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sábado, 15 de setembro de 2012

Para quem não o leu ainda ... E de onde vem Dadá?

Por Manoel Severo
Daniele Esmeraldo e Manoel Severo

Todos conhecem a fantástica história de uma das mais destacadas mulheres do cangaço, nomenclaturada como a "número 2" dentro da hierarquia feminina cangaceira: A senhora Sérgia Ribeiro da Silva, a Sussuarana que não tinha medo de nada e que era a única dentre todas as mulheres do cangaço, que realmente empunhava o fuzil ou a mauser, pronta para a batalha, nossa famosa Dadá. Mas, todos sabem qual a origem do nome Dadá? Vamos recorrer ao escritor Antônio Amaury em seu livro "Gente de Lampião - Dadá e Corisco"...


"Outra ocasião Corisco está com Ferrugem quando passa Sérgia. O cabra olha e se lembra: - A sussuarana é paricida cuma noiva qui eu tinha. Era bunita , o nome era Darvina, mas a gente chamava ela di Dadá"

Dadá... Dadá. É assenta bem


Desse dia em diante, para todo o sempre, ninguém mais chamou Sérgia pelo nome, nem pelo apelido de Sussuarana. Ficou sendo Dadá."

Fonte:
"Gente de Lampião - Dadá e Corisco" - Antônio Amaury Correa de Araujo

Pois sim, a origem de um dos nomes mais famosos do Cangaço, a valente Dadá, se deu a partir do nome de uma namorada de um dos cabras do grupo do Capitão Corisco, Ferrugem, a jovem sertaneja Darvina, que certamente nunca soube que foi na verdade, a "musa inspiradora" do nome que viria a marcar a presença da mais valente cangaceira de que se tem notícia; Sérgia Ribeiro da Silva, a Dadá de Corisco.


Manoel Severo

Fonte: 


Os últimos cangaceiros - Apenas restam três


Manoel Dantas Loyola, o cangaceiro Candeeiro, hoje é mais conhecido como Seu Né. Com a saúde debilitada e dificuldades de fala, ele, que tem 96 anos, lembra de quando entrou para o bando de Lampião ainda adolescente e que o apelido de "Candeeiro" lhe foi dado pelo rei do cangaço devido à energia e disposição apresentados pelo jovem cangaceiro. Ele esteve em Angicos (AL) e sobreviveu por um golpe do destino.


Segundo o escritor e pesquisador do cangaço João de Sousa Lima, José Alves de Matos, o cangaceiro Vinte e Cinco, reside em Maceió, Alagoas. Funcionário público aposentado e é dono de uma mente brilhante, relembrando seu passado com detalhes vividos nas caatingas.


 
Da esquerda para direita: Dulce, Dona Dil (sobrinha) e Cicera ( irmã de Dulce), que faleceu recentemente, próxima a completar 103 anos de vida, e o escritor João de Sousa Lima. Foto (do acervo do escritor)

A cangaceira Dulce foi uma das sobreviventes de Angico, e hoje reside em campinas, São Paulo. Na foto, da esquerda para direita: Dulce, Dona Dil (sobrinha) e Cícera (irmã de Dulce), hoje com 102 anos de vida. Reside em paulo Afonso.

João Ferreira da Silva - suposto filho de Lampião e Maria Bonita



Segundo alguns pesquisadores do cangaço João Ferreira da Silva, conhecido por João Peitudo, ganhou fama quando disse ser filho de Lampião e Maria Bonita. 


Após dois exames de DNA, constatou-se que não era verdade. João Peitudo faleceu com 62 anos de idade, morte natural, no dia 26 de Junho de 2000, em Juazeiro do Norte, a 563 quilômetros de Fortaleza.

É claro que ele se dizia ser filho de Lampião e Maria Bonita, não criado por ele, mas, lógico, a afirmação deve ter saído da boca de quem o criou. 

Sem essa afirmação, jamais o João Peitudo iria se considerar filho dos reis do cangaço.

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"FATOS E FOTOS"
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TENENTE João Bezerra



João Bezerra, o tenente pernambucano, delegado da cidade alagoana de Piranhas, foi o depositário dos louros pelo assassinato histórico do maior de todos os cangaceiros. 


Depois do ocorrido, João Bezerra escreveu o livro Como dei cabo de Lampião, mas deixou inacabadas suas memórias. Ele relatava com satisfação como cortou a cabeça de Maria Bonita, ainda viva, agonizando depois dos muitos tiros que recebeu. Conta-se também, que Bezerra era coiteiro de Lampião, fornecendo armas para contrabando.

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Combate de Serra Grande (PE).



Em 26 de novembro de 1926 Lampião travou uma das mais intensas batalhas. Cerca de 320 policiais atacaram o grupo de Lampião que contava com 80 homens. A luta durou o dia inteiro e teve como saldo 47 soldados mortos e feridos. Um dos comandantes, sargento Arlindo Rocha, ansioso para atacar disse: “Eu hoje quero almoçar é bala.” Acabou levando, durante o combate, um tiro na mandíbula. De fato, almoçou bala... Ficou conhecido posteriormente como “Queixo de Prata”.

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Cangaço: fotografia de cabeças degoladas

Por: João de Sousa Lima(*)
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Volante policial  ao lado de três cabeças de cangaceiros.


A degola era comum entre os policiais, tanto para comprovar as mortes dos cangaceiros quanto para assegurar o ganho de patentes na hierarquia militar.


