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quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

QUEM MATOU DELMIRO GOUVEIA...

Por Gilmar Teixeira

"No ano de 2008 iniciei um projeto para realizar um documentário sobre a Usina Hidroelétrica do Angiquinho, encomendado pela Fundação Delmiro Gouveia, que administra o sítio histórico. Durante a organização do acervo histórico enviado de várias partes do Brasil e do mundo, como objetos, jornais, cartas, livros, vídeos e fotografias, tive acesso a algumas informações sobre o assassinato do empresário Delmiro Gouveia, que ocorreu em 1917.

Como historiador e pesquisador do cangaço deparei-me com algumas informações até então desconhecida de todos as literaturas que havia tido acesso. Não que os historiadores do cangaço e biógrafos de Delmiro Gouveia tenham se omitido aos fatos, mas diga-se que os mesmos não tiveram em seu tempo a reunião destas informações como foi a mim oportunizado. E foi destas revelações, obscurecidas pela pouca preocupação no nosso país em preservar a história, que resolvi escrever este livro, fruto da pesquisa e do amor pela cultura e memória do sertanejo.

Pois bem. Ao ler uma matéria do jornal carioca Última Hora que fez a cobertura da saída da prisão do principal acusado e sentenciado pelo assassinato de Delmiro, o pistoleiro Róseo, que concedeu entrevista ao impresso. Na entrevista destacou que quando foi a Água Branca-AL fazer o acerto para assassinar Delmiro, já estavam lá os cangaceiros Luiz Pedro e Sebastião Pereira na casa da baronesa Dona Joana Vieira Sandes de Siqueira Torres, prontos para matar o empresário da Pedra. Porém, antes do serviço os mesmos são mandados para Sergipe para fazer um serviço para o Coronel Neco de Propriá, mas chegando lá o serviço é suspenso e ficam por lá trabalhando na usina do coronel.

Como pesquisador do cangaço imediatamente liguei os nomes dos dois cangaceiros citados por Róseo, e através de uma foto tirada na cidade da Pedra, datada de 1917 (ano da morte de Delmiro)...

Continuando a pesquisa, descubro que os dois cangaceiros são primos do Capitão Firmino, e estiveram hospedados em sua fazenda na Pedra-AL, que havia sido vendida a Delmiro. Não por coincidências os dois cangaceiros saem em fuga para o Estado de Goiás na companhia de Zé Gomes, cunhado de Firmino, logo após o assassinato. O compadre de Delmiro Cap. Firmino é então acusado de ser o mandante do assassinato do amigo, visto a relação com Gomes e sua fuga, e foi preso. A sua prisão e soltura rápida com a influência de Lionelo Iona, sócio de Delmiro, e membros da família Torres, revelou um grande complô, que esse livro, através de documentos, reportagens e fotos da época busca retratar quase um século depois, as motivações, encenações e tramas para o assassinato de Delmiro Gouveia.

Os fatos documentados apontam que membros da família Torres e Lionelo Iona orquestram uma trama espetacular, fazendo com que vários desafetos de Delmiro Gouveia se interessassem após uma reunião, por assassiná-lo, criando diversos álibis para os interesses escusos envolvidos neste crime. Partindo do princípio de que, realmente os assassinos foram os cangaceiros Luiz Pedro e Sebastião Pereira, a sequência dos fatos a seguir permitirão ao leitor identificar em meio aos fatos, o desenrolar deste mistério secular, tornando cada um dos leitores investigadores e, certamente, novos elementos serão revelados a cada leitura. Nesta investigação histórica deve ser observado pelos leitores as seguintes condições:

1. Lionelo Iona, sócio e administrador das empresas de Delmiro, que antes de sua morte deixa testamento, onde Iona seria o tutor da herança deixada para os filhos de Delmiro até completar a maioridade, além de um seguro onde eras beneficiários. Essa fortuna seria administrada por ele. Veja que os filhos de Delmiro eram crianças na época, então imagine quanto tempo o mesmo teria até passar o controle aos herdeiros. Quando finalmente os filhos assumem os bens, depois de anos, Iona volta rico para Itália.

