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segunda-feira, 19 de março de 2018

A NOITE E O BRILHO NA AABB

Clerisvaldo B. Chagas, 19 de fevereiro de 2018
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.860
Um dos flagrantes do lançamento. Foto: (Divulgação).

Já neste final de verão, pertinho do dia de São José, o brilho da Literatura ofuscou a rotina santanense. Numa inolvidável noite sertaneja, foi lançado o livro tão aguardado, “230”, com ênfase especial pela presença dos guardiões da cultura da terra. Diante desse público seleto, preocupado com os rumos da nossa história, foi apresentado finalmente o livro/enciclopédia “230, um monumento iconográfico aos 230 anos da fundação de Santana do Ipanema”. Os destaques de apresentação da enciclopédia ficaram na responsabilidade dos escritores Fábio Campos e Marcello Fausto, cujos pronunciamentos foram intercalados pelos clássicos de Luiz Gonzaga, na interpretação do Imperador do Forró, Manoel Messias. E mais uma melodia do “Rei do Baião”, deu cobertura a um Martelo Agalopado do próprio B. Chagas, em oito estrofes com o tema: “Como posso falar da Agricultura/ Se Cultura é a roça do meu pão”.
O povo ansioso aguardava o início dos trabalhos, o que aconteceu sob a batuta do mestre de cerimônias Ronaldo Alves. Tomaram assento a mesa o escritor Clerisvaldo B. Chagas e sua esposa Irene Chagas, os apresentadores do livro, escritores Fábio Campos e Marcello Fausto, Vera Malta, como representante do prefeito Isnaldo Bulhões, a diretora de cultura do município, Gilcélia Gomes e o senhor Tácio, novo presidente da Associação Atlética Banco do Brasil – AABB. A palavra foi facultada aos da mesa e em seguida à plateia, fato que tornou o ciclo dos 100 muito mais participativo. O saudoso poeta, compositor e cantor versátil Ferreirinha, foi homenageado no decorrer da cerimônia.
Presentes no evento, jornalistas, empresários, comerciantes, professores, médicos, artesãos, fazendeiros, bancários e outros profissionais; ampla parceria capaz de despertar e fomentar o documentário da história de Santana do Ipanema, visando o conhecimento de raízes para as futuras gerações.
Sem dúvida alguma foi um evento literário à altura de Santana e que ficará para sempre na memória dos que ali compareceram em 17 de março de 2018. Uma reunião que se prorrogou animada ao som de Levi Malta, Manoel Messias e Fernando Xavier, furando a meia-noite.


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AS MIL MORTES DE HONORATO


Por Geziel Moura

A morte de Lampião na Fazenda Angico, fabricou seus supostos heróis, catalisados pela imprensa da época, por mais esdrúxulos que possa parecer não deixou de existir.

Assim, temos no policial volante Antônio Honorato, aquele que foi colocado na posição de executor do Rei do Cangaço.

Na contramão deste enunciado, historiadores, pesquisadores e escritores que escreveram sobre os últimos dias de Lampião, são unânimes em afirmar, que depois do primeiro tiro disparado, no coito, proveniente do fuzil de Abdon no cangaceiro Amoroso, o "matraquear" das armas das volantes foram intensos e de todos os lados possíveis e imagináveis, afinal como saber o "Dono da bala que matou Virgolino ?"

Entretanto, teria-se que encontrar um paladino, com nome e sobrenome para que fosse o autor do disparo, afinal, Lampião era invencível, não poderia morrer simplesmente por bala perdida, deferida de algum fuzil ou metralhadora de seus algozes, assim como ocorreu com seu irmão Ezequiel " Ponto fino" Ferreira e até mesmo com seu cunhado Virgínio Fortunato, o Moderno, quando a morte chegou para ambos.

Polemicas e incertezas à parte, uma coisa é certa, tudo que diz respeito a Lampião e Angico termina em sortilégios, e com o "matador" do Rei do Cangaço não poderia ser diferente, pois teve uma morte banal, tempos depois em Maceió, quando encontrava-se aposentado como sargento da polícia deste Estado, e o que é pior, por um sobrinho sem o braço esquerdo, cuja causa mortis, golpes de algum tipo de cacete.

Assim, foi o fim do carrasco de Lampião, para a imprensa é claro. Segue as capas das revistas e imagens, que trazem matéria sobre a vida e morte de Honorato.


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A ÍNDIA KATHAUÃ COBRA DE FILHO QUE MALTRATA SEUS PAIS

Por José Mendes Pereira
 Fonte da imagem: https://publicdomainvectors.org

Boatos se espalham de repente. Se for bom, demora mais um pouquinho chegar à boca de fofoqueiros de calçadas, mas se o boato for ruim, ele corre o mundo mais rápido, e não escolhe as classes, atingindo até as sociais.  

http://galeria.colorir.com/contos-e-lendas/indios-e-vaqueiros/indio-pintado-por-ma-183069.html

O índio “Piatã” era um dos que vivia da caça e da pesca às margens do rio Mossoró, mas não gostava de respeitar o seu pai “Kauê”, um índio conhecido em toda região mossoroense e comunidades adjacentes como bondoso, mas vez por outra, o filho “Piatã” dava-lhe chicotadas sem olhar para o lugar que iria bater. 

