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sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Poesia de Dalinha Catunda


O VELHO VAQUEIRO
Dalinha Catunda


*
O Velho vaqueiro chora
Com saudades do passado.
Mesmo c’um nó na garganta
Solta um aboio chorado
Num relembrado penoso
Lacrimeja o desditoso
No seu canto acabrunhado.
*
Pita um cigarro de palha
E puxa pela memória
Buscando em cada pitada
Um pouco de sua história
Coloca e tira o chapéu
Olha pro chão e pro céu
Nas cenas da trajetória.
*
Hoje somente a saudade
Habita seu coração.
Pois morando na cidade
Vive de recordação,
E chora pela boiada
Que por ele era tocada
Nas quebradas do sertão.
*
Dalinha Catunda
Produtora Rural
Dalinhaacmail.com

Fonte:

Lampião e o Libanês - Parte II

Trilha de sangue nas pedras de Angicos

Há 70 anos, no dia 28 de julho de 1938, Lampião, Maria Bonita e outros nove cangaceiros foram surpreendidos por volantes no local onde ele se sentia mais protegido.

De barco, são 12 quilômetros a partir de Piranhas, em Alagoas. O desembarque, na outra margem do Rio São Francisco, já é em Sergipe. 

Serão mais dois quilômetros, ladeira acima, por uma trilha estreita na caatinga, até chegar à Grota de Angicos, lugar disputado na Justiça pelos municípios de Poço Redondo e Canindé, sendo que o último é considerado o vencedor pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Por ano, cerca de 20 mil pessoas fazem o trajeto que reconta os últimos passos de Lampião e Maria Bonita na face da Terra. Gente como a advogada Priscila Lobato, 25 anos e o analista de sistemas Leonardo Dantas, 32. O casal, que mora no Recife, aproveitou o passeio para tirar fotos ao lado das cruzes que assinalam o local das mortes de 11 cangaceiros tombados no alvorecer do dia 28 de julho de 1938.

Angicos, cuja área de 140 hectares pode ser tombada como patrimônio histórico e paisagístico nacional, tornou-se unidade de conservação estadual desde março deste ano e atrai o interesse de pesquisadores, estudantes em excursões e turistas em férias. Quem chega ao local surpreende-se, mesmo sem a menor experiência em estratégia militar, com a precariedade de defesa em caso de um ataque.

Corisco já advertira a Lampião, em outras ocasiões, que aquele esconderijo seria uma “cova de defunto” se as suas três saídas fossem cercadas. Mas o chefe maior dos cangaceiros sentia-se à vontade em sua barraca armada em meio às pedras do leito seco do Riacho Tamanduá. 

Amigo pessoal do interventor sergipano Eronildes de Carvalho, um dos seus maiores coiteiros, sabia que a polícia do estado não iria lhe importunar.

Naquele final de julho de 1938, Lampião convocou uma reunião dos grupos menores exatamente naquele ponto. Na véspera de sua morte, já havia chegado a Angicos o bando de Zé Sereno. Os de Corisco e Labareda estavam próximos, ainda do lado alagoano. Que assunto Lampião iria tratar com seus comandados? Para Frederico Pernambucano de Mello, seria comunicar que iria tomar o mesmo caminho que seu único chefe, SinhôPereira, havia feito em 1922: abandonar o Nordeste e começar uma nova vida em outra região. “Ele iria para Minas Gerais. Perguntaria quem estaria disposto a seguir com ele numa jornada perigosa, margeando o São Francisco. Brigaria numa disputa entre dois coronéis e depois iria se assentar”.

Com 40 anos de idade, Lampião estaria cansado da vida do cangaço. O tempo dos grandes combates e árduos deslocamentos já havia passado. O progresso, com novos armamentos para as volantes e a abertura de estradas pelo interior do Nordeste, reduziu a área de atuação dos bandidos. Em vez de ataques diretos a cidades, os bilhetinhos de Lampião a grandes fazendeiros e comerciantes é que rendiam bons dividendos no final da década de 1930. O dinheiro era guardado em notas passadas a ferro no cinto “papo-de-ema”. Moedas só serviam para enfeites.

Outra versão para a grande reunião em Angicos seria a definição de um grande ataque à volante de José Aniceto, que promovia uma perseguição constante aos cangaceiros. Amaury Correia de Araújo destaca que na véspera de sua morte Lampião preparava os trajes de José, um sobrinho de 17 anos que iria entrar para o bando. Neste caso, como um homem que perdeu três irmãos, Antônio, Livino e Ezequiel, iria admitir mais um parente no bando se estaria preparando sua aposentadoria?