2. A família Torres tem seu poder político na região ameaçado pela presença forte de Delmiro que detém grande poder econômico e influência política. Os Torres participam e influem no julgamento dos acusados, o Juiz era membro da família e facilita para os interessados a condenação dos réus.

3. O Capitão Firmino, amigo e compadre de Delmiro tem sua filha difamada na cidade por conta da sedução de sua filha por Delmiro, e fica responsável pela contratação dos cangaceiros já famosos no Pajéu, Sinhô Pereira que vem a ser chefe de Lampião depois dessa morte junto com seu primo Luiz Padre (pai do deputado federal Hagaus de Tocantins). Seu futuro genro falava para todo mundo que só voltava para casar com sua filha, se ele matasse Delmiro, após a morte ele retorna e se casa. O Cap. Firmino estava na hora do crime com Delmiro e usava uma camisa escura, pois Delmiro só usava branco isso facilitou o alvo, só Firmino viu os três assassinos. Por que três? Era a quantidade que interessava, mas foram cinco, pois dois davam cobertura aos executores.

4. Herculano Soares (fazendeiro) apanhou de Delmiro no meio da rua e prometeu vingança, foi ele juntamente com seu cunhado Luiz dos Anjos que deram cobertura aos criminosos a mando do Cap. Firmino, pois eram amigos e o capitão já havia morado por muitos anos em Água Branca, terra de Herculano.

5. Zé Gomes (cunhado do Cap. Firmino), além de adversário político de Delmiro, tinha uma grande rixa com o empresário que apoiava em Jatobá (hoje Petrolândia) seu inimigo político Lero, que veio a derrotá-lo em eleição para prefeito. Após o crime foge para Goiás na mesma data que os cangaceiros e, passa a morar na mesma cidade.

A partir dos fatos aqui relatados, onde muitas coincidências se tornam suspeitas, toda a relação entre estas famílias e a acusação recaindo sobre Rósea é possível perceber que caso esta história revelada hoje, houvesse sido na época do assassinato muitos interesses políticos econômicos, que perduram até hoje, teriam os rumos alterados. Outros nomes ainda podem ser incorporados à trama, mas ao fim se revela que Rósea não foi o único executor, nem tão pouco o Cap. Firmino o único interessado nessa morte."

Adquira este através deste e-mail: gilmar.ts@hotmail.com

Gilmar Teixeira (Coronel Delmiro Gouveia)
Pesquisador, escritor e documentarista
Paulo Afonso.

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A POBREZA FAMINTA

*Rangel Alves da Costa

Basta visitar as distâncias interioranas, principalmente na região nordestina - e mais de perto a sertaneja - para conhecer a fome em toda a sua largueza, toda a sua feiura e atrocidade. Famílias inteiras na desvalia desde o amanhecer ao anoitecer. E seja pela miséria endêmica ou pela ocasional advinda com o prolongamento das estiagens.

No caso da pobreza endêmica, onde a situação de vida se torna de miserabilidade pela falta de emprego, de alimentação e de políticas públicas eficientes, o que se visibiliza é a penúria social, a conflagração de todo os tipos de enfermidades, a desnutrição, a ausência de dignidade na sobrevivência e a desesperança em meio a um sistema que só tem olhos para as classes sociais mais abastadas. Neste caso, falta o pão, falta a água, falta a saúde, falta qualquer moeda.

Com relação à pobreza provocada pelas secas e estiagens, há que se dizer que em situações tais os problemas apenas se agravam, pois a situação de miséria é preexistente a qualquer condicionante climática. Quando as secas se alastram, os sofrimentos são maiores por que além do sustento familiar ainda mais comprometido pela falta de qualquer colheita, há também o bicho para ser cuidado e mantido em pé. Cria-se uma situação onde ao homem falta a comida de mesa e ao bicho a comida de pasto.

