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domingo, 27 de março de 2011

Um olhar sobre Angico Parte I - Por: Alfredo Bonessi

Pesquisador Alfredo Bonessi em sua palestra durante
o Cariri Cangaço 2010

               Ainda hoje a gente sente o calor do fogo que aqui se deu naquela manhã de 28 de julho de 1938. No entardecer do dia 27 de julho de 1938 , na grota de Angicos, Pedro chega com a mercadoria encomendada por Lampião. Lampião está triste, acabrunhado, esquisito.
 
Grota de Angicos
 
               Tinha recebido notícias que a Força tinha saído ao encalço dele pras bandas do Moxotó. Já é noite e Lampião corta uma melancia e distribui entre Maria Bonita e Sila e após isso elas vão conversar em cima de uma pedra existente na subida do barranco, oposto a gruta, de frente a barraca de Lampião.
 
Bando de Lampião e Maria Bonita

              Maria se queixa de Lampião, da vida que leva, quer ir embora, largar a vida, mas Lampião não quer. Estavam de brigas, tinham discutido muito. Maria tinha cortado os cabelos. Daí Sila vê algumas luzinhas no alto do morro e pergunta a Maria o que é aquilo, aquelas luzinhas açula? Ela triste e pensativa responde que é vaga-lume. E só podia ser mesmo, porque naquela hora a volante estava com Joca, o delator, bem distante dali. Maria ainda fala que não tem medo da volante de Alagoas, porque possui nela um parente. Sila diz que não tem medo da volante Sergipana, mas não explica por que. Separam-se cada uma vai para a sua barraca.
 

Bando de Sila e Zé Sereno 

               Anos depois, Zé Sereno, marido de Sila, afirma que naquela noite derradeira Lampião e Pedro conversaram dentro do mato, sozinhos até as 23 horas. Durval confirma isso. Pedro vai para casa, atravessa o rio de canoa. Chega em casa e pouco depois chega a polícia para buscá-lo. Ele diz que não pode ir. Teve tempo suficiente para pegar a canoa e atravessar de volta para o coito dos cangaceiros, ou mesmo avisar o irmão para que avisasse Lampião. Mas fica em casa, espera. A vida de Lampião está com as horas contadas. Minutos depois a polícia retorna, daí ele segue por terra com o Cabo Bida até onde está a volante. Chegando lá o Tenente Bezerra põe a mão no ombro dele e avisa: eu vim para te matar se você não me der conta dos cangaceiros. Pedro pensa um pouco e entrega tudo, mas não dá a certeza se os homens ainda estão lá na grota – precisa salvar a sua vida - e, temendo que o irmão esteja entre os cangaceiros e possa ser morto pela polícia, indica a polícia o irmão que está do outro lado e para lá seguem. Chegando lá avisa o irmão para que entregue tudo, porque está preso. Durval sem pestanejar confirma: estão lá sim, acabei de chegar de lá e a bem pouco eles estavam aqui pegando bebida. O fim de Lampião estava traçado.

O que não encaixa na história relatada posteriormente por Durval era que o irmão estava com a camisa ensanguentada da ponta do punhal de João Bezerra, ou mesmo com as unhas arrancadas.

              Esse relato é para minimizar uma possível ação posterior de vingança dos cangaceiros contra eles. Sabe-se que o Aspirante Ferreira queria matar logo Pedro, coisa que o Tenente Bezerra não deixou. Lógico, era uma estratégia policial para fazer com que ele desse no bico, pois os mortos não falam e Pedro morto não valia nada para a operação e a missão fracassaria. Depois foi a vez de Durval ser amedrontado.
 
O tenente João Bezerra
 
               Segundo ele, o Aspirante deu uma tapa no lado do seu rosto que ele caiu no terreiro. Em outro depoimento diz que foi apenas empurrões e que o Aspirante queria logo matar a ambos no que João Bezerra saiu em defesa deles, em proteção. Cenas de artistas primários em picadeiros de circo das periferias. Por fim, com os objetivos traçados e a força avisada com quem iria brigar, começam a subir o leito do riacho. Daí o Tenente Bezerra acende uma lanterna e foca a tropa que em coluna avançava, dá um sorriso e pensa consigo mesmo: quantos daí vão morrer? ora para quem vai enfrentar um número de cangaceiros superior ao número de seus comandados, e ainda em um terreno desconhecido, a noite, sem saber onde estavam os inimigos e acender uma lanterna é uma atitude reprovável, criminosa, leviana, e inexplicável. Estaria avisando a alguém? Se a força estivesse em campo aberto o foco da lanterna poderia ser visto a mais de um quilometro de distância, e uma saraivada de balas cairia sobre todos e a maioria morreria naquele momento ou ficaria ferida.

