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domingo, 4 de março de 2018

LIVRO “PARAHYBA NOS TEMPOS DO CANGAÇO”

Por Antonio Corrêa Sobrinho

O que dizer de “PARAHYBA NOS TEMPOS DO CANGAÇO”, livro do amigo Ruberval de Souza Silva, obra recém-lançada, que acabo de ler, senão que é trabalho respeitável, pois fruto de muito esforço, dedicação; que é texto bom, valoroso, lavra de professor, um dizer eminentemente didático da história do banditismo cangaceiro na sua querida Paraíba. É livro de linguagem simples, sucinto e objetivo, acessível a todos; bem intitulado, pontuado, bem apresentado. E que capa bonita, rica, onde nela vejo outro amigo, o Rubens Antonio, mestre baiano, dos primeiros a colorizar fotos do cangaço! A leitura de “PARAHYBA NOS TEMPOS DO CANGAÇO” me fez entender de outra forma o que eu antes imaginava: o cangaço na terra tabajara como apenas de passagem. Parabéns e sucesso, Ruberval!

Adendo: José Mendes Pereira

Eu também recomendo aos leitores do nosso blog para lerem esta excelente obra, e veja se alguns dos leitores  possam ser parentes de alguns cangaceiros registrados no livro do Ruberval Souza.

ADENDO -  http://blogdomendesemendes.blogspot.com

Entre em contato com o professor Pereira através deste 
e-mail: 
franpelima@bol.com.br

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LAMPIÃO E O CANGAÇO NA HISTORIOGRAFIA DE SERGIPE

Autor Archimedes Marques

Esta obra foi escrita pelo pesquisador do cangaço Dr. Archimedes Marques e se você, leitor, deseja adquiri-la, entre em contato com o autor através deste e-mail: archimedes-marques@bol.com.br

Dr Archimedes Marques também é o autor do livro: 

"Lampião Contra o Mata Sete"

Adquira também este através dos e-mails: 

archimedes-marques@bol.com.br
 e franpelima@bol.com.br

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GUILHERME MACHADO ESTÁ PREPARANDO LIVRO SOBRE CANGAÇO


Depois de muitos anos relutante decidi escrever um livro sobre o Cangaço!!! Com muita pesquisa cheguei a conclusão, escrever sobre Lampião??? Um mar de escritores já escreveram e esmiuçaram a vida de Lampião de trás para frente de frente para trás! Então decidir pôr falar de pessoas que tiveram muito próximo de Lampião! Então estou em momentos finais de uma biografia sobre muitos cangaceiros que cercavam da figura ilustre do rei do Cangaço Lampião! Antecipadamente meus agradecimentos ao porta do Cangaço que me deu a maior força! O amigo Geraldo Antônio De Souza Júnior... Geraldo Junior!!!. Sem seu auxílio luxuoso não conseguiria tarefa tão árdua!!!

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NO CAPÍTULO ANTERIOR

*Rangel Alves da Costa

Não na novela, e sim na vida, agora cenas de um novo capítulo. Mas cuja sequência, contudo, sempre trazendo no rastro o que aconteceu no capítulo anterior.
Tudo como causa e consequência, tudo como motivação e efeito. Sem o feito, nada se fará daí em diante. Por isso se diz que o presente é sempre reflexo do passado.
Não apenas do passado distante, pois até o segundo, o minuto ou o instante, pode modificar todo o relógio da vida. Há sempre um entrelaçamento entre o que foi e o que será.
No capítulo anterior da vida, por exemplo, houve uma ação impensada e tal atitude, a partir de qualquer instante, deverá cobrar muito mais do que se imagina daquele gesto.
No capítulo anterior da vida, a janela deixada fechada não permitirá que o sol entre pelo quarto ou sala no instante seguinte. Para que a luz penetre, caberá ao instante querer fugir da escuridão.
No capítulo anterior foi amado e não amou, foi querida e não quis, foi devotada com afeto e meiguice, porém preferiu dizer não. Como desejar ser feliz e amado ou amada no capítulo seguinte?
No capítulo anterior poderia ter sido mais compreensivo, porém preferiu ser arrogante e insensível. E quando agora, deseja que o próximo seja mais indulgente consigo, então percebe que está pagando pelo erro do passado.
No capítulo anterior até que poderia ter trilhado sua estrada por caminhos mais seguros, com menos perigos, mais distanciado dos escondidos dos labirintos. Contudo, nada disso fez. E por isso mesmo agora tem de suportar as escuridões e os medos.
No capítulo anterior poderia ter lido mais vezes o poema Instantes, aquele que diz: “Se eu pudesse voltar a viver, começaria a andar descalço no começo da primavera e continuaria assim até o fim do outono. Daria mais voltas na minha rua, contemplaria mais amanheceres e brincaria com mais crianças, se tivesse outra vida pela frente”.


