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domingo, 15 de maio de 2022

UM OLHAR SOBRE ANGICO PARTE I

Por Alfredo Bonessi

Pesquisador Alfredo Bonessi em sua palestra durante o Cariri Cangaço 2010

Ainda hoje a gente sente o calor do fogo que aqui se deu naquela manhã de 28 de julho de 1938. No entardecer do dia 27 de julho de 1938, na grota de Angicos, Pedro chega com a mercadoria encomendada por Lampião. Lampião está triste, acabrunhado, esquisito. Tinha recebido notícias que a Força tinha saído ao encalço dele para as bandas do Moxotó. Já é noite e Lampião corta uma melancia e distribui entre Maria Bonita e Sila e após isso elas vão conversar em cima de uma pedra existente na subida do barranco, oposto a gruta, de frente à barraca de Lampião.

Maria se queixa de Lampião, da vida que leva, quer ir embora, largar a vida, mas Lampião não quer. Estavam de brigas, tinham discutido muito. Maria tinha cortado os cabelos. Daí Sila ver algumas luzinhas no alto do morro e pergunta a Maria o que é aquilo, aquelas luzinhas açula ? Ela triste e pensativa responde que é vaga-lume. E só podia ser mesmo, porque naquela hora a volante estava com Joca, o delator, bem distante dali. Maria ainda fala que não tem medo da volante de Alagoas, porque possui nela um parente. Sila diz que não tem medo da volante Sergipana, mas não explica por que. Separam -se cada uma vai para a sua barraca.

Anos depois, Zé Sereno, marido de Sila, afirma que naquela noite derradeira Lampião e Pedro conversaram dentro do mato, sozinhos até as 23 horas. Durval confirma isso. Pedro vai para casa, atravessa o rio de canoa. Chega em casa e pouco depois chega a polícia para buscá-lo. Ele diz que não pode ir. Teve tempo suficiente para pegar a canoa e atravessar de volta para o coito dos cangaceiros, ou mesmo avisar o irmão para que avisasse Lampião. Mas fica em casa, espera. A vida de Lampião está com as horas contadas. Minutos depois a polícia retorna, daí ele segue por terra com o Cabo Bida até onde está a volante. Chegando lá o Tenente Bezerra põe a mão no ombro dele e avisa: eu vim para te matar se você não me der conta dos cangaceiros. Pedro pensa um pouco e entrega tudo, mas não dá a certeza se os homens ainda estão lá na grota – precisa salvar a sua vida - e, temendo que o irmão esteja entre os cangaceiros e possa ser morto pela polícia, indica a polícia o irmão que está do outro lado e para lá seguem. Chegando lá avisa o irmão para que entregue tudo, porque está preso. Durval sem pestanejar confirma: estão lá sim, acabei de chegar de lá e a bem pouco eles estavam aqui pegando bebida. O fim de Lampião estava traçado.

O que não encaixa na história relatada posteriormente por Durval era que o irmão estava com a camisa ensanguentada da ponta do punhal de João Bezerra, ou mesmo com as unhas arrancadas.

Esse relato é para minimizar uma possível ação posterior de vingança dos cangaceiros contra eles. Sabe-se que o Aspirante Ferreira queria matar logo Pedro, coisa que o Tenente Bezerra não deixou. Lógico, era uma estratégia policial para fazer com que ele desse no bico, pois os mortos não falam e Pedro morto não valia nada para a operação e a missão fracassaria. Depois foi a vez de Durval ser amedrontado. Segundo ele, o Aspirante deu uma tapa no lado do seu rosto que ele caiu no terreiro. Em outro depoimento diz que foi apenas empurrões e que o Aspirante queria logo matar a ambos no que João Bezerra saiu em defesa deles, em proteção. Cenas de artistas primários em picadeiros de circo das periferias. Por fim, com os objetivos traçados e a força avisada com quem iria brigar, começam a subir o leito do riacho. Daí o Tenente Bezerra acende uma lanterna e foca a tropa que em coluna avançava, dá um sorriso e pensa consigo mesmo: quantos daí vão morrer ? ora para quem vai enfrentar um número de cangaceiros superior ao número de seus comandados, e ainda em um terreno desconhecido, a noite, sem saber onde estavam os inimigos e acender uma lanterna é uma atitude reprovável, criminosa, leviana, e inexplicável. Estaria avisando a alguém? Se a força estivesse em campo aberto o foco da lanterna poderia ser visto a mais de um quilometro de distância, e uma saraivada de balas cairia sobre todos e a maioria morreria naquele momento ou ficaria ferida.