O quadro de pobreza continua tão dantesco que não se pode imaginar que os programas sociais levados a efeitos pelo governo federal alcancem sequer a metade da população sertaneja em situação de extrema pobre ou de miséria absoluta. E assim por que não é difícil de encontrar - até mesmo nas cidades - pessoas ainda passando fome dias seguidos. Casebres ou barracos onde as crianças magricelas sequer possuem um resto de farinha ou farelo de pão.

Conheço muitas situações assim por que nasci e convivo num município sertanejo que por muito tempo já foi exemplo de miserabilidade absoluta. Possuía o menor índice de desenvolvimento humano, o analfabetismo imperava, as condições de vida da maioria da população eram as piores possíveis. Tal quadro não mudou, apenas melhorou. E do que há é fácil constatar a fome que ronda por todo lugar, as silenciosas necessidades, as desvalias depois de cada porta de casa, principalmente nos arredores centrais da cidade.


Nasci em Poço Redondo, sertão sergipano. E pelas ruas de minha Nossa Senhora da Conceição de Poço Redondo, ando e sofro, sorrio e choro. Não é fácil amar e sofrer. Conheço histórias e realidades de mesa sem pão, de panela vazia, de uma gente que padece sem coragem de pedir ajuda a ninguém. Somente quando a porta é aberta por outra pessoa é que a verdade se expõe dolorosa. E há muita gente assim, muita família assim, que por trás da porta fechada a tristeza vela o choro da criança, o desespero da mãe, a aflição do pai.

Poço Redondo nunca foi lugar de pessoas batendo portas em busca de esmolas. Somente em ocasiões especiais, como na semana santa, visitas eram feitas somente para lembrar o costumeiro peixe, o coco, a lembrança tão necessária. Mas a cidade cresceu muito, muitas famílias chegaram de outras regiões, e a grande maioria foi se espalhando pelos arredores, nos bairros e conjuntos. Então surgiu um duplo sofrimento: o da falta de pão e o desconhecimento de quem possa ajudar.

Uma pobreza que muitas vezes se esconde pela dignidade de não pedir, pelo envergonhamento ou pela simples falta de quem pedir, vez que quem está mais propenso a ajudar é exatamente aquele que pouco ou quase nada tem. A riqueza sequer nem sempre abre a porta ao saber que quem está do outro lado é um faminto. Por isso mesmo que grande parte da população possui até o receio de pedir ajuda. Ainda bem que pessoas das pastorais e de outros grupos religiosos visitam tais famílias e passam a conhecer as terríveis realidades: a pobreza feia, ossuda, faminta, lacrimejante, está mais viva e assustadora do que tudo.

Não crio ilusões nem falseio verdades. Como disse o poeta, “Meninos, eu vi!”. Digo mais: “Meninos, eu vejo, eu sinto, eu também sofro pela dor do outro!”. Que bom que os demais também vissem, sentissem e se entristecessem também. Basta ir além das ruas centrais, caminhar um pouco mais, e logo se chegará perante a mesa sem pão e a criança chorosa. É preciso ouvir o choro da criança, sentir quanto dói o pequenino implorar comida e os pais desesperados sem saber o que fazer. E bem ali tal sofrimento. Chegando lá pergunte onde mora a pobreza. E a encontrará por todo lugar.

Assim na cidade e suas periferias, e redobrando-se em dor e sofrimento quando se vai mais além, pelos lugarejos escondidos, pelas povoações, pelas casinhas de cipó e barro espalhadas pelas vastidões da terra seca. Ao longe, logo a certeza: a feição da tapera é a mesma de seu dono. Tudo em graveto, em restos, em poeira de vida.

