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terça-feira, 20 de junho de 2017

O BUTANTÃ SERTANEJO

Clerisvaldo B. Chagas, 20de junho de 2017
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.686

Trecho de “O Curador de Cobras”, Oscar Silva:
“São mesmo incontáveis os inimigos do sertanejo. Não é somente a seca o destruidor de suas energias. As epidemias, especialmente a varíola, fazem, de quando em vez, uma visita ao sertão e levam boas parcelas dessas energias; o banditismo, em suas diversas modalidades, arrasta consigo outra boa porção; a tamearana e os sáurios roubam também o seu quinhãozinho; aos maus governos toca a parte do leão ─ e o sertanejo abandonado fica apenas com a coragem de continuar lutando ou emigrar para o sul do País.


Trecho de “O Curador de Cobras”, Oscar Silva:
“São mesmo incontáveis os inimigos do sertanejo. Não é somente a seca o destruidor de suas energias. As epidemias, especialmente a varíola, fazem, de quando em vez, uma visita ao sertão e levam boas parcelas dessas energias; o banditismo, em suas diversas modalidades, arrasta consigo outra boa porção; a tamearana e os sáurios roubam também o seu quinhãozinho; aos maus governos toca a parte do leão ─ e o sertanejo abandonado fica apenas com a coragem de continuar lutando ou emigrar para o sul do País.
Como ocorre com o homem, o sáurio sertanejo parece mais faminto que os de outras regiões. Quando o sol permite, a lagarta ataca a lavoura com tamanha sofreguidão, que, em continuando a falta de chuvas, basta uma quinzena para que ela arrase tudo o que o homem levou dias e dias a plantar e cultivar. A obra sertaneja é de uma coloração magnífica: o lombo malhado da cascavel, as cintas vermelhas da coral e o papo amarelo da surucucu brilham com a intensidade à luz daquele sol cremador de caatingas. Esses belos ofídios não poupam, entretanto, uma só vez, um bode sequer de todos os que lhes passem ao alcance do certeiro bote ─ mordem, pelo instinto de morder; matam, pelo prazer de matar; ferem e abandonam a presa, certos de que esta se tornou agora um caso perdido. E o homem vai depois juntando os ossos ─ ossos de animais caídos pela sede ou pela fome e ossos de outros, cujo casco larga das patas à força da peçonha da cascavel, da papa-ovo ou da jararaca-vinte-e-quatro-horas.
Dos Butantãs o sertanejo raramente tem notícias. Completamente esquecido, desconfiados de todas as fachadas ilusórias, volta-se constantemente para os velhos processos e recorre à magia das curas: manda curar os animais que já foram mordidos e não morreram, curam os que nunca foram mordidos e, por fim, pede para ele próprio um habeas-corpus ao curador”.
·         SILVA, Oscar. Fruta de Palma. Educativa, Paraná, 1990. 2 ed. Pag.72.


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NO BALCÃO DE NANÔ

*Rangel Alves da Costa

Já escrevi alguns textos sobre Nanô, um vendeirim fincado nos sertões sergipanos de Poço Redondo, cuja especialidade de seu botequim é a famosa casca de pau. Também vende cervejas, refrigerantes e outras bebidas, mas sua especialidade é mesmo a mistura de cachaça de engenho, legítima, branquinha mesmo, à raiz, casca e folhas de pau.
A especialidade de Nanô possui freguesia garantida. Desde as primeiras horas do dia, até mesmo antes que surja qualquer raio de sol, e já chegam ao pé de balcão em busca de uma talagada boa de angico, de umburana, de cidreira, de hortelã, de ameixa, dentre tantas outras que vão apurando cada vez mais na garrafa. E possuem serventia desde como simples aperitivo à cura de enfermidades, segundo a crendice popular.