No capítulo anterior também poderia ter ouvido mais a canção Epitáfio, aquela cuja letra diz: “Devia ter amado mais, ter chorado mais
Ter visto o sol nascer, devia ter arriscado mais e até errado mais, ter feito o que eu queria fazer. “Queria ter aceitado as pessoas como elas são. Cada um sabe a alegria e a dor que traz no coração”.
No capítulo anterior poderia ter sido mais criança, jogado mais bola, brincado mais de bonecas, corrido pelas ruas sem direção, tomado banhos de chuva, escorregado pelas calçadas lisas, roubado mamão e goiaba dos quintais vizinhos.
No capítulo anterior poderia ter oferecido mais maçãs do amor, mais buquês de flores, mais bilhetinhos com rimas apaixonadas. Poderia ter beijado mais bocas, amassado mais corpos, tocados mais seios, levantado mais saias.
No capítulo anterior poderia andando mais descalço, ter subido a montanha, sentado na pedra, conversado com bichos e passarinhos. Ninguém diria o que diz agora se for assim. Um louco, um maluco, um desajuizado.
No capítulo anterior poderia ter escrito mais poemas, desenhado mais sonhos, riscado poemas ao chão, olhado mais para a lua e as estrelas, chorado de saudade tanta. Eu teria aprendido a chorar e hoje não me chegaria tudo como um rio triste.
No capítulo anterior jamais poderia ter dito a palavra tão dura. Jamais poderia ter feito o impensado. Jamais poderia ter evitado comer jaca, melancia e goiabada. Tudo tão fácil, mas de repente foi simplesmente deixado pra lá. E agora...
No capítulo anterior apenas a lição. Tudo é lição. E também tudo consequência da lição não aprendida ou simplesmente relegada.

Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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MAPA DO REINO DE LAMPIÃO



No anos de 1929, numa das andanças pastorais, o vigário de Glória, padre Emílio Ferreira, encontrou-se num arraial com o legendário Rei do Cangaço, que fora assistir à missa. Por notável coincidência, o padre, momentos antes de celebrar o ofício, havia recebido de presente, das mãos de um caixeiro viajante amigo, um grande mapa-plano do Brasil que media aproximadamente 1m², forrado de algodãozinho e pregado em dois cilindros finos de madeira para enrolar, uma edição do Ministério da Viação do Rio. Após a missa, vai Lampião cumprimentar o sacerdote. Durante animada palestra desenvolvida entre goles de café, teve uma idéia o padre. Estendeu o mapa aberto sobre a mesa e, entregando a Lampião um grosso lápis encarnado, pediu-lhe: “De vez que o senhor é Rei, marque e risque sobre esse mapa o tamanho de seu grande Reino”. 