Escritor
Membro da Academia de Letras de Aracaju
blograngel-sertao.blogspot.com

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UFPB INAUGURA “MEMORIAL AGASSIZ ALMEIDA”


“Da ampla visão educacional de Margareth Diniz e Maria Luíza
Feitosa, projetou-se a criação deste ‘Memorial’ que leva o meu nome.” 
Agassiz Almeida

Sob a visão de um projeto nacional de incentivar a cultura do país com destaque a personalidades que marcaram sua história em defesa de causas que ajudaram a modificar sistemas de relações sociais e políticas arcaicas como as estruturas agrárias e coronelistas do país, a Universidade Federal da Paraíba (UFPB), criou o “Memorial Agassiz Almeida”, baseado no seu acervo literário, documental, político e fotográfico. Agassiz Almeida foi aluno, professor da UFPB e fundador da Faculdade de Ciências Econômicas de Campina Grande. Apoiado neste importante acervo histórico cujo alcance abrange o período entre 1950 e 2014, no último dia 29 de novembro a reitoria desta instituição inaugurou o “Memorial Agassiz Almeida”, evento este que contou com a presença de representantes dos mais diferentes segmentos sociais, sobretudo de personalidades do mundo político e intelectual.

Agassiz Almeida

Iniciando a solenidade falou Edval Cajá: “O nome de Agassiz Almeida é um monumento histórico diante do qual as gerações atuais e as do amanhã muito aprenderão”.

Em seguida discursou a professora Maria Luíza: “O acervo literário, documental e fotográfico que a UFPB recebeu como doação de Agassiz Almeida, amplamente catalogado, servirá, decerto para estudos e pesquisas durante um conturbado período da nossa história, sobretudo da época da ditadura militar”.

 Damião Cavalcante, representando o governador Ricardo Coutinho, destacou: “A história de Agassiz Almeida é muito rica, tanto por sua atuação política, como por sua obra literária, destacadamente ‘A república das elites’ e a ‘Ditadura dos generais’. Elas apontam, sem dúvida, uma visão de profunda análise da recente história do país. Parabéns à UFPB pela inauguração do ‘Memorial Agassiz Almeida”.

Agradecendo as homenagens disse Agassiz Almeida: “Que palavras posso dizer aos dirigentes da UFPB no momento em que vejo criado aqui, neste prédio, o ‘Memorial’ que leva o meu nome? Que palavras posso dizer àqueles companheiros mudos, meus livros que estão ali perfilados como apóstolos do saber, e que deles por anos e anos recebi tantos ensinamentos?

Nos meus 18 anos, há mais de meio século, eu cruzava os umbrais desta faculdade, prédio construído pelos jesuítas no final do século XVI, e nela embalei os meus sonhos e utopias, entre as letras e a política. Escolhi o caminho da vida pública, direcionando a minha ação norteada no objetivo de romper e modificar estruturas agrárias arcaicas e um coronelismo selvagem.

Fundamos associações rurais nas várzeas férteis do Nordeste, ao lado de Francisco Julião, Assis Lemos, João Pedro Teixeira, Clodomir Morais e Gregório Bezerra.

Desafiei o coronelismo nos cariris paraibanos fundando cooperativas, entre as quais, a de Cabaceiras em 1958, da qual fui o seu primeiro presidente.

Com o apoio de Darcy Ribeiro, criei em 1961 a Faculdade de Ciências Econômicas de Campina Grande, unidade inicial para a fundação da Universidade Livre do Nordeste.

Em 1964, desaba sobre o país o golpe militar, cujas garras me atingiram violentamente com a cassação do meu mandato de deputado estadual e a demissão das funções de professor da UFPB e promotor de justiça, culminando com a minha prisão em Fernando de Noronha em 11 de abril daquele ano. Em 1965 descubro o minério bentonita. Em 1967 por pressão do regime militar deixei a Paraíba, indo residir em Vitória da Conquista, e posteriormente em Londrina.

A convite de Ulysses Guimarães em 1968, participei da fundação do MDB (Movimento Democrático Brasileiro).

Com a lei de anistia em 1979, volto à Paraíba. Em 1986 elejo-me deputado federal constituinte, participando intensamente dos trabalhos da Assembleia Nacional. Em 1990, deixo a vida política e me dedico ao mundo das letras. Produzi obras que estão ali naquele “Memorial”, entre as quais: “500 anos do povo brasileiro, A república das elites, A ditadura dos generais e o Fenômeno humano”.