               Outro fato acontecido nesse momento que foi relatado e hoje está escrito como verdadeiro é que o Aspirante estava bêbado, aponto de não parar em pé. Ora, para quem desce o Rio São Francisco a noite, nas corredeiras, em três canoas amarradas, podendo a qualquer momento bater em uma pedra e ir ao fundo, estar bêbado e equipado é muito contar com a sorte – é ser negligente demais, ou aventureiro mesmo, aqueles das historinhas de gibis.
 
 
Rio São Francisco
 
              Outro detalhe tido como verdadeiro: o Aspirante estava tão bêbado que não podia levar a metralhadora e deu a arma a um estranho para levá-la. Ora, dar a metralhadora para um paisano desconhecido, para levá-la, sabendo que ele poderia manobrar a arma e matar muita gente ali presente é demais para quem vai atacar um inimigo naquelas horas da madrugada. O fato que bêbado ou não, foi o Aspirante e sua turma que deram fim ao Rei do Cangaço.

              Ainda, para esse momento, e poucas horas antes, o mesmo depoente afirma categoricamente que o Tenente que vai atacar Lampião tinha, ao entardecer, mandado pelo seu irmão, um saco de balas para Lampião. Não cola, não fecha. Não existe explicação enviar um saco de balas para quem você vai atacar horas depois, mesmo porque o Tenente não estava em Piranhas, estava em Pedra, e Pedro comprou as mercadorias em Piranhas. Nessa cidadezinha estavam acantonadas as volantes de Odilon Flor, da Bahia, e talvez a volante de Bezouro, também da Bahia. Se o Oficial Comandante estivesse corrompido não iria atacar Lampião naquela madrugada – atacaria no dia seguinte, em plena luz do dia, para ser visto, ou então mandaria uma aviso por algum informante a Lampião.
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Tenente Zé Rufino
 
               Entre tantas contradições há uma: que o Tenente não conhecia Lampião, foi conhecê-lo após a morte do cangaceiro, quando o mesmo já estava de cabeça cortada. Puro engano. Ambos eram conhecidos de muito tempo quando o Tenente, por ser agiota, estava afastado da corporação, e então se misturou ao grupo de todo o tipo de gente, caçadores, bandidos, cangaceiros e jogadores, daí então que aprendeu as manhas de lidar com a gente do sertão, incluindo aí os cangaceiros. Afirmam testemunhas que o Tenente Bezerra jogou baralho com Lampião – eu acredito nisso. Tanto é, que após a morte de Lampião, se embalando em uma rede no oitão da casa da fazenda do Tenente Zé Rufino, esse falou a aquele: como é rapaz, você foi matar o seu amigo? – a que o Tenente respondera: é, foi o jeito! – quem viu, testemunhou e está escrito.

              Outra história bem verídica dessa amizade é sobre o cachorro de Lampião que aprisionado em combate pela força de Zé Rufino e entregue ao Tenente Bezerra em Piranhas, sessenta dias depois o animal estava na posse de Lampião. Essa amizade antiga, esse conhecimento da vida cangaceira, a troca de informações entre vários informantes, a atitude, o comportamento proposital aos olhos de todos, dando a impressão de apatia, desinteresse, de ser conivente, frouxo, tanto da parte dele como do Sargento Aniceto é que concorreu sobremaneira para o aniquilamento de Lampião, porque com certeza Lampião sabia muito bem do temperamento de seu oponente e com isso negligenciou a segurança do grupo e dele mesmo. Facilitou e pagou caro por isso.

              Outra questão a ser comentada é com relação ao bando de Corisco. Lampião chegara na grota no dia 20 ou 21 de julho. Convocou todo o pessoal para uma reunião. Estava na posse de uma fortuna , algo em torno de mais de R$ 750 mil reais em jóias (estimativas ao dia de hoje), cinco quilos de ouro,segundo alguns - mas para encher duas bacias de rosto de jóias dão mais ou menos 2,5 quilos de ouro e não cinco.
 