Lampião, devagar, observando as localidades, rios e montanhas, perguntando muito e auxiliado pelo padre, foi traçando. Tomando por ponto de partida, ao norte, Mossoró, no Rio Grande do Norte, desceu, em zigue-zague, até Porto da Folha, em Sergipe. Desceu mais até Capela e daí tangenciou numa linha até a fronteira da Bahia, onde penetrou por Itapicuru, talando o Estado por Riachão do Jacuípe até Morro do Chapéu. Desceu profundamente, em ponta de lança, até Barra do Estiva e Rio de Contas, donde iniciou a subida para Remanso. Continuando para cima, atingiu Juazeiro do Norte e Caririaçu, no Ceará, depois Jaguaretama, Morada Nova e Limoeiro do Norte, donde fechou o circuito para Mossoró.

Em síntese, o Mapa do Reino de Lampião é uma imensa área de cerca de 300.000 km².

Entusiasmado, exclamou o padre dirigindo-se ao Rei do Cangaço: 

-“Territorialmente falando, seu REINO faria inveja a muita cabeça coroada da Europa!...”


Página do José João Souza

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TÔNIA CARRERO SE FOI



Tônia Carrero eterna diva do teatro, do cinema e da TV morreu ontem (3/3) de uma cirurgia no quadril aos 95 anos de idade.

Encantou os brasileiros e estrangeiros com sua beleza extraordinária até 2004. Deixa um filho Cecil Thiré, netos e bisnetos....RIP.
Da FSP.

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O CENTENÁRIO DE ENCANTAMENTO:

De Leandro Gomes de Barros...

No dia 04 de março de 1918, encantou-se no Recife-PE, o poeta cordelista Leandro Gomes de Barros, portanto, hoje: 04/03/2018, está completando o primeiro centenário de seu encantamento.

E no dia 19 de novembro de 1865, nasceu na comunidade Melancia, no município de Pombal-PB, que, no vindouro 19/11/2018, estará completando 153 anos de seu nascimento.

O pai do cordel brasileiro veio ao mundo como qualquer sertanejo, pertenceu a uma família nucleada de camponeses e que desempenhava uma atividade agropecuária.


Natural “d’O Velho Arraial de Piranhas”, nas palavras de Wilson Seixas, Pombal, situado no Sertão paraibano, município que fazia limite com o Rio Grande do Norte. No início da adolescência ficou órfão de pai. E migrou para o limite oposto, da Paraíba com Pernambuco, ou seja, para a famosa Serra do Teixeira, por volta dos 15 anos de idade.

Como orientador, na Serra do Teixeira, teve o tio materno: o Padre Vicente Xavier. Na paragem citada e com influência do pároco, recebeu ensinamentos de língua portuguesa, além da poética oralizada dos cantadores da escola teixeirense. Esse cabedal de conhecimentos foi essencial na formação da futura poética leandrina.

Por divergência com a família, desapareceu da Serra do Teixeira e após 1880, apareceu na grande Recife: Vitória de Santo Antão, Jaboatão dos Guararapes e na própria cidade recifense, onde residiu, viveu e pereceu. Segundo os pesquisadores de sua obra, o seu clássico A VIDA DE CANCÃO DE FOGO E O SEU TESTAMENTO tem algo de autobiografia.

Para mais informações sobre à Serra do Teixeira e a sua vocação poética, ler a biografia de Leandro Gomes de Barros, de autoria de Arievaldo Viana(imagem de capa do Livro) e artigos de Pedro Batista (1928) e Linda Lewin (2007).


Ainda não se conhece com detalhes o período da vida leandrina, desde que chegou à região da Veneza brasileira até 1889. Por que 1889? Porque em 1907, afirmou numa estrofe sextilhada que fazia 18 anos que atuava como poeta e autor de folhetos.

Foi nesse cenário de cidade grande, cosmopolita, pré-moderna, mas, com raízes sertanejas, que, desenvolveu e consolidou a sua verve. Escreveu e produziu folhetos nos diversos temas: originários de contos da península ibérica, da simbiose da história e da cultura do Sertão nordestino e da conjuntura política da época.