Outro fato acontecido nesse momento que foi relatado e hoje está escrito como verdadeiro é que o Aspirante estava bêbado, aponto de não parar em pé. Ora, para quem desce o Rio São Francisco à noite, nas corredeiras, em três canoas amarradas, podendo a qualquer momento bater em uma pedra e ir ao fundo, estar bêbado e equipado é muito contar com a sorte – é ser negligente demais, ou aventureiro mesmo, aqueles das historinhas de gibis. Outro detalhe tido como verdadeiro: o Aspirante estava tão bêbado que não podia levar a metralhadora e deu a arma a um estranho para levá-la. Ora, dar a metralhadora para um paisano desconhecido, para levá-la, sabendo que ele poderia manobrar a arma e matar muita gente ali presente é demais para quem vai atacar um inimigo naquelas horas da madrugada. O fato que bêbado ou não, foi o Aspirante e sua turma que deram fim ao Rei do Cangaço.

Ainda, para esse momento, e poucas horas antes, o mesmo depoente afirma categoricamente que o Tenente que vai atacar Lampião tinha, ao entardecer, mandado pelo seu irmão, um saco de balas para Lampião. Não cola, não fecha. Não existe explicação enviar um saco de balas para quem você vai atacar horas depois, mesmo porque o Tenente não estava em Piranhas, estava em Pedra, e Pedro comprou as mercadorias em Piranhas. Nessa cidadezinha estavam acantonadas as volantes de Odilon Flor, da Bahia, e talvez a volante de Besouro, também da Bahia. Se o Oficial Comandante estivesse corrompido não iria atacar Lampião naquela madrugada – atacaria no dia seguinte, em plena luz do dia, para ser visto, ou então mandaria um aviso por algum informante a Lampião.

Entre tantas contradições há uma: que o Tenente não conhecia Lampião, foi conhecê-lo após a morte do cangaceiro, quando o mesmo já estava de cabeça cortada. Puro engano. Ambos eram conhecidos de muito tempo quando o Tenente, por ser agiota, estava afastado da corporação, e então se misturou ao grupo de todo o tipo de gente, caçadores, bandidos, cangaceiros e jogadores, daí então que aprendeu as manhas de lidar com a gente do sertão, incluindo aí os cangaceiros. Afirmam testemunhas que o Tenente Bezerra jogou baralho com Lampião – eu acredito nisso. Tanto é, que após a morte de Lampião, se embalando em uma rede no oitão da casa da fazenda do Tenente Zé Rufino, esse falou a aquele: como é rapaz, você foi matar o seu amigo ? – a que o Tenente respondera: é, foi o jeito ! – quem viu, testemunhou e está escrito.

Outra história bem verídica dessa amizade é sobre o cachorro de Lampião que aprisionado em combate pela força de Zé Rufino e entregue ao Tenente Bezerra em Piranhas, sessenta dias depois o animal estava na posse de Lampião. Essa amizade antiga, esse conhecimento da vida cangaceira, a troca de informações entre vários informantes, a atitude, o comportamento proposital aos olhos de todos, dando a impressão de apatia, desinteresse, de ser conivente, frouxo, tanto da parte dele como do Sargento Aniceto é que concorreu sobremaneira para o aniquilamento de Lampião, porque com certeza Lampião sabia muito bem do temperamento de seu oponente e com isso negligenciou a segurança do grupo e dele mesmo. Facilitou e pagou caro por isso.

Outra questão a ser comentada é com relação ao bando de Corisco. Lampião chegara na grota no dia 20 ou 21 de julho. Convocou todo o pessoal para uma reunião. Estava na posse de uma fortuna, algo em torno de mais de R$ 750 mil reais em joias (estimativas ao dia de hoje), cinco quilos de ouro, segundo alguns - mas para encher duas bacias de rosto de joias dão mais ou menos 2,5 quilos de ouro e não cinco. Somente se fosse ouro em barra, aí se poderia estimar esse peso de cinco quilos – analisando por esse lado, esse valor cairia para 350 mil reais. Em dinheiro sim, supomos, sem nenhuma informação, que Lampião estivesse com valores bem acima de 500 contos de réis, valores que daria para adquirir hoje, 10 automóveis, segundo uns, ao preço de 50 contos de réis um automóvel, outros dizem que não, um automóvel custava na época 8 contos de réis. Outros calculam a correspondência entre as moedas: pega-se o conto de réis e divide-se por quatro, tem-se o valor em reais aos dias de hoje. O fato que uma fortuna estava na posse de Lampião naquela ocasião. Maria Bonita possuía 160 contos de réis, daria para comprar quatro fazendas. Luiz Pedro estava com 360 contos de réis (estimativa), fora as joias, daria para comprar nove fazendas, sem contar os outros cangaceiros que foram mortos, e mais ainda, aqueles que largaram tudo nas toldas e correram, abandonando o local. Era muito dinheiro.