http://www.colorir.blog.br/desenhos-para-colorir/desenhos-de-idosos-para-colorir

O velho “Kauê” tentava  se defender de todas as maneiras dos maus tratos praticados pelo filho, implorava até pelo amor de Deus para não ser maltratado, mas não tinha jeito, ou merecendo ou não, “Piatã” batia sem piedade no velho pai “Kauê”.

https://tudorbrasil.com/2014/04/16/a-roupa-da-classe-baixa-e-media-no-periodo-tudor/

A índia “Thaynara” mãe do Piatã e companheira do Kauê quando via a brutalidade do filho com o pai, partia para cima do “Piatã” com gosto de gás, e em suas mãos, um pedaço de pau, e, com toda sua força feminina, fortemente o batia, pois o que ela queria era defender o seu companheiro dos maus tratos daquele animal produzido por eles dois. Mas, geralmente, mãe e filho apanhavam um do outro, isto é, de igual para igual.

Aquela restrita vizinhança indígena temia defender o velho “Kauê” dos maus tratos praticados por “Piatã”, porque a sua violência poderia acontecer contra ela, e ali, viraria uma comunidade indígena sem código, sem ética, sem rumo e sem respeito.

Ninguém sabia explicar o porquê de tanto ódio armazenado na mente do “Piatã” contra o seu genitor Kauê, que o velho sempre estava ali, na hora em que aquele infeliz precisava, mas como pagamento, recebia fortes chicotadas daquele amalucado, um satanás em forma de gente.

A índia "Thaynara" chorava e se lastimava da má sorte que ganhara do mundo. Um filho totalmente desequilibrado, que não tinha um tico de dó do velho seu pai “Kauê”, com a idade avançada, andando devagar e com poucas chances de se defender, quase diariamente, ter que passar por violentas surras. O ódio do “Piatã” contra o pai era permanente, sempre, o velho “Kauê” estava sujeito a levar boas lapadas, e também reclamava da péssima vida que ganhara:

- Um inferno surgiu em minha cabana assim que o meu filho “Piatã” engrossou a voz, o pescoço e braços! - Dizia o velho “Kauê”. 

- Calma, Kauê! Calma! Se Deus nos trouxe ao mundo para sofrermos vamos aceitar o mundo do jeito que o Deus preparou para nós! Mas enquanto eu tiver forças para te defender dos maus tratos do Piatã, mesmo apanhando também dele, te defenderei. - Dizia a índia "Thaynara".

Mas o “Kauê” só apanhou até o dia em que a índia “Kathauã” "antes", não tinha tomado conhecimento dos maus tratos praticados pelo filho “Piatã”.

Toda comunidade fora chamada a atenção pela índia “Kathauã”, dizendo ela que quem se omite, é cúmplice. Soubera dos maus tratos que sofria o “Kauê”, feito pelo filho, através de pessoas que nem faziam parte daquela comunidade indígena.

No silêncio, a índia “Kathauã” em seu cavalo percorria toda a região, ali, só na finalidade de encontrar o “Piatã”, para um possível castigo, acusado de bater no pai. Ninguém ali abriria a boca para dizer que a índia procurava o “Piatã”. A índia mantinha ordem e era respeitada em toda região mossoroense. E quem era capaz de dizer a “Piatã” que “Kathauã” andava a sua procura? Só se fosse louco, mano!

No dia seguinte, “Piatã” foi encontrado pescando no rio Mossoró. De pressa, “Kathauã” chamou-o até a sua presença, pois precisava conversar com ele. Inocente, porque até aquele momento ele não sabia que a índia andava a sua procura, “Piatã” foi se aproximando, mas sempre receoso, vez que ele sabia muito bem quantos quilos pesava o chicote da “Kathauã” em suas mãos, e era uma verdadeira justiceira, sua volta era por dentro mesmo.

- Pronto senhora Kathauã, o que deseja de mim? – Perguntou ele com uma tremura nas pernas.

- Tenho conhecimento que você anda açoitando o seu velho pai “Kauê”, malandro?

E com um chicote ela o laçou, e com o outro o acoitava com muita violência.

Sendo justiçado pelo chicote da índia “Kathauã”, “Piatã” chorava desesperadamente, pedindo por todos os santos que “Kathauã” parasse com aquele castigo. E ainda lhe alertava:

- Dona “Kathauã”, bata devagar para não quebrar as minhas costelas...!

- Malandro, quando você açoita o seu velho pai se lembra que ele tem costelas também, e podem ser quebradas? – Perguntava ela o surrando como se fosse um animal.

Após muitas chicotadas sobre o largo lombo do “Piatã”, finalmente, “Kathauã” terminou o seu castigo, resolveu soltá-lo, dizendo-lhe:

- Vá embora e não quero mais ouvir falar que você açoita seu velho pai “Kauê”! Está me ouvindo bem? – Perguntava-lhe com voz poderosa de autoridade mesma.

- Sim senhora, estou!

“Piatã” entrou nas matas e nem quis mais ir atrás dos peixes que havia pegado ali, naquela pescaria, e nunca mais, na comunidade, se ouviu falar que ele tivesse batido no pai. Um exemplo para aqueles que pensavam bater nos seus pais também. A índia “Kathauã” nasceu em Mossoró para justiçar malandros!