A verdade por trás da morte de Lampião desaparece em uma neblina, a mesma que cobria o acampamento em Angicos na madrugada de 38 de julho de 1938. Enquanto os cerca de 35 cangaceiros dormiam, sem nenhum sentinela, 48 soldados de volantes alagoanas se aproximavam. O comando da operação ficou por conta do tenente pernambucano João Bezerra, chefe de polícia em Piranhas. Ele dividiu os homens com o também tenente Aniceto Rodrigues e o aspirante Francisco Ferreira de Melo. Cada um dos três grupos tratou de fazer o cerco nos pontos de fuga do esconderijo. As volantes de João Bezerra e de Francisco Ferreira de Melo foram conduzidas, respectivamente, pelo coiteiro Pedro de Cândido e o irmão, Durval. Por não ter guia, a volante de Aniceto Rodrigues se perdeu e deixou uma saída livre para a fuga de parte dos cangaceiros.

O ataque se deu no clarear do dia. O soldado Abdon desobedeceu à ordem de João Bezerra e deu o primeiro tiro no cangaceiro Amoroso, que mesmo baleado conseguiu escapar do massacre que se daria logo a seguir. A metralhadora Hotchkiss, colocada em uma elevação a menos de 15 metros do acampamento, fez a maior parte do serviço. Lampião foi atingido no tórax e no baixo ventre, mal teve tempo de esboçar uma reação. Ainda baleada, Maria Bonita teria lembrado a Luiz Pedro, que já fugia, a sua promessa de permanecer ao lado do chefe. Depois, teria implorado para não ser morta, mas acabaria, sendo algumas versões, sendo degolada ainda viva.

CONTINUA...
Fonte: 
http://revistamuito.atarde.com.br/?p=4464


Clique no link para você assistir a entrevista que  Frederico Pernambucano de Melo cedeu ao  programa Jô Soares


http://blogdomendesemendes.blogspot.com/2012/01/jo-soares-entrevista-frederico.html



Informação: 
O texto não apresenta autor, apenas suponho que foi escrito pelo Dr. Ivanildo Silveira, já que é da página "Orkut".

Lampião e o libanês - Parte I


O libanês Benjamin Abrahão ganhou o consentimento de Lampião para acompanhar o grupo e fazer um filme sobre o cangaço. Antes do primeiro take, Abrahão teve que ficar em frente à câmera para provar de que não se tratava de uma armadilha, como informou oDiário de Pernambuco (leia matéria abaixo).

O filme foi exibido uma única vez, em 1938. Logo depois, o material foi apreendido pelo Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), do governo Vargas, e só foi redescoberto em 1957, quando só restavam dele alguns minutos.  Confira:


Em 28 de julho de 2008, o Diário de Pernambuco publicou uma reportagem especial sobre o Cangaço e sobre o filme de Abrahão:

O libanês que domou Lampião

Quarenta e duas facadas decretaram o final, no dia 9 de maio de 1938, da cinematográfica vida do libanês nascido no lugarejo chamado Zahelh e que deixou o seu país natal durante a I Guerra Mundial. Benjamin Abrahão Botto veio parar no Brasil, mais precisamente em Pernambuco, muito longe dos Estados Unidos que seria o destino preferencial na sua rota de fuga. 

Ele estabeleceu-se no Recife como mascate, vendendo inicialmente tecidos. Depois, ampliou suas ofertas para produtos vindos do Sertão, como rapadura, farinha e carne-de-sol.

No início dos anos 20, empreendeu sua primeira aventura pelo interior, chegando até Juazeiro do Norte, no Ceará, onde se tornou secretário particular do Padre Cícero, considerado “santo” pelos romeiros que afluíam de todos os lugares do Nordeste. O médico e historiador Napoleão Tavares Neves ressalta que Abrahão ganhou a simpatia do religioso com uma mentira. Ao ver aquele homem diferente no meio da multidão, Padre Cícero, beirando os 80 anos de idade, teria se emocionado ao saber queo estrangeiro de fala enrolada nascera em Belém, na Palestina, o lugar de nascimento de Jesus Cristo.

Foi ao lado do Padre Cícero que Benjamin Abrahão conheceu, no início de março de 1926, o homem que mudaria o seu destino. Lampião, o rei dos cangaceiros, tinha ido a Juazeiro do Norte para receber uma patente de Capitão e depois lutar contra a Coluna Prestes. Os caminhos do libanês e do pernambucano de Serra Talhada se cruzariam novamente em 1936, quando Benjamin Abrahão, com uma carta de apresentação do Padre Cícero (falecido dois anos antes) e equipamentos obtidos na Aba Film, sediada em Fortaleza, parte em busca do bandido mais famoso do Nordeste com um objetivo: registrá-lo em celulóide.

O capitão Virgulino Ferreira é ignorante, mas inteligência não lhe falta

Armado com uma câmera de corda Nizo Kiamo, de 35 milímetros e lente Zeiss, cinco rolos de filme e mais uma câmera fotográfica Interview Établissements André Debrie, o libanês seguiu o rastro do bando de Lampião. Graças aos contatos do coronel Audálio Tenório, chefe político de Águas Belas, ele obteve a permissão de se aproximar dos cangaceiros na Fazenda Bom Nome, em Alagoas. Desconfiado, Lampião ordena que Abrahão fique na frente do equipamento para o primeiro take, para se certificar de que não era uma armadilha.