A volante se apossou de tudo e ninguém soube o destino em que foi parar essa fortuna.

Depois da refrega, quem seria doido de buscar explicações com o pessoal da volante sobre o paradeiro dessa riqueza em um tempo em que a polícia fazia o que bem queria e um soldado da polícia mandava mais no sertanejo que um Senador Romano no tempo de Júlio César? Esses comentários que foi o dinheiro que matou Lampião surgiu agora na década de 60 e somente foi cogitado no século XXI quando os componentes da volante já não existiam mais.

Continua...

Alfredo Bonessi

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MONUMENTO TENENTE ROXANA BONESSI

 Por No Amazonas é Assim


O monumento Tenente Roxana Bonessi é um monumento erguido no bairro São Jorge em Manaus,  como uma maneira de homenagear as mulheres e crianças vítimas de violência. Esse monumento é dedicado à ex-tenente do Exército Brasileiro Roxana Pereira Bonessi Cohen, de 27 anos, que foi brutalmente  assassinada em 02 de dezembro de 2002, pelo capitão do Exército Paulo Nelson Lima Loureiro.

Quem construiu o monumento foi o pai dela e justamente no local por onde passam muitos militares, para que a história não fosse esquecida, pois ela era uma pessoa muito querida pela comunidade manauara.

No monumento, Roxana aparece sentada dentro de uma ostra gigante sendo carregadas por alguns golfinhos, pode-se perceber a presença de outros elementos marítimos como uma tartaruga marinha, uma estrela do mar e um polvo.  Além disso, existem algumas bíblias com mensagens de carinho e uma placa memorial com a foto da tenente Roxana Bonessi.

Monumento Tenente Roxana Bonessi 

Monumento-Tenente-Roxana-Bonessi

Monumento-Tenente-Roxana-Bonessi

Ajudam a compor o memorial dois livros (da vida e da lei) e duas placas (do memorial e dedicatória).

Monumento-Tenente-Roxana-Bonessi

Livros do Monumento Tenente Roxana Bonessi
Livro da Vida
“As vidas felizes são sempre curtas, para o
desgraçado uma só noite vale uma
eternidade.”
Luciano de Samosatate
“Mesmo sendo inocentes amadas por Deus, não
evitaram a sorte que o destino lhes
reservará”
Alfredo Bonessi


Livro da Lei
“Não teremos mais necessidades de sol para
nos alumiar, nem de lua para nos iluminar,
pois temos por luz o Senhor, cujo espírito
repousa sobre nós e que nos consagra pelo
nosso martieio”
Isaias (60,61)

Placas do Monumento Tenente Roxana Bonessi


Monumento Tenente Roxana Bonessi – Homenagem às mulheres e crianças vítimas de violência. 


À Rainha da Natureza
Roxana Pereira Bonessi
Existe Algo que levaremos para o esto de
nossas vidas…
Levaremos lembranças inesquecíveis de vc…
Lembranças que nos macarão… que mexerão
com a nossa existência…
Provavelmente iremos pela vida a fora
colecionando essas lembranças em ordem de
grandeza de cada detalhe que nos foi
importante.
Cada momento em nossos dias… que nos
deixou marcas… cada instante que foi
cravado no nosso peito como uma tatuagem…
Lembraremos de você no raiar do sol… num
buquê de flores, numa palavra amiga, num
olhar… num sorriso angelical, num
perfume… num beijo…
Para o resto de nossas vidas levaremos você
dentro de nós…
De quem te ama
Comunidade do Estado do Amazonas

Além do monumento no bairro do São Jorge, existem outros itens espalhados em Manaus para que não se perca a memória dessa tragédia.  Podemos citar a cruz  em homenagem a Tenente Roxana Bonessi que ficava na estrada que dá acesso ao Distrito Industrial II, Zona Leste de Manaus.

