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terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

O EVANGELHO DO AMOR, SEGUNDO PAULO

Por Rangel Alves da Costa*

Comumente são conhecidos quatro evangelhos bíblicos: Mateus, Marcos, Lucas e João. Existem outros evangelhos que não constam do livro sagrado, eis que escritos dispersamente e contendo doutrinas que vão além ou aquém da inspiração divina, segundo o entendimento da igreja. Evangelhos são, pois, a descrição dos fatos, palavras e ensinamentos de Jesus Cristo. Daí que nas liturgias o sacerdote sempre faz a leitura de uma passagem do evangelho segundo Mateus, Marcos, Lucas ou João.

Após a proclamação do evangelho vem o instante da explicação daquela passagem bíblica, ou homilia, e esta geralmente para sintetizar o amor de Deus sobre os homens. Contudo, há outra passagem bíblica - e esta vagamente utilizada na primeira leitura ou liturgia da palavra - que sintetiza toda a verdade sobre o amor, e não somente a Deus como aos homens. Está contida no livro denominado Primeira Epístola aos Coríntios, escrita pelo apóstolo Paulo, mais especificamente no capítulo 13, onde se lê:



“Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse Amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine. E ainda que tivesse o dom da profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse Amor, nada seria. E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, se não tivesse Amor, nada disso me aproveitaria. O Amor é paciente, é benigno; o Amor não é invejoso, não trata com leviandade, não se ensoberbece, não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal, não folga com a injustiça, mas folga com a verdade. Tudo tolera, tudo crê, tudo espera e tudo suporta. O Amor nunca falha. Havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá; porque, em parte conhecemos, e em parte profetizamos; mas quando vier o que é perfeito, então o que é em parte será aniquilado. Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino. Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido. Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três; mas o maior destes é o Amor”.

Também a magistral Legião Urbana, através de Renato Russo, transformou tal hino ao amor na bela canção Monte Castelo, entremeada de versos camonianos: “Ainda que eu falasse a língua dos homens e falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada seria. É só o amor, é só o amor que conhece o que é verdade. O amor é bom, não quer o mal, não sente inveja ou se envaidece. O amor é o fogo que arde sem se ver, é ferida que dói e não se sente, é um contentamento descontente, é dor que desatina sem doer. Ainda que eu falasse a língua dos homens e falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada seria...”.

Eis a epístola como grandioso poema, e este dimensionado no amor, no mais puro e verdadeiro amor. Não há que duvidar de sua importância como norteamento humano, não há como não senti-lo senão como ensinamento aos que apenas sentem-no sem se aprofundar na sua nobreza. No sentido prático da existência e das relações, simplesmente mostrando que nada possui mais força que o amor, que o ato de amar, que a sua conservação e semeadura. Na verdade, como bem citado por Paulo, sem amor nada ganha vida ou significação.

É como sentença cravada na pedra: sem amor, todos os poderes são apenas posses inúteis, fragilizadas, algo como ter e nada ter, pela falta da essência maior do sentimento pelo que se tem; sem amor, não há que se falar em dons, em dádivas, em sabedorias, eis que o profeta maior é o próprio amor na sua capacidade de antever a graça de amanhã, eis que o mistério maior é o próprio amor, na sua habilidade de expressar pela ação todas as bondades do mundo e todas as grandezas da alma. E ainda: sem amor, toda fortuna é pobreza, toda sabedoria é mero conhecimento. Porque o amor é o que sustenta a fé, é o que alimenta o ser das glórias do mundo.

O apóstolo Paulo limita o amor entre o tudo e o nada. Mostra do que ele capaz dentro dos corações humanos, mas também aponta o vazio pela sua ausência. E bem se poderia dizer desse pássaro que livre e contente voa pelos horizontes azuis, dessa fonte de água doce e cristalina que sacia a quem nele crê, dessa janela aberta para as manhãs e os dias e em cujos horizontes o homem de bom coração não cansa de se encontrar. Assim o amor lá no cume da montanha mais alta, onde os olhos brilhosos em tudo avista a face de Deus.

Até no amor carnal se avista este evangelho maior do sentimento, pois quando se deseja, se deseja apenas como um simples querer, uma mera vontade, mas quando se ama, será no amor sentido que repousará a alegria em compartilhar.
  
