realizada pelo antigo caçador de cangaceiros, mexeu de verdade com a cabeça do cineasta baiano. Pois muito do que está descrito nesta reportagem publicada no jornal “Diário de Notícias”, edição de 21 de fevereiro de 1960, um domingo, Glauber Rocha reproduziu magistralmente em suas obras cinematográficas.  Consta que a entrevista entrou pela noite adentro. Logo a matéria aponta que o Geraldo Del Rey mostrava que havia material suficiente para uma trilogia, só com as memórias de Zé Rufino.
Trigueirinho Neto convida então o antigo combatente das caatingas para ser ator. Logo “Bem-te-vi” também é convidado a fazer parte do elenco do filme. Zé Rufino afirma na sequência, em um diálogo que demonstra camaradagem e tranquilidade, que vai chamar os antigos perseguidores dos cangaceiros ainda vivos para participarem da película, com a intenção que tudo seja reconstituído “Como reza a verdade e o mito”. E a entrevista se encerra.
Hoje quem percorre os aproximadamente 380 km que distancia Jeremoabo e Salvador, seguindo pela BR-110, realiza o trajeto uma boa estrada asfaltada e com conforto. Mas quando Glauber, Trigueirinho, Geraldo Del Rey e Antônio Guerra realizaram esta viagem a 52 anos atrás, aparentemente o caminho que ligava Jeremoabo a Salvador era todo, ou em grande parte de barro. Talvez já houvesse luz elétrica devido a proximidade com a Usina de Paulo Afonso, mas as notícias eram através dos velhos rádios valvulados. Ou seja, o sertão não era igual ao do tempo de Lampião, mas apenas 20 anos de diferença ainda não havia mudado tanto a triste realidade daquela gente sofrida. Em meio a todo este cenário, tão distinto do belo litoral Soteropolitano, Glauber ficou fascinado com aquela narrativa.
O interessante é que apenas no final da reportagem, e em mais nenhuma outra parte da matéria, o cineasta baiano afirma que, além do trabalho jornalístico para o “Diário de Notícias”, aquela viagem seria também para realizar uma avaliação do que havia de interessante, de belo, de produtivo no sertão baiano no sentido de desenvolvimento cinematográfico. Certamente que ao viajar com amigos que participavam do movimento cinematográfico baiano do início da década de 1960, Glauber já tinha mil ideias funcionando dentro da sua cabeça e logo o vulcão que ele era, seguiria despejando grandes obras de arte cinematográficas, que chamariam atenção principalmente na Europa. Tudo isso resultaria na criação de um movimento chamado Cinema Novo e alavancaria a carreira de um cineasta que era antes de tudo ousado, determinado e genial nas suas abordagens.
Não sei proporcionalmente o quanto o contato com Zé Rufino e “Bem-te-vi” contribuiu para a realização, quatro anos depois, do filme “Deus e o Diabo na Terra do Sol”. Mas certamente a ida daqueles quatro amigos ao sertão não foi em vão.
Citações:
[1] Este filme apresentava um painel político e social do país na era do governo Getúlio Vargas, seria intensamente aclamado pela crítica, ficando marcado pela expressiva fotografia Guglielmo Lombardi e estrelado pelo ator Geraldo Del Rey. 