A sua obra destinou-se tanto ao leitor do campo como da cidade. Talvez, os romances de encantamentos, de valentias, messiânicos, de bois, anti-heroicos fossem para o leitor sertanejo; enquanto os satíricos e os de gracejos para o citadino. No tocante à parte satírica, ler o livro, oriundo de tese de doutoramento, UM PAU COM FORMIGAS OU O MUNDO ÀS AVESSAS, de Francisco Cláudio Alves Marques (imagem de capa do Livro).

Na realidade, Leandro Gomes de Barros foi um dos protagonistas da formação do paradigma do cordel brasileiro, na forma e no conteúdo que se conhece e perdura até o momento. Também contribuiu na edição, na distribuição e na venda como folheteiro.

Também escreveu cordel em forma de folhetim, por exemplo, o clássico O CACHORRO DOS MORTOS foi publicado originalmente em cinco partes. Era publicado um folheto com uma narrativa completa e como adendo, uma parte de outra narrativa, na busca de despertar a atenção do leitor para o próximo folheto.

Dois de seus cordéis: O DINHEIRO E O TESTAMENTO DO CACHORRO e O CAVALO QUE DEFECAVA DINHEIRO foram básicos para Ariano Suassuna produzir a peça teatral O AUTO DA COMPADECIDA, em 1955.

Quanto à iconografia leandrina, destaca-se uma xilogravura de autoria de Guaipuan Vieira (imagem), bastante utilizada na ilustração referente ao pai do cordel brasileiro. Também, uma fotografia histórica (imagem) copiada da quarta capa dum de seus cordéis. Vale salientar, que, ao longo do tempo, o espaço da quarta capa foi utilizado para informações sobre os autores cordelistas. Foi nesse espaço, que, José Alves Sobrinho e Átila Almeida coletaram muitos dados para a produção do famoso Livro DICIONÁRIO BIO-BIBLIOGRÁFICO DE REPENTISTAS E POETAS DE BANCADA.

Este pequeno texto foi a minha simples homenagem ao centenário de encantamento do grande LEANDRO GOMES DE BARROS.

https://www.facebook.com/carlos.alberto.7587/posts/1293830257383439

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzagueano José Romero de Araújo Cardoso

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LAMPIÃO, O ESTILISTA DO SERTÃO...

Por Verluce Ferraz

Muito importante frisar que Lampião não se comportava de forma comum, não priorizava conquista ou cortejo para mulheres em postura quase celibatária, pois sua preocupação se concentrava em si e em todos os outros cangaceiros por ele comandados, com um excesso de tabus para afastar a figura feminina, sob o pretexto de que elas traziam mal para todos. Vamos seguir a trilha arqueológica para ver a maneira como o cangaceiro foi aumentando seus desejos capazes de tornar segredos as suas fantasias.


Encontramos em Lampião um estilista imerso em um mundo de fantasias, cultura e conhecimentos atávicos a espalhar sua criatividade e percepção do belo com tradução e posterior expressão de tudo que durante a vida lhe fora apresentado em várias circunstâncias, ao olhar para os objetos mais simples ou detentores de estética específica.


Os penduricalhos que o cangaceiro agregava ao corpo, alguns era de grande utilidade, como exemplo a canequinha, para beber água, o bornal para acondicionar comida ou munição; outros, porém, eram para enfeitar-se demonstrando seu narcisismo em alto grau. Passou a usar roupas coloridas e lenço no pescoço com uma argola para prender. 


Grande transformação aconteceu no psíquico do cangaceiro, quando passa de cangaceiro para capitão. A troca do adjetivo deu excelente resultado. Podemos agora compreender que o cangaceiro Lampião, embora inconsciente, se julgasse inimigo daqueles capitães que comandavam as Volantes, mas isso seria um equívoco, seu desejo de usar farda engalanada vem de uma ordem interior que agora vê transformar-se em ‘patente de capitão’, por isso não rejeitamos a hipótese que venha a justificar que, como capitão, seria o disfarce de seu brutal instinto de deter um grande poder. As fitas (divisas da farda) tornaram-se símbolo da vaidade. Vai decorar o chapéu com a flor de Liz. Há uma particular semelhança entre esses objetos, quando de uma análise mais profunda...

https://www.facebook.com/groups/154668548512895/?notif_id=1520181040721011&notif_t=group_added_to_group&ref=notif

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O NOVEL PESQUISADOR DO CANGAÇO..!

