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segunda-feira, 27 de março de 2023

LIVRO

   Por José Irari

Prezados confrades estudiosos e pesquisadores do tema nordeste e cangaço!! Novo livro do renomado escritor José Bezerra Lima Irmão!! Desta vez sobre Maria Bonita, recomendo sem medo de decepcionar... escritor de pesquisas honestas e fundamentais para estudos do tema. Adquirir meu exemplar via professor Francisco Pereira Lima

Desde já, parabéns nobre amigo José Bezerra Lima Irmão. 

Que venham outros trabalhos!

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IV BIENAL DO LIVRO DE PAULO AFONSO

Por Gilmar Teixeira 

Começa nessa Quarta-feira a IV Bienal do livro de Paulo Afonso, será um grande evento literária aberto a todos os amantes da boa literatura, quero aproveitar a oportunidade e convidar todos vocês para fazer parte dessa festa literária, ler ainda é o melhor remédio para manter a mente sadia.

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CAUSA FEMININA - JOSÉ DI ROSA MARIA - CANTA: BONEDIS EDUARDO

Por José Di Rosa Maria

 

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Letra & Música: José Di Rosa Maria Arranjos & Interpretação: Bonedis Eduardo Viva a Arte!

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MORENO E A VINGANÇA IMPLACÁVEL DE LAMPIÃO

Por José Romero de Araújo Cardoso

Sebastião Pereira e Silva (Sinhô Pereira) ocupa posição destacada na grande saga do cangaço nordestino, tendo sido um dos seus comandantes. Era neto de Andrelino Pereira, o Barão do Pajeú. Em suas andanças pelo sertão, na vida bandoleira, Sinhô Pereira se comportou como homem honesto e nobre, tendo como meta a vingança de dois parentes, vítimas da violenta luta entre as famílias Pereira e Carvalho, que encharcou de sangue e ódio o vale do Pajeú, desde o ano de 1848.