[2] Geraldo Del Rey consegue projeção nacional e internacional ao participar ao lado de Leonardo Villar e Glória Menezes no filme de Anselmo Duarte, O Pagador de Promessas (1962), que seria premiado com a Palma de Ouro em Cannes. Mas é sob a direção de Glauber Rocha e sob as lentes do Cinema Novo que o ator de olhos verdes, chamado por alguns de Alain Delon tupiniquim, finca para sempre o seu nome no cinema brasileiro, participando dos antológicos e históricos filmes de Glauber. Geraldo Del Rey integrou o núcleo fundador do Festival de Cinema de Gramado, em 1973, dando muito de seu prestígio e apoio para que o evento ganhasse repercussão nacional. Em 2004, em reconhecimento a essa colaboração o 32º Festival de Cinema de Gramado prestou uma Homenagem Especial pela sua participação e contribuição ao cinema nacional. Faleceu de câncer no dia 25 de abril de 1993. Fonte – http://virtualia.blogs.sapo.pt 
[3] Posso estar enganado, mas acredito que o Antônio Guerra relatado pelo diretor de cinema na matéria de 1960, não é outro se não o advogado e ex-procurador-geral do Estado da Bahia, Antônio Guerra Lima, mais conhecido como “Guerrinha”, grande amigo de Glauber Rocha e de sua família.
 [4] Consta que em muitas publicações sobre o cangaço a patente de Zé Rufino seria a de coronel. Entretanto decidi deixar conforme está no texto de Glauber Rocha. 
[5] John Ford (1894-1973) foi um diretor de cinema norte-americano de grande sucesso. Tendo atuado entre as décadas de 1930 a 1960, conhecido principalmente pelos seus westerns. Em 51 anos de carreira, Ford dirigiu 133 filmes. 
[6] Ao visitar a cidade de Jeremoabo em 2010, esta história do respeito de Lampião pela localidade foi largamente comentada. Já a elevação onde ficaram os cangaceiros foi a Serra da Cruz. Percebe-se igualmente em Jeremoabo um enorme respeito em relação à memória da figura de Zé Rufino. 
[7] Rufino transmitiu a Glauber a raiva que sentiu em relação a um jornalista baiano que afirmou que ele “Havia roubado o ouro de Corisco”. O antigo caçador de cangaceiros revidou a este repórter afirmando que Corisco levava “Um quilo” de metal precioso e que entregou tudo a Dadá, que estava viva na época “Para confirmar”. Comentou que sua promoção para major veio “Devagar” e foi a última a ser efetivada na escala hierárquica da Polícia Militar da Bahia daquele período. Talvez este episódio anterior com a imprensa explique a animosidade e desconfiança de Zé Rufino no início da entrevista com Glauber Rocha.
Nota do www.jeremoaboagora.com.br
O Capitão Zé Rufino, juntamente com a esposa Lourdes e os filhos Luiz e Zélia, residiam na Rua Desembargador Zacarias Lourenço de Carvalho, número 79, no centro de Jeremoabo. Dadá de Curisco chegou a residir durante algum tempo, ha poucos metros, na mesma rua. 
Zé Rufino foi sepeultado no Cemitério São João Batista em Jeremoabo. O filho Luiz Rufino, ingressou nas fileiras da Polícia Militar do Estado da Bahia e já na reserva faleceu recentemente. D. Lourdes e Zélia se mudaram para o Rio de Janeiro logo após a morte do Capitão.  Os netos de Zé Rufino, filhos de Luiz, residem no município.