Com todos os filmes recheados de cenas do bando, Abrahão parte para Fortaleza. Depois de revelado, o material entusiasma Adhemar Albuquerque, que cede mais material para nova sessão de filmagens na caatinga. Depois de mais cenas da vida cotidiana dos cangaceiros, era hora de divulgar a novidade. Em 27 de dezembro de 1936, o Diario de Pernambuco é o primeiro jornal do Brasil a publicar a façanha do libanês. 

Na entrevista, recheada de fotos de Lampião, Maria Bonita e outros cangaceiros, Abrahão descreve como se encontrou com o homem que a polícia de sete estados não conseguia prender ou matar por quase duas décadas. “Fiz tudo para ver se escapulia alguma frase indiscreta. O capitão é ignorante, mas inteligência não lhe falta”, afirmou Abrahão ao Diario.

A única sessão de cinema da saga cangaceira

O Cine Moderno, em Fortaleza, abrigou, no dia 2 de julho de 1938, a única exibição pública do filme de Benjamin Abrahão. Na platéia, o chefe de Polícia, Cordeiro Neto, jornalistas e convidados para uma sessão privada. 

As cenas na tela causaram revolta. Como o governo Vargas iria admitir que um bandido pudesse ser retratado como o rei da caatinga, dando ordens ao seu bando, costurando, lendo e rezando o ofício?

O material acabou apreendido pelo Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) e só foi redescoberto em 1957. A ferrugem das latas, o mofo e a poeira destruíram mais de 90% do material coletado pelo libanês nos seus dois encontros com Lampião. Restaram apenas cerca de 11 minutos de imagens. Nelas, os temíveis cangaceiros aparecerem sorrindo, encarando a câmera, simulando combates, dançando e despreocupados com a repressão oficial.

Benjamin Abrahão já não podia mais defender sua obra. Dois meses antes da exibição de Lampeão, o Rei do Cangaço, ele foi assassinado em Águas Belas, no interior de Pernambuco, crime atribuído a um sapateiro deficiente físico enciumado pela traição da mulher com o estrangeiro. Mas muitos já estavam incomodados com as cobranças de Abrahão da ajuda financeira prometida para a realização do filme.

O próprio Lampião percebeu que a parceria com o libanês, que inclusive exibia um documento assinado pelo cangaceiro de que nenhuma outra pessoa iria filmá-lo, não havia sido uma boa idéia. O país todo agora exigia providências para se acabar com o seu reinado no interior do Nordeste. 

Boa parte das 78 fotografias tiradas por Abrahão foi usada pelos jornais e revistas da época, como o Cruzeiro. Deste material original, meia dúzia teve os negativos originais perdidos ao longo do tempo e outros 12 não podem ser manuseados, sob o risco de virarem pó. As 60 fotos restantes passaram por uma recente restauração, incluindo 24 inéditas. O trabalho foi coordenado por Ricardo Albuquerque, neto do fundador da Aba Film, Adhemar. O projeto de resgate da obra de Abrahão, batizado de Memorial do Cangaço, tem ainda a participação de Vera Ferreira, neta de Lampião, e do pesquisador Amaury Correia de Araújo.

Como fez com o Padre Cícero, que posou com o libanês segurando um exemplar de O Globo, do Rio de Janeiro, do qual era correspondente no Rio de Janeiro, Benjamin Abrahão convenceu Lampião a segurar o jornal e também uma edição do A Noite Ilustrada. Maria Bonita, por sua vez, teria sido fotografada ao lado de um cartaz do Cafiaspirina, produto da Bayer. 

Até a multinacional alemã tentou tirar proveito da popularidade dos cangaceiros, que não sabia, naquele coito do Bom Nome, em Alagoas, que já estavam com os dias contados.


CONTINUA...

Fonte: 
http://revistamuito.atarde.com.br/?p=4464


Informação: 
O texto não apresenta autor, apenas suponho que foi escrito pelo Dr. Ivanildo Silveira, já que é da página "Orkut".

O mais antigo romance jornalístico sobre polêmico tema cangaço:

Por: Guilherme Machado

Romance Lampião. Do médico escritor Dr. Ranulfo Prata. Lançou o livro em 1933, na cidade de Simão Dias - Sergipe, Uma obra prima do Cangaço. Até Lampião leu o livro e não gostou do que l eu, jurando se vingar de quem o escreveu!


O mais antigo escritor do polêmico tema cangaço: O livro é datado de 1933, e foi escrito  pelo Doutor  Ranulfo Prata.  


Ranulfo Prata foi um médico e escritor brasileiro nascido em 1896 em Lagarto (Sergipe), sendo autor de “O Triunfo” (1918) Lampião em 1933  e “Navios Iluminados” (1937). Morreu em Santos em 1942. 

O Livro Lampião do médico Ranulfo Prata foi terminado no final de 1932 e lançado no início do ano de 1933, na cidade de Simão Dias Sergipe...  