Sob o comando de Sinhô Pereira, como chefe de cangaço, esteve Joaquim Laurindo de Sousa, cearense nascido em Mssão Velha no ano de 1898, que passou a ser conhecido pelo apelido de Moreno, devido a cor da sua pele. Ele se destacou como cabra de confiança do seu chefe, entre tantos que compunham o bando cangaceiro.
Antes de ingressar no cangaço, sob as ordens de Sinhô Pereira, Joaquim Laurindo residiu na fazenda Bom Nome, na comarca de Vila Bela (hoje Serra Talhada, Estado de Pernambuco), de propriedade de João (Janjão) Pereira, irmão de Sinhô Pereira, onde conheceu e fez amizade com muitos cangaceiros, mais tarde seus companheiros na vida bandoleira.
Numa festa no Bom Nome, Joaquim Laurindo conheceu, em meados de 1914, uma moça de nome Luísa Alves Batista, filha do vaqueiro Tomás, misto de agregado e capataz da fazenda Pitombeira, também situada na comarca e Vila Bela, pertencente a Antônio Pereira, filho do Barão do Pajeú e tio de Sinhô Pereira. Havia inimizade entre os dois por causa de divergências corriqueiras.
Desde logo, Joaquim Laurindo começou a namorar a filha do vaqueiro Tomás, contra a vontade do “Coronel” Antônio Pereira, que para ela tinha um outro pretendente ao casamento. Luísa estava decidida a se unir por laço matrimonial ao jovem cearense de Missão Velha, o que de fato aconteceu, acompanhando-o até o fim de sua jornada de infortúnios.
Luísa Alves Batista nasceu no dia 25 de agosto de 1894, na fazenda Pitombeira, onde se criou, possuindo razoável grau de instrução para a época. Como Joaquim Laurindo era analfabeto, ela logo tratou de alfabetizá-lo aos pouco, conseguindo bons resultados.
Apesar da oposição do “Coronel” Antônio Pereira, Luísa e Joaquim Laurindo se casaram em 1916 e foram residir na fazenda de Janjão Pereira, porque nenhum outro proprietário de terras da comarca de Vila Bela ousaria aceitar o casal como seus moradores, para não desagradar o intransigente dono da fazenda Pitombeira.
Logo após o casamento, deu-se o ingresso de Joaquim Laurindo no bando de Sinhô Pereira, pois a fazenda Bom Nome era um dos coitos preferidos pelo grupo. Um outro local de concentração de cangaceiros na comarca de Vila Bela, era a fazenda Abóboras, pertencente ao “Coronel” Marçal Florentino Diniz, mais tarde propriedade do “Coronel” José (Zé) Pereira Lima, genro e cunhado do antecessor.
Então, já com o apelido de Moreno, Joaquim Laurindo serviu lealmente a Sinhô Pereira em seus propósitos cangaceiros. No bando, Moreno conheceu e conviveu com importantes companheiros, entre os quais Virgulino Ferreira da Silva (Lampião) e seus irmãos.
A primeira retirada de Sinhô Pereira para o Estado de Goiás ocorreu em dezembro de 1918. Por isto, Moreno decidiu abandonar o cangaço, indo se fixar no Barro (Estado do Ceará), onde não chegou a desfrutar da proteção do “Major” José Inácio de Sousa. Em março de 1920, com o retorno de Sinhô Pereira ao sertão do Pajeú, Moreno voltou à vida cangaceira, nela permanecendo na companhia do seu chefe, até que largou em definitivo o cangaço e regressou a Goiás, o que se deu no dia 8 de agosto de 1922. Em decorrência disto, o bando passou a ser comandado por Lampião.
Moreno, então, recebeu convites entusiásticos, da parte do novo chefe, para permanecer no cangaço, não os tendo levado em consideração. Tal recusa lhe trouxe a aversão de Lampião.
Depois disso, Moreno e sua família passaram a morar na fazenda Saco dos Caçulas, pertencente a Marcolino Pereira Diniz, situada nas proximidades do povoado Patos de Irerê, no município de Princesa (Estado da Paraíba). Ele logo mereceu a confiança de todos que ali viviam, dedicando-se tão-somente à agricultura e ao pastoreio. Por sua vez, Luísa muito se aproximou da senhora Alexandrina Pereira Lima (Dona Xandu), esposa e sobrinha do “Coronel” Zé Pereira Lima, a ponto de se tornar a sua queijeira preferida.
Na fazenda Saco dos Caçulas, Luísa tratou do calcanhar de Lampião, com ervas medicinais recomendadas pelo doutor Severiano Diniz, após o tiro que o bandido recebeu da volante de Teófanes Ferraz Torres.
Naquela época, o município de Princesa era procurado por cangaceiros de todas as procedências, o que explica os freqüentes encontros de Moreno com os seus antigos companheiros. Antônio Augusto Correia (Bagaço e depois Meia-Noite) foi um dos bandidos que compunham o bando de Sinhô Pereira. Durante algum tempo ele se fixou em Patos de Irerê, trabalhando nas moagens dos engenhos de rapadura e aguardente do “Coronel” Marçal Florentino Diniz. De dia era um simples trabalhador nos canaviais e moendas, voltando a ser bandido à noite, quando roubava propriedades rurais de outros municípios, razão do seu segundo apelido.
Engajado no bando cangaceiro chefiado por Chico Pereira, Chico Lopes e os irmãos de Lampião (Antônio e Levino Ferreira), Meia-Noite se encontrava entre os cabras que atacaram a cidade de Sousa (Estado da Paraíba), no dia 27 de julho de 1924. Juntamente com o cangaceiro Paizinho, ele cometeu os maiores desatinos contra o juiz de Direito daquela comarca sertaneja.
De regresso ao município de Princesa, Meia-Noite se casou com uma mulata, Maria Alexandrina Vieira, filha de um morador do Saco dos Caçulas, o que ocorreu sob os protestos do Padre Floro Florentino Diniz.
Perseguido por forças volantes, Meia-Noite e sua esposa se homiziaram no sítio Tataíra, situado em área fronteiriça dos municípios de Princesa e Triunfo (Estado de Pernambuco). Ali, uma tropa de cachimbos contratada pelo “Coronel” Zé Pereira lhes deu cerco numa casa-de-farinha, resultando em intenso tiroteio. Meia-Noite e sua mulher resistiram galhardamente, tendo ele abandonado o refúgio somente quando as forças policiais e civis aquarteladas na serra do Pau Ferrado, comandada pelos Tenentes Manuel Benício, Clementino Quelé e Francisco de Oliveira, se deslocaram para o sítio Tataíra, formando um efetivo de 84 homens cercando o cangaceiro. Este fugiu após ter deflagrado 496 cartuchos de fuzil Mauser DWN, modelo 1912. Maria Alexandrina foi presa e escoltada para a cadeia da cidade de Princesa (Almeida, 1926: 65-67).
Com muito esforço, ferido gravemente, Meia-Noite conseguiu chegar ao Saco dos Caçulas, onde Luísa Alves Batista o atendeu compadecida, dando-lhe uma cuida d´água. De imediato, o bandido foi transportado para local ermo e afastado da sede da fazenda, onde foi assassinado por um cabra conhecido por Tocha, ou Antônio Lalau, morte ordenada por Manuel Lopes Diniz. Este era inspetor de quarteirão do povoado de Patos de Irerê, sendo homem da inteira confiança de Marcolino Pereira Lima e chefe da guarda pessoal do “Coronel” Zé Pereira Lima.
Lampião acusou Moreno de ser cúmplice da morte de Meia-Noite, o que não era verdade. Segundo consta, Moreno apenas acompanhou a esposa do cangaceiro até a cadeia de Princesa, como medida de proteção, pois ela estava em mãos de verdadeiras feras humanas.
Com a experiência adquirida na militância no cangaço, Moreno deve ter pressentido a fúria de vingança implacável que poderia se abater sobre ele, pois bem conhecia a personalidade e a periculosidade de Virgulino Ferreira da Silva (Lampião). Por isso, tratou logo de se engajar em forças volantes aquarteladas em Princesa, em campanha de combate ao banditismo, forte e ostensivamente organizada pelo governo do Estado da Paraíba, na presidência de João Suassuna (1924-1928).
Moreno permaneceu como soldado até a eclosão da revolta de Princesa, quando desertou da sua tropa para servir sob o comando dos chefes da sedição.
Comandado por Marcolino Pereira Diniz, ele encontrou na luta armada antigos companheiros do bando de Sinhô Pereira, entre os quais se destacaram os cabras Luís do Triângulo e Chocho. Tornou-se um dos maiores cabos-de-guerra, tendo participado da tomada de Patos de Irerê, pois esta localidade foi invadida por forças legalistas, com o objetivo de transformar em reféns os membros de famílias importantes ali residentes.
Era intenção de tais forças legalistas marchar em direção a Princesa, usando mulheres reféns como escudos humanos. Entre estas se encontrava a senhora Alexandrina (Xandu) Douetts Diniz, esposa de Marcolino Pereira Diniz, acompanhada de outras mulheres de tradicionais famílias de Princesa.
Na luta pela posse de Patos de Irerê, a tropa da Polícia Militar da Paraíba sofreu as maiores baixas, pois foram devastadoras as investidas dos sediciosos, para libertação dos reféns, resultando na derrota dos legalistas, comandados pelo Tenente Raimundo Nonato.
Moreno também participou do cerco ao povoado Tavares, onde se desenrolaram lances trágicos e desumanos. Os revoltosos usaram de todos os artifícios para dizimar a coluna legalista ali aquartelada, ficando oficiais e soldados em condições vexatórias até o final da luta.
Após o assassinato de João Pessoa, ocorrido em 26 de julho de 1930, Moreno perambulou com a família pelos sertões de Pernambuco e Alagoas, indo se fixar no povoado alagoano de Matinha de Água Branca.
Há tempos Lampião estava agindo na área fronteiriça dos Estados de Pernambuco e Alagoas, onde quase conseguiu por as mãos no “Coronel” Zé Pereira Lima, quando este palmilhava o sertão, juntamente com o mestre Abílio da Metralhadora, fugindo da fúria vingadora dos liberais, fanatizados com a vitória da Revolução de 1930.
Ao saber que Moreno estava residindo em sua área de atuação, renasceu o ódio que Lampião tinha pelo antigo companheiro de cangaço.
Na fazenda Croatá, situada nas proximidades de Matinha de Água Branca, propriedade de João Marques Sandes, ligado por laços de parentesco à Baronesa de Água Branca, Moreno viveu aparentemente sossegado, co a sua família, até o dia 13 de fevereiro de 1936. Na fatídica noite daquele dia, Lampião com a sua caterva o aprisionou em sua própria casa. Em seguida, foi amarrado e minuciosamente inquirido em frente a uma fogueira acesa pelo bando. Depois, Moreno foi fuzilado, tendo o serviço sido executado pelo cangaceiro Chumbinho.
Dessa forma, Lampião agia inexoravelmente com os seus desafetos, independentemente de qualquer projeção espacial ou temporal. Como sempre acontecia, sua vingança era implacável e terrível. Para Lampião, apenas a morte pagava uma traição.
Em carta datada de 3 de março de 1978, procedente de Lagoa Grande, distrito de Presidente Olegário (Estado de Minas Gerais), dirigida a Luísa Alves Batista, Sinhô Pereira confessa que já não tinha boa vontade com Lampião, devido aos assassinatos de Zé Nogueira e Moreno. A morte de Zé Nogueira foi um episódio hediondo, protagonizado por Lampião e seu irmão Antônio, tendo ocorrido o crime no dia 23 de fevereiro de 1926, na fazenda Serra Vermelha (Serra Talhada – Estado de Pernambuco).
Agradecimentos: Agradeço as entrevistas que me concederam Madalena de Sousa, Rita Maria de Sousa e José Laurindo de Sousa, filhos de Joaquim Laurindo de Sousa (Moreno) e Luísa Alves de Sousa. Igualmente agradeço a Hermosa Goes Sitônio, Belarmino Medeios e Zacarias Sitônio, testemunhas oculares dos fatos históricos ocorridos em Princesa, referidos neste estudo, pelas entrevistas a mim concedidas.