Vídeo: Moreno, Durvalina e Aristéia Soares

Veja o vídeo

Os ex- integrantes do bando de Lampião Moreno, Durvinha e Aristéia se reencontram no Ceará, depois de mais de 60 anos de separação.

Hoje, os três ex-cangaceiros já não estão mais aqui na terra, mas todos nós esperamos que  mesmo com todas   maldades que praticaram aqui na terra, tenham recebido o perdão de Deus, assim como disse Jesus: 

"-Eles não sabem  o que fazem".

Revendo - Publicado no site O Cangaço em Foco... Uma tarde com Aristéia

Por: Archimedes Marques

Meu carinho, satisfação, alegria e admiração por aquela brilhante e inesquecível tarde do dia 14 de junho de 2011, não tem nome nem apelido cangaceiro, tem apenas a denominação reluzente e divina, Aristéia, agora também um dos meus eternos amores" Acho até que já conhecia há muito aquela comitiva em liderança de Kiko Monteiro, João de Sousa Lima e a nonagenária Aristéia, ex-cangaceira, estrela da tarde que estreou nas ondas da Rádio Aperipê, aqui na minha querida Aracaju" Nossa total compatibilidade e sintonia me dá essa certeza.

 Ex-cangaceira Aristéia Soares de Lima, 98 anos, em sua casa, em Delmiro Gouveia (AL) (Foto: Arquivo Pessoal/João de Sousa Lima)

Como é bom estar ao lado de pessoas tão especiais!... Pessoas simples, mas de uma importância imensurável na história contada e recontada, feita, refeita e complementada em busca de excelência, em busca da verdade real, em busca dos verdadeiros fatos vividos no tempo do cangaço que fustigaram os quatro cantos dos nossos sertões e que, infelizmente, são desmistificados por alguns historiadores.

Graças ao contato de Kiko Monteiro com o seu amigo e pesquisador Clenaldo Santos agendaram-se em cima da hora uma entrevista no seu programa "Linha Sertaneja" transmitido pela Rádio Aperipê AM e, eu, após ser intimado sob as penas da lei do cangaço, apesar de doente e até sentindo dores em convalescência de um cirurgia, me fiz presente junto com a minha esposa Elane Marques e uma das minhas netinhas, Elane Marques Neta, que radiantes com a linda lucidez e luz que carrega a velha jovem e vaidosa Aristéia, ainda hoje se gabam aos demais familiares e amigos sobre essa tarde e sobre essa oportunidade impar vivida por todos os presentes, comitiva, convidados, radialistas, funcionários da emissora e curiosos, o que me fez tão imperativo e feliz...

Tais singularidades ficarão para sempre na minha mente e no meu coração. Uma tarde inesquecível... Após três dias de estrelato e assedio no 21º Cine Ceará com o filme OS ÚLTIMOS CANGACEIROS a ex-cangaceira Aristéia, volta para sua casa em Delmiro Gouveia nas Alagoas, mas deixa saudades em Aracaju após conquistar novos amigos.

O bate papo no ar em Amplitude e Modulação durou uma hora e meia. Aristéia surpreendeu com a sua descontração até aos próprios familiares acompanhantes, seu filho Pedro e sua nora, riu bastante, embora de maneira tímida, sem estardalhaço, de um dos microfones que teimava em não ficar ereto, assim como, dos elogios e brincadeiras feitos pelo radialista Tuca e demais presentes, também fez rir ao resumir a sua participação no cangaço proveniente do subgrupo de Virginio, em especial, uma história de cunho imperdoável que ela teve com um tal de Porfírio, um cidadão mais feio do que o "cão chupando manga", tão feio quanto malvado e cruel, que vivia a importuná-la nos tempos da sua juventude.

Para finalizar, quero também deixar registrado o meu respeito e admiração pelo escritor João de Sousa Lima, pesquisador e verdadeiro detetive a investigar incansavelmente, descobrindo novos fatos e novas personalidades ainda vivas que viveram a realidade do cangaço, que de certa forma, quer queiram, quer não, mudam os rumos de certas histórias por vezes inventadas e deturpadas por alguns escritores. O João das meninas Durvinha e Aristéia, também demonstra o seu amor platônico por Maria Bonita nas suas escritas. Na sua trajetória de pesquisador, escritor e historiador mostra-se um obstinado policial em busca da verdade absoluta dos fatos, fatos sem máscaras, em água cristalina, com intuito de melhor informar o povo sobre esse tão conflitante quanto empolgante, por vezes misterioso e intrigante tema vivido pelos nossos ancestrais sertanejos, denominado cangaço.

O pernambucano de São José do Egito, baiano de coração, ou melhor, Pauloafonsino de coração, terra do sítio Malhada da Caiçara onde nasceu Maria Bonita, demonstra na sua investigação pertinaz e incansável perquirida sob o sol causticante das caatingas, das rochas e lajedos quentes, das matas com pouco verde e das grutas obscuras, perigosas e silenciosas, em busca de evidencias ou provas nos supostos locais de lutas das volantes com os diversos grupos de cangaceiros, que é no tempo da carreira da profissão escolhida de cada um que se desenvolve o drama da transformação para o alcance da sua melhor capacidade de discernimento. É o que podemos, no âmago, chamar de tirocínio, qual seja: o poder de percepção e faculdade sensorial que vai além dos cinco sentidos habituais para captar detalhes fundamentais em busca de novos fatos, em busca da verdade que ainda teima em emergir de vez em determinados pontos.