Foto: cortesia Cariri cangaço — com Louro Teles.

Lourinaldo Teles da cidade de Calumbi-PE, artesão, bacamarteiro, ferreiro, escritor, além de outras profissões, vem se destacando no campo da pesquisa do cangaço. Recentemente, escreveu o livro, " Serra Grande, a maior batalha de Lampião..", que está quase esgotado.

Na foto, abaixo, o vemos no distrito de Nazaré do Pico, tendo como cenário, ao fundo, a bela SERRA DO PICO, lugar sagrado para o povo nazareno, os maiores inimigos de Lampião. Também, se destaca na foto, o bacamarte feito pelo próprio Louro, além do pé de mandacaru, árvore representativa do sertão.

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=805388289663147&set=gm.782007245341555&type=3&theater&ifg=1

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BELA MATÉRIA


Por Antonio Corrêa Sobrinho

Amigos,


Vejam que matéria interessante, esta do "Diário de Pernambuco" de 24/05/1936 - um relato quase por acaso dos crimes praticados pelo cangaceiro Virgínio (Moderno) e comparsas, na região de Buíque, sertão pernambucano, em 1936. Virgínio que foi um dos lugares-tenente de Lampião, além de seu cunhado. São relatos de extorsões, sequestro, assassinatos e emasculação. curiosamente, pouco temos sobre esta história. eu conheço apenas um trabalho, assinado por Frederico Pernambucano, disponível na internet.


CHEGOU AO RECIFE UMA DAS VÍTIMAS DE LAMPIÃO

Manoel Bezerra relata à reportagem do DIÁRIO DE PERNAMBUCO sua dolorosa história – Novas atrocidades do famigerado bando pelos sertões – Receio dos coiteiros – O roteiro da malta sinistra.

Foi divulgada pelo DIÁRIO DE PERNAMBUCO a notícia de que uma das vítimas de Lampião viajaria para esta capital no trem do horário que vem de Rio Branco. O pobre homem, que fora barbaramente emasculado pelo facínora, quando visitou a fazenda Catimbau, nos arredores de Buíque, vinha internar-se num dos hospitais daqui e submeter-se a um tratamento que lhe conservasse a vida. Sua jornada dolorosa do alto sertão até aqui, viajando sem o mínimo conforto durante o dia inteiro num carro de segunda classe, foi alvo de atração da reportagem desta folha, que resolveu, também, ouvir dos próprios lábios de Manoel Bezerra, o relato da dolorosa atrocidade.

Neste intuito um representante do DIÁRIO DE PERNAMBUCO viajou para Vitória a fim de (...) passagem no mesmo trem em que viajava o ferido e acompanha-lo até o Recife. Essa medida foi motivada principalmente pelo receio de que o pobre homem, dados seu estado de gravidade e a prolingada viagem, aqui chegasse agonizante, impossibilitado de relatar-nos o ocorrido.

EM VITÓRIA

Chegamos a Vitória com bastante antecedência. Percorremos ligeiramente a cidade e á hora do trem, já aguardávamos na estação há longo tempo sua chegada.

À aproximação do comboio divisamos a plataforma do carro de segunda classe um soldado de polícia. Logo que os carros pararam, a ele nos dirigimos e, à nossa pergunta, o militar levou-nos ao interior do vagão onde, efetivamente, prostrado ao longo de um dos bancos, estava Manoel Bezerra num estado de lamentável penúria. Vestia camiseta branca e calça de brim comum. Aparentava ter uns 22 anos de idade. Seu rosto moreno de vez em quando se contraia num rictos de dor.