Bibliografia selecionada
Entrevistas pessoais:
Medeiros, Belarmino. João Pessoa, 15 de maio de 1993
Sitônio, Hermosa Goes. João Pessoa, 15 de maio de 1993
Sitônio, Zacarias. João Pessoa, 15 de maio de 1993
Sousa, José Laurindo de. João Pessoa, 13 de junho de 1993
Sousa, Madalena de. João Pessoa, 21 de abril de 1993
Sousa, Rita Maria de. João Pessoa, 21 de abril de 1993

Referência bibliográfica
Almeida, E. – 1926 – Lampeão – sua história. Imprensa Official, 130 pp., [6] est., Parahyba (João Pessoa).
(*) Geógrafo (UFPB). Professo-adjunto do Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente (PRODEMA/UERN).

GLOSAS

Por José G. Diniz



Loura e linda igual a lua

Parece uma flor brotando

Fica a todos encantando

Caminhando em uma rua

Com uma blusa costa nua

Seu nome era Diomera

Linda igual a primavera

Seu coração sem ferrolho

Em um só piscar de olho

Conquistei minha paquera


A tempo vivia observando

Atos daquela bela mulher

Por não ser uma qualquer

Que eu estava paquerando

Fiquei paciente esperando

Pois só alcança quem espera

A tempo eu sabia que ela era

Uma pimenta em um molho

Em um só piscar de olho

Conquistei minha paquera


Sou velho mas sou exigente

Só fico com quem me agrada

Para ser por mim bem amada

Preciso que seja competente

Meiga amorosa e inteligente

Eu não sou mais da galera

Só quero uma mulher sincera

Sou velho posudo e escolho

Em um só piscar de olho

Conquistei minha paquera.


Mote de António de Mello

Grosas de Jose Gomes


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LIVRO

   Por José Bezerra Lima Irmão

Diletos amigos estudiosos da saga do Cangaço.

Nos onze anos que passei pesquisando para escrever “Lampião – a Raposa das Caatingas” (que já está na 4ª edição), colhi muitas informações sobre a rica história do Nordeste. Concebi então a ideia de produzir uma trilogia que denominei NORDESTE – A TERRA DO ESPINHO.

Completando a trilogia, depois da “Raposa das Caatingas”, acabo de publicar duas obras: “Fatos Assombrosos da Recente História do Nordeste” e “Capítulos da História do Nordeste”.

Na segunda obra – Fatos Assombrosos da Recente História do Nordeste –, sistematizei, na ordem temporal dos fatos, as arrepiantes lutas de famílias, envolvendo Montes, Feitosas e Carcarás, da zona dos Inhamuns; Melos e Mourões, das faldas da Serra da Ibiapaba; Brilhantes e Limões, de Patu e Camucá; Dantas, Cavalcanti, Nóbregas e Batistas, da Serra do Teixeira; Pereiras e Carvalhos, do médio Pajeú; Arrudas e Paulinos, do Vale do Cariri; Souza Ferraz e Novaes, de Floresta do Navio; Pereiras, Barbosas, Lúcios e Marques, os sanhudos de Arapiraca; Peixotos e Maltas, de Mata Grande; Omenas e Calheiros, de Maceió.

Reservei um capítulo para narrar a saga de Delmiro Gouveia, o coronel empreendedor, e seu enigmático assassinato.

Narro as proezas cruentas dos Mendes, de Palmeira dos Índios, e de Elísio Maia, o último coronel de Alagoas.

A obra contempla ainda outros episódios tenebrosos ocorridos em Alagoas, incluindo a morte do Beato Franciscano, a Chacina de Tapera, o misterioso assassinato de Paulo César Farias e a Chacina da Gruta, tendo como principal vítima a deputada Ceci Cunha.

Narra as dolorosas pendengas entre pessedistas e udenistas em Itabaiana, no agreste sergipano; as façanhas dos pistoleiros Floro Novaes, Valderedo, Chapéu de Couro e Pititó; a rocambolesca crônica de Floro Calheiros, o “Ricardo Alagoano”, misto de comerciante, agiota, pecuarista e agenciador de pistoleiros.

......................

Completo a trilogia com Capítulos da História do Nordeste, em que busco resgatar fatos que a história oficial não conta ou conta pela metade. O livro conta a história do Nordeste desde o “descobrimento” do Brasil; a conquista da terra pelo colonizador português; o Quilombo dos Palmares.

Faz um relato minucioso e profundo dos episódios ocorridos durante as duas Invasões Holandesas, praticamente dia a dia, mês a mês.

Trata dos movimentos nativistas: a Revolta dos Beckman; a Guerra dos Mascates; os Motins do Maneta; a Revolta dos Alfaiates; a Conspiração dos Suassunas.

Descreve em alentados capítulos a Revolução Pernambucana de 1817; as Guerras da Independência, que culminaram com o episódio do 2 de Julho, quando o Brasil de fato se tornou independente; a Confederação do Equador; a Revolução Praieira; o Ronco da Abelha; a Revolta dos Quebra-Quilos; a Sabinada; a Balaiada; a Revolta de Princesa (do coronel Zé Pereira),

Tem capítulo sobre o Padre Cícero, Antônio Conselheiro e a Guerra de Canudos, o episódio da Pedra Bonita (Pedra do Reino), Caldeirão do Beato José Lourenço, o Massacre de Pau de Colher.

A Intentona Comunista. A Sedição de Porto Calvo.

As Revoltas Tenentistas.

Quem tiver interesse nesses trabalhos, por favor peça ao Professor Pereira – ZAP (83)9911-8286. Eu gosto de escrever, mas não sei vender meus livros. Se pudesse dava todos de graça aos amigos...

Vejam aí as capas dos três livros:


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Adquira-os através deste endereço:

franpelima@bol.com.br

Ou com o autor através deste:


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CASA DE PEDRA - O TEMPO DIRÁ.

 Por Rangel Alves da Costa

Muitos me chamaram de louco quando viram a Casa de Pedra subindo. Hoje apenas se espantam com o que avistam. A loucura alardeada está se transformando numa realidade linda e grandiosa. 

A "loucura do louco" logo se transformará em orgulho para Poço Redondo e o sertão sergipano. Atrairá muitos visitantes e conterrâneos para os seus sombreados, ainda que seja apenas uma casa de moradia. E para sempre a minha memória permanecerá na visão e na história da Casa de Pedra. O louco ou o visionário, não sei. O tempo dirá!