Cruz relembra caso que chocou Manaus em 2002 Foto: Valter Calheiro 


Homenagem a tenente morta é esquecida e abandonada na Zona Leste de Manaus.


A Cruz que homenageava a Tenente Roxana Bonessi foi arrancada do ponto onde estava localizada na Zona Leste de Manaus e jogada em matagal.

Cruz foi arrancada de ponto onde estava localizada na Zona Leste de Manaus e jogada no matagal.

Foto: Valter Calheiros

Existe também uma Escola Estadual em sua homenagem a Escola Estadual de Tempo Integral Roxana Bonessi , localizada na Rua Enzo Ferrari, s nº. Bairro Colônia Oliveira Machado,  e uma Avenida  a Avenida Tenente Roxana Bonessi, no Monte das Oliveira, zona norte.

Versão Popular sobre o Homicídio da Tenente Roxana Bonessi que chocou Manaus em 2002

Roxana Pereira Bonessi Cohen, foi morta em 2002 com uma facada no pescoço pelo ex-namorado, o capitão do exército, Paulo Nelson Lima Loureiro.  O capitão Paulo Loureiro, na época, servia junto com a tenente Roxana na ICFEX [Inspetoria de Contabilidade e Finanças do Exército]. Ele já servia lá há anos e era um ‘pegador’.

O capitão então se apaixonou pela jovem Roxana e viveram um caso de amor, porém, o capitão era casado. Como ele era casado, a tenente resolveu terminar o relacionamento extra-conjugal e o mesmo não aceitou.

Uma tardinha na saída do expediente ele a abordou no estacionamento, e presume-se que foi ai que começou a briga, pois o mesmo não aceitava o rompimento (estava apaixonado por ela) e o resto são especulações. Ele foi julgado [IPM= Inquérito Policial Militar] e expulso do EB [Exército Brasileiro], alguns dizem que ele e a esposa se acertaram, especula-se, inclusive, que ele tenha algum emprego e vivam juntos até hoje

Outra matéria publicada no Superior Tribunal Militar reporta o seguinte.
Homicídio da tenente Roxana Pereira Bonessi Cohen

O homicídio ocorreu no dia 02 de dezembro de 2002, quando o capitão do exército Paulo Nelson Loureiro matou, a golpe de faca, a 2ª tenente Roxana Cohen, na garagem da 12ª Inspetoria de Contabilidade e Finanças do Exército, na capital amazonense.

O ato foi feito em retaliação ao término do caso extraconjugal mantido entre o capitão e a tenente. Na sua versão, o condenado sustentou que a tenente havia se ferido ao cair acidentalmente sobre uma faca que ela mesma trazia nas mãos.

Após cometer o assassinato, o capitão pôs o corpo da oficial no porta-malas do carro e o deixou em um lixão, nas proximidades do Colégio Agrícola. Em seguida, o militar voltou à cena do crime e tentou apagar os indícios de seu ato.

Seu nome surgiu nas investigações porque o capitão do Exército deu entrada no Pronto-Socorro 28 de Agosto com ferimentos de faca em seu corpo. Uma revista em seu carro, um Fiat-Brava JXS-4600, localizou a bainha protetora da faca que foi usada no crime e duas toalhas ensanguentadas.

Todo o material encontrado foi encaminhado para exames periciais.

Em 2003, o militar havia sido condenado a 15 anos de prisão, em primeira  instância, pela Auditoria da 12ª Circunscrição Judiciária Militar, em Manaus. Dois anos depois, em 2005, o STM deu provimento a recurso do Ministério Público Militar e decidiu majorar a pena para 25 anos.

Na ocasião, o Tribunal acatou a tese de homicídio qualificado apresentado pela acusação, ao alegar as seguintes razões: motivo torpe, uso de meio cruel, impossibilidade de defesa da vítima e caso em que o agente se prevalece da situação de serviço. Além disso, a pena foi aumentada pelo fato de o autor ter utilizado arma de serviço.