Ao dar sinal de partida o trem e afastarem-se os curiosos para saltar, pois na maioria eram da cidade, aproximamo-nos dele, que estava de olhos fechados. A essa altura, o comboio iniciava sua marcha e o pronunciado mal cheiro que se sentia no interior do carro, com o deslocamento do ar tornou-se menos intenso, permitindo respirar-se melhor. O condutor aparece para marcar as passagens. Ao receber a nossa, diz espantado:

- “Mas essa passagem é de primeira classe... A primeira é no carro da frente...”

Explicamos nossa função de repórter, ao que ele pilheria: Enquanto muitos compram de segunda e querem ir para a primeira com o senhor deu-se o contrário: comprou de primeira e veio para a segunda...”

Um passageiro atalha:

- “Ele veio ouvir as desgraças deste pobre homem para contá-la a toda gente... Pode ser que assim tenham pena do sertanejo e resolvam acabar com Lampião...”

A TRISTE HISTÓRIA

Manoel Bezerra recostava, agora, a cabeça na mão. Aproveitando um momento em que descerrou os olhos, pedimos que nos contasse tudo como se dera. Ele, num esforço, começou a murmurar e depois a falar mais alto. A cada momento interrompe a narrativa para gemer.

Contou que era solteiro, noivo, e possuía pequena propriedade. Na terça-feira passada voltava da roça para a sua casa quando, ao entrar na sala, ouviu vozes num falatório que vinha da vizinhança. Ali residia seu amigo Pedro Firmino Cavalcanti e, receando tratar-se de alguma anormalidade contra ele, decidiu verificar o que havia. Ao sair de casa, divisou uma aglomeração de pessoas. Destacou-se do grupo um homem que lhe acenou com a mão. Uma vez que o chamavam, não suspeitando tratar-se de bandidos, foi verificar o que queriam de sua pessoa.

Ao chegar mais perto, o malfeitor gritou:

- “Venha cá!”

Continuou ele:

- Quando cheguei lá vi que a casa estava cercada. Oito homens e duas mulheres estavam armados até os dentes. Tinham todos a cara de assassinos. Uma delas, a quem chamaram de Maria Bonita, me deu logo duas chibatadas. Um homem dos olhos vermelhos chegou para perto de mim e disse: ‘Vá buscar meu cavalo ali’. Esse homem era Virgínio, cunhado de Lampião. Fui buscar o animal que estava a uns trinta metros e quando o entreguei ao tal Virgínio, ele, então, sem me deixar fugir, realizou seu intento.”


Relatou-nos, então, Manoel, que por mais que implorasse, o bandido não o atendeu. Disse-lhe: “Não tem santo que lhe acuda”, e utilizando um trinche-te que pedira a um cabra, mutilou-o desalmadamente. Depois de emasculá-lo, mandou que pusesse pimenta, sal e cinza na ferida e fosse para casa.

Manoel, que perdera muito sangue, se cansava na sua narrativa. Calou-se, fechou os olhos e continuou deitado.

OUVINDO UM SOLDADO

Deixamos o enfermo e fomos em busca de outras informações.

O soldado Manoel Basílio, que acompanhava o doente, informou-nos que o grupo de bandidos, após a sangrenta pousada em Catimbau, saiu pela estrada de Buíque e, à distância de uma légua, entrou pela cerca de arame de propriedade do senhor P. França.

Virgínio atirou o trinche-te dentro do canavial.

- “Mais adiante – continua o soldado – os bandidos prenderam um parente deste rapaz.”

Manoel Bezerra abriu os olhos e perguntou de que se falava. Ciente da narração do soldado, acrescentou:

- “Virgínio prendeu o meu primo legítimo Firmino Salvador e por ele mandou procurar o trinchete, dizendo que ‘se encontrasse algum macaco (policial), morresse mas não lhe entregasse o seu instrumento.’