Que palavras posso dizer aos meus companheiros que estão ali melancolicamente mudos para o adeus da despedida?

Companheiros, ventu venturi, os ventos que hão de vir os protejam da estupidez humana”.

Encerrando a sessão falou o pró-reitor Isaque Medeiros: “O Memorial Agassiz Almeida que a UFPB abrigou, será, sem dúvida, um espaço de estudos e pesquisas, proporcionando sem dúvida, importante contribuição às atuais e futuras gerações”.

Agassiz Almeida marcou uma época ao lado de personalidades como Darcy Ribeiro, com quem fundou a Faculdade de Ciências Econômicas de Campina Grande. Parabéns, Agassiz Almeida, a sua história é a história de uma geração”.

Enviado por Maria Yohanha mariayohanha@gmail.com

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CANGAÇO - ECOS NA LITERATURA E CINEMA NORDESTINO

Autora Vera Figueiredo Rocha

Para adquirir este livro entre em contato com o professor Pereira lá de Cajazeiras, no Estado da Paraíba, através deste e-mail:
 
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ou o via telefone (83) 9911 - 8286. 

Valor: 40,00 Reais já com o frete incluso.

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LAMPIÃO E JOSÉ DO TELHADO


Quando se fala de Lampião e José do Telhado, entra-se na esfera de dois mitos. Lampião nada tem a ver com a forma como é conhecida a equipa do Benfica; José do Telhado, não assentava telhas nem andava, como os gatos, sobre os telhados das casas.

José do Telhada à direita

José Teixeira da Silva nasceu no lugar do Telhado, freguesia de Castelões de Recezinhos (Portugal) em 1818; daí, José do Telhado. Virgulino Ferreira da Silva nasceu na Serra Talhada (Brasil) em 1898, 80 anos depois do português, mas ambos no mês de Junho; daí que se devia chamar Virgulino da Talhada, não fosse ter recebido a alcunha por ter alterado a sua arma de forma a que o seu cano ficava rubro como um lampião quando disparava.


Não se conheceram, muito embora José do Telhado estivesse refugiado uns tempos no Brasil e Virgulino nunca visse as terras de Portugal. Virgulino nasceu quando José do Telhado já havia falecido há 23 anos. 

Ambos são vilões que a tradição virou ou transformou em heróis. Assaltavam, roubavam e matavam. 

Diferenças entre eles: 

Lampião tinha uma companheira, Maria Bonita, que fazia parte do bando; José do Telhado era casado com Maria Lentine de Campos, mas a sua companheira estava afastada da vida de meliante do marido. 

Lampião era míope e usava óculos; José do Telhado tinha uma visão perfeita, quer de noite quer de dia, tendo mesmo combatido e morto um dos do seu bando num combate às escuras, em casa deste.

https://www.youtube.com/watch?v=i_6MmOOrDh4

José do Telhado usava umas soberbas barbas até ao peito; Lampião, se por acaso não andava escanhoado, não usava barba. 

José do Telhado teve a fama de roubar aos ricos para dar aos pobres; Lampião roubava para si e para os seus.

Lampião compôs uma cantiga popular; José do Telhado não demonstrou qualquer sensibilidade poética ou musical, apesar de ter convivido, na prisão, com o escritor Camilo Castelo Branco.

Lampião foi morto pela polícia, tendo sido decepada a sua cabeça, bem como da companheira; José do Telhado morreu no desterro, em África.
Em comum: 

Tanto a companheira de um como a do outro chamavam-se Maria. 

Assaltavam quintas e fazendas. 

Tinham mais de três dezenas de homens sob o comando, conhecidos por alcunhas ou sobrenomes que demonstravam as suas manhas e características. 

A extrema coragem que demonstravam em combate e na liderança de homens difíceis de conduzir e dominar. 

https://www.youtube.com/watch?v=fBR9wPp5gt8

Lampião está no cinema através do filme realizado por Benjamim Abrahão, em 1936, e na novela Mandacaru, de 1997, da Rede Manchete; José do Telhado tem dois filmes com o seu nome, um de 1929, realizado por Rino Lupo e outro realizado por Armando de Miranda em 1945. 