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O CANGAÇO EM ´POÇO REDONDO

 Por Rangel Alves da Costa

O dia era 13 de junho de 1932. Bem ao lado desta capelinha que tem São Clemente como padroeiro, na região da Pelada nos sertões sergipanos de Poço Redondo, o percurso cruel e desumano da Chacina do Couro (perseguição sangrenta comandada pela perversidade do cangaceiro Gato, tendo ao lado os igualmente terríveis bandoleiros Suspeita, Medalha, Azulão e Cajueiro, vitimando inocentes homens da terra), teve por consequência o assassinato de mais três homens da terra, um morador da região, um pai e um filho.  

A capela da Fazenda Pelada

Depois de terem chacinado Antônio Monteiro e o menino Galdino mais atrás, na região da Lagoa do Tingui, Gato e seus comandados seguiram buscando mais sangue. Chegaram à casa da fazenda na Pelada, de propriedade de um senhor chamado Clemente, já trazendo outro sertanejo amarrado: Alfredo. 

Gato e Inacinha

Na casa encontraram Clemente e o seu filho chamado João. Instantes após, pelo fato de Alfredo afirmar que já não suportava tanto sofrimento e preferia a morte, então a cangaceirama nem pensou duas vezes, pois fizeram o sertanejo impiedosamente tombar pela terra. 

Em seguida, sem qualquer motivação para tamanha brutalidade e covardia, mataram também o pai e o filho. A antiga casa foi sendo abandonada e ao lado, após fatos misteriosos surgidos, uma casinha de oração foi construída. Tempos após, contudo, uma capelinha foi erguida para zelar pelas cruzes de Clemente, João e Alfredo, que continuam em seu interior.

Os moradores da região afirmam que num dos cantos da capelinha marcas de sangue insistentemente surgem, ainda que atualmente cimentada. São fatos, memórias e histórias ainda presentes na Pelada e região, e que vivamente testemunham a terrível passagem do cangaceiro Gato e sua malta pelos sertões poço-redondenses. 

Em julho, as pegadas dos turistas e pesquisadores estarão por aí. Quem quiser participar basta entrar em contato com o documentarista Aderbal Nogueira. Assim, nos dias 29 e 30 de julho, Poço Redondo se tornará num livro vivo para o conhecimento da história cangaceira nos sertões sergipanos do São Francisco.

http://lampiaoaceso.blogspot.com/2022/05/o-cangaco-em-poco-redondo.html

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BANDO DE LAMPIÃO ATACA A CIDADE DE SOUSA - PARAÍBA

Por No Rastro do Cangaço
https://www.youtube.com/watch?v=t2uTvpEQmAs&ab_channel=NoRastroDoCanga%C3%A7o 

Virgulino Ferreira da Silva, Lampião, o rei do cangaço, disponibiliza um grupo de cangaceiros, liberados por seus irmãos Antônio Ferreira e Livino, tendo também Sabino das Abóboras e o cangaceiro Chico Pereira e seus cabras, para um ataque à cidade de Sousa, no sertão da Paraíba. Uma emocionante história do cangaço nordestino, Lampiônico, envolvendo Juiz de Direito, coiteiros e Coronéis da história do cangaço. Fonte: Lampião a Raposa das Caatingas - João Bezerra Lima Irmão Assistam e ao final deixem seus comentários, críticas e sugestões. 

INSCREVAM-SE no canal e ATIVEM O SINO para receber todas as nossas atualizações. #NoRastroDoCangaço 

Vejam também: 

https://youtu.be/caVfy_ZGplw 

https://youtu.be/4gtfGPPxnV4 

https://youtu.be/7jWUGL3MZqo 

https://youtu.be/n66BehWFWto 

https://youtu.be/ej1LY1Wztms 

https://youtu.be/3wuCmkQyaII 

https://youtu.be/Y1kh7Js_lhA 

https://youtu.be/rl0RucODGec 

https://youtu.be/pmPvnN9JRL8 

https://youtu.be/cPMXW02sFGs 

UM FORTE ABRAÇO!

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PRYCYLLA

 Por José MendesPereira


Minha filha mais nova Prycylla no 3º. ano de Medicina. Ela é mãe da Ana Beatriz.

Ana Beatriz

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RETRATOS RAROS DO CANGAÇO | CNL | 507

Por Cangaço na Literatura 

https://www.youtube.com/watch?v=0wnhzm_VpCI&ab_channel=OCanga%C3%A7onaLiteratura

Corisco, Zé Baiano e Baltazar

https://www.youtube.com/watch?v=wdVHf...