Segundo relatos da polícia da época e do próprio escritor, Lampião  andava com um exemplar do livro, e segundo relato do escritor na contra capa da 2ª Edição em 1938.  Em relato o escritor afirma que o destemido Lampião jurava em por as mãos no sujeitinho escrevedor daquele livro difamador. 
De cangaceiros cabras machos... Este é o meu palpite! Tá explicado porque o Doutor Ranulfo morava no Sul do país e morreu, tão longe do seu torrão natal.

Palpite de Guilherme Machado dos Santos...

Extraído do blog: 
Portal do Cangaço de Serrinha - BA
do amigo Guilherme Machado.
http://portaldocangaço.blogspot.com

Cariri Cangaço em São Paulo

Por: Heldemar Garcia


Manoel Severo ao lado dos confrades Napoleão Tavares Neves, Antônio Amaury e Múcio Procópio

O Cariri Cangaço tem agenda cheia neste próximo final de semana em São Paulo; o curador do Cariri Cangaço, Manoel Severo, embarca ainda nesta sexta-feira para São Paulo, onde cumpre agenda profissional nos próximos tres dias. Dentro das atividades previstas, visita e participação no Parque do Ibirapuera do Lançamento do Dicionário de Adriano Marcena e a partir de domingo será hospede do pesquisador e escritor Antônio Amaury Correa de Araujo. Para Manoel Severo "é sempre uma grande satisfação rever os amigos de São Paulo e, ser recebido pela família de Amaury e dona Renê é sempre uma grande honra; de quebra vamos talvez conversar um pouquinho sobre cangaço, quem sabe ?!"

Heldemar Garcia
Assessor de Imprensa e Marketing

http://cariricangaço.blogspot.com

Cangaceira Rosalva!!!

Jailson Gomes / Jaboatão dos Gauraraepes / PE
Esta é a cangaceira Dadá - só para efeito de ilustração

Olá Amigos dessa comunidade, a entrada de mulheres no bando de Lampião, só aconteceu depois da chegada de Maria Bonita em 1930. Depois desse fato outros cangaceiros arranjaram companheiras.

Algumas se juntavam ao bando por forças da circunstância, quando seus namorados ingressavam no cangaço elas os seguiam. A maior parte se juntava aos cangaceiros por acharem que os cangaceiros eram heróis românticos, outras eram raptadas, e algumas pela motivação de ser cangaceira profissional. Más no bando eram essencialmente as mulheres dos cangaceiros, e não as cangaceiras. Aprendiam a atirar como medida de proteção, más normalmente ficavam afastadas na hora dos combates. 

A responsabilidade maior das mulheres era serem companheiras dos seus homens, e realizarem tarefas como a de costura de roupas, como era o exemplo de Maria bonita que consegui levar para o acampamento uma maquina de costurar , e enfeitava os bornais (local onde se carregava o dinheiro e os mantimentos).

Os cangaceiros viviam amasiados, apenas Curisco e Dadá haviam se casado legalmente. A presença das mulheres entre os cangaceiros podem ter influenciados o padrão de comportamento, passaram a viver mais nos acampamentos, diminuíram suas atividades, pois as mulheres exerciam um grande domínio sobre os cangaceiros.
Segue a relação das mulheres pertencentes ao bando:
Dadá-esposa de Corisco, Lídia-mulher de Zé Baiano, Nenêm , Moça, Olília, Durvalina , Cila, Inancinha, Áurea, Maria dos Santos, Mariquinha, Enedina, Cristina, Dulce, Verônica, Lili, Maria-mulher de Pancada, Marina.

Bem amigos, pesquisando (fuçando) encontrei uma reportagem sobre a “Cangaceira Rosalva”, que até então na tinha ouvido nem lido algo referente a mesma.

Bem amigos, a reportagem começa assim, a cangaceira Rosalva caminhava com dificuldade equilibrando os baldes com água que trazia, um sobre a cabeça e mais um em cada mão. Essa era sua tarefa de todas as manhãs, seguia até a cacimba que ficava a cinco quilômetros de seu pequeno povoado, enchia os três baldes que serviriam para as tarefas diárias de sua família e voltava cantarolando pelos caminhos secos e arenosos do sertão nordestino. Normalmente ia e voltava com outras pessoas que faziam o mesmo percurso, mas hoje, tinha pressa, era dia de procissão na igreja de São João e ela não queria perder tempo, despediu-se dos acompanhantes e partiu com pressa. Na flor de seus dezesseis anos, sonhava encontrar alguém para casar e nada melhor que a quermesse da paróquia. Ia fazendo planos de namoro e casamento com alguém que encontraria logo mais a noite.

De repente dois homens pularam em sua frente. Seu coração disparou. Eram cangaceiros. Conhecia as histórias que se contavam a respeito deles e sabia que teria de fugir imediatamente, jogou os baldes e precipitou-se em uma corrida desesperada. A perseguição foi difícil, a menina corria muito, mas os homens conseguiram enfim alcança-la. As lágrimas e pedidos de clemência foram inúteis. Rosalva foi impiedosamente deflorada por ambos. Jogada no chão tentando cobrir a nudez com os restos do vestido rasgado, encarou seus algozes que riam satisfeitos: - Vou com vocês! - falava sério, com o olhar vidrado de ódio - O que mais me resta depois do que me fizeram? Os homens entreolharam-se surpresos: - O que tá dizeno menina? - Quero seguir seu bando, não posso mais casar, estou perdida! Vou com vocês.