Nas imagens que ilustram este texto: José do Telhado, de barba, ao lado de seu irmão; Lampião, com chapéu de cangaceiro ao lado de Maria Bonita, sentada, tendo junto os cães Ligeiro e Guarany.

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DELMIRO GOUVEIA: A TRAJETÓRIA DE UM INDUSTRIAL NO INÍCIO DO SÉCULO XX - PARTE FINAL

Telma de Barros Correia - (Profa. Dra, SAP-EESC-USP)

A Construção do Mito

Sua morte prematura, violenta e pouco esclarecida pelas investigações policiais, só viriam a reforçar a força do mito no qual Delmiro já havia se convertido quando vivo. Inúmeros são os estudos e as produções artísticas sobre a ação de Delmiro e as homenagens póstumas que lhes são endereçadas. Nas décadas de 1910 e 1920, Pedra e Delmiro foram alvos de muitas matérias enaltecedoras em jornais e revistas. A Exposição Nacional de 1922 foi aberta com um discurso do Presidente Epitácio Pessoa com referências elogiosas à obra de Delmiro, a Fábrica da Pedra obteve o "Grande Prêmio". No ano seguinte estreiou no Recife o filme denominado "A Cachoeira de Paulo Affonso e a Fábrica de Linhas da Pedra", cujo roteiro centrava-se na contraposição entre a força da cachoeira e força da técnica que ousou submetê-la a uma utilidade prática.

Nas três décadas seguintes o industrial e o núcleo fabril foram lembrados por autores como Djair Menezes e Jorge Zahur ao investigarem o Sertão e suas potencialidades econômicas e em "Paulo Afonso", baião cantado por Luís Gonzaga que saúda a construção da hidroelétrica pelo Governo Federal, enfatizando a iniciativa pioneira de Delmiro. Ao ser desmembrado de Água Branca em 1952 e transformado em Município, o antigo distrito de Pedra passou a se chamar "Delmiro Gouveia", denominação que também foi conferida por Lei de 1958 à barragem construída pela Companhia Hidrelétrica do São Francisco na cachoeira de Paulo Afonso.
              
Nas décadas de 1960 e 1970, o volume de escritos e eventos elegendo Pedra e Delmiro Gouveia como tema atinge proporções extraordinárias. Conferências se multiplicaram, foram publicadas diversas obras biográficas, alguns romances, inúmeras matérias em jornais e revistas. Lei de 1960 estipulou prêmio para concurso de monografias sobre Delmiro e em 1961, foram concedidos pela Diretoria Seccional da LABRE e pelo Governo de Alagoas diplomas para radioamadores de 278 emissoras que divulgaram a obra de Delmiro Gouveia. Por ocasião do centenário do nascimento de Delmiro, em 1963, foram realizadas palestras em algumas capitais e homenagens no Congresso Nacional. Em 1977, estreou a peça "O Coronel dos Coronéis", escrita por Maurício Segall, a qual obteve terceiro lugar no Concurso de Dramaturgia do Serviço Nacional de Teatro. No ano seguinte, foi lançado o filme "Coronel Delmiro Gouveia", com roteiro de Orlando Senna e Geraldo Sarno, que foi premiado no Festival de Brasília de 1978, e teve seu roteiro publicado em livro e na forma de história de quadrinhos. O industrial chegou, inclusive, a ser tema de desfile de escola de samba no Rio de Janeiro, tendo a Unidos da Tijuca sagrado-se campeã do grupo 1-B com enredo "Delmiro Gouveia, uma história do Sertão".

Em 1993, a Federação das Indústrias de Pernambuco, o "Diário de Pernambuco", a FUNDAJ e o BANDEPE instituíram o "Prêmio Delmiro Gouveia de Vanguarda Industrial", destinado a distinguir anualmente "as indústrias que se destacarem pela adoção de inovações nas áreas de qualidade, relações trabalhistas, gestão empresarial e interação com a comunidade".