Poeta e cronista
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LÍDIA... AMOR E DESDITA DO CANGACEIRO ZÉ BAIANO.

Por José Bezerra Lima Irmão

No segundo semestre de 1931, depois de uma viagem por Alagoas e Pernambuco para se reabastecer de munição, Lampião havia escondido a munição excedente na fazenda Maranduba, perto da Serra Negra, indo descansar nas imediações do povoado Poços, na entrada do Raso da Catarina. Ele conseguira também com seus amigos em Pernambuco algumas armas, porém a maior parte apresentava defeitos. Decidiu então levá-las para o seu amigo Venâncio Teixeira, residente em Olhos d’Água do Sousa, nas imediações de Santo Antônio da Glória – Venâncio era muito bom nesse negócio de armas velhas, deixava-as novinhas em folha.


No caminho, Zé Baiano começou a sentir dor de cabeça. Tinha febre. Tremia de frio em pleno meio-dia. Estava saindo um caroço no pescoço. Não suportava nem o chapéu na cabeça.

Lampião conhecia um velho chamado Luís Pereira, que morava no Salgadinho, ao lado da Serra do Padre. A mulher dele, Maria Rosa (dona Baló), era costureira e já havia feito muitas roupas para os cangaceiros. Lampião pediu ao velho que cuidasse do doente, enquanto o resto do bando prosseguia a viagem.

A casa de Luís Pereira tinha uma sala ampla, 3 quartos, cozinha espaçosa, e no fundo ficava o chiqueiro dos bodes, pegado a um tanque. Zé Baiano passou uns 15 dias ali. O tumor era tratado com remédios dos matos – chás e emplastros de ervas. Era bem cuidado por todos, inclusive pela filha caçula de Luís Pereira, chamada Lídia, uma linda garota de 15 anos. Quando ficou bom, o cangaceiro fugiu com a menina.

Lídia não foi propriamente raptada, mas, muito jovem, não sabia o que estava fazendo, e no mesmo dia, ao perceber a vida que teria pela frente, tendo de dormir nos matos e viver se escondendo como bicho, se arrependeu de ter saído de casa. Mas aí já era tarde.

Zé Baiano fazia de tudo para agradá-la. Cobria-a de presentes. Quando iam comer, ele reservava os melhores pedaços de carne para ela, cortava a carne em pedacinhos e punha-os na boca de sua beldade. Só tinha olhos para ela.

Nada, porém, era capaz de tirar da mente da garota a mágoa por ter sido arrancada do convívio de sua família. Não escondia de ninguém a revolta com o seu destino. No fundo, odiava Zé Baiano, o causador de sua desgraça.

Havia no bando um cangaceiro chamado Ademórcio, que Lídia conhecia desde criança, nascido e criado no Arrastapé. No bando, ele recebera o apelido de Bentevi. Aquele era o rapaz com quem ela gostaria de viver, e se ambos não tivessem sido arrastados para o cangaço poderiam, quem sabe, ter casado, pois seus pais eram amigos. Com o tempo, Lídia e Bentevi passaram a corresponder-se. Encontravam-se às escondidas sempre que Zé Baiano estava viajando.

Lídia Pereira de Sousa foi possivelmente a mais bonita das mulheres que participaram do cangaço. Era uma morena cor de canela, de cabelo liso, rosto bem delineado, lábios carnudos, olhos negros, com uma dentadura que parecia um colar de pérolas.

Um cangaceiro chamado Coqueiro apaixonou-se por ela. Vivia seguindo-lhe os passos. Certo dia, viu-a mantendo relações sexuais com Bentevi. Coqueiro deixou que os dois terminassem o ato. Bentevi vestiu-se, foi embora. Lídia ficou só. Então, Coqueiro apresentou-se, dizendo:

– Eu vi tudo, do cumeço até o fim. E eu quero tamém...

Lídia refugou:

– Vai-te pros inferno, cabra nojento! Nun tá veno qui eu nun me passo pra um canaia da tua marca? Nun seja besta!

– Ou resorve ou vou contá tudo a Zé Baiano... E tem qui sê agora...

– Pode ir contá até pro diabo! Eu já diche qui não, e pronto!

Isto foi na segunda semana de julho de 1934. O bando estava acoitado perto de Poço Redondo, nas Pias das Panelas, junto ao Riacho do Quatarvo, em terras da fazenda Paus Pretos do coronel Antônio Caixeiro. 