Assim Rosalva entrou para a vida errante do cangaço. Durante vários anos fez parte do grupo que perambulava pelas cidades fazendo assaltos que garantiam a sobrevivência do grupo. Não aprovava as mortes espalhadas pelo bando e por isso nunca usara nenhuma arma, fazia apenas o "apanhamento" que era como eles chamavam o furto praticado depois de algumas chacinas. Foi em um desses ataques que tudo se precipitou. Um pequeno sitio foi invadido por eles e dois homens foram mortos. Rosalva recebeu a ordem de fazer o apanhamento, como de hábito. Ao entrar no quarto para exercer sua tarefa encontrou uma mulher, grávida, totalmente descontrolada que empunhava uma grande faca e partiu para cima dela. 

A lâmina provocou um corte profundo em seu braço fazendo com que gritasse de dor. Roxinho que estava em outro cômodo correu para lá a tempo de chutar a mão da mulher, o que fez com que a faca voasse por sobre a cama e a mulher em desequilíbrio fosse ao chão. 

O cangaceiro ao perceber a avançada gestação, entregou sua garrucha para Rosalva: 

- Mate a vagabunda, fiz promessa de não matar prenha! 
Ela olhou para o companheiro espantada. 
- Não posso, nunca matei ninguém! 
- Sempre tem primeira vez, mate logo. Essa franga te cortou! 

Ela sabia que as ordens de Roxinho não deviam nunca ser desobedecidas. Empunhou a arma e apontou para a cabeça da mulher. Esta, acuada e pronta para a morte, olhou com ódio para ela: 

- Mate infeliz e leve para o inferno o pecado de ter matado dois! 
Rosalva, trêmula, engatilhou. Em uma fração de segundos levou o cano para a própria fronte e disparou. Acabava aí a história de uma mulher que nunca conseguiu ser feliz.

Ok! Se alguns dos amigos souber mais algo sobre essa cangaceira ou se o fato assim é verídico, descrevam ai suas opiniões, a comunidade agradece, pra mim foi novidade.

Um abraço a todos e inté.

Jailson Gomes / Jaboatão dos Gauraraepes / PE

Vem aí o II Festival de Músicas do Cangaço

Anildomá e confrades em mais um dia de Cariri Cangaço

O II FESTIVAL DE MÚSICAS DO CANGAÇO acontecerá no dia 28 de abril de 2012, na Estação do Forró, em Serra Talhada/PE, Terra de Lampião e Capital do Xaxado.

INSCRIÇÕES:

As inscrições das músicas poderão ser efetuadas pessoalmente, por e-mail ou via Correios, no período de 23 / 01 / 2012 a 10 / 03 / 2012.

Maiores informações, pelo E-mail:festivaldemusicasdocangaco@gmail.com

Anildomá Willans de Souza

http://Cariricangaço.blogspot.com

FAB – BRIG. APRÍGIO ASSUME EMAER – ESTADO-MAIOR DA AERONÁUTICA

FUTURO COMANDANTE DA FAB?
Ministro da Defesa Celso Amorim sauda o tenente-Brigadeiro-do-ar Aprígio pela sua assunçaõ ao EMAER Foto - Agência FAB

Publicado Agência Notícias FAB

O Tenente Brigadeiro do Ar Aprígio Eduardo de Moura Azevedo assumiu (19/1) a Chefia do Estado-Maior da Aeronáutica (EMAER). Ele substitui o Tenente Brigadeiro do Ar Jorge Godinho Barreto Nery, que desempenhará o cargo de conselheiro militar junto à Organização das Nações Unidas (ONU) em Genebra, na Suíça. A solenidade de passagem de comando, realizada no Salão Nobre da Base Aérea de Brasília, contou com as presenças do Ministro de Estado da Defesa, Celso Amorim, e do Comandante da Aeronáutica, Tenente Brigadeiro do Ar Juniti Saito. 

Também participaram da cerimônia oficiais generais do Alto Comando da Aeronáutica, ex-ministros da Aeronáutica, ministros do Superior Tribunal Militar (STM), além de oficiais generais da Marinha e do Exército Brasileiro.

“A partir de hoje, o Estado-Maior da Aeronáutica passa a contar com a respeitada liderança do Tenente Brigadeiro do Ar Aprígio Eduardo de Moura Azevedo. Oficial general congregador, dotado de aguçada visão estratégica e inquebrantável dedicação, detentor de inquestionável capacidade de manter o elevado padrão de excelência nas atividades do EMAER”, ressaltou o Comandante da Aeronáutica.