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LAMPIÃO ERA TEMIDO DENTRO DO ‘SEU MUNDO’



Entre os anos de 1919 a 1927, o banditismo rural tem sua maior extensão no sertão nordestino. Em sete dos noves Estados da Região Nordeste, essa ‘praga social’ se alastrou cobrindo enorme extensão territorial.

Antes dessa fase citada acima, também ocorreram atrocidades de bandoleiros na região. No entanto, esses bandos agiam no em dois ou três Estados cada um, no máximo quatro, limitando suas ações bem próximas as divisas interestaduais. Estudando esse campo de ação, percebemos que sua geografia era repleta de serras e mata bruta de difícil acesso. Daí notarmos o porquê da escolha desses lugares. Como os bandos eram compostos por poucos homens, entre seis a quinze cangaceiros, sua movimentação era rápida. Podiam fazer alguma ‘visita’ a algum povoado, vila ou pequena cidade mais afastada da linha limítrofe, porém, era rápido em suas ações: atacar, saquear e cair fora, numa rapidez que não permitia, por inúmeras vezes, as volantes os alcançarem. Manoel Batista de Morais, o chefe cangaceiro Antônio Silvino, chama-nos a atenção em sua historiografia sangrenta por ter agido em três Estados quase tão somente fora da microrregião sertaneja. Logicamente ele também agira no sertão.

O sertão do Pajeú das Flores, microrregião do interior pernambucano, fora o maior celeiro donde surgiram grandes celerados para comporem os bandos de cangaceiros. Além disso, torna-se também abrigo para aqueles que surgiam em outras microrregiões de outras Províncias e/ou Estados.

No ano de 1924, no sertão baiano, estava ocorrendo uma grande pendenga entre um ‘coronel’, dono de vasta extensão de terras, e um sobrinho por motivos variados, mas, e principalmente, pelo poder político e econômico. Trata-se do ‘coronel’ “João Félix” e de seu sobrinho “José Martina”. O ‘coronel’ era dono da fazenda Esfomeado, locada no município de Curaçá, BA.

Não conseguindo aniquilar o sobrinho e seus jagunços, o ‘coronel’ João Félix tem a ideia de mandar chamar o “Rei do Cangaço” para prestar-lhe esse ‘serviço’. Não tendo, ou sabendo, como entrar em contato direto com o famigerado chefe bandoleiro, comunica-se com antigos ‘amigos’ que perambulavam pelas terras do Pajeú das Flores, ‘os Pedro’.

“Os Pedro” era um bando de cangaceiros composto quase tão somente por familiares, tendo como chefe “Antônio Pedro, Francisco Pedro e Cornélio Pedro”, que, vez por outra prestavam seus serviços a ‘coronéis’ e mesmo ao chefe cangaceiro Lampião, Virgulino Ferreira, quando esse os chamava. O Sociólogo, pesquisador/historiador, Pernambucano de Mello, em seu “Guerreiros do Sol – Violência e banditismo no Nordeste do Brasil”, 5ª edição, refere que “os Pedro”, eram “contraparentes de Lampião”. Talvez essa aproximação consanguíneo tenha levado o coronel baiano a tentar usar os Pedro como via de contato com o “Rei Vesgo”, que na época era o chefe cangaceiro mais destacado e respeitado entre os próprios bandos de bandoleiros.

Uma das coisas que levou Lampião a se destacar nas primeiras páginas dos periódicos foi os seus modos operantes contra a Força Pública. Já referente aos bandoleiros, essa ‘fama’ destaca-se por sua maneira cruel, sangrenta e desumana de agir tanto contra inimigos como contra seus aliados. Sabedores desse detalhe, ou mesmo por razões econômicas, ‘os Pedro’ desaconselham o latifundiário baiano a se aliar a Lampião. Lendo a literatura cangaceira, notamos certa ‘preocupação’ do bando “d’os Pedro” em expandir o conhecimento territorial de Virgulino. Não sabiam estes, que o terceiro filho de José Ferreira já havia dado algumas voltas conhecendo o território baiano e sergipano para que, se num futuro próximo houvesse a necessidade, transpor as águas do “Velho Chico” para território ‘desconhecido’ como realmente ocorreu quatro anos depois. Aí, nessa maneira de agir, é que Lampião levou seu reinado sangrento a permanecer ativo por quase duas décadas: pensar, analisar, calcular tempo de ação em ataque e fuga rápida entre outras. “A coisa não foi adiante porque os Pedro desaconselharam o aliciamento de aliado tão perigoso, lembrando que se Lampião viesse a conhecer as caatingas chãs do noroeste baiano, ficaria andando sempre por lá, e isso “valia por atrair um satanás para o terreiro”.” (MELLO, pg. 269, 2011)

Bem, como na ocasião o sertão nordestino estava infestado por mais de quarenta bandos de cangaceiros aterrorizando os sertanejos, “os Pedro” procuram deixar o contratante sossegado, garantindo que enviariam um bando comandado por um ‘cabra’ que não ficava muito atrás em suas ações de batalhas. O município de Vila Bela, hoje Serra Talhada, PE, contava com inúmeros bandos de meliantes prontos para agirem. Além dos que ali brotaram, havia aqueles bandoleiros que, sabedores de que podiam usar aquelas paragens como coitos, migram para lá. Dentre esses estava o bando comandado pelo cangaceiro natural do município da cidade alagoana da Pedra, hoje Delmiro Gouveia, AL, Dativo Correia Cavalcanti.