Mas na Nanô, já na altura dos seus mais de oitenta anos, não é fácil de lidar. Diferentemente de outros donos de botecos que tudo fazem para agradar a clientela, Nanô é de pouca conversa, é homem de cisma e de não aceitar de bom grado que ali chegue todo tipo de cliente, principalmente os costumeiros maus pagadores. Também não gosta que se demorem muito no seu pé de balcão nem que cheguem com dinheiro graúdo demais para pagar a conta do já bebido.
Neste último sábado estive com ele, um velho amigo de outras datas. No seu botequim já tomei muita cerveja, já experimentei fartamente muita casca de pau, já proseei demoradamente, ainda que soubesse o quanto difícil é tirar causos e proseados de sua boca. Fui lá encher um garrafa de cachaça, ou melhor, colocar mais aguardente numa mistura já pronta e com gosto apurado demais. Não estou bebendo, mas sempre tenho cachaça sertaneja para oferecer aos visitantes do Memorial Alcino Alves Costa, entidade de preservação cultural que administro na cidade de Poço Redondo.
Chego ao sertão sergipano geralmente às sextas-feiras e por lá permaneço até o entardecer de domingo. Assim que chego, logo chega um amigo ou outro para uma visita, para uma conversa, para tratar de qualquer assunto, e então encontra numa das mesas uma fartura de aguardente legitimamente sertaneja, que é a cachaça misturada com raiz, casca ou folha de pau. Tem gente que vai só beber, e muitos deles logo cedinho, coisa de cinco ou seis da manhã. Mas sirvo com prazer. E foi por isso que fui até o botequim de Nanô para reencontrá-lo e prover o memorial de bebida sertaneja.
Lá no botequim, enquanto o vendeirim se esmerava em encher o litro, logo cuidei de registrar o ato em algumas fotografias, mesmo sabendo que ele não gosta de ser retratado. Mas não disse nada. Olhou e até sorriu, como se disse que esse aí é meu amigo e então vou deixar. E ontem, ao rever tais retratos, escrevi alguma coisa e postei em rede social com os seguintes dizeres:
“Pra toda arripunação e qualquer tipo de dor, não há remédio melhor que o do balcão de Nanô. Dor de corno sofredor, dor por que a mulher deixou, então não há o que fazer senão o balcão de Nanô. Dor da saudade que chegou, dor da tristeza que encostou, então vai buscar alegria bem no balcão de Nanô. Também se não tem remédio nem no hospital tem doutor, a cura é alcançada lá no balcão de Nanô. Mas é preciso cuidado, um conselho que lhe dou: não leve dinheiro graúdo nem saia de lá devedor, ou terá de suportar o mau humor de Nanô”.


Já retornei do sertão, mas tenho certeza que as palavras junto com uma das fotografias, ontem mesmo chegaram ao seu conhecimento. E também tenho certeza de sua aceitação, de seu sorriso e de sua palavra dizendo “aquele num tem jeito não”. E todos gostam das singelas reverências que faço a ele, tanto assim que suas familiares compartilham e até guardam como lembranças. Quando chego lá, então logo ouço os comentários e as risadas. Daí o meu contentamento em registrar esse cotidiano tão sertanejo como a minha própria vida e o meu jeito de viver.
Abraço, amigo Nanô. Que Deus lhe permita viver muito mais e ainda molhar muito fundo de copo com sua legítima casca de pau.

Escritor
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UMA POTIGUAR EXCLUÍDA DA HISTÓRIA - JÚLIA AUGUSTA DE MEDEIROS A COMOVENTE HISTÓRIA DE UMA MULHER À FRENTE DO SEU TEMPO ROCAS-QUINTAS O TRISTE FIM DE JÚLIA AUGUSTA DE MEDEIROS

Por Itaércio Porpino

Natal, década de 60, em algum lugar entre os bairros das Rocas e Quintas. Garotos se divertem provocando uma senhora trôpega, suja e maltrapilha. Os meninos fazem coro: "Rocas-Quintas"! E ela, com o dedo em riste, revida: "Me respeitem, que eu tive vida importante"! A zombaria continua, e a mulher, que se tornou folclórica por fazer todo santo-dia, a pé, o mesmo itinerário da linha de ônibus Rocas-Quintas (daí o apelido), retoma as passadas ligeiras e nervosas, parando sempre para catar lixo e restos de coisas podres.

Caicó, final da década de 50. Júlia Augusta de Medeiros, uma das mulheres pioneiras no jornalismo e na educação no Rio Grande do Norte nos anos 20, feminista, mulher de idéias avançadas, com participação destacada na vida pública e política do RN, tendo sido uma das primeiras mulheres a votar no Estado e exercido dois mandatos como vereadora, começa a apresentar lapsos de memória e a perder a sanidade mental. O estado de saúde vai se agravando e ela, que desafiara a sociedade assumindo uma postura ousada, termina seus últimos anos deprimida em Natal, no mais completo ostracismo, perambulando pelas ruas feito mendiga.

Júlia Medeiros, educadora e jornalista que um dia teve lugar cativo nas rodas de intelectuais, gozando da amizade e apreço de gente como Câmara Cascudo e Palmira Wanderley, é a mesma Rocas-Quintas. Em um minucioso trabalho investigativo, o jornalista natalense Manoel Pereira da Rocha Neto, conseguiu unir os dois capítulos extremos dessa história e contá-la na íntegra pela primeira vez. "Júlia teve um passado obscuro, que ficou perdido, pois enquanto Rocas-Quintas ela falava quem tinha sido e ninguém acreditava. As pessoas a insultavam e a depreciavam", diz Manoel.