O Tenente Brigadeiro do Ar Azevedo nasceu na cidade de Florânia, no Rio Grande do Norte. Ingressou na Força Aérea Brasileira (FAB) no dia 1º de março de 1967, na Escola Preparatória de Cadetes do Ar, em Barbacena (MG). Entre os principais cargos ocupados estão o de Chefe da Comissão Aeronáutica Brasileira em Washington; Chefe da Seção de Planejamento Logístico do Estado-Maior da Aeronáutica; Chefe do Subdepartamento de Desenvolvimento e Programas e Presidente da Comissão Coordenadora do Programa Aeronave de Combate; Chefe da Assessoria Parlamentar do Comandante da Aeronáutica; Comandante do Quarto Comando Aéreo Regional; e Chefe do Gabinete do Comandante da Aeronáutica. Possui 6.000 horas de voo, das quais 1.800 horas na Aviação de Caça.

“Assumir o EMAER é um misto de felicidade, alegria, e de responsabilidade, sem dúvida nenhuma. Porque a chefia do Estado-Maior da Aeronáutica representa uma estrutura necessária de apoio ao planejamento do futuro da Força Aérea Brasileira, razão pela qual é verdadeiramente um motivo de muita honra e renovado entusiasmo para continuar me dedicando dia e noite à FAB”, explicou o Tenente Brigadeiro Azevedo.

A solenidade também foi uma oportunidade aos vários antigos amigos da turma de 1967 de compartilhar a ascensão do Tenente Brigadeiro Azevedo. Apesar de muitos deles não terem seguido a carreira militar, fizeram questão de presenciar a cerimônia. O Juiz de Direito Aposentado Paulo Roberto da Silva Passos, por exemplo, veio de São Paulo para assistir à posse. “Estudamos juntos no ano de 1967 em Barbacena. Sempre foi um grande companheiro. Essa amizade já dura 45 anos. Tenho certeza que seu desempenho frente a essa nova etapa de sua carreira será digna de nota, pois ele possui um grande amor pela Força Aérea”, ressalta o amigo de turma.

Outro colega de Turma, Gerson Oger Fonseca, atualmente Presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros no Estado de São Paulo, relembra com saudosismo a época em que conviveram juntos tanto em Barbacena quanto na Academia da Força Aérea. “Tive o privilégio de conviver e de ficar amigo íntimo dele. E a gente ainda mantém esse laço de amizade, de união. É um prazer para todos nós da turma de 1967 chegarmos aqui com ele assumindo o posto máximo da carreira da Força Aérea”, diz Fonseca.

Na solenidade, o Tenente Brigadeiro Juniti Saito também manifestou o reconhecimento e a admiração pelo trabalho do Tenente Brigadeiro Godinho na condução das atividades do EMAER desejando sucesso na nova função que o Oficial General desempenhará no exterior. “Tenho plena convicção de que o País estará representado por um grande homem, um profissional de elevada competência”, ressaltou o Comandante da Aeronáutica.

Extraído do blog: 
"Tok de História", do historiógrafo Rostand Mendeiros

A MORTE DOS CANGACEIROS ZÉ VEIO E CÍCERO GARRINCHA


Moreno e seu grupo empreenderam uma viagem em direção á Santana do Ipanema, saindo das proximidades da fazenda Lajeiro do Boi. No percurso, os catingueiros tiveram que passar nos pastos, fazenda com o mesmo nome do local onde morreram Eleonora, Serra Branca e Ameaça. Cícero Garrincha e Aristéia seguiam um pouco na frente do grupo, atravessando as veredas, soltando sorrisos de contentamento, curtindo a festividade da aparente gravidez, de poucos meses, da cangaceira.

Moreno, sempre arisco, seguia concentrado no caminho e preparado para as surpresas que pudesse aparecer (e elas sempre apareciam).

Apesar de cedo do dia, o sol alardeava seus raios trêmulos sobre a terra, castigando os galhos pontiagudos e as folhas secas da caatinga. Os cangaceiros riscava com suas “ percatas “ ferradas, os empoeirados atalhos alagoanos.

Os risos de Aristéia disfarçava a triste dor que perpassava a condição de sofrimento da ida bandoleira do cangaço, feito sentença cumprida na solidão e no abandono dos carrascais poeirentos dos materiais lúgubres, que geravam as ações continua de fuga, onde se igualavam atacantes e atacados.

Um pouco mais na frente, fechando a passagem de vereda por onde seguiam os cangaceiros, soldados armavam uma emboscada. Escondidos e protegidos entre as pedras e as vegetações mais salientes, eles aguardavam o momento de atacar os inimigos.

Os cangaceiros seguiam em direção á armadilha, sem desconfiar da cilada armada. Poucos passos depois, na aparente serenidade da caminhada, tiros ecoaram, calando risos e gerando tumultos. Moreno e João Garrincha agacharam-se e retribuíram os disparos, colocando as mulheres em suas retas-guardas, longe dos possíveis ferimentos. Travou-se acirrado tiroteio.
Um pouco á frente de Moreno, um cangaceiro atingido pelos primeiro disparos, agonizava. Pouco segundos depois, o cangaceiro Zé Velho, apelidado de pontaria, dava seus derradeiros suspiros. Um pouco atrás de Zé Velho, Cícero Garrincha, o Catingueira, também tombava crivado por balas.