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O CANGAÇO NA BAHIA: A INCIDÊNCIA HISTÓRICA DESSE FENÔMENO EM PAULO AFONSO – BA

 Rubervânio Rubinho Lima*


Introdução 

Esta pesquisa, guiada pela perspectiva ampla dos estudos históricoculturais, procura avaliar o estado de agregação dos acontecimentos históricos relacionados ao cangaço na Bahia, tomando como foco a cidade de Paulo Afonso, no âmbito dos fatores que circundam a recuperação da história das origens da cidade, através da valorização da memória. Fazendo um contraponto entre as inúmeras manifestações históricas que aparecem na cidade, tomando como base os indícios de que os cangaceiros, de certa forma, conseguiram com que o progresso caminhasse no sertão e, levando em consideração que a cidade de Paulo Afonso traz um potencial histórico que vem sendo explorado, através da temática do cangaço. A intenção é evidenciar a parte histórica relacionada aos diversos acontecimentos, no período em que Lampião e seus bandos percorriam pelo sertão baiano, mais precisamente pela jovem cidade, que foi palco de inúmeras histórias e ajudou a engrossar as fileiras do cangaço com muitos cangaceiros e cangaceiras, a exemplo da pauloafonsina Maria Bonita, que decidiu, num ato de amor e coragem, seguir Lampião até o fim da vida. Desse modo, há, na cidade, * Representante territorial de cultura do Território da Cidadania Itaparica BA/PE. Formado em Letras – Inglês e Português pela Faculdade Sete de Setembro – FASETE, com Especialização em Estudos Literários na Universidade Estadual de Feira de Santana - UEFS, e Especialização em Gestão Cultural pelo Serviço Nacional do Comércio (SENAC/EAD), escritor, pesquisador e membro da SBEC – Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço. Bolsista da UNEB Campus VIII – OPARÁ – Centro de Pesquisas em Etnicidades, Movimentos Sociais e Educação. E-mail: rubinholim@gmail.com Opará: Etnicidades, Movimentos Sociais e Educação, Paulo Afonso, v. 2, n. 3, p. 61-75, jan./dez. 2014 Acesse: www.uneb.br/opara | ISSN 2317-9457 | 2317-9465 62 uma busca visível pela definição histórico-cultural e pela identidade, para que, com isso, Paulo Afonso descubra-se, desperte e se afirme culturalmente. Este capítulo surgiu da feliz constatação do potencial histórico e cultural da cidade de Paulo Afonso, no interior da Bahia, que hoje anda junto com o potencial turístico, ecológico e energético, já tão explorados na região. Contando com 57 anos de idade, completados no dia 28 de Julho do ano de 2015 (coincidentemente também, data em que, no ano de 1938, é dado fim à vida de Lampião e Maria Bonita) a cidade, que antes era um povoado bem pequeno, pertencente à antiga Santo Antonio da Glória, hoje Glória, se destaca pelo seu potencial energético, através de uma companhia hidroelétrica, e também pelo privilegio de estar localizada às margens do Rio São Francisco, fazendo então divisa com os estados de Alagoas, Sergipe e Pernambuco. Na tentativa de unir passado e presente, o trabalho trata de alguns acontecimentos regionais em paralelo com manifestações artísticas e com estudos, a fim de divulgar a cultura nordestina, sobretudo, procurando apontar a cidade como berço cultural, encubando artistas e pesquisadores que utilizam a temática do cangaço como inspiração. Com este trabalho, há uma busca pela valorização da história local, partindo da observação da entrada de Lampião ao estado da Bahia, na década de 20, como forma de avaliar o valor histórico da passagem do cangaço pelas terras baianas e para favorecer espaços de fixação da memória coletiva e promover questões culturais existentes ou em fase de concretização, através do estudo desse fenômeno. Paulo Afonso, em detrimento de suas belezas naturais e de sua belíssima cachoeira, a qual já serviu de inspiração para o poeta baiano Castro Alves, possui hoje lugar de destaque no turismo ecológico, esportes radicais e, atrelando-se a esse cenário, também o turismo do cangaço, que atualmente tem ganhado força e despertado pesquisadores, artistas e estudantes em geral para essa forma de ressignificação da memória da cidade. Além de todos os rumos culturais, agregados aos Rubervânio Rubinho Lima Opará: Etnicidades, Movimentos Sociais e Educação, Paulo Afonso, v. 2, n. 3, p. 61-75, jan./dez. 2014 Acesse: www.uneb.br/opara | ISSN 2317-9457 | 2317-9465 63 trabalhadores que vieram de vários lugares do Brasil e trouxeram de suas origens, na construção das usinas de geração de energia, há também algumas manifestações culturais e fatores históricos que são uma forma de alicerçar a cultura da cidade, tais como os festejos nordestinos e a história forte do cangaço, presentes nas terras pauloafonsinas. Com isso, esse estudo pretenderá percorrer pelos rumos da história, através de um estudo aprofundado nos livros de pesquisadores do tema e da busca por relatos de ex-cangaceiros ou personagens que ainda vivem e que tiveram relação com essas parcelas da história. O cangaço, através de seu representante mais significativo, Virgolino Ferreira da Silva, o Lampião, também teve como cenário a cidade de Paulo Afonso, de modo que, de acordo com estudos, podemos constatar que, a cada dia, o cangaço tem se firmado como algo capaz de movimentar o turismo e a história dessa cidade, no interior baiano. Um Pouco da História Situada no interior da Bahia, estando em uma região privilegiada, com cânions, cachoeiras e belezas naturais invejáveis, Paulo Afonso tem laços territoriais com os municípios baianos de Nova Glória, Jeremoabo e Santa Brígida. Paulo Afonso localiza-se na margem direita do Rio São Francisco, na porção submédia. Do outro lado do rio, carinhosamente também chamado “Velho Chico”, estão os estados de Alagoas, Sergipe e Pernambuco. A área de Paulo Afonso é de 1.018 km2, e sua sede dista 480km de Salvador. O município está compreendido na Região do Semi-árido e toda sua área está incluída no polígono das secas. A cidade de Paulo Afonso, justamente pela forma como foi originada, através da construção das usinas da CHESF – Companhia Hidroelétrica do São Francisco, não possui uma composição de elementos que sinalizam a cultura local definida e isso é um dos objetivos desse estudo, o de percorrer pelas evidencias históricas e pela memória coletiva do lugar em busca de conhecer alguns elementos que podem dizer que a cidade esteve inserida no hall das que serviram de cenário para o fenômeno do cangaço. O Cangaço na Bahia: A Incidência Histórica desse Fenômeno em Paulo Afonso – Ba Opará: Etnicidades, Movimentos Sociais e Educação, Paulo Afonso, v. 2, n. 3, p. 61-75, jan./dez. 2014 Acesse: www.uneb.br/opara | ISSN 2317-9457 | 2317-9465 64 Entretanto, para que essa pesquisa possa ter uma fagulha inicial, percebe-se que há uma movimentação muito forte, em se tratando da questão das origens de alguns dos personagens mais marcantes no período em que, no nordeste, com a influência de vários fatores e de acordo com o contexto social em que os sertanejos se encontravam na época, pelo cangaço, que aponta uma certa apropriação dessa temática que é polêmica até os dias de hoje, no que pesquisadores e artistas, de um modo geral, se inspiram em partículas históricas e o cangaço aparece também como um tema em que a arte e o estudo se debruçam, nos dias atuais. O marco inicial dessa pesquisa é a travessia de Lampião e outros sicários, para o estado da Bahia, nas águas do São Francisco, no dia 21 de agosto de 1928. Em 2015 completaram-se 87 anos que o “Rei do Cangaço”, com mais cinco cangaceiros, vindo do estado de Pernambuco, atravessaram o Rio São Francisco e se instalaram na Bahia, passando a atuarem, em suas ações de bandidos das caatingas nesse estado. Contudo, esse período, que compreendem há dez anos, até a ocasião da morte do representante maior, em 1938, também reserva muita magia, pois foi um tempo em que as mulheres passaram a acompanharem seus companheiros cangaceiros, as indumentárias