Uma imagem inédita na literatura. Foto artística de Antonio Caixeiro quando prefeito. A original não existe, pois fora consumida por um incêndio na década de 70. (Cortesia de Lauro Rocha para o Lampião Aceso) do pesquisador do cangaço Kiko Monteiro.

Lampião tinha chegado de Alagadiço, onde havia matado um filho de Cazuza Paulo. Zé Baiano havia ficado por lá para fazer umas “cobranças” junto a fazendeiros daquela região. Quando ele chegou às Pias das Panelas, Coqueiro decidiu contar o que tinha visto. À noite, os cangaceiros estavam sentados no chão, uns vinte ou trinta, inclusive as mulheres, em volta do fogo onde assavam carne de bode. O delator expôs o que viu, omitindo, porém, a parte que o comprometia. Zé Baiano franziu a testa, os olhos arregalados, como se não estivesse escutado direito, e rosnou para a companheira:

– O qui esse sujeito tá dizeno é verdade, Lida?

– É verdade, Zé – sustentou Lídia, com voz firme. – Só qui esse canaia nun diche a histora toda... Ele dexou de dizê o preço quiizigiu pelo segredo. Ele quiriaqui eu desse a ele tamém, pra nun lhe contá. Se eu tenho quimorrê, qui morra, mais um cabra safado desse nun me come!

Um silêncio de chumbo caiu sobre o acampamento. Zé Baiano ficou olhando para Lampião, aguardando ordens.

Lampião levantou-se, andou de um lado para outro, remoendo o terrível problema. Depois, sentenciou:

– O causo dela aí o cumpade Zé Baiano é qui resorve. Ela é dele, faça o quiacháqui deve fazê.

Fez uma pausa, ajeitou os óculos, e continuou:

– Agora, Coquero e Bentevi é cum a gente mermo. Gato, mate esses cabra!

Gato puxou o parabelo, aproximou-se de Coqueiro e deu-lhe um tiro na cabeça. Coqueiro, colhido de surpresa, não esboçou nenhuma reação. Não teve tempo sequer de pedir clemência.

Chegada a vez de Bentevi, percebeu-se que ele havia fugido. Os cabras queriam ir procurá-lo, mas Lampião mandou que tivessem calma:

Da direita para esquerda: Zé Baiano, Chico Peste, Acelino e Demudado

Zé Baiano mandou que Demudado amarrasse Lídia num pé de imburana. Ele, que já supliciara tantos homens e mulheres com a sua palmatória de baraúna, de repente estava sem saber o que fazer. Lídia era tudo para ele. Passou o resto da noite acordado, sem falar com ninguém. Quando o dia amanheceu, pegou um cacete, foi até o pé de imburana, desamarrou a mulher e matou-a a pauladas, quebrando-lhe vários ossos. Lídia não emitiu uma palavra sequer, não gritou, nem ao menos gemeu. Como arremate, Zé Baiano esmagou a sua cabeça, como se faz com uma cobra. Sangue e massa cefálica esguicharam pela boca, narinas, olhos e ouvidos.

Depois, sem pedir ajuda a ninguém, o cangaceiro cavou uma cova rasa, enterrou-a e, não suportando mais, chorou.

Junto ao pé de imburana, no sangue coagulado, começou a juntar formigas.

Texto: Livro Lampião – A Raposa das caatingas de José Bezerra Lima Irmão.

Fonte: facebook - Transcrição: Geraldo Antônio de Souza Júnior (Administrador).
Grupo: O Cangaço

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LAMPIÃO EM PARICONHA, ALAGOAS.

Por João de Sousa Lima

Dia 03 de fevereiro de 2016, recebi a visita do senhor Mário no Espaço Cultural Raso da Catarina.

Mário hoje reside em São Paulo e passando em frente ao Espaço Cultural resolveu entrar para apreciar umas fotografias do cangaço que ficam expostas em um mural.

Olhando as fotos ele perguntou a quem pertencia o acervo e de imediato o levaram até minha sala onde nos apresentamos e ele relatou a história seguinte:

- Meu pai esteve com Lampião!

Meu pai chamava-se Antônio Zeferino do Nascimento e administrava a fazenda Logradouro, que fica em Pariconha, Alagoas. Administrou de 1929 a 1931. A fazenda pertencia a Linduarte Batista Vilares, homem rico que residia em Água Branca.