Aristéia avistou Cícero Garrincha se arrastando, procurando sair do raio de ação dos disparos realizados pelos policiais.

Aos poucos, o matraquear intermitente das armas foram ficando compassados. Os soldados foram silenciando seus armamentos e fugindo do campo de batalha. Zé Velho tombara morto, crivado pelas minúsculas ogivas de chumbo disparadas. Cícero Garrincha levantou-se depois de muito esforço. Suas roupas estava completamente encharcadas de sangue. Moreno se aproximou de Cícero Garrincha e, junto com João Garrincha, o transportaram para um local mais seguro. Aristéia lembrou-se do velho ditado sertanejo: “ Muito riso é prenúncio de muita dor “.

Os cangaceiros seguiram a trilha de volta, buscando socorrer o amigo que cambaleava apoiando nos ombros dos dois fiéis amigos. Com algumas centenas de metros, já exaustos, os cangaceiros pararam. Cícero Garrincha foi colocado em uma sombra e sua camisa foi aberta dando visão ao estrago causado pelo tiro. A caixa torácica foi parcialmente destruída pelos estilhaços de uma mortal bala. Os companheiros assustaram-se diante da visão do ferimento, onde viam o coração pulsando. A respiração ofegante do baleado, expulsava jatos de sangue, pelo largo orifício da contusão. O cangaceiro pediu água, Moreno argumentou que água naquele momento causaria danos piores, podendo levá-lo rapidamente á morte. Durvalina tirou de dentro de um dos bornais um vidro de “ saúde da mulher “ um composto usado quando das cólicas menstruais. Um capucho de algodão foi ensopado por Durvalina na solução e passado nos lábios do moribundo cangaceiro, por seguinte vezes o chumaço de algodão foi embebido no remédio e aliviado a secura dos lábios de Cícero Garrincha, enquanto seu coração arquejava descompassado, expulsando sangue borbulhante cada vez que respirava, sendo assistido por olhares assustados com a gravidade da lesão. Moreno sabia que a morte do amigo era questão de tempo. Cícero Garrincha também pressentiu o momento difícil porque estava passando. Ao lado do cangaceiro, Aristéia chorava sua angústia. Moreno olhou nos olhos de catingueira e perguntou:

- O que você quer que eu faça com sua mulher?

- Faça o que Deus quiser! Se pudé deixe ela com a família!

- Eu deixo!

A respiração de catingueira foi ficando insuficiente, o sangue banhava cada vez mais as mãos que segurava o corpo inquieto. O coração pulsava frágil e visível. O cangaceiro apertou com a mão, o braço de Moreno, pendeu a cabeça pro lado e expirou. As lágrimas rolaram nas faces angustiadas dos companheiros. João Garrincha assistiu, contrariado, a morte do irmão. Aristéia chorou amargamente sua perda, ostentando em sua barriga saliente, um órfão prestes a nascer. Moreno cavou, junto com a ajuda dos amigos, uma cova rasa e enterrou o companheiro, cobrindo a sepultura, com macambira e xique-xique cactáceos que enfeitam a paisagem rara do Sertão Nordestino.

Os cangaceiros seguiram outro caminho, inverso ao que vinham seguindo, fugindo de mais uma desagradável surpresa que, por ventura, pudesse acontecer. Ao local do combate, Moreno retornaria quatro dias depois, encontrando só a carcaça do corpo decepado do cangaceiro pontaria. A policia levou a cabeça, deixando o corpo para servir de comida para os bichos famintos das caatingas.


Clique no link para assistir a entrevista do escritor Frederico Pernambucano de Melo


ANTÔNIO SILVINO, o Cangaceiro



Esta comunidade é dedicada ao pernambucano Manoel Baptista de Moraes, celebrizado no cangaço como ANTÔNIO SILVINO, o mais famoso antecessor de Virgolino Ferreira, o 'Lampião', nas gestas guerreiras do alvorecer do Século XX.

O período de atuação de ANTÔNIO SILVINO vai de 1897 a 1914. Neste ano, o cangaceiro é ferido em combate com a Polícia de Pernambuco e se entrega sem oferecer resistência. Somente pede garantias de vida, no que é atendido pela autoridade que efetuou sua prisão.

Em julgamentos sucessivos realizados pelo Tribunal do Júri de Olinda, em 1916 e 1917, ANTÔNIO SILVINO é condenado a mais de trinta anos de prisão. Cumpriu a maior parte da pena na Casa de Detenção do Recife, sendo indultado por Getúlio Vargas em 1937. Regenerou-se por completo e faleceu em Campina Grande, na Paraíba, em 1944.

O retrato em crayon que ilustra a comunidade, foi feito em 1916, durante um julgamento.

Fonte: 

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CANGACEIRA: SEBASTIANA


Durvinha uai! Eu como filha, sempre ouvi ela dizer que a cangaceira mais bonita era a linda de Zé Baiano. Olhos amendoados... e muito formosa de todas... Minha mãe Durvinha era linda...Mas também acho a Maria  Bonita linda!  Um beijo a todos que votaram na minha mãe. Obrigada!