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BENJAMIN ABRAHÃO NO BANDO DE LAMPIÃO | CNL | 1072

https://www.youtube.com/watch?v=0gcTQWum_YE&ab_channel=OCanga%C3%A7onaLiteratura
 

Pix para ajudar o canal 007004475-98 MARCA 

https://www.amazon.com.br/dp/65872930... 

OS BORNAIS DOS CANGACEIROS MORTOS | CNL | 1069 

https://youtu.be/pPoj5oiIKmY 

PRIMEIRO PROGRAMA 

https://youtu.be/z4RiEz7Mx7s 

PROGRAMA DE 2014 

https://youtu.be/yuYknZCSK6s 

ADESTRAMENTO DE CÃES 

https://www.youtube.com/watch?v=AMIt6... 

ROSA TIRANA 

https://www.youtube.com/watch?v=mROad... 

LOCAL QUE LAMPIÃO FOI FILMADO 

https://youtu.be/wyFEZBmbpaQ

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O CAPITÃO VIRGULINO FERREIRA É IGNORANTE, MAS INTELIGÊNCIA NÃO LHE FALTA :

Por: Ivanildo Silveia


O libanês que domou Lampião:

Benjamin Abrahão Botto, que já havia sido secretário particular do Padre Cícero, parte para sua maior aventura: capturar imagens do homem mais procurado no Nordeste.

https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjvFsEilUrjCN1E-pptBjA1AqDwkXSxWfz1L0l-SwboecX5GTucW0ojz7wdApb_sBPdi6n4it99iGtEEliKnBZgNnGy2Hc4jSei0rc0xHXxxlIcavMV9vc6IIW6NInkQpOaCft7-3M3ptL5/s400/pc+diferente.jpg

Quarenta e duas facadas decretaram o final, no dia 9 de maio de 1938, da cinematográfica vida do libanês nascido no lugarejo chamado Zahelh e que deixou o seu país natal durante a I Guerra Mundial. Benjamin Abrahão Botto veio parar no Brasil, mais precisamente em Pernambuco, muito longe dos Estados Unidos que seria o destino preferencial na sua rota de fuga. Ele estabeleceu-se no Recife como mascate, vendendo inicialmente tecidos. Depois, ampliou suas ofertas para produtos vindos do Sertão, como rapadura, farinha e carne-de-sol.

No início dos anos 20, empreendeu sua primeira aventura pelo interior, chegando até Juazeiro do Norte, no Ceará, onde se tornou secretário particular do Padre Cícero, considerado "santo" pelos romeiros que afluíam de todos os lugares do Nordeste.


O médico e historiador Napoleão Tavares Neves ressalta que "Abrahão ganhou a simpatia do religioso com uma mentira. Ao ver aquele homem diferente no meio da multidão, Padre Cícero, beirando os 80 anos de idade, teria se emocionado ao saber que o estrangeiro de fala enrolada nascera em Belém, na Palestina, o lugar de nascimento de Jesus Cristo".


Foi ao lado do Padre Cícero que Benjamin Abrahão conheceu, no início de março de 1926, o homem que mudaria o seu destino.

LAMPIÃO, o rei dos cangaceiros, tinha ido a Juazeiro do Norte para receber uma patente de Capitão e depois lutar contra a Coluna Prestes.
Os caminhos do libanês e do pernambucano de Serra Talhada se cruzariam novamente em 1936, quando Benjamin Abrahão, com uma carta de apresentação do Padre Cícero (falecido dois anos antes) e equipamentos obtidos na Aba Film, sediada em Fortaleza, parte em busca do bandido mais famoso do Nordeste com um objetivo: registrá-lo em celulóide.
 
O CAPITÃO VIRGULINO FERREIRA É IGNORANTE, 
MAS INTELIGÊNCIA NÃO LHE FALTA :
 
Armado com uma câmera de corda Nizo Kiamo, de 35 milímetros e lente Zeiss, cinco rolos de filme e mais uma câmera fotográfica Interview Établissements André Debrie, o libanês seguiu o rastro do bando de Lampião. Todo esse material, lhe foi entregue pelo Sr. ADEMAR BEZERRA ALBUQUERQUE, proprietário da ABA-FILME.


 Graças aos contatos do "CORONEL AUDÁLIO TENÓRIO", chefe político de Águas Belas/PE, ele obteve a permissão de se aproximar dos cangaceiros na Fazenda Bom Nome, em Alagoas.