O objetivo de sua tese de doutorado no Departamento de Educação da UFRN, dentro da base de pesquisa Gênero e Práticas Culturais, era (e foi) falar das práticas pedagógicas de Júlia enquanto educadora, mas o jornalista acabou também mergulhando fundo na vida da personagem à medida que descobriu história tão rica e dramática. 
 
Centro de Caicó/RN, década de 20 do século XX. Foto: Manoel Ezelino

O autor, além de conseguir conceito máximo com a tese, acabou quitando uma dívida com a memória de Júlia Medeiros. "Em cinco anos de pesquisa, não encontrei quase nada em livro, a não ser algumas poucas citações, e também uma monografia do curso de História, em Caicó, sobre Júlia, mas muito superficial. A casa em que ela morou em Caicó foi demolida e no lugar existe atualmente uma boutique. Já a casa em que ela viveu em Natal, na rua da Misericórdia, Cidade Alta, foi demolida para a construção de uma praça. Até o túmulo e seus restos mortais, no Cemitério Parque, em Caicó, foram violados e extraviados. Ela não tem direito sequer a ser lembrada como cidadã no Dia de Finados. Em sua cidade natal, deu nome a uma rua e a uma escola. Foi só", fala. 

Imagem antiga do Mercado Público de Caicó - inaugurado em 23/02/1918

A história de Júlia Medeiros, do nascimento à morte (1896 a 1972), foi totalmente reconstituída pelo jornalista Manoel Pereira da Rocha Neto e contada com riqueza de detalhes em seu trabalho. A maior parte das informações ele coletou com pessoas que foram vizinhas de Júlia, em Caicó e em Natal, e com os ex-alunos dela. "Foi uma pesquisa difícil. A família dela ofereceu muita resistência. Somente uma sobrinha sua, Julieta Dantas, que vive em Caicó, ajudou, cedendo inclusive um farto material fotográfico", conta Manoel, que chegou a pagar para conseguir uma cópia do atestado de óbito de Júlia Medeiros/Rocas-Quintas.

"A família não quis ceder, então fui até o 4º Ofício de Notas e paguei por uma cópia", conta Manoel. O laudo deixa em dúvida se Júlia cometeu suicídio, mas o jornalista acredita que ela tenha mesmo se matado. "Acho que o ostracismo e a depressão contribuíram para isso. Há um detalhe importante: Júlia morreu na madrugada do dia seguinte ao seu aniversário. Acho que em sua loucura ela pode ter tido um momento de lucidez e lembrado a data".

 "O vestir-se bem - desejo de distinção social na Caicó de 1939"

E esse não teria sido o único momento de lucidez em sua fase de loucura e mendicância. Certa vez, conta Manoel, ela ficou parada observando por bastante tempo a vitrine de uma loja de roupas. Quase foi presa ao tentar entrar. Isso só não aconteceu porque na hora passou uma pessoa de Caicó que a conhecia e contornou a situação. "Penso que ela estava recordando sua época de moça. As moças da alta sociedade caicoense só vestiam as roupas feitas por Maria do Vale Monteiro, costureira mais famosa da cidade. Mas antes Júlia tinha que vestir e aprovar. Por causa do corpo bem feito, ela era uma espécie de manequim no município".

O jornalista conta que, antes disso, Júlia havia adquirido uma máquina Singer pensando em fazer os próprios vestidos, como forma de relembrar a época áurea. Ela comprou em dez vezes sem juros, na Loja Natal, o que já era um sinal também de sua fragilidade financeira.

"Júlia veio para Natal já doente e, aposentada e deprimida, começou a perambular pelas ruas, levando sempre junto ao corpo um monte de penduricalhos. A cada dia seu estado mental ia se agravando. Ela já não cuidava da higiene, catava lixo e andava com roupas em trapos. Ninguém acreditava quando dizia ter sido uma pessoa importante", diz Manoel.

A aposentada Lúcia Bruno Damasceno mora na rua da Misericórdia, onde Rocas-Quintas viveu de 1960 até 1972, e confirma a informação do jornalista: "Ela vivia na rua catando coisas e entulhava tudo num porão em casa. Costumava dizer que foi uma mulher de destaque em Caicó, mas ninguém acreditava".