Flor de estrada (Poesia)

Por: Rangel Alves da Costa

Flor de estrada


A semente
jogada
na beira
da estrada
é esperança
plantada
esquecida
um nada
germinando
na chuvarada
brotando
encimada
pelo sol
pelo vento
jornada
no broto
no fruto
enraizada
verdejante
se abrindo
encantada
com a vida
com tudo
fascinada
na cor
no perfume
amarelada
outro tom
avermelhada
a cor
da paixão
na flor
tão amada
quando for
colhida
na solidão
da beira
da estrada.


Rangel Alves da Costa
Poeta e cronista
e-mail: rangel_adv1@hotmail.com
blograngel-sertao.blogspot.com

TRISTES CONSTATAÇÕES (Crônica)

Por: Rangel Alves da Costa
Rangel Alves da Costa

TRISTES CONSTATAÇÕES
                                                                                    
É triste, lamentável demais, doloroso em quem ainda tentam preservar sentimentos, mas a verdade é que o ser humano está cada vez desumanizado e as tantas lições construídas para a vida ser melhor, aos poucos vão perdendo sua razão de ser.

O amor, o que fizeram do amor? Cada um que viva por si, pois o coração endurecido se fecha para o afeto, o carinho, o perdão. E nem pode dizer que ama, vez que tudo se basta em breves instantes.

O namoro, o que fizeram do namoro? Calaram a voz das serenatas, murcharam a flor para a flor, ninguém deixa mais no umbral da janela um ramalhete com versos rimando coração com paixão. As cartas, os bilhetinhos, a maçã docemente avermelhada, o banco da praça, o passear de mãos dadas, nada disso existe mais, muito menos o namorar. Onde andará o namoro?

O sexo, o que fizeram com o sexo? Se não há namoro nem amor, restaria o sexo como apetite voraz de corpos ou mero derramamento de impulsos. A relação corporal transformou-se em amassar fruta apodrecida, experimentar o sabor da bala e depois jogar fora, pegar o corpo que quiser e depois cantar ao mundo o desprazer que teve.

O perdão, o que fizeram com o perdão? Este irremediavelmente desapareceu nos labirintos da incompreensão. Não há como subsistir o perdão se cada um se basta na sua arrogância, estupidez, ignorância, valentia, egoísmo, brutalidade. A absoluta certeza da superioridade perante os demais impede que o outro se aproxime ao menos para estender a mão.

A vida, o que fizeram com a vida? Mesmo sabendo da sua unicidade e que muitas vezes chega ao fim tão repentinamente, a maioria das pessoas não a respeitam mais, não procura preservá-la nem vivê-la na intensidade comedida. Desvalorizando a própria vida, passa a negar também a do próximo; não usufruindo de suas grandezas, tenta esvaziar a existência do outro.

A honra, o que fizeram com a honra? Muitos conceitos que deveriam servir como espelhos espirituais do ser humano logo foram embaçados pela estupidez e desesperada busca de esperteza em tudo, ainda que todo ato inescrupuloso lhe custe a indignidade. Daí não haver mais lugar para a honradez, a ética, a moral, os bons costumes, o respeito ao próximo, a lealdade e a boa fé.

A fé, o que fizeram com a fé? Dificilmente caberiam a religiosidade, a verdadeira crença num Deus único e a grandeza espiritual num mesmo corpo que contém um coração perverso e uma mente maldosa, cruel, infame. São noites sem orações, são manhãs sem preces, são domingos sem missas, são casas sem oratórios, são mãos sem uma Bíblia, são mentes que não se lembram de um único Salmo.

A família, o que fizeram com a família? Parece que a vida se resume em nascer, crescer e sair pela porta da frente. O que passou não existe mais, pois pai e mãe não servem para outra coisa senão criar o filho para o mundo. E após colocar o pé adiante nem mais um pedido de benção, um reconhecimento fraternal, um reconhecimento de que na sua casa continuam a terra, a semente, a raiz e o fruto da vida. E que mais tarde para ser pai terá que se mirar novamente naquele amarelado espelho.

A paz, o que fizeram com a paz? Rasgaram a paz e sua bandeira, aprisionaram a pomba, respingaram vermelho sangue na sua branquidão. E depois de se certificarem que a paz é desnecessária, arrumaram canhões, desancaram as baionetas, sopraram as cornetas e foram à guerra, foram ferir, foram matar, foram dizer que a força e o poder só se constroem através da destruição.

E nós, o que fizeram de nós? Não sei, verdadeiramente não sei. Uma fotografia, uma janela aberta, uma vento que sopra, um entardecer. Não sei que dia é hoje, mas é dia de solidão. Ontem chorei de saudade, e hoje não sei. Não sei, verdadeiramente não sei, o que nós fizemos de nós.


Rangel Alves da Costa*
Poeta e cronista
e-mail: rangel_adv1@hotmail.com
blograngel-sertao.blogspot.com