O tirocínio do bom profissional, do bom pesquisador, do bom historiador, advindo do discernimento mental de se perceber que alguma coisa está errada, que algo não se encaixa, que alguém está mentindo, que há algo inventado, arquitetado ou montado relativo a determinada ação, está presente nos livros e nas ações determinantes e incisivas de João de Sousa Lima.

Esse grande profissional da literatura cangaceira também demonstra com as suas importantes obras: "Maria Bonita " Diferentes contextos que envolvem a vida da Rainha do Cangaço" (em participação com outros autores); "Lampião em Paulo Afonso"; "A trajetória guerreira de Maria Bonita " A Rainha do cangaço" e "Moreno & Durvinha", além de irreverentes matérias postadas no seu blog, o verdadeiro amor que tem pelos assuntos ligados ao cangaço.

João de Sousa Lima sabe disso tudo e de algo mais, por isso, posso dizer sem medo de errar, que ele além de um excelente escritor, pesquisador e historiador, é de fato esse profissional, um verdadeiro policial investigador, um verdadeiro rastreador em busca do certo que enobrece a classe escritora do cangaço a dar força a minha força para num futuro próximo, também oferecer a minha parcela de contribuição a essa história com um livro pertinente, nos mesmos moldes de uma verdade mais próxima da verdade real.

Bons amigos sempre ficam de modo especial em nossos pensamentos. Fazem parte do nosso dia a dia, mesmo não estando presentes.

Assim, passo aqui com tudo isso, somente para lhes desejar uma linda tarde, uma tarde com Aristéia, na minha ótica, a cangaceira do amor.

Autor: Archimedes Marques (Delegado de Policia. Pós-Graduado em Gestão Estratégica de Segurança Publica pela Universidade Federal de Sergipe) archimedes-marques@bol.com.br



Fonte:

Ex-cangaceira Aristéia


Na tarde de 08 de Janeiro de 2012 acompanhado do escritor João de Souza Lima e do Prof° Antônio Galdino, pudemos passar uma boa parte do dia ao lado da extraordinária ex-cangaceira que ao longo de seus 98 anos de idade não demonstra nenhum sinal de esquecimento dos velhos tempos de cangaço quando participava do pequeno grupo do cangaceiro Moreno. 

Aristéia Soares 98 anos de idade, natural de Canapí-AL

Segundo a própria Aristéia lembra perfeitamente da "buniteza" da sua amiga de grupo Durvinha, esta companheira de Virgínio, mas com a morte de Virgínio Durvinha passou a ser companheira de Moreno até o fim de suas vidas, Aristéia era mulher do cangaceiro Catingueira que foi morto em um confronto pela volante, após a morte de Catingueira ela decidiu abandonar o cangaço seguindo conselhos de Moreno e Durvinha. 

Pedro Soares, escritor João de Souza Lima e Prof° Antônio Galdino

O cangaceiro Cruzeiro era apaixonado por Aristéia, propondo-lhe que permanecesse no cangaço com ele, mas ela não permaneceu, estava decidida a seguir sua vida em outro lugar, até hoje ela guarda os brincos de ouro que o cangaceiro Cruzeiro lhe tinha dado, inclusive Pedro Soares filho caçula de Aristéia presenteou João de Souza Lima com um dos dois brincos que será guardado pelo escritor para exposições.

Glauber Araujo

Sobre Lampião e Maria Bonita Aristéia diz nunca ter visto nenhum dos dois.
Sobre Benjamim Abraão "o fotógrafo libanês" ela diz ter visto ele varias vezes, era feio e mulherengo.

Sobre Pe. Cícero diz nunca ter conhecido.

Sobre Moreno e Durvinha diz ter sido grande amiga dos dois, realça ainda a formosura de Durvinha.


Sobre o cangaceiro Virgínio, vulgo "moderno", ela diz ter sido um cangaceiro muito bonito chamava atenção das mocinhas.

Aristéia era irmã de uma outra cangaceira, a Eleonora, companheira do cangaceiro Serra Branca ambos foram abatidos em um confronto pela volante tendo suas cabeças decapitadas.