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O cangaceiro Corisco
 
              Somente se fosse ouro em barra, aí se poderia estimar esse peso de cinco quilos – analisando por esse lado, esse valor cairia para 350 mil reais. Em dinheiro sim, supomos, sem nenhuma informação, que Lampião estivesse com valores bem acima de 500 contos de réis, valores que daria para adquirir hoje, 10 automóveis, segundo uns, ao preço de 50 contos de réis um automóvel, outros dizem que não, um automóvel custava na época 8 contos de réis. Outros calculam a correspondência entre as moedas: pega-se o conto de réis e divide-se por quatro, tem-se o valor em reais aos dias de hoje. O fato que uma fortuna estava na posse de Lampião naquela ocasião. Maria Bonita possuía 160 contos de réis, daria para comprar quatro fazendas. Luiz Pedro estava com 360 contos de réis (estimativa), fora as jóias, daria para comprar nove fazendas, sem contar os outros cangaceiros que foram mortos, e mais ainda, aqueles que largaram tudo nas toldas e correram, abandonando o local. Era muito dinheiro.
A volante se apossou de tudo
 e ninguém soube o destino em que foi parar essa fortuna.

               Depois da refrega, quem seria doido de buscar explicações com o pessoal da volante sobre o paradeiro dessa riqueza em um tempo em que a polícia fazia o que bem queria e um soldado da polícia mandava mais no sertanejo que um Senador Romano no tempo de Júlio César? Esses comentários que foi o dinheiro que matou Lampião surgiu agora na década de 60 e somente foi cogitado no século XXI quando os componentes da volante já não existiam mais.

              Continua...

              Alfredo Bonessi.
 
 
              Este texto foi trasladado do Blog: "Cariri Cangaço", do amigo Manoel Severo.
 
Capitão Bonessi:
 
Não houve esclusão e nem tão pouco aumento de palavras. Apenas aumentei a ilustração do seu trabalho.
 
José Mendes Pereira

Daliane Menezes - Parnamirim - Eleita Miss RN 2011

 Daliane Menezes ganhou a faixa de Miss RN numa disputa acirrada com mais 24 candidatas ao título de mulher mais bela do estado
Daliane Menezes de Parnamirim
foto: cezar alves
 
              A escolha da Miss RN, que foi realizado ontem à noite,   no Teatro Dix-Huit Rosado em Mossoró, tendo a participação de 25 candidatas, e contou com um corpo de 13 jurados, e esta foi a primeira vez que depois de 56 anos de Miss RN,  que o evento não foi realizado na capital. A disputa foi acirrada, ficando a faixa de Miss RN com Daliane Menezes
             Daliane Menezes, 22 anos, representante de Parnamirim, foi eleita, na noite deste dia 26, Miss RN 2011. É Jornalista e aluna do curso de Radialismo. Modelo profissional, tendo  viajado representando o Brasil em concursos internacionais. 
 
A DISPUTA
              As candidatas tinham as suas torcidas   organizadas, principalmente as de Caicó, Mossoró e Pau dos Ferros.  As candidatas num total de 25,  com idade entre 18 e 25 anos; a escolha foi considerada difícil até para o júri, formado na noite passada por colunistas sociais, estilista, empresárias.

              Débora Lyra, integrante da comissão julgadora a Miss Brasil 2010, fez elogio a beleza das potiguares,  do alto nível  e desejou a Miss 2011 sucesso no concurso Miss Brasil que este ano será realizado no mês de Julho em São Paulo com transmissão em TV aberta.

             A nova Miss RN pretende trancar a atual faculdade para se dedicar integralmente aos preparativos do Miss Brasil 2011, e   vai investir em preparação física, aulas de oratória, aulas de fluência em inglês e se depender de seu esforço, estará pronta para o concurso nacional.

Palavras de Daliana

            “O trabalho começa agora. O Miss Brasil não é um concurso fácil e o nível é mais alto do que vimos aqui. Vou lotar minha agenda com os preparativos”. Ganhar o título é motivo de muito orgulho pra mim e para minha família. Agora, quero seguir em frente e aproveitar muito essa oportunidade”.
 AS TRÊS FINALISTAS

 Miss Parnamirim, Daliane Menezes,
1,80m. A nova Miss RN 2011.
 
 Segundo Lugar: Miss Mossoró, Catharina Amorim.


Terceiro lugar -  Natalia clemente (Miss Caicó)

O RESULTADO FINAL FICOU ASSIM
 
1º lugar -  Daliane Menezes (Parnamirim)
2º lugar – Catharina Amorim (Mossoró)
3º lugar – Natália Clemente (Caicó)
4º lugar – Klendja Lucena (Ouro Branco)
5º lugar – Thaís Araújo (Gov. Dix-Sept Rosado)
 

Informações do V&C - Artigos e Notícias