e objetos foram ganhando retoques, detalhes, arranjos florais, enfeites de ouro, moedas e jóias e a ostentação passou a ser mais eminente. É uma retomada do cenário fantástico dos cangaceiros, repleto de riquezas, ouro, cores, ornamentos e ostentação nas suas roupas, armas, chapéus, através da observação de objetos e de fotos que mostram a beleza e magia desse ambiente, através das artes e ornamentos, bem como toda a magia que circunda o fenômeno do cangaço, na análise de muitos desses artigos, hoje encontrados em posse de pesquisadores da região. De acordo com o pesquisador e escritor João de Sousa Lima (LIMA, 2003, p. 16), Paulo Afonso serviu como uma das cidades que mais forneceu cangaceiros para os grupos, tomando a coroa da cidade de Poço Redondo, Estado de Sergipe, que ficou conhecida como a capital do cangaço, por ter visto 28 filhos da terra seguirem Lampião e seus Rubervânio Rubinho Lima Opará: Etnicidades, Movimentos Sociais e Educação, Paulo Afonso, v. 2, n. 3, p. 61-75, jan./dez. 2014 Acesse: www.uneb.br/opara | ISSN 2317-9457 | 2317-9465 65 subgrupos. Em suas descobertas para a confecção do livro “Lampião em Paulo Afonso”, João de Sousa constatou e enumerou 31 cangaceiros e cangaceiras oriundos da cidade de Paulo Afonso. Além disso, o autor ainda traz mais 15 outros, pertencentes ao povoado chamado Brejo do Burgo, que, mesmo pertencendo à Glória, faz divisa ainda com Paulo Afonso e sempre fez parte do arraial conhecido como Tapera de Paulo Afonso, que somados aos trinta e um cangaceiros pertencentes à cidade pauloafonsina, somaria um total de 46 bandidos dessa região. A exemplo, a figura mais importante, a mulher que conquistou o coração do Rei das caatingas, a Maria Gomes de Oliveira, que ficou imortalizada como Maria Bonita, nasceu no povoado Malhada da Caiçara, hoje pertencente à cidade, em 17 de janeiro 1910 (Conforme aponta o pesquisador Voldi Ribeiro, através de sua mais nova descoberta, de um registro de batismo atribuído à personagem nessa data, o que vai de encontro à informação de que a cangaceira teria nascido no dia 08 de Março de 1911). Na década de 30, com a entrada de Maria Bonita para o cangaço, muitos outros cangaceiros seguiram o exemplo de Lampião, também passaram a ter mulheres ao seu lado, o que mudou completamente o comportamento dos bandidos. Essa entrada de mulheres no bando teve algumas conseqüências, como mais respeito, por parte dos homens, às famílias e a preocupação constante com o bem estar e segurança dessas companheiras, retirando-as da zona de combate sempre que possível (AMAURY; FERREIRA, 1999, p. 193 e 194). As mulheres não participavam dos combates e só portavam revólveres de calibre 32. A função dessas mulheres, no cangaço, era estritamente a de companheiras, pois todos os afazeres necessários de convívio e sobrevivência, como cozinhar, arrumar tendas e acampamento, costurar, eram dos homens. Essas cangaceiras ostentavam riquezas e possuíam muitas jóias, muito ouro e vestidos de seda que eram usados em ocasiões especiais. Constatamos também que, naquela época, diante de tais condições as que viviam os sertanejos, oprimidos pela seca, pobreza e descaso de O Cangaço na Bahia: A Incidência Histórica desse Fenômeno em Paulo Afonso – Ba Opará: Etnicidades, Movimentos Sociais e Educação, Paulo Afonso, v. 2, n. 3, p. 61-75, jan./dez. 2014 Acesse: www.uneb.br/opara | ISSN 2317-9457 | 2317-9465 66 autoridades, a “profissão” do cangaço despertava, nas moças, certo fetiche e fascínio, de modo que muitas desejavam seguir esses caminhos, ao lado dos cangaceiros. Hoje, transcorridas quase 8 décadas da morte de Lampião, constatamos um intenso movimento de apropriação e glorificação do nome desse bandido, tanto pelos cordelistas e poetas, que aparecem como o primeiro suporte para a mitificação de Lampião e para a construção da memória coletiva do cangaço, como também nas cidades em que o Rei do Cangaço se fez presente, com seus bandos, através de grupos ativos de pesquisadores que propõem o cangaço, não só com a tão batida indagação sobre bandido ou heróis, mas como um novo sentido, privando pelas questões históricas, pela identidade e pelo caráter cultural do cangaço. Ainda, relacionado à história do cangaço, surgem os museus do cangaço, espalhados por vários lugares onde o cangaço teve algum indício, cujas finalidades são o subsídio para pesquisadores e turistas que se interessam por essa temática, sendo uma ferramenta para aqueles que pretendem pesquisar, conhecer a fundo e coletar, registrar e colher elementos para reconstrução desse período e fenômeno em questão. Além disso, esses espaços apontam uma visível preocupação com o conhecimento e divulgação da história da cidade em que há indícios da passagem de cangaceiros, em busca de promoverem debate sobre a história e sobre a memória do cangaço. Maria Bonita, como ficou conhecida logo após sua morte, deixou seu nome gravado, desde seu nascimento no município de Paulo Afonso, Malhada da Caiçara, passando por sua decisão de seguir seu amor verdadeiro, o Rei do cangaço, na década de 30, até ao seu fim trágico, no ano de 1938, na fazenda Grota do Angico, quando, juntamente com Lampião e mais nove cangaceiros, foi morta. Mas como sabemos, a sua fama se expandiu, rumou para inúmeros lados do mundo, fazendoa, mesmo após tantos anos de sua morte, uma das figuras brasileiras mais lembrada e pesquisada, junto ao seu amor eterno, o bandido-herói Virgolino Lampião. Rubervânio Rubinho Lima Opará: Etnicidades, Movimentos Sociais e Educação, Paulo Afonso, v. 2, n. 3, p. 61-75, jan./dez. 2014 Acesse: www.uneb.br/opara | ISSN 2317-9457 | 2317-9465 67 Além das manifestações relacionadas ao cangaço na cidade, há uma outra rota cultural que é a visita a então restaurada Casa de Maria Bonita, onde, a partir da iniciativa de pesquisadores como João de Sousa Lima, Luiz Rubem e Juracy Marques, e com o apoio da prefeitura da cidade, foi reerguida, sendo construída conforme era no passado, no tempo em que a cangaceira nasceu e vivia na companhia de seus pais, passando a ser hoje um museu natural. Nessa casa restaurada, podemos encontrar alguns objetos que retratam o viver daqueles tempos e também algumas fotos dos cangaceiros. A reforma e estruturação desse museu natural, além de ativar o turismo do cangaço e propor novas opções de subsistência para os moradores do povoado Malhada da Caiçara, alguns até parentes diretos da Rainha do Cangaço, ainda motivou a construção de uma cartilha e de um documentário sobre a antiga morada de Maria do Capitão, antes de entrar para o cangaço. Com relação a os aspectos históricos, a cidade de Paulo Afonso, nos últimos tempos, tem sido palco de eventos cuja temática é Lampião, cangaceiros da região e, mais recentemente, a cangaceira Maria Bonita, que foi tema de três seminários consecutivos, a partir do ano de 2009 ao ano 2011 sobre o centenário de seu nascimento. A partir do primeiro evento, que aconteceu no mês de março de 2009 e contou com participantes de vários lugares, sendo seqüenciado pelos dois anos seguintes, contabilizando três eventos com a mesma temática. Esses eventos, além de movimentarem estudiosos e interessados pelo tema, ainda possibilitou a firmação da cidade como mais um espaço que compõe a história do cangaço. O mais recente, acontecido em março de 2011, contou com a presença de pesquisadores e historiadores relacionados ao tema e teve resultados que superaram o esperado, tendo as três noites do evento, em que aconteciam as palestras, todas com público vasto, além de promover mesas de debates pertinentes à vida da cangaceira mais famosa e receber visitas de alunos de escolas públicas e privadas para a exposição com fotos e objetos do cangaço e também para a apreciação de vídeos sobre o tema. O Cangaço na Bahia: A Incidência Histórica desse Fenômeno em Paulo Afonso – Ba Opará: Etnicidades, Movimentos Sociais e Educação, Paulo Afonso, v. 2, n. 3, p. 