Fonte:

Aos 98 anos, morre Aristéia Soares, ex-cangaceira que vivia em Alagoas

Ex-cangaceira Aristéia Soares de Lima, 98 anos, em sua casa, em Delmiro Gouveia (AL) (Foto: Arquivo Pessoal/João de Sousa Lima)
Ex-cangaceira Aristéia Soares de Lima, 98 anos, em sua casa, em Delmiro Gouveia (AL) (Foto: Arquivo Pessoal / João de Sousa Lima)

Ela estava internada desde segunda (23) em hospital em Paulo Afonso (BA).
Desde o fim do cangaço, ela ficou no anonimato até 2007.

Glauco Araújo - Do G1, em Salvador

ex-cangaceira Aristéia Soares de Lima, 98 anos, morreu na tarde deste sábado (28) no Hospital Nair Alves de Sousa, em Paulo Afonso (BA). Ela estava internada desde segunda-feira (23), com complicações estomacais. 

Ela vivia em Delmiro Gouveia (AL) com os filhos. O corpo será sepultado no Capiá da Igrejinha, em Canapi (AL), neste domingo (29).

“Estamos todos tristes pela morte de minha mãe. Ela estava sofrendo com a saúde nos últimos dias. Praticamente não conseguia comer”, disse Pedro Soares, 58 anos, filhos da ex-cangaceira.

Ex-cangaceira Aristéia Soares de Lima, 98 anos, morreu após ficar internada desde segunda-feira (Foto: Glauco Araújo/G1)
Ex-cangaceira Aristéia Soares de Lima, 98 anos, morreu após ficar internada desde segunda-feira (Foto: Glauco Araújo/G1)

Aristéia era uma das últimas remanescentes do cangaço e dizia, sempre que era perguntada, que não tinha saudades do Tempo que viveu na caatinga, fugindo das volantes. Lúcida, ela relatou ao G1, em 2008, que a vida dos cangaceiros melhorou após a morte de Virgolino Ferreira da Silva, o Lampião.

Segundo ela, os integrantes das volantes minimizaram a perseguição aos cangaceiros após a década de 1940, quando o movimento liderado por Lampião acabou. “Sou mais feliz hoje do que no tempo do cangaço. Foi um tempo muito sofrido”, dizia Aristéia.

Desde o fim do cangaço, Aristéia permaneceu durante décadas no anonimato, tentando esconder o fato de que tinha feito parte do movimento liderado por Lampião, conduta que se percebeu comum entre ex-cangaceiros. Ela foi redescoberta e, 2007, durante pesquisas do historiador e especialista em cangaço, João de Sousa Lima.

Ex-cangaceira Aristéia Soares de Lima, 98 anos, em sua casa, em Delmiro Gouveia (AL), com o pesquisador João de Sousa Lima (Foto: Arquivo Pessoal/João de Sousa Lima) 
Ex-cangaceira Aristéia Soares de Lima, 98 anos, em sua casa, em Delmiro Gouveia (AL), com o pesquisador João de Sousa Lima (Foto: Arquivo Pessoal/João de Sousa Lima)

Na casa onde ela vivia em Delmiro Gouveia, Aristéia gostava de mostrar uma de suas paixões, o São Paulo Futebol Clube, time de coração dela. No endereço, ela viveu com o filho Pedro, a nora e os netos.

Aristéia gostava de contar histórias sobre a amizade que viveu ao lado de Durvalina Gomes de Sá, conhecida como Durvinha, morta em junho de 2008 em Minas Gerais.

Durvalina e José Antônio Inácio lembram os tempo de cangaço, relatado no livro da filha. Foto: Arquivo Pessoal/Divulgação
Moreno e Durvalina

“Ela nunca chegou a lutar ao lado de Lampião. Aristéia fazia parte do grupo de Antonio Moreno (marido de Durvinha) e dizia que só viu Lampião quando a cabeça dele e do grupo de cangaceiros foram expostas em uma escadaria em Piranhas (AL), após serem mortos em uma emboscada na Grota de Angicos, em Poço Redondo (SE), em1938.