Dativo Cavalcanti tinha seu nome de guerra conhecido por “Seu Dô” ou ainda como “Seu Dô da Lagoa do Mato”. “Seu Dô”, que na ocasião vivia próximo a Vila Bela, é comunicado pelo bando dos Pedro das intenções do coronel baiano João Félix em usar os serviços da sua espingarda. Recado recebido, acordo aceito.

O pequeno, mais ‘eficiente’ bando do cangaceiro alagoano “Seu Dô”, era composto pelos seguintes ‘cabras’: “José Necão – cangaceiro “Café Chique”; Benedito Valério – cangaceiro “Mel-com-Terra”; Antônio Valério – cangaceiro “Antônio Batatinha”; Aristides Romão – o cangaceiro “Cravo Roxo”. Essa pequena horda de bandoleiros entra em território baiano e fazem o escarcéu. Suas ações são tão eficientes e sangrentas que o coronel contratante fica em dúvida de não tratar-se do bando do próprio Virgulino.

“(...)valente até a temeridade, Seu Dô extasiara o fazendeiro com a frieza irônica que sabia manter nos momentos mais difíceis, a ponto de, numa dada ocasião, em meio a pesado tiroteio na própria fazenda Esfomeado, estando dentro da casa com os seus homens debaixo de cerco e a ver as portas, janelas e tijolos pipocando na bala, levanta-se e, convocando a cozinheira que se escondia apavorada por trás do fogão... Manda passar café para todos!(...).” (Ob. Ct.)

Sendo bastante “frio”, coisa que se faz necessário em todo e qualquer combatente, “Seu Dô”, sempre chamava atenção de seu contratante por nas horas mais arrochadas, nos vários combates que foram travados contra os seu inimigos, jagunços e cangaceiros pagos por seu sobrinho, sempre manter a calma e pensar em uma saída sem demonstrar medo, receio ou desespero... Nas quebradas do sertão baiano.

Foto ‘A Noite’
Tokdehistória.com
PS// IMAGENS E CARICATURAS MERAMENTE ILUSTRATIVAS

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QUEM CONHECE ESSE FANTÁSTICO LIVRO SOBRE A VIDA E OBRA DO GRANDE ESCRITOR ALCINO ALVES COSTA ?

Por Volta Seca

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ENGENHO DE CANA DO SÍTIO FRECHEIRAS

Por Benedito Vasconcelos Mendes
Benedito Vasconcelos e esposa Susana Goretti

O Engenho de Cana-de-açúcar do Sítio Frecheiras era de tração animal (banguê), do tipo Engenho de Almanjarra, e estava equipado para a fabricação de cachaça e de rapadura. A decisão de produzir rapadura ou cachaça era dada pelo mercado. Quando a comercialização da rapadura era economicamente mais vantajosa, meu avô optava por fabricar rapadura, ou seja, a preferência por um ou outro produto dependia da vantagem econômica. Era produzida uma coisa  de cada vez, nunca rapadura e cachaça ao mesmo tempo. Ano se produzia cachaça, ano se produzia rapadura.

Meus  avós passavam os três últimos meses do ano (outubro, novembro e dezembro) no Sítio Frecheiras, em cima da Serra da Meruoca, na zona rural do município cearense de Meruoca, produzindo goma e farinha de mandioca, rapadura e cachaça. De janeiro a setembro eles ficavam na Fazenda Aracati, criando gado e fazendo queijo de coalho e manteiga de garrafa. Na Serra da Meruoca, as farinhadas e as moagens, geralmente, ocorriam nos meses de novembro e dezembro.

A matéria-prima, tanto para a produção de rapadura como de cachaça, é a garapa (caldo de cana). A rapadura nada mais é do que garapa apurada pela fervura, até se tornar sólida, e a cachaça é a garapa fermentada e destilada. Tanto a rapadura como a cachaça artesanal são produtos naturais, sem adição de corantes, conservantes ou de outras substâncias.

As moendas de ferro fundido, para esmagar a cana e extrair a garapa, eram tangidas por duas juntas de boi, uma junta em cada almanjarra. Eram usadas quatro juntas de boi,  sendo duas juntas trabalhando e duas descansando, de modo que, de dois em dois dias, os bois mansos eram substituídos. Os bois eram adestrados para o trabalho, desde quando eram garrotes e obedeciam o comando de voz e das cutucadas de ferrão dadas pelo tangerino. Todo boi manso tinha um nome e era castrado, para se tornar mais dócil.

Lembro-me de um fato interessante, que ocorreu no Sítio Frecheiras. Certo dia, em plena moagem, meu avô necessitou viajar à Sobral e deixou um dos trabalhadores comandando os trabalhos de produção de  rapadura.

