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domingo, 19 de agosto de 2012

Uma terra, um povo, uma saga

Coronel Manoel de Souza Ferraz

Demorei, mas finalmente selecionei estas matérias que estão entre as minhas prediletas. Este é o primeiro de cinco capítulos que transcrevemos do livro "Floresta uma Terra - um Povo" deLeonardo Ferraz Gominho publicado em 1996. São resumos biográficos de alguns dos homens e mulheres notáveis desta cidade e principalmente dos que fizeram história seguindo a carreira militar e é claro lutando juntos na Volante mais famosa e temida pelo Rei do cangaço "OS NAZARENOS".

Dedico este e os próximos posts ao nossos estimados amigos Netinho Nogueira e Kleyton Ferraz (bisneto de Manoel Flor). Lembrando que este é o mês da festa de Nossa Senhora da Sáude padroeira de nossa querida Nazaré do Pico.

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DIVULGADOS OS VENCEDORES DO PRÊMIO “DOUTOR DO BAIÃO” – ENTREVISTA INÉDITA| Caldeirão Político

Saiu o resultado do Prêmio Dr. do Baião promovido pelo site Caldeirão Politico, do amigo Chico Cardoso.
para ver mais detalhes acessem a página do caldeirão politico logo abaixo;

DIVULGADOS OS VENCEDORES DO PRÊMIO “DOUTOR DO BAIÃO” – ENTREVISTA INÉDITA| Caldeirão Político

Jorge Freire de Andrade - Jornalista matuto - 19 de Agosto de 2012

Por: Geraldo Maia do Nascimento

“Muitas vezes é necessário que se passem muitos anos antes que o ouvido esteja maduro para determinada história”, disse Kafka. Conto pois, a história de Jorge Freire de Andrade. Já é tempo de contar sua história. É uma história simples, de um homem simples, que foi caixeiro de padaria, músico, bodegueiro, guarda-livros e jornalista; principalmente jornalista. Jornalista do interior, jornalista matuto como ele gostava de dizer.
              
Jorge Freire de Andrade

Nascido em Aracati/CE, a 11 de junho de 1903, numa fria madrugada de Quinta-feira, sendo filho de João Freire de Andrade e Olympia Caminha. Deixaria escrito no seu caderno de anotações, que tempos depois o seu filho e também jornalista 

Dorian Jorge Freire

Dorian Jorge Freire reproduzia: “Nunca fui criança. Fui um homem com 6, 10 ou 12 anos. Não fiz travessuras. Não tive brinquedos. Não conheci Papai Noel. A tal infância, cheia de encantos, repleta de episódios que se não esquecem nunca, eu não a conheci”.
               
Sua educação foi deficiente, segundo suas próprias palavras. Conheceu apenas professores de primeiras letras. Escola propriamente dita, com recreios, exames e férias, afirma que nunca conheceu. Adolescente, foi trabalhar na padaria de um irmão, na qual aprendia a embalar bolachas e a fazer pão, dividindo estas tarefas com os estudos. Era inteligente e talentoso. Foi estudar flauta para tocar na charanga 24 de Maio e na banda de música do Tiro de Guerra de sua cidade.
              
Em 26 de fevereiro de 1923, com 20 anos de idade, veio para Mossoró, “para trabalhar em Monte & Primo, ganhando 80 mil réis, com refeição por conta da casa”. Trabalhava e estudava sozinho, procurando aprender nos livros o que não aprendeu na escola. Tornou-se um grande leitor. Com a leitura adquiriu conhecimentos e livros. Formou uma grande biblioteca, a maior da cidade. Não demorou a aproximar-se dos intelectuais da cidade, homens de cultura como Joel Carvalho, Raul Caldas, Lauro da Escóssia, Raimundo Nonato da Silva, Martins de Vasconcelos e José Octávio Pereira, entre outros. Sobre essa fase da sua vida, depõe seu filho: “Começava a cidade a conhecer o prosador fino, o articulista, comentarista seguro. Organizava ininterruptamente seus conhecimentos. Lendo, estudando, escrevendo, rescrevendo, corrigindo.” O seu esforço, a sua dedicação aos estudos, a sua maneira refinada de escrever dá resultados. “Começa a ser convocado para todas as tarefas de escrevinhador. Secretário de entidades, redator de discursos alheios, fazedor de cartas”. Escreve para todas as publicações que aparecem em Mossoró. Mas escreve, inicialmente, escondido sob pseudônimos – Camilo Torres, S. Queiroga, Joviano Franklin e, finalmente, Dorian Jorge. Participou da abertura da terceira fase do centenário jornal “O Mossoroense”, que tinha como diretor Lauro da Escóssia e como redatores nomes como Vingt-un Rosado, José Augusto Rodrigues e ele. Escrevia a coluna “A Nota” e o artigo de fundo.
               
Era austero no vestir. Usava sempre roupa escura, chapéu preto, gravatinha borboleta e, na cintura revólver. Mantinha a rotina da conversa diária com os amigos, sempre os mesmos e nos mesmos lugares. E lia, lia muito.
               
Resolveu ir para São Paulo. Talvez a cidade grande oferecesse melhores oportunidades. Vendeu o que tinha, encaixotou os livros e partiu. Chegou a São Paulo no dia 13 de janeiro de 1955. “É contratado pela empresa distribuidora de notícias e artigos para toda imprensa do interior. Fez-se articulista da firma “Express”. E seus artigos passam a ser publicados em mais de uma centena de jornais do interior bandeirante. Artigos políticos ou sobre o Nordeste”. Aliás, um trabalho seu sobre o Nordeste escrito em fins dos anos 50, encantou o sociólogo Caio Prado Júnior, que o publicou na sua “Revista Brasiliense”.
               
Em 19 de agosto de 1962 falece em São Paulo. No dia anterior, confessava ao filho o desejo de voltar ao Nordeste com livros e passarinhos. À meia noite, disse que iria dormir. Quinze minutos depois era fulminado por um enfarte do miocárdio.
              
 O que podemos dizer mais sobre Jorge Freire? Apenas repetir Shakespeare: “A natureza se diverte, às vezes, formando seres raros.”
                

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Autor:
Jornalista Geraldo Maia do Nascimento

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