Fonte:

Morre em Paulo Afonso a cangaceira Aristeia

Por: João de Sousa Lima
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Morreu hoje, dia 28 de janeiro de 2012, às 13:00 hs, no hospital Nair Alves de Sousa, a cangaceira Aristeia Soares de Lima. Ela estava internada desde segunda feira, dia 23.


Ela será sepultada no Capiá da Igrejinha,Canapi, Alagoas,  nesse domindo, dia 29.

Enviado pelo escritor e pesquisador do cangaço: 
João de Sousa Lima

Escritor e Pesquisador: Gilmar Teixeira, faz doação do seu Livro para o Portal do Cangaço da Bahia...


O livro é um clássico do romance nordestino: Quem Matou Delmiro Gouveia? Lançado em 2010 Paulo Afonso Bahia.


Gilmar Texeira Santos nasceu no dia 27 de Julho de 1961, no povoado de Olhos D' Água de Sousa no município de Glória Bahia. Gilmar é um eterno apaixonado pela saga nordestina, do cangaço ao mamulengo do folguedo ao Vaqueiro. Gilmar Teixeira pesquisador, escritor e cineasta, também é membro da Academia de Letras de Paulo Afonso, e do (IGH-MSP)  Instituto Geográfico e Histórico de Paulo Afonso. Quem Matou Delmiro Gouveia?" 
Do   pesquisador e escritor Gilmar Teixeira. A obra promete trazer luz a um dos mais polêmicos episódios do começo do século passado, quando um dos mais ousados empreendedores da história do nordeste, o cearense de Ipu, Delmiro Gouveia é alvejado à bala na varanda de seu chalé, no final da tarde, na localidade de Pedra, atual Delmiro Gouveia.

O livro é uma verdadeira odisséia na busca da elucidação dos fatos, confrontando depoimentos e notícias da época, rastreando fatos que passaram despercebidos quando ainda no calor dos acontecimentos. Vale a boa leitura e o conhecimento dos registros. Agora é esperar o lançamento do livro de Gilmar Teixeira e colocar mais lenha na fogueira das "mentiras e mistérios" das histórias do nordeste.  Acima ver-se o livro do escritor e mais abaixo,  Gilmar Texeira e Guilherme Machado.


Extraído do blog: Portal do Cangaço de Serrinha - Bahia, do amigo Guilherme Machado

Palavras da ex-cangaceira "SILA"

"Eu confeccionava bornais e camisas; costurava bem e com bom gosto. Da primeira vez que vi
Lampião, ele gostou tanto de um bornal que eu havia feito para
Zé Sereno, que logo me encomendou um. Cumpri o seu desejo e, daquele dia em diante, passei a costurar todas as suas capangas." (Sila)
Marchávamos pela caatinga há horas. No céu, o sol quente de verão parecia querer torrar-nos. De vez em quando, porém, uma leve brisa vinha acariciar-nos o rosto, suavizando o ardor que nos queimava a pele.
Passos apressados, éramos doze seres de Deus. Mulheres, apenas duas: Neném e eu.
Novo Tempo, Mergulhão e Marinheiro eram os três novos cangaceiros que integravam o grupo sob comando de Zé Sereno, todos eles meus irmãos consaguíneos. Acredito mesmo que entraram no cangaço para não me deixarem sozinha. Assemelhava-se a guarda-costas meus.
Os apelidos era uma das marcas registradas do cangaço. Sila conta que o seu apelido vem desde a sua infância em Poço Redondo, dado por seu pai. Já seus irmãos Manoel (chamado "Du"), Gumercindo e Antônio Paulo receberam, respectivamente, os apelidos de Novo Tempo, Mergulhão e Marinheiro de Zé Sereno, na ocasião que ingressaram no seu bando e consequentemente no cangaço.
Fonte:

Cartas - 72 anos de história

Por: Kidelmir Dantas

Prezado Deliomar Soares, a Associação Nacional de Jornais (ANJ) parabeniza o Diário de Natal pelos seus 72 anos, celebrados em 18 de setembro. Os nossos cumprimentos, extensivos a toda a equipe do jornal, aos seus leitores e seus parceiros empresariais. Atenciosamente, Ricardo Pedreira, Diretor Executivo da ANJ, por e-mail.