 
 
Desconfiado, LAMPIÃO ordena que Abrahão fique na frente do equipamento para o primeiro take (foto), para se certificar de que não era uma armadilha.

Com todos os filmes recheados de cenas do bando, Abrahão parte para Fortaleza.
 
Depois de revelado, o material entusiasma Adhemar Albuquerque, que cede mais material para nova sessão de filmagens na caatinga.
 
Depois de mais cenas da vida cotidiana dos cangaceiros, era hora de divulgar a novidade.
 
Em 27 de dezembro de 1936, o Diario de Pernambuco é o primeiro jornal do Brasil a publicar a façanha do libanês.

 
 
Na entrevista, recheada de fotos de LAMPIÃO, Maria Bonita e outros cangaceiros, Abrahão descreve como se encontrou com o homem que a polícia de sete estados não conseguia prender ou matar por quase duas décadas.

"Fiz tudo para ver se escapulia alguma frase indiscreta. O capitão é ignorante, mas inteligência não lhe falta", afirmou Abrahão ao Diario. 

A ÚNICA SESSÃO DE CINEMA DA SAGA CANGACEIRA:

O CINE MODERNO, em Fortaleza, abrigou, no dia 2 de julho de 1938, a única exibição pública do filme de Benjamin Abrahão. Na platéia, o chefe de Polícia, Cordeiro Neto, jornalistas e convidados para uma sessão privada. As cenas na tela causaram revolta.

Como o GOVERNO VARGAS iria admitir que um bandido pudesse ser retratado como o rei da caatinga, dando ordens ao seu bando, costurando, lendo e rezando o ofício?
 
O material acabou apreendido pelo Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) e só foi redescoberto em 1957.
 
A ferrugem das latas, o mofo e a poeira destruíram mais de 90% do material coletado pelo libanês nos seus dois encontros com Lampião. Restaram apenas cerca de 11 minutos de imagens. Nelas, os temíveis cangaceiros aparecerem sorrindo, encarando a câmera, simulando combates, dançando e despreocupados com a repressão oficial.
Benjamin Abrahão já não podia mais defender sua obra. Dois meses antes da exibição de Lampeão, o Rei do Cangaço, ele foi assassinado em ITAÍBA- Águas Belas/PE, no interior de Pernambuco, crime atribuído a um sapateiro deficiente físico enciumado pela traição da mulher com o estrangeiro. Mas muitos já estavam incomodados com as cobranças de Abrahão da ajuda financeira prometida para a realização do filme. 

VEJAM, ABAIXO, FOTO INÉDITA DA SESSÃO DO "CINEMA MODERNO DE FORTALEZA", O ÚNICO, A EXIBIR O FILME "LAMPIÃO - REI DO CANGAÇO" 
filmado por Benjamin Abrahão:

 
Créditos: Ivanildo Silveira

Os textos acima são componentes de reportgens especiais do Diário de Pernambuco. Nosso colaborador não cita o autor desta pesquisa. Tentamos colher a informação, mas a matéria é restrita para assinantes online.
Extraído do Blog: "Lampião Aceso"

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BENJAMIN ABRAHÃO - O libanês que domou Lampião:

 Benjamin Abrahão Botto, que já havia sido secretário particular do Padre Cícero, parte para sua maior aventura: capturar imagens do homem mais procurado no Nordeste


Quarenta e duas facadas decretaram o final, no dia 9 de maio de 1938, da cinematográfica vida do libanês nascido no lugarejo chamado Zahelh e que deixou o seu país natal durante a I Guerra Mundial. Benjamin Abrahão Botto veio parar no Brasil, mais precisamente em Pernambuco, muito longe dos Estados Unidos que seria o destino preferencial na sua rota de fuga. Ele estabeleceu-se no Recife como mascate, vendendo inicialmente tecidos. Depois, ampliou suas ofertas para produtos vindos do Sertão, como rapadura, farinha e carne-de-sol.

No início dos anos 20, empreendeu sua primeira aventura pelo interior, chegando até Juazeiro do Norte, no Ceará, onde se tornou secretário particular do Padre Cícero, considerado "santo" pelos romeiros que afluíam de todos os lugares do Nordeste. O médico e historiador Napoleão Tavares Neves ressalta que "Abrahão ganhou a simpatia do religioso com uma mentira. Ao ver aquele homem diferente no meio da multidão, Padre Cícero, beirando os 80 anos de idade, teria se emocionado ao saber que o estrangeiro de fala enrolada nascera em Belém, na Palestina, o lugar de nascimento de Jesus Cristo".