Na vasta produção intelectual sobre Delmiro, é enfatizado seu aspecto empreendedor e ousado. Mostra-se um industrial que se antecipou na introdução de inovações técnicas, no controle da reprodução operária e na exploração das potencialidades do Sertão para a indústria. Mostra-se um homem de pulso e visão, convertido em empresário exemplar. Delmiro é representado como um indivíduo destemido - homem de grandes embates -, que teria enfrentado sozinho a prepotência das oligarquias estaduais, a fúria dos trustes internacionais, a violência dos coronéis e a ignorância dos camponeses sertanejos. Surge, também, como o homem com rara habilidade para ganhar dinheiro e organizar empreendimentos inovadores, mobilizando amplamente os recursos oferecidos pela técnica e pela ciência.
              
Para alguns autores - solidários com o mito burguês da ascensão social como uma possibilidade aberta a todos -, Delmiro aparece como um nordestino pobre que deu certo. Como o rapaz humilde que, por esforço próprio conquistou conhecimentos, prestígio e riqueza. Sintetizando esta visão, Gilberto Freyre o qualifica como exemplo de "self made man" (FREYRE, 1959, 121). Nesta ótica, Delmiro converte-se em testemunho de que - dependendo unicamente de suas qualidades individuais - qualquer indivíduo teria condições de ascender socialmente, aproveitando as chances que a sociedade burguesa oferece.
              
Para uma corrente nacionalista do pensamento de esquerda, Delmiro surge como vítima das oligarquias retrógradas e como mártir da luta contra o imperialista. Sua habilidade empresarial é reconhecida, porém, mostrada como insuficiente para vencer estes dois inimigos. Sua trajetória considerada brilhante no mundo dos negócios, porém, marcada por sucessivos percalços e por um final trágico, é mostrada como evidência das dificuldades postas pelas empresas internacionais e pelas elites "atrasadas" ao desenvolvimento do País. Na obra desses autores, os conflitos políticos entre Delmiro e o grupo liderado pelo oligarca Rosa e Silva são enfatizados, e a concorrência entre a Fábrica da Pedra e a Machine Cotton é colocada como ponto central de sua trajetória empresarial e como causa provável de sua morte.
              
Esta ampla apropriação da trajetória de Delmiro para causas e idéias as mais diversas deve-se, em grande parte, à sua capacidade de mobilizar noções amplamente aceitas para justificar suas práticas e projetos. Delmiro soube como poucos associar seus empreendimentos a noções de modernidade e autonomia, despertando sonhos e esperanças em homens de seu tempo e prestando-se, posteriormente, para respaldar - não sem contradições - as mais diversas causas e projetos para o País.