(*)Escritor, Pesquisador, autor de 09 livros. membro da Academia de Letras de Paulo Afonso e da SBEC- Sociedade Brasileira de estudos do Cangaço. telefones para contato: 75-8807-4138 9101-2501 email: joaoarquivo44@bol.com.br joao.sousalima@bol.com.br

MEU RETIRO NO MONTE SAH’Y (Crônica)

Por: Rangel Alves da Costa(*)
Rangel Alves da Costa

MEU RETIRO NO MONTE SAH’Y

Por toda minha vida vivi planejando um dia criar coragem, arrumar a velha mochila de partida e seguir adiante, curva a curva, uma após outra, até pegar o rumo certo do Monte Sah’y.

A primeira vez que ouvi falar desse monte sagrado foi através do sábio do entardecer. Na luz avermelhada da tarde indo embora, a cada novo por do sol ele me segredava uma palavra acerca desse misterioso e venerado lugar.

Mas certa feita, juntando palavra a palavra, e quando meus olhos se apertaram para avistar o fogo vermelho-amarelado da tela lá em cima, descortinei o lugar do monte e qual caminho que deveria percorrer para chegar até o seu cume.


Isso já faz mais de duzentos anos, e todo esse tempo passei me preparando para o grande dia da partida. Foi um processo muito longo e meticuloso porque ouvi o sábio da manhã, que me ensinava a caminhar sempre após o anoitecer; e o sábio do anoitecer, que me ensinava a caminhar sem temer os espinhos na estrada nem os labirintos ao redor.

Quando me decidi de vez que já havia chegado o momento da partida, eu já contava com mais de trezentos anos. Com toda essa idade bíblica, mas ainda assim me achando forte o suficiente para caminhar léguas a fio, levando pouca comida e pouca água, e ainda assim fazer valer a minha fé e alcançar o cume do monte sagrado.

Desde os tempos mais antigos, ainda nas vizinhanças da criação, os velhos pastores, errantes, andarilhos e pagadores de promessas, já falavam coisas extraordinárias sobre o Monte Sah’y. Uns diziam estar ali o verdadeiro altar do céu, outros afirmam ali voz silenciosa da sabedoria, e ainda outros afirmavam acerca da imensa igreja ali construída, mas que somente alguns podiam sentir estando dentro dela.

Quando comecei a planejar tão árdua e difícil viagem, todos aqueles que viviam ao meu redor gracejaram do que eu dizia e até começaram a espalhar suspeitas sobre a minha sanidade. Tive que sair de aldeia a aldeia, como verdadeiro fugitivo, por mais de uma centena de vezes. Somente os três sábios consideraram o meu desejo e me deram ouvidos, mas ainda assim um tanto incrédulos inicialmente.

Quando me perguntaram o que eu pretendia fazer no Monte Sah’y, sem saber realmente o que responder, disse apenas que queria conhecer um lugar tão misteriosamente diferente. E todos, sem jamais pronunciarem uma resposta completa, diziam poucas palavras e muitas vezes desconexas. Somente muitos anos depois consegui decifrar, juntando os dizeres de cada um, o que verdadeiramente diziam acerca do monte sagrado. Eis o que acabei decifrando:

“Sim. Ali o Monte. O Monte Sah’y. Uma montanha. Um templo. Um oráculo. Tudo e nada. A fé e a descrença. A palavra e o silêncio. A presença ou a solidão. Enxergar ou cegar. Ficar ou partir. Um deus ou a pedra. Deuses ou os galhos mortos. Deus ou nada. Um coração ou um vazio. A morte ou o renascimento. Apenas a vida ou sempre a eternidade. A escolha do homem”.

Juro que lutei por mais de vinte anos tentando entender além dessas palavras. Sim, as palavras diziam muito, mas também significavam quase nada. Mas numa noite, enquanto armava minha rede debaixo da lua, eis que de súbito a frase completa me veio à mente, ou ao menos aquilo que eu achava querer dizer o emaranhado de palavras. E enfim interpretei o seguinte:

“Existe sim o Monte Sah’y. E nele pode haver tudo aquilo que seu coração de fé pretender encontrar, a voz do que você quer ouvir, a presença do que você sentir. E também a presença de deuses ou de um Deus único, que se não acolhidos na sua alma serão como pedras ou matos, coisas insignificantes. Mas ao acreditar terá a divindade no coração para a eternidade”.

Após compreender ao meu modo as palavras dos sábios, me enchi de uma felicidade tão grande que passei dois meses cantando a cantiga do orvalho. A folha molhada só secou quando atravessei a porteira do meu casebre, já na curva me despedi da minha aldeia, e segui destemidamente em frente, tendo sempre à mente as lições recebidas.

Depois do longo canto chorei por dez meses seguidos. Confesso que rios de lágrimas porque sabia jamais retornar até ali. A minha viagem não era a passeio, para fazer visita, ficar por lá apenas alguns meses ou anos e depois retornar. Não. Meu objetivo maior era permanecer por lá, viver em cima do monte até a noite dos meus dias não mais acordar.


O meu retiro no Monte Sah’y seria eterno enquanto vida eu tivesse. E assim que avistei a montanha não mais duvidei que seria assim mesmo. Ao longe, bem ao longe, já no fim do dia, precisamente ao entardecer, senti a presença da voz do silêncio. E segui adiante. Dois dias após não encontrei mais nada que pudesse subir. Estava bem no cume do monte.

O lugar era deserto, rodeado apenas por plantas espinhentas, pedras, árvores antigas e um constante som da ventania que ali soprava de forma diferente. Logo joguei o saco de viagem no chão, me ajoelhei para a prece de agradecimento pela chegada. E depois abri os olhos para encontrar uma imensa igreja adiante. E lá dentro havia um Deus que logo trouxe para dentro do meu coração.

E até hoje continuo em retiro no Monte Sah’y. E de lá de cima olho abaixo e ao redor e vejo apenas o mundo. Mas como o mundo é diferente da vida com Deus no coração!

(*)Poeta e cronista
e-mail: rac3478@hotmail.com



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