Caro Sérgio Henrique e pessoal da redação d'O Poti. Primeiramente, quero parabenizá-lo pela matéria Mossoró cresce a passos largos (O Poti/Diário de Natal, Cidades, 04/09/2011). Como pesquisador do tema 'Cangaço', encontramos informações distorcidas nesta matéria. Ei-las:

Estudos do Cangaço

1. No Apodi Lampião sequestrou o prefeito de Natal Adolfo Gurgel. 

Não! O sequestro aconteceu entre Mossoró e Felipe Guerra, então Pedra de Abelha; e o nome do, já aquela época, ex-prefeito de Natal era Antonio Gurgel do Amaral. 

2. A invasão contrariava o Pe. Cícero. Ele dizia que cidade de 3 torres não era pra cangaceiro. 

Também não. Esta expressão foi usada por Lampião, conforme depoimento do próprio Gurgel (ler o livro "Nas Garras de Lampião - Diário do Coronel Gurgel" - Antonio Gurgel & Raimundo Soares de Brito). Como bom estrategista que era, Lampião sabia que cidade com mais de uma igreja já era bem desenvolvida e mais difícil de ser surpreendida pelos cangaceiros. 

3. No dia da invasão, Lampião ficou a 13km da cidade. 

Outro equívoco. Lampião entrou em Mossoró, acompanhando os trilhos da ferrovia desde o Alto da Conceição, dividiu o grupo em 3 - um tentou atacar a residência do Prefeito Rodolpho Fernandes pela frente - comandado por Sabino e Jararaca - o outro por trás - comandado por Massilon - e o composto pelos seus homens de mais confiança deu combate a trincheira da Estação ferroviária... Ele mesmo, com mais 4 homens, foi para o cemitério São Sebastião, aguardando o resultado do ataque e dando sinal para a retirada, após o fracasso do mesmo, com as perdas em combate de Colchete e Jararaca, além de Dois de Ouro, ferido gravemente que morreu após a fronteira do RN, já no CE, eoutros feridos levemente. 

4. Igreja de Santa Luzia é palco para o espetáculo 'Chuva de Bala' (foto). 

Menos a verdade. O espetáculo é encenado no adro da Capela de São Vicente, durante o mês de junho; não defronte a Catedral de Santa Luzia. Grato pela compreensão, bom final de semana. 

Kydelmir Dantas, 
Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço, por e-mail.

Fonte:

NOVO LIVRO SOBRE O CORONEL DELMIRO GOUVEIA

29 de julho de 1938 - "A Noite"


Meia centena de homens compunham a volante da Força Pública que matou Lampião, Maria Bonita e mais nove cabras do seu bando.
Candeeiro foi um dos sobreviventes.

Fonte: sanprodcoeseeventos.blogspot.com

O lugarejo de Poço Redondo, na embocadura do São Francisco, que por algum tempo consagrou-se como capital do cangaço, foi cenário do último ataque do bando do capitão Virgulino, surpreendido pela patrulha numa gruta da região após uma denúncia anônima.


Lampião entrou para a história como bandido e herói, mas ele era um justiceiro, contrapunha 65 anos depois seu Mané Felix, ainda orgulhoso de ter sido coiteiro de jagunços nas barrancas do Velho Chico.

Notícia de O Globo de 19-04-91  

EX-CANGACEIRO MORRE NA FILA DO INSS

Severino Garcia dos Santos, o Relâmpago do bando de Lampião, chegou ao Rio de Janeiro na década de 40. Morava no bairro da Saúde e morreu aos 84 anos no INSS tentando receber pensão de CR$ 15.000,00.

Relâmpago, que se aposentou como ferreiro da indústria naval, vangloriava-se de que quando vivia no sertão tinha 12 mulheres e matou mais de 20 com Lampião.

PARTES ÍNTIMAS? (Crônica)

Por:  Rangel Alves da Costa*
Rangel Alves da Costa

PARTES ÍNTIMAS?

