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terça-feira, 20 de junho de 2017

O CANGAÇO NO TINGUI E ALTO DOS COELHOS: RASTROS DE ÓDIO E SANGUE - www.joaodesosualima.blogspot.com

João de Sousa Lima e Erasmo de Oliveira



           Os povoados Tingui e Alto dos Coelhos, em Água Branca, Alagoas, foram dois grandes palcos das histórias do cangaço.
       Em recente visita ao amigo Aldiro, no povoado Alto dos Coelhos, aproveitei para ir ao Tingui conhecer o senhor Erasmo de Oliveira, que teve vários componentes da família envolvidos nas histórias do cangaço. Estive lá na companhia dos amigos Deyvid e Raul.
       O pai de Erasmo, o senhor João Antônio de Oliveira, conhecido pelo apelido de “Yoyô” e seu avô Luiz Oliveira “Lulú”, quase encontraram a morte por terem feito comentários sobre Lampião.
Yoyô foi procurar uns bodes e avistou um cachorro  e pela coleira enfeitada do animal deduziu que era um dos cães pertencentes a Lampião. Quando o garoto chegou ao Tingui contou ao seu pai Luiz Oliveira sobre a presença do cachorro nas proximidades e Lulu espalhou a notícia que os cangaceiros estavam arranchados nas redondezas. Poucos minutos depois Lampião já sabia dos comentários sobre sua presença próximo ao Tingui e prometeu ajustar contas com Lulú.
       Outro morador do Tingui, que era amigo de Lulú e que também teve problemas com os cangaceiros foi um jovem  chamado Nozinho Garapa que namorava com Maria “Doninha” que havia sido namorada do jovem “Santo” que era amigo dos cangaceiros e depois foi ser policial. O mesmo soldado Santo que estava na Grota do Angico, no dia 28 de julho de 1938, dia em que foram mortos vários cangaceiros, inclusive o Rei do Cangaço.  Nessa época, Santo ainda era um dos fieis coiteiros de Lampião e os cangaceiros queriam que ele ficasse com Doninha e decidiram que iriam pegar Nozinho Garapa e deixar o caminho aberto para Santo ficar com a disputada mulher.
     Mais um jovem do Tingui, de nome Lídio, comentou que no povoado Riacho Seco só tinha coiteiros de Lampião e mais uma vez os fuxicos, inflamados pelos coiteiros que ele tinha no lugar, chegaram aos ouvidos do Rei do Cangaço, que esquematizou um ataque ao Tingui para matar os três jovens.  Lampião comentou  que iria ao Tingui matar Lídio, Lulú e Nozinho Garapa.
     Um dos grandes coiteiros de Lampião no Tingui era o senhor Abílio.  Em um dos encontros entre o cangaceiro e Abílio, no coito conhecido como Caldeirão da Januária, Lampião falou do intento de matar os três jovens e Abílio sabendo do plano macabro do cangaceiro, falou que ele não fizesse isso, pois eles eram da mesma família. O dia todo o cangaceiro e o coiteiro ficaram nessa conversa e peleja, Lampião prometendo matar os três rapazes e Abílio pedindo que não.
      Até que o Rei do Cangaço resolveu atender ao pedido de Abílio, alertando para que ele avisasse aos jovens que não tocasse mais no nome dele, o que foi de pronto atendido.
      Tempos depois Lampião acabou matando um irmão de Yoyô, o senhor Oliveira e mais alguns filhos, um crime bárbaro que manchou a passagem do cangaço naquela região. Tudo por causa de um grande mal da sociedade: O “Fuxico”. Uma praga que dizimou tantas vidas inocentes, falsos boatos levantados por discórdias entre amigos, vizinhos e parentes, tendo por suporte a violência cangaceira.
     Um fato interessante foi que meu entrevistado, o senhor Erasmo de Oliveira, mesmo diante de tantas histórias violentas, disse que teria sido cangaceiro, se na época tivesse idade.

João de Sousa Lima
paulo Afonso, 20 de junho de 2017
www.joaodesousalima.blogspot.com





João, Erasmo, Raul e Deyvinho


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