Foi ao lado do Padre Cícero que Benjamin Abrahão conheceu, no início de março de 1926, o homem que mudaria o seu destino. Lampião, o rei dos cangaceiros, tinha ido a Juazeiro do Norte para receber uma patente de Capitão e depois lutar contra a Coluna Prestes.

Os caminhos do libanês e do pernambucano de Serra Talhada se cruzariam novamente em 1936, quando Benjamin Abrahão, com uma carta de apresentação do Padre Cícero (falecido dois anos antes) e equipamentos obtidos na Aba Film, sediada em Fortaleza, parte em busca do bandido mais famoso do Nordeste com um objetivo: registrá-lo em celulóide.

O capitão Virgulino Ferreira é ignorante, mas inteligência não lhe falta

Armado com uma câmera de corda Nizo Kiamo, de 35 milímetros e lente Zeiss, cinco rolos de filme e mais uma câmera fotográfica Interview Établissements André Debrie, o libanês seguiu o rastro do bando de Lampião. Todo esse material, lhe foi entregue pelo Sr. Ademar Bezerra de Albuquerque, proprietário da ABA-FILM.

Ademar B. Albuquerque
Graças aos contatos do Cel. Audálio Tenório, chefe político de Águas Belas/PE, ele obteve a permissão de se aproximar dos cangaceiros na Fazenda Bom Nome, em Alagoas. Desconfiado, Lampião ordena que Abrahão fique na frente do equipamento para o primeiro take (foto), para se certificar de que não era uma armadilha.

Cel. Audálio Tenório, de Águas Belas/PE

Com todos os filmes recheados de cenas do bando, Abrahão parte para Fortaleza. Depois de revelado, o material entusiasma Adhemar Albuquerque, que cede mais material para nova sessão de filmagens na caatinga. Depois de mais cenas da vida cotidiana dos cangaceiros, era hora de divulgar a novidade.

Em 27 de dezembro de 1936, o Diário de Pernambuco é o primeiro jornal do Brasil a publicar a façanha do libanês. Na entrevista, recheada de fotos de Lampião, Maria Bonita e outros cangaceiros, Abrahão descreve como se encontrou com o homem que a polícia de sete estados não conseguia prender ou matar por quase duas décadas.
"Fiz tudo para ver se escapulia alguma frase indiscreta. O capitão é ignorante, mas inteligência não lhe falta", afirmou Abrahão ao Diario.

A única sessão de cinema da saga cangaceira

O Cine Moderno, em Fortaleza, abrigou, no dia 2 de julho de 1938, a única exibição pública do filme de Benjamin Abrahão. Na platéia, o chefe de Polícia, Cordeiro Neto, jornalistas e convidados para uma sessão privada. As cenas na tela causaram revolta.

Como o Governo Vargas iria admitir que um bandido pudesse ser retratado como o rei da caatinga, dando ordens ao seu bando, costurando, lendo e rezando o ofício? O material acabou apreendido pelo Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) e só foi redescoberto em 1957.

A ferrugem das latas, o mofo e a poeira destruíram mais de 90% do material coletado pelo libanês nos seus dois encontros com Lampião. Restaram apenas cerca de 11 minutos de imagens. Nelas, os temíveis cangaceiros aparecerem sorrindo, encarando a câmera, simulando combates, dançando e despreocupados com a repressão oficial.

Benjamin Abrahão já não podia mais defender sua obra. Dois meses antes da exibição de Lampeão, o Rei do Cangaço, ele foi assassinado em Itaíba - Águas Belas/PE, no interior de Pernambuco, crime atribuído a um sapateiro, deficiente físico enciumado pela traição da mulher com o estrangeiro. Mas muitos já estavam incomodados com as cobranças de Abrahão da ajuda financeira prometida para a realização do filme.

 Sessão no "Cine moderno de Fortaleza", 
o único, a exibir o filme "Lampião - Rei do Cangaço"

Créditos: Ivanildo Silveira

*Os textos acima são componentes de reportagens especiais do Diário de Pernambuco. Nosso colaborador não cita o autor desta pesquisa. Tentamos colher a informação, mas a matéria é restrita para assinantes.

Att Kiko Monteiro

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