João de Sousa Lima e Erasmo de Oliveira |
Os povoados Tingui e Alto dos Coelhos, em Água Branca, Alagoas, foram dois grandes palcos das histórias do cangaço.
Em recente visita ao amigo Aldiro, no
povoado Alto dos Coelhos, aproveitei para ir ao Tingui conhecer o senhor Erasmo
de Oliveira, que teve vários componentes da família envolvidos nas histórias do
cangaço. Estive lá na companhia dos amigos Deyvid e Raul.
O pai de Erasmo, o senhor João Antônio
de Oliveira, conhecido pelo apelido de “Yoyô” e seu avô Luiz Oliveira “Lulú”, quase
encontraram a morte por terem feito comentários sobre Lampião.
Yoyô foi procurar uns bodes
e avistou um cachorro e pela coleira enfeitada
do animal deduziu que era um dos cães pertencentes a Lampião. Quando o garoto
chegou ao Tingui contou ao seu pai Luiz Oliveira sobre a presença do cachorro nas
proximidades e Lulu espalhou a notícia que os cangaceiros estavam arranchados nas
redondezas. Poucos minutos depois Lampião já sabia dos comentários sobre sua
presença próximo ao Tingui e prometeu ajustar contas com Lulú.
Outro morador do Tingui, que era amigo
de Lulú e que também teve problemas com os cangaceiros foi um jovem chamado Nozinho Garapa que namorava com Maria
“Doninha” que havia sido namorada do jovem “Santo” que era amigo dos
cangaceiros e depois foi ser policial. O mesmo soldado Santo que estava na
Grota do Angico, no dia 28 de julho de 1938, dia em que foram mortos vários
cangaceiros, inclusive o Rei do Cangaço. Nessa época, Santo ainda era um dos fieis coiteiros
de Lampião e os cangaceiros queriam que ele ficasse com Doninha e decidiram que
iriam pegar Nozinho Garapa e deixar o caminho aberto para Santo ficar com a disputada
mulher.
Mais um jovem do Tingui, de nome Lídio, comentou
que no povoado Riacho Seco só tinha coiteiros de Lampião e mais uma vez os
fuxicos, inflamados pelos coiteiros que ele tinha no lugar, chegaram aos
ouvidos do Rei do Cangaço, que esquematizou um ataque ao Tingui para matar os
três jovens. Lampião comentou que iria ao Tingui matar Lídio, Lulú e Nozinho
Garapa.
Um dos grandes coiteiros de Lampião no Tingui
era o senhor Abílio. Em um dos encontros
entre o cangaceiro e Abílio, no coito conhecido como Caldeirão da Januária,
Lampião falou do intento de matar os três jovens e Abílio sabendo do plano
macabro do cangaceiro, falou que ele não fizesse isso, pois eles eram da mesma
família. O dia todo o cangaceiro e o coiteiro ficaram nessa conversa e peleja,
Lampião prometendo matar os três rapazes e Abílio pedindo que não.
Até que o Rei do Cangaço resolveu atender
ao pedido de Abílio, alertando para que ele avisasse aos jovens que não tocasse
mais no nome dele, o que foi de pronto atendido.
Tempos depois Lampião acabou matando um
irmão de Yoyô, o senhor Oliveira e mais alguns filhos, um crime bárbaro que
manchou a passagem do cangaço naquela região. Tudo por causa de um grande mal
da sociedade: O “Fuxico”. Uma praga que dizimou tantas vidas inocentes, falsos
boatos levantados por discórdias entre amigos, vizinhos e parentes, tendo por
suporte a violência cangaceira.
Um fato interessante foi que meu entrevistado,
o senhor Erasmo de Oliveira, mesmo diante de tantas histórias violentas, disse
que teria sido cangaceiro, se na época tivesse idade.
João de Sousa Lima
paulo Afonso, 20 de junho de 2017
www.joaodesousalima.blogspot.com
João, Erasmo, Raul e Deyvinho |
Nenhum comentário:
Postar um comentário