Participação ativa na vida pública - Julia Medeiros votando em Caicó/RN

EXCLUIDA DA SOCIEDADE E DA HISTÓRIA

Exceção entre as meninas de seu tempo, Júlia Medeiros teve a sorte de pertencer a uma família abastada e de visão pedagógica diferente da maioria das famílias do início do século 20. O pai, Antônio Cesino Medeiros, detentor de grandes propriedades de terra em Caicó, sendo a maior e mais próspera delas a fazenda Umari, onde Júlia nasce no dia 28 de agosto de 1896, cuida desde cedo para que a filha tenha acesso à educação. A menina aprende as primeiras letras em casa com um mestre-escola e depois é mandada para estudar em Natal.

Júlia deixa Caicó no ano de 1910. Com 13 anos, enfrenta uma jornada de oito dias em lombo de burro. Era uma comitiva em que estavam outras duas moças, Olívia Pereira e Maria Leonor Cavalcanti. A futura feminista hospeda-se em uma casa na Ribeira - a do professor de português João Vicente - e passa a estudar no Colégio Imaculada Conceição, onde conclui o ginásio. Em 1920, faz a seleção para a Escola Normal de Natal.
Antiga praça José Augusto e o colégio Senador Guerra - Caicó/RN

Forma-se em 1925 e, um ano depois, volta a morar em Caicó, passando a lecionar no Grupo Escolar Senador Guerra, a mais conceituada instituição de ensino do município. A essa época já escrevia para o "Jornal das Moças", periódico que logo passa a redigir sozinha com a saída da fundadora, Georgina Pires. A publicação, um marco no jornalismo feminino no Rio Grande do Norte, dura de 1926 a 1932.
Júlia Medeiros também já participava ativamente da vida pública de Caicó, envolvida com a elite intelectual e política da cidade. Ela foi amiga, entre outros, de Juvenal Lamartine, senador e governador em meados da década de 20, e de José Augusto Bezerra de Medeiros, governador que dominou a política no RN até 1930. 
Antiga Prefeitura de Caicó/RN   
Considerada exímia oradora, Júlia notabiliza-se por questionar, em seus discursos de improviso, a condição da mulher da década de 20 - cuja vida resumia-se aos afazeres domésticos. Em suas falas em público, exigia, principalmente, o direito à educação e à cidadania. Sua amizade com a feminista Berta Lutz e suas idas ao Rio de Janeiro - onde tomava conhecimento da modernidade - fortaleciam ainda mais seus ideais. Júlia choca a sociedade caicoense com seu comportamento avançado. Ela passa a usar roupa preta - cor condenável a não ser em ocasião de luto - calça jeans e costas nuas. Ao aparecer nas ruas dirigindo um automóvel - um ford 29 (baratinha) que compra no Rio de Janeiro com dinheiro do próprio trabalho - promove um escândalo. Choca mais uma vez a sociedade ao recusar um pedido de casamento e ao ir morar sozinha, na casa de número 157 da rua Seridó.
O preço da "ousadia" acaba sendo alto. Júlia passa a ser excluída e alvo de preconceito. Na rua, é perseguida pelas crianças, que entoam uma cantoria assim: "Júlia Medeiros no seu carro ford, virou a princesa do caritó".
Antes de aposentar-se como professora, em 1958, se candidata a vereadora, sendo eleita para dois mandatos, de 1951 a 1954 e de 1954 a 1957. É nesse período que começa a apresentar lapsos de memória e a ficar perturbada mentalmente. Em 1960, a família a leva para Natal, entendendo ser essa a melhor opção. Júlia passa a morar sozinha, por vontade própria, em uma casa de frente para o rio Potengi, na rua da Misericórdia. Seu quadro de saúde vai se agravando e, na madrugada do dia 29 de agosto de 1972, aos 76 anos, morre como a mendiga Rocas-Quintas. Louca, pobre, esquecida e insultada; excluída da sociedade e da história.
...fonte...
Itaércio Porpino
(jornal Tribuna do Norte em  edição de 18 de setembro de 2005)



Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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O CANGAÇO NO TINGUI E ALTO DOS COELHOS: RASTROS DE ÓDIO E SANGUE - www.joaodesosualima.blogspot.com