Coincidentemente, neste dia, o tangerino que tocava as juntas de boi adoeceu e não foi trabalhar. Foi então, improvisado um novo tangedor dos bois mansos. Ao amarrar os bois nas almanjarras, o improvisado tangerino colocou o Boi Graúna, no lado direito da almanjarra, mas ele  era acostumado a trabalhar no lado esquerdo, e colocou o Boi Juriti no lado esquerdo. O Juriti era condicionado a puxar a almanjarra pelo lado direito. Esta troca de posição dos bois fizeram com que esta junta de boi empancasse, não saísse do lugar. Depois de muitas tentativas para fazer os bois andar e sem conseguir, o novo tangedor foi até onde estava minha avó e relatou o fato dos dois bois não quererem  trabalhar. Minha avó, afeita à vida rural, logo percebeu que a posição dos bois de uma das juntas estava trocada e facilmente resolveu o problema. É que os animais ficam condicionados a realizarem determinadas tarefas, pelo exercício repetitivo.

Na produção de cachaça artesanal, a garapa é coletada na moenda e levada para as dornas de fermentação. As dornas são confeccionadas de pau-d’arco, bálsamo, imburana ou frejó. A dorna  tem a tampa quase totalmente fechada, apenas com uma abertura no centro, para permitir a entrada de ar, pois a levedura responsável pela fermentação alcoólica é, preferencialmente, aeróbia. Depois que a garapa é fermentada, transforma-se em mosto. A boca da dorna não é totalmente aberta, para evitar que o mosto derrame durante o “ balanço do caldo“, pois devido ao grande desprendimento de gás carbônico, oriundo do metabolismo da levedura, o líquido (mosto) entra em movimento, que só vai cessar no final do processo fermentativo. Em virtude do acelerado metabolismo da levedura, além da grande liberação de gás, ocorre também liberação de calor, que faz com que o mosto fique muito quente. Depois de fermentado, o mosto esfria e para de balançar. O mosto, então, é levado para o caldeirão (panelão) de cobre, situado sobre um forno à lenha. O vapor gerado pela fervura do mosto, ao penetrar na serpentina de cobre, se liquefaz (passa  do estado gasoso para o estado líquido). A serpentina ficava mergulhada em um tanque com água, para permanecer sempre fria. O alambique (panelão e serpentina) do Sítio Frecheiras era de cobre, o que hoje é proibido, devido deixar resíduo deste metal na cachaça. Atualmente, os alambiques (destiladores) são de aço inox.

O microrganismo responsável pela fermentação alcoólica é a levedura “Saccharomyces cerevisiae”, que não necessita ser adicionada, pois ela existe naturalmente no ambiente dos engenhos. Na produção de cachaça artesanal, a fermentação se processa de maneira lenta, fermentando por aproximadamente 6 dias. Na fabricação de cachaça industrial (cachaça de rótulo ou de marca), a fermentação é acelerada pela adição de determinadas substâncias nutritivas para a levedura (carboidratos, suplementos proteicos, suplementos vitamínicos, sais minerais etc.), que reduz o tempo de fermentação para cerca de 6 horas. Neste tipo de cachaça industrial é também comum a adição de corante, para que a cachaça adquira a coloração amarelinha. A cachaça artesanal, depois de produzida, era armazenada em tonéis de madeira, para envelhecer. As aduelas dos tonéis são feitas das mesmas madeiras utilizadas para a feitura das dornas, ou seja, são confeccionadas de Pau-d’arco, Bálsamo, Frejó ou Imburana.

Os bodegueiros da cidade e da zona rural de Meruoca iam comprar cachaça no Sítio Frecheiras. Transportavam a cachaça em ancoretas de madeira de imburana, com capacidade para 24 litros cada, sobre lombos de animais (jumentos ou burros). Os compradores traziam também uma pequena ancoreta de 5 litros, que eles davam o nome de “Passaporte” e se destinava a transportar o “brinde”, que, geralmente, ganhavam do proprietário do engenho.

O plantio da cana-de-açúcar, os tratos culturais, o corte da cana, o transporte  da cana do campo para o engenho e o esmagamento da cana, para extrair a garapa, são processos comuns, tanto para a produção de rapadura como para a fabricação de cachaça.

Na produção de rapadura, a garapa é levada da moenda para um grande caldeirão de ferro fundido, localizado sobre um comprido forno à lenha, que pelo efeito da fervura se torna mais concentrada e se transforma em mel e, quando o mel adquire consistência mais densa, é transferido, com auxílio de uma cuité de cabo longo, para o caldeirão vizinho e, com o passar do tempo, com  mais fervura, o mel fica mais condensado, quase pastoso, ocasião em que ele é novamente transferido para o terceiro caldeirão e daí,  quando adquirir a consistência cremosa, é levado para o quarto e último caldeirão, onde vai  esperar atingir o ponto de rapadura, para ser batido,  com uma palheta de madeira, e depois colocado nas formas, para esfriar e solidificar, originando, assim, a rapadura. Os quatro caldeirões de ferro fundido eram colocados vizinho um ao outro e sobre um longo forno de quatro bocas, com grandes aberturas na parte de baixo, para receber a lenha. As fôrmas de rapadura, feitas de Pau-d’arco, tinham a marca do ferro de ferrar gado do meu avô, de modo que cada rapadura exibia, em alto relevo, a gravura do referido ferro. Meu avô tinha o costume de ferrar, com a sua marca de ferrar gado, portas, janelas, cancelas, caixões de guardar rapadura e farinha, gamelas, cochos, queijo de coalho e outros objetos.