Em 1931, ao anoitecer, meu pai conversava com minha mãe, Josefa Madalena de Sá, que estava grávida de minha irmã Maria Verônica de Sá. Nas redes dormiam meus irmãos José, João, Manuel, Francisco e Antônio.

De repente o casal ouviu o tropel de uma cavalaria se aproximando. Quando Antonio Zeferino se dirigiu para ver quem era encontrou a casa da fazenda cercada por um grupo de 17 cangaceiros. Um dos sitiantes desceu da montaria e se aproximou de Antonio:

- Você sabe quem sou?

- Não!

- Sou Lampião! Quero que o senhor se afaste da fazenda que eu vou incendiá-la! O dono tem que pagar por uma velha desavença entre nós dois!

- Faça isso não! Minha esposa está grávida e meus  filhos pequenos estão dormindo!

-  Ta bom seu Antonio, eu estou vendo que o senhor é um homem de bem! Agora mande um dos vaqueiros ir até seu patrão e diga a ele que me mande quinhentos contos de réis senão eu toco fogo em tudo!

Antonio acordou o vaqueiro João, pediu para que ele escondesse os animais e fosse até a cidade, em Água Branca, pedir o dinheiro a Linduarte.


Lampião mandou Josefa preparar umas galinhas para alimentar seu grupo e a mulher chamou uma vizinha e foram realizar a tarefa.

Quatro horas da manhã o vaqueiro João chegou com a encomenda enviada por Linduarte e Lampião se deu por satisfeito.

Lampião chamou Antonio e pediu pra que ele o acompanhasse até a fazenda  “Fogador”, de propriedade José Francisco.

Antonio seguiu com Lampião e Josefa ficou chorando e rezando para que nada de ruim acontecesse a seu marido.

Na fazenda Fogador, com o dia clareando, Lampião pegou Zé Francisco e ordenou que seus cabras o prendessem e o amarrassem em uma árvore e deu a sentença:

- Ou me dar dinheiro ou morre!

- Eu não tenho dinheiro.

 - Tem sim cabra mentiroso! Sangrem esse desgraçado!

Antônio vendo que o pior poderia acontecer ao seu amigo e compadre Zé Francisco falou:

- Capitão libere ele, ele é um homem bom e tem família!

- Ou aparece dinheiro ou morre!
    
Os cangaceiros vasculharam uns baús e encontraram o dinheiro.

Lampião atendendo ao pedido de Antonio acabou por liberar Zé Francisco sem que ele sofresse punição.

O cangaceiro se despediu de Antonio e mandou lembranças a sua esposa Josefa, agradecendo pela farta alimentação, a boa galinha caipira cozida que matou a fome dos cangaceiros.

Essa história hoje é retratada no livro que Mário escreveu, intitulado “O Diário de Mário”.

João de Sousa Lima
Historiador e Escritor
Membro da ALPA – Academia de Letras de Paulo Afonso – cadeira 06.
Membro da SBEC- Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço.
Paulo Afonso, 03 de fevereiro de 2016.

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MINHA MÃE (MARIA DE LOURDES ARAÚJO CARDOSO, DONA LIA – * POMBAL/PARAÍBA – 29 DE OUTUBRO DE 1926 – + POMBAL/PARAÍBA – 28 DE NOVEMBRO DE 2013)

Por José Romero de Araújo Cardoso

Minha mãe (Maria de Lourdes Araújo Cardoso, dona Lia – * Pombal/Paraíba – 29 de outubro de 1926 – + Pombal/Paraíba – 28 de novembro de 2013) e Romero Júnior no alto da serra Mossoró, ponto culminante da capital do oeste potiguar (250 mts.). Menos de um ano após ter tirado essa fotografia, ela partiu para a eternidade, vitimada por violento acidente vascular cerebral. 


Lembro-me bem da música que ela ficou cantando quando da descida do local onde se posicionaram para a fotografia (“Meu Pombal, minha terra amada, berço amado dos meus papais, Pombal eu te trago na lembrança e no coração”).