João de Sousa Lima e Erasmo de Oliveira



           Os povoados Tingui e Alto dos Coelhos, em Água Branca, Alagoas, foram dois grandes palcos das histórias do cangaço.
       Em recente visita ao amigo Aldiro, no povoado Alto dos Coelhos, aproveitei para ir ao Tingui conhecer o senhor Erasmo de Oliveira, que teve vários componentes da família envolvidos nas histórias do cangaço. Estive lá na companhia dos amigos Deyvid e Raul.
       O pai de Erasmo, o senhor João Antônio de Oliveira, conhecido pelo apelido de “Yoyô” e seu avô Luiz Oliveira “Lulú”, quase encontraram a morte por terem feito comentários sobre Lampião.
Yoyô foi procurar uns bodes e avistou um cachorro  e pela coleira enfeitada do animal deduziu que era um dos cães pertencentes a Lampião. Quando o garoto chegou ao Tingui contou ao seu pai Luiz Oliveira sobre a presença do cachorro nas proximidades e Lulu espalhou a notícia que os cangaceiros estavam arranchados nas redondezas. Poucos minutos depois Lampião já sabia dos comentários sobre sua presença próximo ao Tingui e prometeu ajustar contas com Lulú.
       Outro morador do Tingui, que era amigo de Lulú e que também teve problemas com os cangaceiros foi um jovem  chamado Nozinho Garapa que namorava com Maria “Doninha” que havia sido namorada do jovem “Santo” que era amigo dos cangaceiros e depois foi ser policial. O mesmo soldado Santo que estava na Grota do Angico, no dia 28 de julho de 1938, dia em que foram mortos vários cangaceiros, inclusive o Rei do Cangaço.  Nessa época, Santo ainda era um dos fieis coiteiros de Lampião e os cangaceiros queriam que ele ficasse com Doninha e decidiram que iriam pegar Nozinho Garapa e deixar o caminho aberto para Santo ficar com a disputada mulher.
     Mais um jovem do Tingui, de nome Lídio, comentou que no povoado Riacho Seco só tinha coiteiros de Lampião e mais uma vez os fuxicos, inflamados pelos coiteiros que ele tinha no lugar, chegaram aos ouvidos do Rei do Cangaço, que esquematizou um ataque ao Tingui para matar os três jovens.  Lampião comentou  que iria ao Tingui matar Lídio, Lulú e Nozinho Garapa.
     Um dos grandes coiteiros de Lampião no Tingui era o senhor Abílio.  Em um dos encontros entre o cangaceiro e Abílio, no coito conhecido como Caldeirão da Januária, Lampião falou do intento de matar os três jovens e Abílio sabendo do plano macabro do cangaceiro, falou que ele não fizesse isso, pois eles eram da mesma família. O dia todo o cangaceiro e o coiteiro ficaram nessa conversa e peleja, Lampião prometendo matar os três rapazes e Abílio pedindo que não.
      Até que o Rei do Cangaço resolveu atender ao pedido de Abílio, alertando para que ele avisasse aos jovens que não tocasse mais no nome dele, o que foi de pronto atendido.
      Tempos depois Lampião acabou matando um irmão de Yoyô, o senhor Oliveira e mais alguns filhos, um crime bárbaro que manchou a passagem do cangaço naquela região. Tudo por causa de um grande mal da sociedade: O “Fuxico”. Uma praga que dizimou tantas vidas inocentes, falsos boatos levantados por discórdias entre amigos, vizinhos e parentes, tendo por suporte a violência cangaceira.
     Um fato interessante foi que meu entrevistado, o senhor Erasmo de Oliveira, mesmo diante de tantas histórias violentas, disse que teria sido cangaceiro, se na época tivesse idade.

João de Sousa Lima
paulo Afonso, 20 de junho de 2017
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João, Erasmo, Raul e Deyvinho


SEJAS BEM VINDA, MARCELA CARVALHO!

Por Kydelmir Dantas

Sejas bem vinda, Marcela Carvalho - bisneta do 'grande comandante' da Resistência Mossoroense RODOLPHO FERNANDES DE OLIVEIRA MARTINS, naquele glorioso dia 13 de junho de 1927. A terra de Santa Luzia te abraçará, com certeza.


Fonte: facebook
Página: Kydelmir Dantas
Link: https://www.facebook.com/permalink.php?story_fbid=435096496856401&id=100010681625071&notif_t=like_tagged&notif_id=1497971348865883

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ASCRIM/PRESIDÊNCIA –CONFIRMAÇÃO AO CONVITE AMLC


OFÍCIO Nº 075/2017
MOSSORÓ(RN), 05 DE JUNHO DE 2017

INSIGNE GUALTER COUTO,

M.D.PRESIDENTE DA ACADEMIA MOSSOROENSE DE LITERATURA DE CORDEL-AMLC
     
É DA PRAXE DESTA PRESIDÊNCIA, QUANDO OFICIALMENTE CONVIDADO, DIGNAR-SE RESPONDER AOS ECLÉTICOS CONVITES DOS PRESIDENTES DE SUAS CO-IRMÃS. EXEMPLO QUE NOTABILIZA O VIÉS DE UM PRESIDENTE CORRESPONDER A ESSE ECLETISMO, PORQUE SABE A DIFERENÇA ENTRE O LIAME DA PARTILHA E DO PRESTÍGIO QUE ASCENDE E CRESCE NO INTERCÂMBIO ENTRE SEUS PARES.
   