As rapaduras do Sítio Frecheiras eram grandes, pesavam aproximadamente um quilo, eram duras  e tinham a coloração escura, quase preta,  em virtude da não adição de branqueadores (elevadores de pH: cal ou cinza vegetal). O mel ácido origina rapadura escura. Quando se faz a correção da acidez do caldo, a rapadura é clareada. Elas eram duras para facilitar a conservação, pois quanto mais dura, mais difícil absorver umidade e melar. O mestre que comandava a feitura de rapadura no Sítio Frecheiras sabia determinar, com precisão, o momento que o mel grosso, do último caldeirão, atingia o ponto para ser batido com a palheta, até alcançar o ponto de ser colocado nas formas de rapadura. As rapaduras eram armazenadas em grandes caixões de cedro, hermeticamente fechados, para evitar a penetração de umidade, pois se o ar úmido, que é comum no período chuvoso, entrar no caixão vai provocar a mela da rapadura. As rapaduras eram colocadas no interior do caixão, alternando camada de rapadura (arrumadas enfileiradas em pé ) com camada de folhas secas de cana. A palha seca é higroscópica e absorve a umidade, que por ventura penetre no caixão. Estes caixões de guardar rapadura, de um ano para outro, eram confeccionados pelos velhos carapinas, com apenas cinco apetrechos de trabalho: machado, serrote de dois cabos, enchó, formão e cantil. O machado era usado para lavrar as toras de madeira, deixando-as com quatro faces. O serrote, para serrar as tábuas, a enchó para dar o acabamento, o cantil para fazer os encaixes nas tábuas (macho e fêmea) e o formão, para fazer os encaixes dos cantos (colunas). Não se usava pregos nem parafusos na construção destes recipientes, pois as tábuas eram apenas encaixadas uma na outra. As madeiras usadas nestes caixões eram: aroeira, pau-d’arco, imburana, cumaru, frejó, timbaúba e cedro. O caixão era feito no local onde ia ficar, pois, por ser grande, não passava nas portas. Para mudar de lugar era necessário desmontá-lo.

O ambiente de engenho era exclusivamente masculino, pois quase todas as tarefas eram executadas por homens. As mulheres só tomavam parte na feitura de batidas, tijolinhos e alfenins, quando estes doces eram temperados com coco-babaçu, castanha de caju e cravo-da-índia. Para se fazer o alfenim, a geleia tinha que ser puxada repetidas vezes, pelas mulheres até atingir a cor amarelinha e a consistência apropriada. A produção destas guloseimas pelas mulheres tornavam o ambiente mais festivo,  com muita alegria e animação.

Quando a moagem terminava, meu avô presenteava cada trabalhador, com uma certa quantidade de rapadura, como recompensa pelo trabalho executado por cada um.

Estas são as doces lembranças de minha infância, que conservo até os dias de hoje, do Engenho de cana-de-açúcar do Sítio Frecheiras do meu avô paterno.

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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MISSA DE 7º. DIA!

Por Francisco de Paula Melo Aguiar

Enviado por Francisco de Paula Melo Aguiar

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'LAMPIÃO E O CANGAÇO NA HISTORIOGRAFIA DE SERGIPE' PELO AUTOR ARCHIMEDES MARQUES


Por Shirley M. Cavalcante (SMC)

Archimedes José Melo Marques, natural de Belo Horizonte, Minas Gerais, nasceu em 24 de novembro de 1956. Formado em Direito pela Universidade Tiradentes, é delegado de polícia no Estado de Sergipe há mais de trinta anos. Na área policial, possui o curso de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Segurança Pública, pela Universidade Federal de Sergipe.

É escritor de artigos e contos diversos nas áreas policiais e afins, publicados em sites e jornais escritos, espalhados pelos quatro cantos do Brasil e além fronteiras, com vários textos publicados em livros. “Lampião contra o Mata Sete” foi sua primeira obra literária, um livro contestação ao seu opositor “Lampião, o Mata Sete”. O seu segundo trabalho, fruto de quase oito anos de pesquisa, é a coleção “Lampião e o Cangaço na Historiografia de Sergipe”, composta de cinco volumes (até o momento somente o primeiro volume lançado), uma obra riquíssima em todos os detalhes que traz boas novidades para os amantes do tema e para a própria história do cangaço.

“O cangaço, sem dúvida, foi um movimento que marcou os nossos sertões de forma negativa na época, mas de forma positiva para a atualidade.”

Boa leitura!

Escritor Archimedes Marques, é um prazer contarmos com a sua participação na revista Divulga Escritor. Conte-nos, o que o motivou a escrever sobre o cangaço?