Meu primo foi e correu até Buíque, entregando o trinche-te ao delegado de polícia. De Firmino eles levaram três cavalos. Depois é que foram a Catimbau.” 

Deixamos o emasculado e o soldado, e fomos ouvir o condutor do trem, que nos prometera algo.

ATERRORIZADOS

O condutor levou-nos a um passageiro. Este se reuniu a outros e cercaram o repórter. Contaram-nos outras atividades de Lampião. Como indagássemos os nomes dos nossos interlocutores, eles, como que estivessem unidos pelo mesmo terror, negaram-se a decliná-los, alegando “precisar viver”; que “ se dissessem os nomes lá no sertão havia alguns “coiteiros’ que forneceria a lista aos bandidos, e que pagariam caro.

- “Saindo de Buíque, os cangaceiros estiveram em Malhada – informou-nos um passageiro. No caminho encontraram o sr. Agenor Tenório, que viajava em companhia de outro. Procediam da fazenda França (...). Os cabras de Virgínio perguntaram logo si tinham dinheiro e como responderam negativamente, os bandidos pediram que desmontassem e levaram seus cavalos, deixando-os a pé.

QUASE ATACADOS PELA POLÍCIA

- “Quinta-feira, pela madrugada – continua o nosso informante – o grupo deixou Malhada, a 9 quilômetros de campo de aviação de Rio Branco. Atravessou a linha de ferro entre as estações de Tigre e Pinto Ribeiro e foram à fazenda Estrela D’ Alva de propriedade da Cia Pastoril do São Francisco. Deixaram ali uma carta para o gerente, dr. Gumercindo pedindo 10 contos. A carta tinha a assinatura: Virgínio, cunhado de Lampião.

Saquearam a cidade e chegaram até mesmo a levar alianças do dedo de algumas pessoas. Os facínoras deixaram os cavalos em que viajavam e escolheram outros para prosseguir a viagem.”

Um outro passageiro nos diz:

- “Às 16 horas do mesmo dia entraram em Umbuzeiro. A população, tendo aviso da aproximação dos facínoras, havia abandonado a cidade, ficando somente uma casa de negócio aberta.

Deram um saque e numa venda tomaram muita aguardente num engenho de alambique de barro.”

ASSASSÍNIOS

Saíram de Umbuzeiro sem cometer nenhum assassinato. No caminho, porém, encontraram Pedro de Alcântara e Sebastião Sebas, na fazenda Matanças. Perguntaram sobre os seus destinos, ao que responderam sempre estar comprando queijo para revender. Desconfiados da veracidade das palavras dos transeuntes, conduziram-nos à casa do fazendeiro conhecido por José Cobra, nas proximidades. Este vacilou em responder. Mas, sob ameaças de pontas de punhais, confessou que Pedro de Alcântara e Sebas tinham ido lhe avisar da presença do bandido. Como também a Satiro Feitosa. Irritados, os bandidos mataram Sebas no terreiro da casa e Pedro na sala, com um tiro de pistola máuser na cabeça. Em seguida, intimaram José Cobra a dar-lhes 2:500$000, no que foram satisfeitos. Dali rumaram para a fazenda Ribeirão Fundo, de propriedade de Satiro Feitosa. Já nas terras da fazenda, entraram na casa de Gedeão Hypólito, e amordaçaram sua esposa. Estiveram depois na casa de Satiro. Um cabra procurou o proprietário e lhe disseram que havia se retirado. Então, perguntou por Gedeão.

Um homem declarou ser o próprio.”

MATOU E SANGROU A VÍTIMA

“O bandido bradou:

- “Aqui está um presente que lhe mandaram porque foi avisar a seu patrão.”

- “O presente foi um tiro na cabeça” – aparteou outro passageiro que até o momento não havia dito nada.