NESTA SINTONIA, UM CONVITE PARA PARTICIPAÇÃO EM EVENTOS CULTURAIS E A CONFIRMAÇÃO, INTERCAMBIADOS ENTRE ENTIDADES CULTURAIS, MERECE E FUNCIONA COMO UM “FEEDER”, EVIDENTE, REPASSADO A TODOS OS ACADÊMICOS DE SEUS CORPOS SOCIAIS, PELO SEU PRÓPRIO PRESIDENTE, CUJO ESSE FEEDBACK ALIMENTA, NATURALMENTE O FERVOR E A CONSIDERAÇÃO EM QUE SINGRAM OS INTELECTUAIS DESSAS PLÊIADES.
  
DESTA FORMA, AGRADECENDO AO PRESIDENTE DA AMLC, DR. GUALTER COUTO, PELO CONVITE, RESERVO-ME ATRIBUIR MESMO VALOR DE PARTILHA, DIZENDO QUE É UMA HONRA CONFIRMAR MINHA PRESENÇA A SESSÃO MAGNA NO DIA 20.06.2017 AS 18:00HS NO AUDITÓRIO DA BIBLIOTECA MUNICIPAL NEY PONTES DUARTE, AO TEMPO EM QUE REPASSO O ASSUNTO DO ALVO CONVITE PARA TODOS ACADÊMICOS DA ASCRIM E POTENCIAIS CANDIDATOS A ACADÊMICOS DA ASCRIM, DE IGUAL MODO A TODOS ILUSTRES PRESIDENTES DE ENTIDADES CULTURAIS E DIRIGENTES DE INSTITUIÇÕES PÚBLICAS E PRIVADAS, POR SER DO INTERESSE, CLARO, DOS MESMOS, TOMAREM CONHECIMENTO E DIGNAREM-SE, DO SEU MISTER, CONFIRMAR SUAS PRESENÇAS, JUNTAMENTE COM AS EXCELENTÍSSIMAS FAMÍLIAS CONSORTES.

SAUDAÇÕES ASCRIMIANAS

FRANCISCO JOSÉ DA SILVA NETO 
- PRESIDENTE DA ASCRIM -

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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"LIVRO LAMPEÃO ANTES DE SER CAPITÃO".

Acervo do pesquisador Adauto Silva

Excelente fonte de informações sobre o mais famoso dos cangaceiros, é o livro "LAMPEÃO ANTES DE SER CAPITÃO".


Contato diretamente com o escritor Luiz Ruben F. A. Bonfim!

https://www.facebook.com/groups/lampiaocangacoenordeste/

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VALORIZAÇÃO DA ARTE MOSSOROENSE MARCELO AMARELO UM ARTISTA RENOMADO.

Por Franci Dantas

Participou de diversos salões de arte pelo Brasil. Carrega também no bagageiro cultural a participação em três bienais: uma na Patagônia (Argentina), outra em Havana (Cuba) e uma no Recôncavo Baiano. Em Mossoró, já deixou sua marca na Praça dos Skates, no Cidadela, no Portal do Saber, na Escola de Artes, na Praça de Patins, na Socel Veículos e em vários outros estabelecimentos.






"O ARTISTA não deve ter medo do que faz. Não cabe a ele dizer se o que ele faz é ARTE ou não. O que importa é fazer arte, seja na INSTALAÇÃO, ESCULTURA, PINTURA ou qualquer outro tipo de expressão artística".


Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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INVASÃO E RESISTÊNCIA - OS 90 ANOS DA DERROTA DE LAMPIÃO NO CONFRONTO COM O POVO DE MOSSORÓ – MASSILON LEITE E A TOMADA DE APODI - PARTE II

Por José de Paiva Rebouças
Jornalista José de Paiva Rebouças - Fonte: Blog do Josenias Freitas

Massilon e seu bando entraram em Apodi por volta das quatro horas da manhã do dia 10 de junho de 1927. Com tiros e algazarras espalharam o terror. Atacaram prédios importantes e estratégicos como o telégrafo e a cadeia pública, onde prenderam os praças e roubaram as armas.

Geraldo Maia do Nascimento - Fonte da imagem: http://cariricangaco.blogspot.com

Segundo o pesquisador Geraldo Maia os cangaceiros levaram uma lista de tarefas indicando o castigo de cada uma das futuras vítimas executar o presidente da Intendência Municipal, Francisco Ferreira Pinto (Chico Pinto) e o capitão Jacinto Tavares, espancar e cortar a orelha do comerciante Luiz Leite e saquear as fazendas de Luiz Sulpino e Benvenuto Laurindo.