61-75, jan./dez. 2014 Acesse: www.uneb.br/opara | ISSN 2317-9457 | 2317-9465 68 São presenças constantes, nesses eventos, personalidades que fizeram parte desse contexto, como o caso da ex-cangaceira Aristéia, que residia nas proximidades de Paulo Afonso, falecida recentemente com 98 anos e os filhos dos excangaceiros Durvinha e Moreno, que foram descobertos há poucos anos, residindo em Minas, pelo pesquisador João de Souza, que escreveu um livro sobre o casal, considerados os últimos cangaceiros do grupo de Lampião. Ambos, Moreno e Durvinha já faleceram, mas deixaram ricos relatos dos acontecimentos da época em que o cangaço era eminente e também protagonizaram um documentário que tem sido projetado no Brasil e no mundo. Vale salientar que a falecida ex-cangaceira Durvalina Gomes, a Durvinha, como era conhecida no cangaço, é mais uma das que compõem a lista das mulheres que saíram das terras pauloafonsinas para se juntarem aos cangaceiros que percorriam os sertões da Bahia. A cultura que se estabelece com a exploração histórica do lugar, também tem lugar nas diversas expressões artísticas possíveis, tais como as apresentações da APDTAssociação Pauloafonsina de Dança e Teatro, companhia artística da cidade que, em diversas apresentações, traz como tema Lampião, Maria Bonita, o cangaço e o sertão. Essa companhia teatral, conforme relatos da diretora Dolores Moreira, fez um estudo aprofundado, não só nas falas e cenas do cangaço, mas também nos objetos e indumentárias dos cangaceiros, que, em suas peças, retratam perfeitamente todos os detalhes das roupas, utensílios e o falar, usados pelos cangaceiros. Estão na lista das apresentações desse grupo de teatro e dança, espetáculos ligados à temática do cangaço, como “O sertão é lindo”, “Alpercata de couro cru”, “Noite cabreira de Angico”, “Xaxado”, dentre outros. Também, na cidade, podemos destacar um grupo folclórico tradicional, chamado de “Cangaceiros de Paulo Afonso”, que, desde 1956, percorrem as ruas da cidade encenando as batalhas com a volante e a morte de Lampião e seus cangaceiros, sempre nos dias de carnaval. Esse grupo, que apresenta a sua própria memória do cangaço, já é figura timbrada nos carnavais da Rubervânio Rubinho Lima Opará: Etnicidades, Movimentos Sociais e Educação, Paulo Afonso, v. 2, n. 3, p. 61-75, jan./dez. 2014 Acesse: www.uneb.br/opara | ISSN 2317-9457 | 2317-9465 69 cidade e vão passando essa tradição de pai para filho. Cangaço e Identidade Desde a colonização do Vale do São Francisco, no século XVI, passando pelo latifúndio da região da Casa da Torre, onde, a hoje, Paulo Afonso localizava-se pertencente à Garcia D’Ávila, doada posteriormente para o sertanista Paulo de Viveiros Afonso, tornou-se um pequeno núcleo de pouso de boiadas chamado “Curral dos Bois”, seguindo-se à “Tapera de Paulo Afonso”, pertencendo a Santo Antônio da Glória, Bahia. A cachoeira de Paulo Afonso, que foi visitada pelo Imperador D. Pedro II, em 1859, foi utilizada pelo pioneiro industrial do Nordeste, Delmiro Gouveia, construindo uma pequena usina para fomentar energia para sua fábrica de linhas e fios de algodão. Foi em 1945 que a CHESFCompanhia Hidroelétrica do São Francisco, em projeto de utilizar as águas da cachoeira para gerar energia, movimentou trabalhadores de vários lugares do Brasil, dando início ao que se tornaria, depois, em 1958, na já emancipada e desvinculada de Glória, cidade de Paulo Afonso. Para se percorrer o caminho da busca pela identidade, esse texto buscará subsídios teóricos em autores que trabalham com esse conceito, como podemos observar em Martinell, que trata das identidades culturais locais. Algo cada vez mais importante no mundo globalizado é que as políticas culturais locais fomentam a recuperação das identidades culturais locais e territoriais. É preciso desenvolver em cada população a auto-estima, a valorização daquilo de que dispõem em termos de cultura. (MARTINELL, 2003, pag. 98.) Ainda para fonte de busca, Stuart Hall também nos dá uma visão da importância de se perceber a identidade local como legitimação para que estes indivíduos independendo de raça, classe e gênero, se encontrem como importantes, colocando-os como unificados numa única identidade cultural. (HALL, 2001, pg. 28) Para Hall, como forma de percebermos o que acontece com as apropriações e aglutinações da cultura local para a global, a identidade cultural moderna que é O Cangaço na Bahia: A Incidência Histórica desse Fenômeno em Paulo Afonso – Ba Opará: Etnicidades, Movimentos Sociais e Educação, Paulo Afonso, v. 2, n. 3, p. 61-75, jan./dez. 2014 Acesse: www.uneb.br/opara | ISSN 2317-9457 | 2317-9465 70 formada através do pertencimento a uma cultura 'nacional' e como os processos de mudança que efetua um deslocamento, que compreende o conceito de "globalização". (pag. 42) Para fins de estudo, essa produção também se alimentou das colocações relacionadas à identidade, as quais Zigmunt Bauman nos aponta como processo de libertação e valorização das classes. Objetivando estudar os elementos dessa identidade a ser construída e mutável e dos mecanismos de formação cultural e étnico, o projeto percorrerá por caminhos de descoberta, a fim de conhecer e afirmar ações culturais, para definir a cultura local dessa cidade, em crescente potencial cultural e em momento de achados culturais. Nesse aspecto, nos apropriamos do pensamento de Canclini, quando argumenta que o adentramento do popular nas novas tendências, através do conhecimento e utilização de expressões culturais, através das revivências e tradições, serve, não apenas para formar nações modernas, mas também para libertar os oprimidos e resolver as lutas entre as classes. (CANCLINI, 2000, p. 209) O processo de construção da identidade cultural, em linhas gerais, se estabelece, acima de tudo, pela busca do reconhecimento. Trata-se de determinar um patrimônio comum e difundi-lo. (FIGUEIREDO; NORONHA, 2005, p. 200) Assim, numa tentativa de apontar bases para entender as manifestações culturais locais que buscam algo tradicional como forma de movimentar o contemporâneo, podemos apontar através da fala de Rubim (2003, p. 100), que demonstra a antiga predominância da cultura escrita tendo começado a ser impactada pela cultura da era da imagem, em um trânsito fundamental do antigo e do tradicional para uma dimensão simbólica instalada culturalmente entre o moderno e o contemporâneo. Cangaço e sertão são indissociáveis. O sertão desértico, magro, das secas e dos sofrimentos. Região de uma gente de grande fé, índole pacífica, humana e piedosa. E também de um povo orgulhoso, forte e temível diante de reveses e provocações. Muito embora na concepção acadêmica de alguns Rubervânio Rubinho Lima Opará: Etnicidades, Movimentos Sociais e Educação, Paulo Afonso, v. 2, n. 3, p. 61-75, jan./dez. 2014 Acesse: www.uneb.br/opara | ISSN 2317-9457 | 2317-9465 71 autores modernos, o banditismo rural no Nordeste seja diagnosticado como uma regressão ao primitivismo de uma subcultura ainda arcaica é incontestável que a injustiça social, fruto da ausência de um estado de direito e de um sistema arbitrário dominado pela lei do mais forte, coronéis e potentados da terra, concorreu para o surgimento e proliferação da figura do cangaceiro. O médico e professor Estácio de Lima costumava enfatizar que nenhum cangaceiro nasceu bandido ou com vocação nata para o banditismo. Todos tiveram os seus impulsos e motivos. Ilustra que Ângelo Roque, ao ter sua irmã desvirginada por um soldado de polícia, procurou o juiz de direito da cidade e este o aconselhou que fizesse o mesmo com uma moça da família do sedutor. No dia seguinte, um tiro de rifle transformou o alegre rapaz no sombrio facínora Labareda† . O episódio evidencia o que simboliza o cangaço, na sua mais rude definição. Atuavam no Nordeste os cangaceiros profissionais, ou sejam os bandoleiros nômades que cruzavam os sertões em todas as † Documentário