Archimedes Marques - Faço parte do Movimento Cariri Cangaço, na qualidade de Conselheiro. O Movimento Cariri Cangaço é o maior evento do mundo dentro do assunto Cangaço, Sertões, Nordeste e afins, que reúne anualmente mais de 300 escritores, historiadores, pesquisadores e amantes desses temas para palestras, debates, apresentações e visitas aos locais históricos. Daí, em nome disso tudo que é pura história, resolvi enveredar pela literatura cangaceira, literatura essa que já passa dos 800 títulos diferentes de diversos autores, mas ao que parece é um assunto que não se esgota, pois a cada ano descobrimos algo novo, a cada ano surge um novo autor para trazer essa história ao patamar de mais aproximada possível da verdade.

Apresente-nos “Lampião e o Cangaço na Historiografia de Sergipe”:

Archimedes Marques - Foram nove anos de atuação do bando de Lampião em terras do baixo São Francisco, notadamente em Sergipe, de 1929 a 1938.A partir de suas fortes ligações com o mandonismo local, veio a estabelecer um verdadeiro feudo sob suas ordens, instalando o terror e o medo, trazendo sofrimento para as muitas povoações e lugarejos do menor estado da federação.E é justamente dentro desse contexto que o livro procura colocar em “águas mais cristalinas” essa história, com o confronto de uma infinidade de entrevistas, debruces em arquivos públicos, documentos diversos, registros iconográficos, mapas, escritos, enfim, com novas pesquisas de campo, fazendo com que tudo pudesse estar em permanente diálogo na direção do fortalecimento da verdadeira história, ou seja, a definição mais aproximada do que realmente foi a passagem de Lampião por terras sergipanas, trazendo em seu bojo muitas novidades nunca antes publicadas.

Quais os principais desafios na construção do enredo que compõe a obra?

Archimedes Marques - Desafios há em todos os projetos de nossas vidas, e isso nos faz sair fortalecidos quando alcançados nossos objetivos. No caso em pauta, em virtude de eu exercer o cargo de delegado de polícia, fui e ainda continuo sendo criticado por muitos que confundem a coisa, ou seja, pensam que no fundo defendo Lampião, um bandido, quando na verdade defendo a história; para dizer a verdade, a grande história dos nossos sertões nordestinos, e porque não dizer, da grande história do nosso Brasil, uma história de sangue e lágrimas para multidões, mas também uma história de orgulho para tantos outros. O Major Optato Gueiros, da Força Pernambucana, inimigo e exímio perseguidor de Lampião, reconhecendo a força desse cangaceiro disse o seguinte: “Lampião foi um instrumento nas mãos de Deus para executar uma justiça que nem a polícia nem os juízes poderiam fazê-lo”.

Apresente-nos os principais objetivos a serem alcançados com a publicação de “Lampião e o Cangaço na Historiografia de Sergipe”.

Archimedes Marques - A história do cangaço sempre foi banhada em mitos, galgada em criações, mergulhada em invencionices, submergida em exageros e até mesmo estrangulada em mentiras propositais ou omissões descabidas, sem contar as tantas lendas daí surgidas, por isso é tão diversificada, tão bifurcada, possui tantas vertentes, pois além de tudo, Lampião, o símbolo maior desse tema, virou um mito, um mito, acredito, impossível de desmitificar. Desse modo, como já dito nas entrelinhas, o objetivo principal dessa obra é mostrar a história nua e crua como ela de fato ocorreu, ou pelo menos a mais verossímil possível.

Qual a passagem do livro que mais o marcou, quer seja pela pesquisa ou o momento, enquanto escrevia a obra?

Archimedes Marques - A história relativa às cangaceiras sempre foi muito intrigante. Procurar saber o porquê de pacatas sertanejas se atreverem a deixar  seus lares, abandonarem seus pais, suas famílias, para viverem em eternas perseguições policiais ao lado de perigosos bandidos, sempre é uma incógnita.E é dentro desse contexto que surge o exemplo maior: Maria Bonita, a pioneira das cangaceiras, mulher de coragem e porque não dizer, “revolucionária”,pois revolucionou a sociedade machista da época, e com ela trouxe novas adeptas. E é justamente relativo a essa grande mulher que trago a maior novidade da coleção, uma novidade ocorrida dentro da cidade de Propriá, em Sergipe, uma novidade que até então pesquisador algum tinha chegado a tanto. Essa é a descoberta e passagem que mais me marcou.

Além desta obra sobre o cangaço, você tem “Lampião contra o Mata Sete”, apresente-nos esta obra literária.

Archimedes Marques - Há alguns anos um cidadão conterrâneo sergipano escreveu um livro intitulado “Lampião, o Mata Sete”, obra que infelizmente o autor esqueceu o rumo da história do cangaceirismo, e de modo diverso tentou contrariá-la, afastou o seu roteiro, escondeu os caminhos claros e andou pelas veredas. Trouxe um conteúdo que não interessa a ninguém, muito menos aos amantes, pesquisadores, curiosos da história do cangaço no Nordeste brasileiro. É patente a premeditação do enredo em busca do ataque. Do primeiro ao último capítulo a emissão de juízo de valor subjetivo pelo autor fluiu de forma tão exacerbada, que faz os pelos do leitor se arrepiarem a ponto de tamanho de sobressalto, e cair no campo da indignação, principalmente por não apresentar provas, nem mesmo indícios. Afirma o autor que Lampião era um homossexual, covarde e medroso, que nada entendia de guerrilhas; e Maria Bonita,uma mundana adúltera, mulher de muitos, tudo no sentido de desmitificá-los. Enfim, usando de perspicácia rasteira e invencionices, tenta mudar os rumos da verdadeira história. Desse modo, vendo tamanha insensatez, escrevi sua contestação: “Lampião contra o Mata Sete”, uma refutação que desmonta pedra sobre pedra a pretensão do seu opositor, que além de tudo traz um livro de todo equivocado com fatos trocados, datas erradas, nomes diferentes, erros que pululam a cada página e provam que o seu autor NUNCA FOI E NUNCA SERÁ UM VERDADEIRO PESQUISADOR.