Sérgio Augusto de Souza Dantas – Fonte da imagem: http://confrariamalunga.blogspot.com.br

Sérgio Dantas explica que os cangaceiros tinham à mão uma lista, escrita a lápis, com nomes dos alvos. O mais importante era o intendente Chico Pinto, seguido pelo capitão Jacinto Tavares e os comerciantes Luiz Leite, Luiz Sulpino e Bevenuto Laurindo.

Chico Pinto - Fonte da imagem: http://blogdomendesemendes.blogspot.com

Ao lado de cada um dos nomes, a pena respectiva ia desde o espancamento até a execução. Na casa de Chico Pinto, Massilon anunciou sua morte, mas, não se sabe porque acabou desistindo depois de conversar com o intendente. Levaram do homem cinco contos de réis entre dinheiro e joias da família.

Fonte da imagem: http://cariricangaco.blogspot.com

O segundo ataque foi na casa de Luiz Leite. Arrombaram a porta e pediram resgate. O homem implorou pela vida. Depois disse que não tinha em caixa o dinheiro pedido por seu resgate, e então pediu permissão para tomar emprestado nas redondezas. Massilon vacilou, mas acabou cedendo. O homem saiu e não voltou mais.

Quase 10 horas da manhã, os cangaceiros ainda dominavam a cidade. O chefe do bando, enfurecido, com a enganação do refém, mandou saquear seu comércio. Acabaram entrando na firma Jázimo & Pinto, pertencente a outro comerciante.

Igreja de Apodi na década de 1930 - Fonte da imagem: http://tudodeapodi.blogspot.com.br

Apossaram-se dos bens mais valiosos e, em seguida, incendiaram o lugar. O fogo se espalhou por outros prédios. Os cangaceiros ainda roubaram os comércios de Elpídio Câmara, João de Deus Ferreira Pinto e a agência da Mesa de Renda Estaduais. 

Ali perto, o quadrilheiro José Pequeno, O Cajazeiras encontrou, por acaso, com o bodegueiro Manoel Rodrigues de França, conhecido como Manoel Velho, antigo desafeto. Depois de humilhá-lo, atirou nele a queima roupa. Agonizou até a morte.

Segundo Sérgio Dantas não aconteceram outras mortes na cidade graça à intervenção do padre Benedito Basílio Alves. De crucifico na mão, rogou por misericórdia. Devotos, os cangaceiros atenderam.

Sem o retorno de Luiz Leite, o bando foi embora por volta do meio dia, deixando a cidade arrasada. No caminho, invadiram e saquearam as propriedades de Antônio Manoel de Sousa, Joaquim Pereira e João Francisco de Oliveira.

De acordo com a edição de 15 de maio de 1927, além dos 5 contos levados de Chico Pinto, os bandidos levaram ainda 1 conto de Luiz Sulpino e 20 contos de Bevenuto Hollanda. João Pinto, Elpídio Câmara e João de Deus também foram assaltados em quantias inferiores a 1 conto de réis. 

Um fato interessante, segundo Geraldo Maia, é que, embora não fosse comum aos cangaceiros, parte dos bandidos que atacaram Apodi estavam mascarados. Mas isso não impediu  que alguns fossem identificados como antigos residentes do lugar. 

Assalto a Umarizal e a Itaú


O AMIGO Lampião – Fonte da imagem: - https://blogdabn.wordpress.com

Horas depois, Massilon chegou ao povoado Gavião, atual município de Umarizal, se passando por Lampião. O bando logo rendeu os comunitários. Na casa do chefe político do lugar, comerciante José Abílio de Souza Martins, o bandido já se apresentou como sendo o cangaceiro Sabino Gomes.


Fonte da imagem - http://cariricangaco.blogspot.com

Findo o saque, dessa vez com menos violência, seguiram para o distrito de Itaú, zona rural de Apodi, hoje município emancipado. Pelo caminho, saquearam a fazenda Cajuais, de José de Alencar, em terras onde hoje fica o município de Riacho da Cruz.

Chegaram em Itaú no finalzinho da tarde. Tomaram dinheiro dos comerciantes Manoel Moreira Maia, Pedro Maia Pinheiro, João Alves Maia e dos cidadãos João Batista Maia e Paulinho Pereira do Carmo. Depois, seguiram rumo ao Ceará. Na fronteira, os valores dos saques foram repartidos e o grupo se desfez.

Massilon é levado a Lampião

Com o sucesso da empreitada criminosa, Massilon Leite foi se encontrar com o então coronel Isaías Arruda em Aurora/CE, a 240km de Apodi. Lá, dividiram o saque. O bandido estava eufórico e fazia grandes planos, um deles era entrar para o cangaço. 