Memória do Cangaço. Paulo Gil Soares, São Paulo, 1965 direções, verdadeiras feras das caatingas; os cangaceiros policiais, que acobertados pela legalidade, vestiam-se como os bandidos, praticavam os mesmos delitos e eram impulsionados pelos mesmos sentimentos de ódio e paixão e os cangaceiros de colarinho branco, representados pelos coronéis e chefes políticos da época, como ainda hoje, os mais danosos: agiam na surdina, se arvoravam em mandatários da justiça, articulavam crimes monstruosos e sempre ficavam impunes. Ultimamente, alguns livros contemporâneos, em caráter mais requintado, tentam desmistificar a tradicional imagem de herói sertanejo de Lampião. É o caso de “Guerreiros do Sol: Violência e Banditismo no Nordeste do Brasil” escrito pelo historiador Frederico Pernambucano de Mello. O pesquisador defende a tese do “escudo ético”, que mostra como o “rei do cangaço” e muitos outros cangaceiros utilizavam o argumento da vingança para exercer a bandidagem. Aponta que o cangaço não passava de um negócio. A O Cangaço na Bahia: A Incidência Histórica desse Fenômeno em Paulo Afonso – Ba Opará: Etnicidades, Movimentos Sociais e Educação, Paulo Afonso, v. 2, n. 3, p. 61-75, jan./dez. 2014 Acesse: www.uneb.br/opara | ISSN 2317-9457 | 2317-9465 72 vingança original, com o decorrer dos tempos, foi sendo abandonada, dando lugar ao banditismo. Lampião e seus cabras sempre manifestaram o gosto pela ostentação. Com a observação nas várias fotos, tiradas principalmente pelo sírio-libanês Benjamin Abraão Botto, que ousadamente percorreu os sertões em busca do cangaceiro mais temido, Virgolino Lampião e conseguiu filmá-lo e fotografá-lo, juntamente com seus grupos, no seu ambiente natural: a caatinga, podese perceber que essa manifestação de guerrilha e hostilidade, reserva também muita beleza, arte, cultura e poesia. Para tanto, pensou-se na apresentação do modo de vida dos cangaceiros e cangaceiras que percorriam pelos sertões, numa vida nômade, repleta de fugas, lutas contra a volante, que eram agrupamentos policiais que os perseguiam, mas também com momentos de divertimentos diversos, como festas, poesia, música, bailes, o que mostra que esse pedaço da história, muito além de só representar o banditismo, também está submergido por cultura e pelas artes. Vestiam-se com trajes cheios de ornamentos e adereços, nos quais sobressaiam as cores vivas, chapéus imensos com enfeites de medalhas, muito ouro e prata em meio a variados signos. O chefe marqueteiro também se preocupava com a sua imagem e publicidade, deixando-se fotografar e filmar pelo libanês Benjamin Abrahão, o que colaborou para que permanecesse na memória nacional e na construção de seu próprio mito. Algumas fotografias causaram sensação, como as em que Lampião aparece lendo livros ou revistas, em afagos com Maria Bonita e celebrando o ofício religioso para a cabroeira ajoelhada, dançando, festejando, simulando combates. Do filme original apreendido pelas autoridades, restaram apenas 15 minutos de fita. O pequeno documentário mostra cenas do cotidiano dos cangaceiros em seu ambiente natural, mas acaba sendo um vídeo que aponta o divertimento dos cangaceiros com o fato de estarem sendo filmados e fotografados. Fugindo das paixões e dos clichês clássicos, com conteúdo mais refinado e acadêmico, algumas Rubervânio Rubinho Lima Opará: Etnicidades, Movimentos Sociais e Educação, Paulo Afonso, v. 2, n. 3, p. 61-75, jan./dez. 2014 Acesse: www.uneb.br/opara | ISSN 2317-9457 | 2317-9465 73 publicações recentes procuram melhor reavaliar o real papel de Lampião e do cangaço. A historiadora francesa Elise Jasmin, em sua obra iconográfica “Cangaceiros”, ilustra que Lampião e seus bandoleiros, para uma parte do Brasil, encarnaram a violência de uma sociedade arcaica e a face negativa da modernidade. Já para outra parte do sertão, representaram valores como a bravura, o heroísmo e o senso de honra. O que não se pode negar, qualquer que seja a proposição defendida, é que a violência dos cangaceiros tinha ligação intrínseca com o meio inóspito, abandonado e injusto em que viviam. Lampião, afora as atrocidades e a rede de clientelismo corrupto, ao longo de um reinado de 20 anos, combateu as forças policiais conjuntas de sete estados, derrotando-as em vários confrontos, intimidou coronéis, zombou de autoridades e governantes e desafiou o próprio poder central do Brasil, gerando, assim, o fascínio, o mito e a lenda do herói invencível, destemido e ousado. O exótico cangaceiro criado por Lampião, com seu traje vistoso cheio de adereços, códigos próprios, ares de imponência e liberdade, passou a exercer forte identidade cultural no Nordeste, tanto no folclore, literatura popular, poesia de cordel, canção de gesta, dança, música, além de outros segmentos artísticos. O cangaço se transformou no gênero nacional do cinema e no épico brasileiro por excelência. Hoje, Lampião e cangaço são sinônimos de turismo no Nordeste. Nunca o seu nome e sua imagem estiveram em tanta evidência em eventos festivos e culturais, roteiros turísticos, conferências e debates, novelas, séries de TV, embalagens de produtos, decorações de cenários de lojas e shoppings, etc. A cada ano, a sua vasta biografia é enriquecida com obras cada vez mais requintadas que procuram trazer novas luzes e respostas para a sua personalidade complexa e ambivalente. Como acontece anualmente, no dia 28 de julho, na grota do Angico, celebra-se uma missa de ação de graças em memória de Lampião. Por ironia, no local em que ele tombou com Maria Bonita e outros companheiros, foi erguido um lúgubre marco de ferro pelo seu carrasco, o Tenente João Bezerra. O Cangaço na Bahia: A Incidência Histórica desse Fenômeno em Paulo Afonso – Ba Opará: Etnicidades, Movimentos Sociais e Educação, Paulo Afonso, v. 2, n. 3, p. 61-75, jan./dez. 2014 Acesse: www.uneb.br/opara | ISSN 2317-9457 | 2317-9465 74 Aquele mesmo oficial que consentiu ou mandou decepar a sua cabeça, deixou o seu corpo insepulto para os urubus e rapinou o seu espólio. Todavia, assim como outros personagens intrigantes da história, o espectro do “rei do cangaço” permanece vagueando pelas caatingas e muito bem vivo na mente do nordestino, especialmente do sertanejo. REFERÊNCIAS ALBUQUERQUE JUNIOR, Durval Muniz de. A invenção do Nordeste e outras artes. São Paulo: Cortez, 1999. ARAÚJO, Antonio Amaury Corrêa de. Gente de Lampião: Dadá e Corisco. São Paulo: Traço Editora. 2003. ARAÚJO, Antônio Amaury Corrêa de; FERREIRA, Vera. De Virgolino a Lampião. Idéia Visual, São Paulo, 1999. BAUMAN, Zygmunt. Identidade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2005. BHABHA, Homi K. O local da cultura. Trad. Eliana Lourenço de Lima Reis, Gláucia Renata Gonçalves, Myriam Ávila. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2005 CANCLINI, Néstor Garcia. Culturas Híbridas: estratégias para entrar e sair da modernidade. Tradução de Ana Regina Lessa e Heloísa Pezza Cintrão. 3. ed. São Paulo: Edusp, 2000 CHANDLER, Billy Jaynes. Lampião, o rei dos cangaceiros. Tradução de Sarita Linhares Barsted. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1980. FIGUEIREDO, Eurídice; NORONHA, Jovita Maria Gerheim. Identidade nacional e identidade cultural. In: FIGUEIREDO, Eurídice (org). Juz de Fora: UFJF, 2005. HALL, Stuart. Da diáspora: Identidades e mediações culturais. Tradução; Adelaine La Guardia Resende... [et all]. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2003. ____. A identidade cultural na pós-modernidade. Tradução de Tomaz Tadeu da Silva e Guacira Lopes Louro. 10. ed. Rio de Janeiro: Editora DP&A, 2005. JASMIN, Élise. Cangaceiros. São Paulo. Terceiro Nome, 2006. LIMA, João de Souza. Lampião em Paulo Afonso. Edição do Autor. Paulo Afonso - BA, 2003. Rubervânio Rubinho Lima Opará: Etnicidades, Movimentos Sociais e Educação, Paulo Afonso, v. 2, n. 3, p. 61-75, jan./dez. 2014 Acesse: www.uneb.br/opara | ISSN 2317-9457 | 2317-9465