FONTE: 

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A FAMÍLIA LOPES GALVÃO NO OESTE POTIGUAR

Por Jose Edilson de Albuquerque Guimarães Segundo
José Edilson

Uma das mais tradicionais famílias potiguares, os Lopes Galvão, tiveram atuação relevante no Oeste Potiguar, deixando raízes, especialmente, em Mossoró, como no caso de Romualdo Lopes Galvão, Clemente Lopes Galvão, Olinto Lopes Galvão e Petronilo Lopes Galvão.

Romualdo Lopes Galvão nasceu em 7 de fevereiro de 1853 na cidade de Campo Grande-RN. Era filho de João Lopes Galvão e Maria Ferreira de Melo. Neto paterno de Cipriano Lopes Galvão, natural de Currais Novos-RN e Roseria Albuquerque Galvão, natural de Campo Grande-RN. Neto materno de Antônio Ferreira de Almeida, natural de Catolé do Rocha-PB e Maria Vieira de Melo Almeida, natural de Campo Grande-RN. Comerciante de destaque na cidade, com a firma Romualdo Lopes Galvão – casa de fazendas, exportadora de algodão e de peles, situada na Praça 06 de Janeiro, atual Praça Rodolfo Fernandes.

Romualdo Galvão foi membro destacado da Loja Maçônica 24 de junho, onde justamente com seus pares desempenharam importante participação na abolição dos escravos, em 1883. Romualdo Galvão foi um dos mais ardorosos e influentes abolicionistas, juntamente com sua esposa Amélia Dantas de Souza Galvão e seu sogro, o jornalista e poeta português, José Damião de Souza Melo.

Participou ativamente do movimento. Em 6 de janeiro de 1883, é criada a Sociedade Libertadora Mossoroense, entidade pioneira da nobre causa congregava em seu meio os abolicionistas locais, sob a presidência de Joaquim Bezerra da Costa Mendes, tendo Romualdo Galvão como vice-presidente.

Foi um dos sete diretores da Sociedade Libertadora Mossoroense. Nessa época, o próspero empreendedor cearense Miguel Faustino do Monte (1858-1952), gerenciava a firma Souza Nogueira & Cia. (em sociedade com o mossoroense Alexandre de Souza Nogueira) subscreveu o manifesto conhecido como Pacto de Honra, juntamente com Romualdo Galvão, gerente da Casa Mayer, do operoso comerciante suíço Conrado Mayer (1844-1897), para, se for preciso, lançar mãos de todo o dinheiro de seus patrões para ajudar a libertar os escravos em Mossoró.

No ano de 1883, Mossoró estava sendo administrada por Romualdo Galvão em seu primeiro período, pois exerceu novo mandato entre os anos de 1892 a 1895. Em seguida, transferiu residência para Natal, ocupando cargos públicos diversos: prefeito de Natal, diretor do Banco de Natal e deputado estadual por duas vezes. Matrimoniou-se com Amélia de Souza Melo, em 05 de dezembro de 1882, em Fortaleza-CE, passando a se chamar, Amélia Galvão, como ficou mais conhecida. Com o seu falecimento, em Mossoró, no dia 14 de novembro de 1890 casou novamente com Antônia Monteiro Galvão, com descendência. Romualdo Galvão faleceu em 1 de agosto de 1927, em Natal. Em sua homenagem, é nome de rua, localizada no bairro Boa Vista. Amélia Galvão é nome de rua, localizada no bairro Lagoa do Mato.

Clemente Lopes Galvão nasceu em 23 de novembro de 1860, também, em Campo Grande. Da mesma forma que o seu ilustre parente e conterrâneo Romualdo Galvão foi um abolicionista mossoroense e maçom integrante da Loja Maçônica 24 de Junho. Comerciante mantinha a firma Clemente Galvão & Cia. - negociante de fazendas que funcionava no local onde estava situada a firma Romualdo Lopes Galvão e tinha como sócios Clemente Lopes Galvão e Olinto Lopes Galvão. Clemente matrimoniou-se com Mafalda Miranda Galvão nascida em 2 de maio de 1858 e falecida em 2 de julho de 1925, filha de Antero Frederico Borges de Miranda Henriques1 nascido em 19 de abril de 1819 na cidade de Areia-PB e falecido em 23 de abril de 1915 na cidade de Parelhas-RN e de Zeferina Maria da Cunha de Miranda Henriques nascida em 26 de agosto de 1828 na cidade de Jardim do Seridó-RN e falecida em 3 de novembro de 1890 na cidade de Mossoró. Dessa união, tiveram sete filhos: João, Francisco, Solon, Maria, Ismênia, Zeferina e Raimunda. Anteriormente, Mafalda Galvão havia sido casada com um parente de Clemente, Joaquim Fontes Galvão, com dois filhos: Cândida e Antônio. Clemente Galvão tomou o mesmo caminho de Romualdo Galvão, ao se mudar para Natal, onde faleceu em 2 de julho de 1925, no mesmo dia de sua esposa.