Sem nenhum apelo, mas a verdade é que de vez em quando me ponho a pensar onde ficariam as partes íntimas de muitas pessoas. Indo mais além, me penitencio querendo saber que coisa é essa de parte íntima em quem não tem o mínimo respeito pelo seu corpo, pela sua sexualidade, pelo seu caráter e honradez.

Problema traumatizante, vez que o que mais me indigna é ter surgido recentemente a nova tipificação do crime de estupro ("Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso") e nesta prevê penalização pelo cometimento de crime de estupro àquele que passar, por exemplo, a mão sobre as partes íntimas de outra pessoa.

Assim, para a configuração do estupro basta que uma pessoa (homem ou mulher) obrigue a outra, com violência ou intimidação, a com ela praticar qualquer ato libidinoso, que no caso em comento seria apalpar as partes íntimas. Do mesmo modo, praticar o ato de modo forçado perante a suposta vítima.

A lei também deveria acentuar bem as qualidades e as características da pessoa que poderia ser vítima do crime. E seria preciso porque uma vagabunda qualquer poderia alegar que sicrano ou beltrano causou-lhe constrangimento ao tocar ou apalpar suas partes íntimas. E vagabunda tem partes íntimas que mereçam a imposição de tanto respeito?

Certamente não poderá alegar violação às suas partes íntimas quem expõe sua sexualidade a qualquer moeda; não poderá dizer que foi aviltada em sua honra a pessoa que mostra seios, bunda e genitália como se tais elementos corporais fossem mercadorias; não poderá dizer que foi bulinada aquela que silenciosamente chama o outro para tal.

Não se discute aqui o direito à personalidade e à privacidade de cada um. Verdadeiramente não se pode atentar contra tais princípios da dignidade humana, mas também há que se colocar na balança o valor da dignidade que cada um se impõe. Já diz a máxima que quem não se respeita não pode exigir respeito de ninguém. E digo mais: a honra de cada do indivíduo não está estampada na sua feição nem encoberta nas suas partes íntimas, mas na sua conduta.
  
Vejo o conceito de partes íntimas pelo aspecto moral da pessoa, e não enquanto localização corporal no indivíduo. Uma pessoa que valoriza sua reputação, que se respeita física e socialmente, que não vive se entregando aos apelos sexuais nem se oferecendo a um e a outro, não faz do seu corpo um comércio, esta sim poderá dizer que possui valiosa intimidade, honradez na privacidade corporal e zelo por suas partes íntimas.

Comumente se diz que as partes íntimas são aquelas estruturas corporais onde estão localizados os órgãos genitais, as nádegas, os seios, enfim, as zonas erógenas. Partes porque fazem parte do corpo, e íntimas porque nelas se escondem as ditas vergonhas, a sexualidade, a erotização e outros valores somente consignados por cada um. Então, nestas partes íntimas residiriam os aspectos moralizantes, castos e personalizantes da sexualidade corporal nas pessoas.

Os dicionários definem íntimo como sendo aquilo que é de dentro, da essência de cada um, do interior das pessoas; a parte mais interna em cada um; o que tem e ao qual se tem uma afeição muito forte; o que é inteiramente privado. Nesta última acepção é que se deve realmente buscar o real entendimento sobre o que sejam partes íntimas.

Foi dito, então, que íntimo é o inteiramente privado, e o privado consistindo no que pertence a cada um, podendo dispor do modo que desejar. Então, a genitália, a nádega e os seios, que são as partes íntimas mais consideradas, seriam de estrutura e conteúdo privativo e sobre as quais somente ao seu dono ou sua dona caberia dispor ou dar destinação. Contudo, como já afirmado, privado à medida que a pessoa se priva da exposição demasiadamente sexualizada, pornográfica, desrespeitosa à moral e aos bons costumes.

Portanto, creio que muita gente há muito que se privou de suas partes íntimas, de sua intimidade sexual, de seu poder atrativo corporal. O que resta no corpo é tão público que até banheiro público é mais privado.


Rangel Alves da Costa* 
Poeta e cronista
e-mail: rangel_adv1@hotmail.com
blograngel-sertao.blogspot.com