O primeiro continuou:

- “Em seguida sangrou sua vítima. Indo ao interior da casa, encontrou o negro velho José Lourenço, cozinheiro. Como respondesse que nada sabia, mataram-no. Também sangraram este. Entre Umbuzeiro e Malhada os bandidos haviam conseguido cercar os vaqueiros, que pastavam o gado de uma fazenda, para roubar-lhes os cavalos com os arreios. Dois dos cavalos estavam cansados, quando chegaram a Ribeirão Fundo. Por isso, Virgínio entregou-os a um morador da fazenda para leva-los ao coronel de Arcelino Brito.” 

Soubemos que o tenente Manoel Neto chegou a Tigre quando os bandidos estavam em Umbuzeiro. A polícia ia a caminhão, mas a estrada não deu passagem. Foi necessário que o tenente fosse por outra estrada e assim não encontrou mais cangaceiros. 

O grupo dirigiu-se para a serra de Ipojuca, rumo a Mimoso, estação próxima a Rio Branco.

EM ALAGOA DO MONTEIRO

A última hora soubemos que o grupo esteve na fazenda Raposa, de propriedade de José Branco.

Roubaram dali 15:000$000 em dinheiro. Enquanto uma turma de cangaceiros realizava esse roubo, uma outra atacara Angico, em (...) onde mora Fortunato Reinaldo.

Desse fazendeiro exigiram 10 contos e como só tivessem seis, levaram um seu filho de nome Anfrizio, como garantia dos 4 contos. Fortunato mandou pedir emprestado o dinheiro em Poção, o qual não foi entregue aos bandidos. Estes não compareceram ao local marcado para a entrega da quantia referida, que era a serra de Jurema.

A malta esteve por último no Fundão, na Paraíba. Aí os facínoras assassinaram duas moças e uma velha de 84 anos de idade.

Sexta-feira o grupo internou-se na serra do Franco para o lado da serra Pendura e não foi mais visto. Segundo nos informou um sertanejo de Alagoa do Monteiro, ele estava para os lados de Brejo do Jatobá.

Adiantou-nos que sobem a 75 contos de réis somente em dinheiro os saques no município de Alagoa do Monteiro.

OS GUIAS

Ao entrar no estado da Paraíba até o saque de Umbuzeiro serviu de guia aos bandidos Malaquias Batista, genro do sr. Fernandes, e preso na ocasião em que os cangaceiros ‘visitaram’ a casa deste, de onde roubaram 13 contos. De Umbuzeiro por diante, Sebastião Tavares foi preso por Virgínio para indicar-lhe o caminho.

AS VÍTIMAS

Gedeão Hypólito deixou 9 filhos menores. Pedro de Alcântara, 4. Sebes, 5.

Foram mortos mais as duas moças, a velha, dois homens, dos quais um cadáver não foi encontrado.

Sobre a morte de Pedro de Alcântara corre outra versão. É a de que ele fugia para salvar o dinheiro que estava em caixa na Mesa de Rendas.

MARIA BONITA E O GRUPO

Diz um morador de Malhada que o grupo de Virgínio é composto de 7 homens e duas mulheres.

Os nove se dividem em três, sendo que as mulheres ficam com Virgínio. 

Cada grupo anda distanciando do outro 500 metros. Os cabras esperam sempre pelo chefe para decidir qualquer questão.

Maria Bonita, a amasia do chefe do grupo, usa calça culote, dois parabéluns à cinta e cartucheira.

A outra mulher viaja em (...) 

- Manoel Bezerra, logo ao chegar à Estação Central, foi internado no Pronto Socorro, onde ficou em tratamento. Apresenta algumas melhoras.

SEGUIU PARA O SERTÃO O DELEGADO

Anteontem seguiu para Rio Branco o delegado auxiliar, Sr. Ranulfo Cunha. Dali esta autoridade comunicar-se-á com o secretário da Segurança Pública pelo telégrafo da Greal Western, transmitindo-lhe as últimas notícias sobre os grupos dos bandoleiros.

“Diário de Pernambuco” – 24/05/1936
Imagens de Manoel Bezerra, ilustração do próprio jornal, e do cangaceiro Moderno.

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