Na penúltima semana de maio Virgolino armou acampamento na Serra do Coxá-Diamante, em Aurora/CE. Tinha fracassado na missão de saquear a Paraíba.


Serrote do Coxá-Diamante - Aurora-CE - Costumeiramente Lampião acampara aqui - Fonte da imagem: http://blogdaaurorajc.blogspot.com.br

Coube a José Cardoso, primo de Isaías, a tarefa de levar e apresentar Massilon a Lampião. Contou sobre seu assalto e pediu que fosse incorporado ao bando. O cangaceiro desconfiou, mas, como tinha perdido alguns homens nos confrontos recentes, aceitou a parceria. 

A insistência para atacar Mossoró


Coronel Isaías Arruda – Fonte da imagem: http://lavrasce.blogspot.com.br

O coronel Isaías Arruda usou o assalto de Massilon a Apodi para convencer Lampião a invadir Mossoró, embora, desde o começo, o cangaceiro desconfiasse que a ideia não era vantajosa. 

Gozando de bastante prestígio, o chefe político de Missão Velha a 50km de Aurora - tinha ganho o apoio do próprio governo cearense para derrotar, como quisesse, seus adversários. A sua fama de valente era reforçada pelo envolvimento com o cangaço. Atraía para suas fazendas tanto bandidos como homens da lei.

Lampião recuava dizendo não conhecer o Rio Grande do Norte, onde não tinha nem coiteiros, nem inimigos. Mas a pressão de Arruda e a promessa de riqueza em Mossoró encheu os olhos do cangaceiro. Finalmente se decidiu. "Vou na primeira oportunidade, mas coronel, tem que arranjar bastante munição". Narra Sérgio Dantas. 

Arruda organizou a empreitada. Discutiu com Lampião o itinerário e apoio logístico para o retorno ao Ceará e arregimentou a munição prometida. Virgolino, por sua vez, conseguiu mais homens, agregando ao seu e aos grupos de Sabino, Jararaca e João Vinte e Dois, somando cerca de 70 capangas. Massilon daria a direção dos trechos principais. 

Lampião entra no Rio Grande do Norte

No dia 10 de maio de 1927, Lampião passava em terras do município de Luís Gomes, no Alto Oeste Potiguar, sem nenhuma dificuldade. Não tinha rastros de volantes, mesmo na Paraíba, onde havia saqueado o povoado Canto do Feijão, hoje município de Santa Helena, fazenda grande estardalhaço e provocando mortes.

O agricultor José Leite cuidava dos afazeres da fazenda Baixio, quando foi surpreendido pelo tropel dos cavalos. Sequer reconheceu os filhos no meio do bando. Massilon e Manoel Leite, o Pinga Fogo, tomaram a Bênção. 


Este senhor à direita chama-se Manuel Leite, cangaceiro Pinga Fogo irmão de Massilon. Foi o responsável para cuidar dos reféns, quando do ataque à Mossoró. Em suas anotações Antonio Gurgel registrou que foi muito bem cuidado por ele, classificou-o como uma pessoa muito atenciosa. Ele entrou quando o grupo passava pela Paraíba, (Nas proximidades de Santa Helena) e abandonou o cangaço pouco após o fracassado ataque à cidade potiguar, quando fugiu junto com o irmão para a cidade de Imperatriz, no Estado do Maranhão, onde constituiu família de 10 filhos. Fonte: facebook Página: Jose Tavares De Araujo Neto http://blogdomendesemendes.blogspot.com

Surpreso ao ver Manoel na tropa, o velho reclamou, mas depois lavou as mãos. Só pediu para não invadirem a fazenda do coronel Joaquim Moreira que era seu patrão e padrinho de Massilon, mas ficou sem resposta.


Coronel Joaquim Moreira, seqüestrado pelo bando de Lampião na Fazenda Nova. Fonte: Dantas (2005). - 2ª fonte da imagem: http://jotamaria-fogodacaicara.blogspot.com.br

Um pouco afastado, Lampião avistava a região serrana do Rio Grande do Norte. Decidiu com Massilon seguir para Mossoró margeando a serra de Martins, mesmo sendo mais longe. Para guiá-los, prenderam o vaqueiro Francisco Galdino.

Continuaremos amanhã com o título:
"Terror em terras potiguares"

Fonte: Jornal De Fato
Revista: Contexto Especial
Nº: 8
Página: 11,12, 13 e 14
Ano: 6
Cidade: Mossoró-RN
Editor: José de Paiva Rebouças
E-mail: josedepaivareboucas@gmail.com
Ilustrado por: José Mendes Pereira

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