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OUTONO

Por Hélio Xaxá


Um marcador de livre

Coração marcapasso

Um marco de vidro

Mapeia meus passos...


Voo em queda livre

No abismo sem laços

Deus me dá o alvitre

Mergulho no espaço...


Folha seca ao vento...

Pés pisam descalço...

Paetas de catavento


Giram outono março...

Arco-íris desfaz lento

Chuva, sol: mormaço.


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SÃO JOSÉ, O DONO DO OUTONO

 Clerisvaldo B. Chagas, 27 de março de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.852

São José continua prestigiado em todo o território nordestino. Os sertões ficam de olho no céu e lábios nas preces do seu tão aguardado dia. É que a importância da divisória verão/outono cai praticamente no dia do santo pai de Jesus. Considerado o grande benfeitor das chuvas que molham as terras do semiárido no período de semeadura, São José é aguardado e homenageado com orações caseiras, novenas e louvações diversas que não falham nunca, principalmente no bioma caatinga. Dizem que sertanejo só fala em chuvas. Por uma parte é bem verdade, embora sejam divergentes e amplas as suas conversas, sim, o tema “chuvas” predomina sempre em quem vive da agricultura.

Existe uma cumplicidade, palavra no bom sentido, entre o povo sertanejo e São José que compreende e ajuda o quanto pode na luta diária dos cultivadores de mãe terra. E o seu dia 19 de março, representa a palavra Esperança com “E” maiúscula e obesa de fé. Quando os pífanos, a caixa e o zabumba ecoam na caatinga, sobe e desce a branca fumaça divina da comunicação entre o homem e o invisível.  O dia 20 de março, início do outono, é separado apenas por 24 horas do dia de São José. O nosso sertanejo chama o período outono/inverno, apenas de inverno, que para ele é a chegada benfazeja das chuvas contínuas de cada ano. Daí se compreender facilmente a devoção do agricultor a um dos auxiliares de Jesus na terra abençoada nordestina. Sim, é claro que o cerne da conversa é o agricultor que vive na roça, porém os que migram para a cidade e os que vivem indiretamente da terra, também não esquecem do santo designado para o tempo.

Entretanto, no 19 de São José, não choveu em Santana do Ipanema. E dizem que o inverno não será bom se não chover nesse dia. O céu estava azul com algumas nuvens brancas esparsas. Será, será... Todos os profetas das chuvas reunidos na cidade, afirmaram que o “inverno será bom”, mas com chuvas reduzidas. Vamos ver no que vai dar. A influência do El Niño, da La Niña, das previsões dos últimos tempos... Devem no final escreverem a verdade na terra, a influência dos céus e os ânimos dos terráqueos. Afinal de contas, São José sabe demais o que está acontecendo e o que irá acontecer. Aguardemos, pois.

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