O que mais o encanta no cangaço?

Archimedes Marques - O cangaço, sem dúvida, foi um movimento que marcou os nossos sertões de forma negativa na época, mas de forma positiva para a atualidade. De forma positiva, porque hoje milhares de pessoas vivem do comércio de livros, de escritos diversos, de utensílios, de artesanatos, de turismo, de filmes, de teatros... enfim, vivem e sobrevivem dessa história tão intrigante quanto encantadora, ou seja, o cangaço ultrapassou décadas, e por certo ultrapassará séculos. Quer encanto maior?

Onde podemos comprar seus livros?

Archimedes Marques - Infelizmente meu primeiro livro “Lampião contra o Mata Sete” já se esgotou e não lancei a segunda edição, porque o autor contraditado não lançou a segunda edição do seu “Lampião, o Mata Sete”. Já o livro atual “Lampião e o Cangaço na Historiografia De Sergipe” não se encontra em livrarias, mas pode ser adquirido em contato direto comigo pelo e-mail: archimedes-marques@bol.com.br

Quais os seus principais objetivos como escritor?

Archimedes Marques -Como não sou escritor de ficção e sim um historiador,  meu principal objetivo é propalar a verdade dos fatos, para que estes sirvam de parâmetros a gerações futuras, e com isso meu nome fique marcado como dos mais sérios historiadores.

Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista. Muito bom conhecer melhor o escritor Archimedes Marques. Agradecemos sua participação na Revista Divulga Escritor. Que mensagem você deixa para nossos leitores?

Archimedes Marques - Como existe gosto para todos os tipos de literatura, sugiro aos amantes do tema cangaço que procurem ler os livros mais sérios, os menos tendenciosos, os menos inventivos, os menos alucinados, aqueles pesquisados e escritos por historiadores mais renomados, mais acreditados, pois só assim estaremos propagando a história mais próxima da realidade.

Divulga Escritor, unindo você ao mundo através da Literatura

https://portalliterario.com/entrevistas/entrevistas-brasil/556-lampiao-e-o-cangaco-na-historiografia-de-sergipe-pelo-autor-archimedes-marques

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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APÓS O CANGAÇO... A RESSOCIALIZAÇÃO


Por Geraldo Antônio de Souza Júnior 

Recomeçar a vida longe das armas era o próximo passo a ser dado pelos remanescentes do cangaço lampiônico, após a concessão da anistia concedida pelo Governo Getúlio Vargas. Reintegrar-se à sociedade e tirar documentos seria fundamental para o novo recomeço. Adaptar-se a uma nova vida longe das correrias e sofrimentos ocasionados pela luta diária pela sobrevivência em meio à caatinga era uma nova realidade que agora os antigos companheiros e Lampião teriam que enfrentar. Antes o enfrentamento aos inimigos e suas balas mortais e agora a burocracia imposta pela vida em sociedade, algo inusitado para quem vivia em um sertão atrasado e em luta constante em meio ao sol abrasador dos sertões. 


Esses obstáculos foram sendo gradativamente superados e em pouco tempo os antigos cangaceiros foram sendo inseridos e adaptados ao convívio social, esquecendo definitivamente a antiga vida que levavam e reescrevendo suas histórias como pessoas honestas, trabalhadoras e cumpridoras de seus deveres e obrigações. Agindo e permanecendo dentro dos limites da lei até o final de suas vidas.

Zé Sereno (José Ribeiro Filho) e sua companheira Sila (Ilda Ribeiro de Souza) sobreviveram ao cangaço e vieram para São Paulo/SP, “enterraram” definitivamente o passado e conseguiram com muita luta reconstruir suas vidas. Terminaram seus dias de vida como pessoas pacatas e honestas e em nada lembrando os tempos da lida cangaceira.

Anexado a essa matéria está o Certificado de Reservista de José Ribeiro Filho que no cangaço era conhecido pela alcunha de Zé Sereno, sobrinho dos célebres cangaceiros Antônio e Cirilo de Engrácia (Ingrácia) e primo do não menos afamado cangaceiro Zé Baiano, entre outros.

A reservista foi expedida no dia 13 de maio de 1947 na cidade de São Paulo/SP, onde Zé Sereno residia junto com esposa e demais familiares.

Documento gentilmente cedido pela amiga Patricia Rodrigues Szabo, neta do casal cangaceiro Sila e Zé Sereno.

Geraldo Antônio de Souza Júnior 


https://cangacologia.blogspot.com.br/2018/03/apos-o-cangaco-ressocializacao.html

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