Olinto Lopes Galvão, do mesmo modo que os seus parentes, Romualdo e Clemente Galvão manteve atividades comerciais. Em 18 de julho de 1903, Olinto Galvão recebe do Poder Público Municipal a concessão de fornecer água à Mossoró, no período de 50 anos, através de poços artesianos.

Olinto Galvão teve atuação política. Foi suplente de intendente (vereador) na legislatura de 1892 a 1895, assumindo o cargo de intendente, em 23 de julho de 1894, por ocasião da saída do Presidente da Intendência (Prefeito), Romualdo Galvão, que se transferiu para Natal e pela renúncia de Horácio de Azevedo Cunha. Matrimoniou-se com Cândida de Miranda Fontes Galvão, filha do casal anteriormente citado (Joaquim Fontes e Mafalda).

Petronilo Lopes Galvão foi aquele dos membros familiares pesquisados que encontrei menores informações a respeito. Foi suplente de intendente, no período de 1911 a 1913. Contraiu núpcias com Elvira do Couto Galvão, filha de Jeremias Soares do Couto e sua terceira esposa Belisária Alves do Couto, com descendência. Anteriormente, Jeremias era casado com Maria da Penha de Melo, tendo os filhos Antônio2, Luiz, Enéas, Francisca e Josefa. Depois, casou com Maria Gamelo de Oliveira, havendo os filhos Delmira e Alexandre. Da terceira união com Belisária, teve além de Elvira, Enéas, Virgília, Adélia3, Guiomar, Odília e João Capistrano do Couto, avô materno do conceituado jornalista Dorian Jorge Freire.

Entre 1928 a 1933, Petronilo Galvão, juntamente com a família passaram a residir em Macau, em virtude da incumbência de administrar a salina Trapiche Furado, pertencente ao seu cunhado, Antônio Soares do Couto (Totô Reis).

Notas Explicativas

1 - Antero Frederico era o filho primogênito do casal Francisco Xavier de Miranda Henriques Filho e Joana do Rego Bezerra. Depois do casamento passou a se chamar Joana de Miranda Henriques. O casal constituiu uma extensa prole de 18 filhos.

2 – Antônio Soares do Couto nasceu em 10 de fevereiro de 1866, na cidade de Mossoró. Industrial salineiro de larga projeção. Presidente da Intendência, no período de 1908 a 1910. Matrimoniado com a sua parente Justa Nogueira da Costa, filha de Joaquim Nogueira da Costa e Maria Idalina do Couto. Depois de casada passou a se chamar Justa Nogueira do Couto. O casal teve um filho adotivo, Francisco Nogueira do Couto, que fez época, em Natal, com o seu Cine Rex. Totó Reis como era carinhosamente conhecido faleceu em 27 de fevereiro de 1933.

3- Adélia Couto foi casada com Manoel Benício de Melo Filho. Benicio Filho era mossoroense e nasceu no dia 4 de outubro de 1886, sendo filho de Manoel Benício de Melo e de Maria Euricina da Cunha Melo.Concluiu o curso de Direito da Faculdade do Ceará, em 1910. Ocupou as várias funções públicas: 1918: Juiz de Distrital em Jardim do Seridó; 1919: Juiz de Direito da Comarca de Jardim do Seridó; 1926: Comissário de Chefe de Polícia do governo de José Augusto;1928: Promovido ao cargo de Desembargador; 1934: Procurador Geral do Estado; 1943: Eleito Presidente do Tribunal de Justiça; 1946: Eleito suplente do Tribunal Regional Eleitoral - TRE. Em 1949 aposentou-se das funções de magistrado. Faleceu em 16 de Janeiro de 1949. Informações extraídas do site:


Referências Bibliográficas:

ALBUQUERQUE, M. A. C. C. Moura e Raposo da Câmara no Rio Grande do Norte: ascendência & descendência: colônia, império, regência e república. Natal-RN Ed. do autor, 2012. 448 p.
BRITO, R. S. Legislativo e Executivo de Mossoró numa viagem mais que centenária. Mossoró-RN: Coleção Mossoroense, 1985. 247 p.
BRITO, R. S. Ruas e Patronos de Mossoró. Coleção Mossoroense. Volume II. Mossoró-RN, 2003. 263 p.
CÂMARA, A. M. R. Câmaras e Miranda-Henriques. Natal-RN. Departamento Estadual de Imprensa, 2006. 75 p.
CASCUDO, L. C. Notas e Documentos para a História de Mossoró. 5ª edição. Mossoró-RN: Coleção Mossoroense, 2010. 299 p.
ESCÓSSIA, L. Cronologias Mossoroenses. 2ª edição. Coleção Mossoroense. Mossoró-RN, 2010. 305 p.
FREIRE, D. J. Veredas do meu caminho. Mossoró-RN: Coleção Mossoroense, 2001. 208 p.
SILVA, R. N. Negociantes & Mercadores Mossoró e suas velhas firmas. Natal-RN: Sebo Vermelho, 2010. 40 p.
SILVA, R. N. Terra e Gente de Mossoró. 2ª edição. Rio de Janeiro-RJ: Editora Pongetti, 1967. 89 p.
SOUZA, F. F. História de Mossoró. 4ª edição. Mossoró-RN: Coleção Mossoroense, 2010. 284 p.

DADOS BIOGRÁFICOS
  
José Edilson de Albuquerque Guimarães Segundo (Mossoró-RN, 1976), filho de José Edilson de Albuquerque Guimarães e Deodina Silveira de Albuquerque Guimarães, graduado em Ciências Biológicas (UFRN) e Mestre em Geociências, pela mesma universidade, é servidor da Prefeitura Municipal de Mossoró. Iniciou suas atividades literárias, em 2012, na Revista Oeste, com a publicação do artigo Reminiscências: Alto da Conceição, um exemplo de fé cristã, em coautoria com Edimar Teixeira Diniz Filho. Em 2013, publicou, também, na Revista Oeste, outro artigo intitulado: Deoclides Vieira de Sá: um dos mais bem-sucedidos comerciantes mossoroenses. Em 2014, em parceria com o professor Doutor David de Medeiros Leite, publicou o livro: Mossoró e Tibau em versos: antologia poética (Ed. Sarau das Letras). No ano seguinte, publicou o livro: Nas trilhas de meu avô (Ed. Sarau das Letras).

Enviado pelo poeta, escritor e pesquisador do cangaço José Edilson de Albuquerque Guimarães Segundo

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ELÍCIO FILHO DO CANGACEIRO CAJAZEIRA OU ZÉ DE JULIÃO

Por Rangel Alves da Costa

José Francisco do Nascimento, apelidado de Zé de Julião, ou ainda o Cajazeira do bando de Lampião, teve sua bela Enedina morta durante a chacina de Angico. 

Enedina a esposa de Cajazeira morta na Grota de Angico em 28-07-1938

Depois da guerra cangaceira, nas outras vinditas da vida, foi homem de muito prestígio e influência no seu Poço Redondo, político de nomeada (candidato a prefeito por duas vezes e não eleito por fraudes e perseguições de poderosas forças da política de então) e também de muitas mulheres e muita prole. Abaixo, ao meu lado, um de seus filhos: Elício, hoje morador na Av. Alcino Alves Costa, na capital mundial do cangaço.

Fonte: facebook
Página: Rangel Alves da Costa

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PARECE QUE FOI ONTEM - LUTO NO PALCO

Por Mário gerson

Tristeza. É esse o sentimento externado por toda a categoria artística de Mossoró pela morte da atriz Ludmila de Melo Albuquerque, que faleceu na terça-feira, 15. Amigos, familiares, integrantes de grupos teatrais da cidade e admiradores do Pessoal do Tarará, grupo do qual fazia parte, estiveram no velório e acompanharam o sepultamento da artista, que aconteceu às 16h30 de ontem, 16, no Cemitério São Sebastião, Centro. "Ludmila faz parte de um grupo que ressuscitou o teatro de arena em Mossoró. É uma grande perda para a cultura local", lamentou, pela manhã, durante o velório na Capela de Perpétuo Socorro, o ex-presidente da extinta Fundação Municipal de Cultura, Gonzaga Chimbinho.