Bibliografia e Fontes

A Província, Recife, 27 dez. 1899. p.1.
A Província, Recife, 29 dez. 1899. p.1.
CAMARA, Phaelante da. A viagem do futuro Presidente. A Província, Recife, 13 mai. 1906. p.1.
CAVALCANTI, Plínio. A Chanaan sertaneja da Pedra (escriptos sobre a obra realisada por Delmiro Gouveia no Nordeste do Brasil). Rio de Janeiro, 1927.
CHATEAUBRIAND, Assis. Uma Resposta a Canudos. In: Resposta a Canudos : reportagens e ensaios. Recife: COMUNICARTE; Brasília: Fundação Assis Chateaubriand, 1990. p. 59-71.
CHATEAUBRIAND, Assis. O Rei e o Senhor do Chifre Pequeno. O Jornal. Rio de Janeiro, 16 jun. 1963. Primeiro Caderno. p.3.
Cia. Agro Fabril Mercantil. Correio da Pedra, Pedra, 12 ago. 1923. p.1.
Delmiro Gouveia, Correio da Pedra, Pedra, 22 out. 1922. p.1. (transcrição de matéria publicada no Jornal do
Commercio, Recife, 10 out. 1922).
Derby. Jornal Pequeno, Recife, 27 jan. 1900. p.2.
Espere um pouco. A Província, Recife, 10 jan. 1900. p.1.
FIGUEROA, Salomão. Uma visita a Pedra e a Cachoeira de Paulo Affonso. Correio da Pedra, Pedra, 23 set. 1925. p.1 e 2.
FREYRE, Gilberto. O Velho Félix e suas Memórias de um Cavalcanti. Rio de Janeiro,José Olympio Ed., 1959.
GÓES, Lauro. Recordações de um passado relativamente bem vivido, mas que jamais desejaríamos fazê-lo reviver (1914-1917). Recife, 1962. p.7. (manuscrito).
GOUVEIA, Delmiro. A Província, Recife, 1 jan. 1898. p.2.
GOUVEIA, Delmiro. O Sr. Rosa e Silva. Jornal do Commercio, Publicações a Pedido. Rio de Janeiro, 28 jun. 1899. p.4
GOUVEIA, Delmiro. O Vice-attentado. Jornal do Commercio, Publicações a Pedido. Rio de Janeiro, 7 jul. 1899. p.4.
GOUVEIA, Delmiro. Os dous Rosas. Jornal do Commercio, Publicações a Pedido. Rio de Janeiro, 12 jul. 1899. p.3.
GOUVEIA, Delmiro. Rosa Vice-Presidente e Rosa Sabe Tudo. Jornal do Commercio, Publicações a Pedido. Rio de Janeiro, 21 jul. 1899. p.4.
GOUVEIA, Delmiro.Os Rosas. A prova documental. Jornal do Commercio, Publicações a Pedido. Rio de Janeiro, 1 ago. 1899. p.5.
GOUVEIA, Delmiro. Ao Público. A Província, Recife, 5 jan. 1900. p.2.
LIMA JÚNIOR, Félix. Delmiro Gouveia: o Mauá do Sertão alagoano. Coleção Vidas e Memórias. Maceió, Departamento de Cultura/ Gov. de Alagoas, 1963.
MARTINS, F. Magalhães. Delmiro Gouveia não Morreu. A Saga do Comerciante e Industrial. Delmiro Gouveia, Museu Delmiro Gouveia/ Fundação Ormeo Junqueira Botelho, 1989.
MENEZES, Hildebrando. Delmiro Gouveia: vida e morte. Recife, CEPE, 1991.
MENEZES, Olympio. Itinerário de Delmiro Gouveia. Recife, IJNPS/MEC, 1963.
No Derby. Jornal Pequeno, Recife, 27 dez. 1899. p.2.
Paris no Derby. Jornal Pequeno, Recife, 11 set. 1899. p.2.
Rosa e Silva. O Paiz, Rio de Janeiro, 20 jul. 1899. p.1.
SANTOS, Adolpho. Delmiro Gouveia. Depoimento para um estudo biográfico. Recife, 1947. (mimeo.). 44p.
SEGALL, Maurício. O Coronel dos Coronéis. Folha de São Paulo, São Paulo, 2 mar. 1980. Folhetim, p.5.
WRIGHT, Marie Robinson. The New Brazil. It’s Resourses and attractions. Historical, Descriptive and Industrial. Philadelphia, George Barrie & Son, 1901.

FIM


www.usp.br/pioneiros/n/arqs/tCorreia_dGouveia.doc

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NO MUSEU DO SERTÃO - BOI MANSINHO!

Por Benedito Vasconcelos Mendes

O Artista Plástico Elson Mesquita montado no "Boi Mansinho" e no "Cavalo Estrela"  existentes no Museu do Sertão e que foram confeccionados por ele, com sucata de chapas de ferro, em tamanho natural. Atualmente, ele está fazendo o "Bode Cheiroso", que será inaugurado no Museu do Sertão brevemente.

Boi mansinho

Cavalo Estrela

Conheça o Museu do Sertão de Mossoró
https://www.youtube.com/watch?v=v3O_pfImfL4

Enviado pelo professor, escritor, fundador e diretor do Museu do Sertão Benedito Vasconcelos Mendes

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