Durante todo o dia, o velório recebeu atores e atrizes que trabalharam ou acompanharam a carreira de Ludmila. "Certamente uma grande perda para a arte teatral, ela que era talentosa e que se iniciou no teatro, segundo me disse numa entrevista, depois de ver nossos ensaios", falou Nonato Santos, diretor do grupo Escarcéu.

Amigos externaram a dor da perda da atriz talentosa e pessoa especial. Por quase um minuto, todos os que estavam na capela aplaudiram-na, como num último ato. Alguém, da porta, ainda gritou: bravo!, fazendo menção a uma forma de elogio utilizada no teatro e as palmas continuaram, sob forte comoção. "Não sei como apresentaremos A Peleja do Amor no Coração de Severino de Mossoró sem a personagem Roxana. Existe uma grande tristeza em nossos corações e, sinceramente, ainda pensamos que tudo isso não seja verdade", comentou Antônio Marcos, um dos integrantes do grupo.

Na parte interna da igreja, cartões com a imagem da atriz e uma exposição fotográfica mostrando os principais momentos de sua carreira faziam parte das muitas homenagens que lhe foram prestadas durante todo o dia. Além das fotos, a roupa e a sombrinha que Ludmila usava na peça A Peleja do Amor no Coração de Severino de Mossoró também estavam expostas. Mesmo emocionado, Dionizio do Apodi, diretor do grupo e esposo da atriz, pediu palmas para Ludmila, que o acompanhou desde a fundação do grupo, em 2002. 

Entre os presentes, também estavam autoridades locais, como a prefeita do município, Maria de Fátima Rosado, o chefe de Gabinete da Prefeitura Municipal, Gustavo Rosado, além de Francisco Carlos de Carvalho, secretário da Cidadania e da vereadora Cláudia Regina. Todos lamentaram a perda da atriz. A direção do Teatro Municipal Dix-huit Rosado, por exemplo, afixou uma faixa de luto em um dos acessos ao prédio.

LUDMILA DE MELO ALBUQUERQUE — Nasceu a 12 de novembro de 1980. Vem de uma família que ama as artes. E foi com esse mesmo amor que abraçou, em 2002, um grupo de teatro que tem feito a diferença quando o assunto é popularizar a cultura ao maior número de pessoas, sem que estas tenham que pagar para isso.

Disciplinada, como bem lembrou a gerente de Cultura do município, Clézia Barreto, Ludmila se descobria no palco, onde encantava em personagens que marcaram a trajetória do grupo O Pessoal do Tarará.

Sua primeira participação veio com Sanduíche de Gente, texto do poeta Crispiniano Neto, encenado na Praça da Catedral e que ganhou a estrada do interior do Estado, para chegar a outros públicos. Com a peça O Inspetor Geraldo, inspirada na obra do dramaturgo russo Gogol, ela abrilhantou ainda mais seu caminho como atriz.

A coroação veio com o espetáculo A Peleja do Amor no Coração de Severino de Mossoró, onde se destacou nos palcos como Roxana, a amada de Severino. Interpretando essa personagem ganhou, em setembro de 2008, o prêmio de melhor atriz no XV Festival de Teatro do Rio de Janeiro.

O GRUPO — O Pessoal do Tarará foi fundado em 13 de novembro de 2002, em Mossoró (RN), com o objetivo de fazer um teatro popular, onde a experimentação, a ousadia e a qualidade pudessem estar sempre presentes. 

Sempre cuidadosos com o texto, com a forma e o aprimoramento constante, O Pessoal do Tarará é uma das mais representativas companhias de teatro da cidade, tendo recebido diversos prêmios, tanto no Estado quanto fora dele.

Além disso, possui um importante trabalho de integração sociocultural na comunidade onde está instalada a sede, a Baixinha. 

A partida de Ludmila Albuquerque deixa uma lacuna no cenário teatral da cidade e um espaço vazio no palco iluminado que sempre foi a bela história do grupo O Pessoal do Tarará.

(Matéria publicada no Jornal Gazeta do Oeste - 17/02/2011)

Fonte: http://professorarokatia.blogspot.com.br/2011/02/luto-no-palco-por-mario-gerson.html

Enviado pelo poeta e escritor José Edilson de Albuquerque Guimarães Segundo

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